Capítulo 48 - Seja profissional
Camila Hayes
Era isso. O grande dia havia chegado. O grande dia para Alex e sua carreira.
Me esforcei ao máximo para ser a namorada compreensiva, que apoia independente de qualquer coisa e que é feliz com a conquista do seu parceiro. Pelo menos eu demonstrava isso, mas por dentro só faltava morrer sufocada pela minha insegurança.
Acordei mais cedo do que o esperado naquela manhã, ansiosa, e vi Alex dormir tranquilamente em sua cama. Ele precisava mesmo estar descansado no dia de hoje, apesar de ter passado a noite inteira transando comigo – o que, segundo ele, o relaxava. Eu que não iria refutar.
Fiz minhas higienes, vesti uma roupa leve e fui até a cozinha, comer algo. Caminhando para lá, sorri enquanto Ferris e Dom me acompanhavam, insistindo para que eu fizesse carinho neles. Me agachei e comecei a mimá-los como a boa mãe que era. Os mimava tanto que Alex reclamava que eu dava mais atenção para eles. O que eu poderia fazer? Eram apenas bebês.
― Jesus Cristo! ― Gritei ao entrar na cozinha e dar de cara com o agente de Alex, comendo. ― Dan?
― Oi, Camila. Bom dia. Não quis te assustar, desculpa. ― Ele sorriu enquanto comia um croissant. ― Vamos comer? Comprei comida.
Me aproximei da ilha, sentindo meu estômago roncar só de ver as coisas que ele havia trazido. Pãezinhos, croissants, queijo, frutas vermelhas, ovos, bacon, panquecas, suco e café.
― Isso é para mim ou para a celebridade que está dormindo lá no quarto? ― Perguntei, me sentando no banquinho.
― Para os dois. Três, na verdade. Não resisti e comi também.
― Não se preocupe. Tenho certeza de que isso vai dar de sobra para nós.
Começamos a comer, em silêncio. Dan parecia concentrado em algo em seu celular, provavelmente vendo os comentários que algumas pessoas já deveriam estar fazendo sobre Alex e a campanha da Calvin Klein. A maioria eram de fãs animados para ver os resultados, enquanto uma outra parte queria ver a química de Gralex.
Pigarreei, espantando os pensamentos. Dan me olhou.
― Não acho que tivemos a oportunidade de conversarmos muito desde que Alex e eu... começamos a namorar.
― Desculpa. Não quis parecer antipático ou algo assim, é só que trabalho demais, mal estou tendo tempo para conversar com Alex.
― Há quanto tempo trabalham juntos? ― Perguntei, enquanto bebericava do café que estava delicioso por sinal.
― Quase três anos. Conheci Alex quando ele estava saindo dos Panteras através de um amigo dele, Nate. Os dois eram colegas de time. Comecei agenciando seu amigo, depois ele ― Disse. ― Mas Nate foi embora, está jogando em outro estado. Eu até teria ido, porém tinha outros agenciados e não podia simplesmente abandoná-los.
― E hoje trabalha com quem tanto?
― Só Alex. Senhorita, o seu namorado é uma máquina de fazer besteiras. Ele conta como dez agenciados. ― Eu ri. ― Quando Alex foi crescendo, acabei tendo que me dedicar totalmente a ele. Não me arrependo, tenho um carinho muito grande pelo cara.
― E ele por você. ― Sorri. ― Como foi para ele se tornar famoso? Quero dizer, nem todo mundo consegue lidar muito bem com a fama, e jogadores da NFL são bastante requisitados.
― Ele lidou com naturalidade. É como se Alex tivesse nascido para isso, sempre disse isso a ele. Para ele, só existe o campo, aquilo que ele ama fazer. A fama e todas essas outras coisas, são apenas consequências. Tenho certeza de que ele queria apenas jogar.
― Então não é a primeira vez que ele faz campanhas como essas da CK?
― Ele já fez trabalhos com outras marcas, foi capa de revista e tudo mais, mas estrelar a campanha com uma marca como a Calvin Klein ao lado de alguém, não. É a primeira vez.
Sorri leve e voltei a comer.
― Olhe, Camila, eu sei como se sente. Maddie ela também ficava... ― Ele apertou os lábios, parando de falar na mesma hora. ― Merda. Desculpa. Eu não deveria ter falado isso, eu...
― Não, Dan, por favor. Eu não tenho nada contra Maddie, pelo contrário, gosto muito dela. Sei que ela e Alex tiveram uma história, e eu respeito isso. Termine o que ia dizer.
― É só que Maddie também ficava insegura com essas coisas. Ela costumava me perguntar como seria, se especulariam coisas sobre Alex ou ela. Eu estaria mentindo se dissesse que essas campanhas não trazem os holofotes para quem as estrela. Alex vai receber bastante atenção nos próximos dias.
― Ele e Graziella.
Ele sorriu de lado, entendendo o que eu queria dizer.
― Sabe que poderia ser você, não é? E Alex quem estaria aqui, morrendo de ciúmes e medo de ser trocado por um modelo de quase dois metros de altura e extremamente forte.
Bufei, rindo.
― Alex tem quase dois metros de altura e é extremamente forte. Por que eu iria trocá-lo? Além do mais, eu o amo.
― Viu? Para que o medo então?
― É diferente. Graziella tem coisas... que eu não tenho. Já viu aquele corpo? Aqueles peitos? Jesus, a mulher tem quase zero percentual de gordura.
― Cá entre nós ― Ele se aproximou, como se fosse contar um segredo. Eu fiz o mesmo, curiosa. ― Tudo plástica. Sei até quem foram os médicos. Sim, dei uma pesquisada antes da campanha, precisava conhecer quem ela realmente era.
Fiquei boquiaberta, mas não surpresa. Um corpo como aquele, definitivamente, não era natural.
― Mas ainda assim. Ela é muito gata.
― Camila, com todo respeito, você também é. ― Senti minhas bochechas queimarem enquanto voltava a comer. ― Alex está muito feliz ao seu lado. Nunca vi esse garoto sorrir tanto como vejo desde que começaram a namorar. Acredita que ele me deu até dias de folga? Coisa que ele nunca fazia. ― Ri, negando com a cabeça.
― Bem, fico feliz por isso. É só... estranho. Você não vai entender.
― Realmente, não entendo. Apenas acredite em mim, não há nada com o que se preocupar.
Sorri leve, agradecendo silenciosamente por suas palavras, mas ainda não menos insegura do que antes. Odiava me sentir daquela forma.
― Me diga, Camila, você tem agente? Suponho que sim.
― Tenho, Agatha James. Você deve conhece-la.
― Ah, sim, sim. Sei quem é, já encontrei em eventos, mas não tenho intimidade.
― Ela é legal, faz alguns anos que trabalhamos juntas.
― Mas?
― Mas ultimamente ela não respeita as minhas decisões. Discutimos um pouco por conta do meu namoro com Alex, então nem sei se a essa altura ainda tenho agente. ― Ri sem humor. ― Mas não sei se é algo que eu realmente precise.
― É algo que você definitivamente precisa. Aqui, fique com meu cartão ― Ele me entregou e eu prontamente segurei, lendo seu nome e telefone. ― Se tiver interesse em contratar outra pessoa, me coloque no topo da sua preferência. Agencio apenas Alex, mas abriria com todo gosto uma exceção para a esposa dele.
― Esposa, é? ― Perguntei, achando graça. Dan deu de ombros, sorrindo maliciosamente.
― Foi como ele pediu para me referir a você.
Neguei com a cabeça, ainda rindo. Alex ainda iria me matar com uma dessas.
― Pense na possibilidade. Quem sabe, se for minha agenciada, não será você junto com Alex estrelando uma campanha dessas. ― Piscou.
― Vejo que falam sobre campanhas ― Alex disse, entrando na cozinha. Arrepiei quando ele se apoiou em meu banco e ficou com o rosto bem próximo do meu pescoço, bem as minhas costas. ― Estão se preparando para hoje?
― Estava dando detalhes dos bastidores para Camila. ― Dan disse, sorrindo cúmplice para mim.
― Perfeito. ― Alex beijou meu pescoço então pegou um banco ao meu lado, sentando-se. ― Uau, que café da manhã incrível.
― Apenas para estrelas da Calvin Klein. Não será para sempre, então não se acostume.
Assisti Alex e Dan conversarem sobre detalhes técnicos de hoje. Dan parecia extremamente focado ao falar sobre horário de chegada, as exigências da produção e o que falaram sobre suas exigências. Alex assentia a tudo, enquanto comia. Eu poderia achar que ele estava apenas fingindo que ouvia, mas sabia que quando se tratava de trabalho, Alex não brincava.
O que mais me deixava pensativa – e definitivamente com medo – era que nessa história, eu era a mais nervosa.
― Então posso levar Camila comigo, não é? ― Alex perguntou a Dan me fazendo acordar do devaneio.
― O que?
― Sim, pode. Eles não proibiram nada, pediram apenas discrição da parte dela.
― Esperem aí, acho que estou perdida ― Soltei um risinho nervoso. ― Que história é essa de levar Camila comigo? Você ficou doido, Alex?
Ele apertou minha coxa, se divertindo com a minha reação.
― O que tem de errado nisso? Era algo que havíamos combinado, não é?
― Não, nós não combinamos nada. Eu tinha planos de ficar em casa hoje e, quem sabe, sair com os meus amigos. A última coisa que queria era pensar sobre essa campanha.
Alex franziu o cenho e se virou para mim.
― Como assim?
― Eu só... ― Suspirei. ― Não me sinto confortável lá. Eu nem fui convidada. Isso não é sobre mim, Alex, é sobre você, é o seu trabalho.
― Você é a minha convidada. Quero que esteja lá, vai ser importante para mim. Além do mais, se você não for, não tem Alex na campanha. ― Disse, comendo um morango tranquilamente.
― O que? ― Dan e eu gritamos ao mesmo tempo.
― Isso mesmo. Só irei se Camila for, fim da história.
Esse idiota só podia estar brincando.
― Alex, brincadeira tem hora. ― Dan disse, rindo, então me olhou, preocupado. ― Camila?
Eu enrijeci o maxilar, sabendo exatamente o que aquilo significava. Todas as minhas tentativas de fugir daquela maldita tortura haviam ido, naquele momento, pelo ralo. Mas, por mais que uma parte minha quisesse se manter longe dessa palhaçada, outra queria estar por dentro, queria saber o que aconteceria lá. Era hora de ativar essa parte, então.
― Tudo bem. Eu irei. ― Falei, sorrindo leve. Alex soltou um grito de comemoração e se aproximou, beijando minha boca com força.
― Vamos fazer isso. Temos uma campanha para hoje. ― Ele disse, animado.
Oba. Eu estava tão animada.
...
As fotos aconteceriam em um dos estúdios mais prestigiados da cidade, em Manhattan. Nós chegamos no horário marcado, sendo prontamente recebidos pela equipe – na verdade, Alex foi. Eu sabia que seria jogada de lado no momento em que pisasse e esse era um dos motivos pelos quais não queria ir.
O estúdio era gigantesco, com cenários para cada tipo de foto, ainda com uma vista privilegiada para a cidade. Eu tive que esperar na parte onde aconteceriam as fotos internas. Já haviam várias câmeras e pessoas correndo de um lado para outro. Fiquei perto do enorme buffet no fundo da sala, comendo tudo o que tinha direito.
Enquanto comia, tomei um susto quando uma mulher loira parou ao meu lado.
― Você deve ser, Camila. Desculpa, não quis te assustar. ― Ela disse, comendo uma fruta. ― Sou Pauline, a diretora da campanha.
― Ah, céus ― Estendi a mão para cumprimenta-la. ― Prazer em conhece-la.
― Digo o mesmo. Espero que esteja gostando da recepção.
― Fui bem recebida, obrigada.
― Alex fez questão de que você tivesse do bom e do melhor. Um homem que cuida da sua mulher é algo de se admirar.
― Bem, é o mínimo que ele poderia fazer ― Sorri.
― Vocês formam um belo casal.
― Obrigada.
― Você sempre acompanha Alex nos trabalhos?
― Não. É a primeira vez.
― Mas aposto que já está acostumada com essa movimentação. Você é bem conhecida.
― Não entendi? ― Sorri leve, desconfortável.
― A questão é que eu trabalho com milhares de campanhas assim. Tenho que lidar com todo tipo de estrelismo, problemas e, especialmente, com a fúria das namoradas ciumentas. ― Relaxei as sobrancelhas, entendendo o que ela queria dizer. ― Mas, como você é desse meio, deve saber bem como as coisas funcionam. Óbvio, você não é tão conhecida quanto Alex, mas tem o seu valor.
Mordi a língua para não dar uma resposta afiada para aquela mulher, mas minha atenção foi tomada por Graziella entrando no estúdio, belíssima, vestindo um roupão, pronta para fazer suas fotos.
― Seja profissional, Srta. Hayes. Só isso que peço.
Olhei para mulher, dando meu melhor sorriso falso.
― Não sou eu que vou fazer uma campanha, Paola. Sua modelo está bem ali, esperando por você.
― É Pauline.
― Claro que é.
Ela semicerrou os olhos para mim e eu não parei de encará-la, apenas sorrindo. A mulher bufou, frustrada, então voltou para onde as câmeras estavam.
As primeiras remessas de fotos seriam individuais – graças a Deus. Graziella era uma verdadeira musa. Todos fizeram silêncio no estúdio, a não ser pela música sensual que tocava ao fundo, dando a ela ainda mais gás. Graziella namorava com a câmera, recebia elogios a cada pose que fazia, fazendo jus exatamente ao que a produção queria ao escolhê-la para estrelar aquela campanha. Engoli em seco quando ela ficou apenas com o top e calcinha, exibindo seu corpo magnífico com orgulho. A mulher era absurda de linda e cada vez que seu olhar penetrante se encontrava com a lente da câmera, sentia em mim.
Depois que suas fotos terminaram, Graziella voltou para o seu camarim para se preparar para a outra parte. Alex chegou logo em seguida, vestido com um roupão também. Suspirei ao vê-lo. Estava lindo. Seu olhar vagou pelo estúdio, provavelmente a minha procura, e logo se suavizou ao me encontrar. Ele me lançou um beijo e eu devolvi, me sentindo feliz por ele.
Deus, eu o amava tanto.
Não sei se estava louca, mas pude jurar que ouvi suspiros quando Alex tirou seu roupão, ficando apenas de cueca boxer. Óbvio que um desses suspiros foi meu, e ainda pude sentir um frio na barriga por imaginar que quem estaria com ele mais tarde seria eu.
Alex ouvia atentamente as coordenadas da diretora nojenta, sendo profissional, como ela queria. Eu permaneci quieta, aproveitando a deslumbrante visão que tinha. Alex então começou a fazer as poses pedidas quando os flashes começaram. Ele parecia sair em todas as fotos, com uma maestria de um modelo que já era regado de experiência, tão magnético quanto Graziella. Agora eu conseguia entender porque haviam chamado os dois.
― Curtindo a cena? ― Dan perguntou, surgindo ao meu lado. Eu pigarreei, ajeitando minha postura.
Ainda bem que o lugar onde eu estava era bem ao fundo, então ninguém poderia ver as minhas reações, a não ser que chegassem bem perto de mim.
― Posso curtir mais tarde. ― Brinquei, lançando um olhar divertido. Dan riu.
― Privilégio que nenhuma delas poderão ter. ― Suspirei, voltando a olhar para Alex, agora deitado em um divã. Puta merda. ― O que Pauline queria?
― O que? Ah, só ser uma vadia.
― O que? ― Ele riu. ― Ela foi grosseira?
― Foi, mas não me importo.
― Se quiser, digo a Alex.
― Não mesmo. Ele sai daqui antes de terminar e ainda dá um sermão nela. Estou bem, prometo.
Voltei a olhar para Alex. Agora ele estava vestido. A calça jeans que usava era mais baixa, dando para ver o nome da marca, e uma jaqueta do mesmo material, exibindo seus músculos. Agora gravavam o vídeo que, com certeza, teria sua voz ao fundo e a de Graziella, que tinha como slogan o termo "deal with it". Sorri, animada a cada passo que ele dava, tendo o fundo branco em suas costas.
Quando as partes individuais chegaram ao fim, Alex voltou ao camarim, me arrastando com ele.
― Você gostou? Estou me saindo bem? ― Ele perguntou, segurando meu rosto com as duas mãos, assim que entramos no camarim.
― Sim. Você está perfeito, meu amor. ― Alex sorriu e beijou minha boca, apertando-me contra si.
Eu sabia que ele queria aprofundar o beijo, eu também queria, mas fomos interrompidos por alguém da produção.
― Alex, vamos? Você precisa fazer mais fotos agora.
Me separei dele, ainda ficando com o rosto próximo. Alex revirou os olhos.
― Já estou indo. ― Ele me olhou. ― Desculpa por isso.
― Não se preocupe. É o seu trabalho.
Alex fez questão que eu ficasse no seu camarim enquanto se organizava para a segunda parte. Eu permaneci acanhada, no canto, enquanto assistia uma equipe de cinco pessoas trabalharem a todo vapor, desde maquiagem e cabelo até o detalhe da roupa íntima que ele usaria.
Perto de acabar, já vestido com a roupa jeans e a cueca da marca, a visita ilustre chegou.
― Com licença ― Graziella disse, depois de bater e colocar apenas a cabeça pela abertura da porta. ― Posso entrar?
― Grazi! Entre! ― Alex exclamou, animado.
Eu ergui as sobrancelhas e o olhei, mas ele olhava para o espelho, falando aquilo como se fosse natural.
― Só vim desejar boa sorte e dizer que estou animada. ― Disse, parando perto dele, sem notar minha presença.
― Ah, obrigado. Boa sorte para você também. Já, já irei, ok? ― Ela assentiu. ― Você conhece minha namorada, Camila?
Senti minhas bochechas esquentarem quando ela se virou para mim. Seus olhos azuis penetrantes me deixaram paralisada.
― Ah, Camila, muito prazer. Alex fala muito sobre você. ― Ela disse, estendendo a mão para mim. Eu apertei.
― Espero que bem.
― Muito bem. ― Ela forçou um sorriso. ― Bem, vou indo. Te vejo lá, Alex.
― Até mais.
Alex sorriu leve para mim antes de voltar sua atenção para a equipe. Eu não iria falar nada ali, não mesmo.
A segunda parte das fotos aconteceriam em outra sala, do mesmo tamanho da outra, mas com o fundo cinza e luzes mais baixas. Eu retornei ao meu lugar de antes, agora com mais uma mesa de buffet e comi para me acalmar. As emoções estavam a flor da pele.
Alex e Graziella se reuniram com a diretora nojenta antes de começarem as filmagens. Ela saiu explicando como queriam que fizessem e vi apenas eles assentirem, sérios. Daria tudo para ser uma mosca e ouvir o que era conversado ali.
Todos se preparam, as câmeras postas no lugar, luzes baixas, mas com foco perfeito neles e modelos no lugar. Eles iam começar.
Eles caminharam um ao outro até se encontrarem bem no centro, sem desviar os olhos, e quando estavam perto o suficiente, quase sem distância, Alex começou a tirar as roupas jeans de Graziella e ela as dele. Eu arregalei os olhos, sentindo todo meu corpo queimar. O que merda era aquela?
Me virei para a mesa de buffet, nervosa, e comecei a procurar alguma coisa forte para que eu pudesse tomar. O máximo que tinha era champanhe, mas seria aquilo mesmo. Virei uma taça de uma vez e voltei a ver a cena, agora os dois estavam abraçados, Alex por trás, fazendo alguma coisa que fazia Graziella gargalhar naturalmente.
As cenas que vieram seguidas dessa foram de pura tortura, e eu perdi a conta de quantas taças tomei. Não cheguei a ficar bêbada, mas estava mais calma o suficiente para aguentar aquilo.
― Alex, você senta no chão, ficando na horizontal para a câmera ― A diretora nojenta começou a falar. ― E Graziella sobre no colo dele, com os joelhos apoiados perto da cintura dele.
Eu estremeci quando eles fizeram. Alex usava nada mais do que uma calça jeans – que havia colocado novamente –, enquanto Graziella estava apenas de calcinha e um top.
― Coloque as mãos no bumbum dela, Alex.
Ele pareceu pensar por alguns segundos, mas cumpriu. O seja profissional nunca foi tão sério.
― Perfeitos.
E eles eram realmente. Era impressionante a química que exalava entre os dois cada vez que um flash disparava. Graziella com seus olhos penetrantes que beirava entre o simpático e poderoso, e Alex com o olhar de quem estava prestes a te atacar – num bom sentido.
― Agora olhem um para o outro. ― Eles fizeram. ― Jesus Cristo, vocês me dão arrepios.
Eles riram um para o outro ao ouvirem o comentário, o que deve ter dado, com certeza, uma foto perfeita.
Minha mente começou a gritar, implorando para que eu fosse embora dali, que deixasse Alex trabalhar em paz sem parecer uma louca, mas permaneci, não ousei me mexer e engoli toda minha imaturidade e insegurança a seco.
Quando todas as fotos terminaram, já era noite. Todos estavam cansados, mas prontos para comemorarem o sucesso que havia sido a preparação da campanha. Na saída do camarim de Alex, com ele segurando em minha mão, fomos parados por Graziella, extremamente animada e já vestida como se fosse uma dançarina de programa de televisão.
― Vamos comemorar! ― Exclamou. ― Estamos indo para um restaurante aqui em Manhattan mesmo. Queremos que você vá, Alex.
― Ah, não sei ― Ele riu parecendo um idiota. Eu enrijeci o maxilar.
― Vamos, vai ser divertido. Vamos jantar e depois iremos para uma balada, quem sabe.
Ele ergueu as sobrancelhas, provavelmente considerando a ideia. Quando se virou para mim, pronto para me perguntar, eu rapidamente cortei:
― Não poderei ir.
― O que? Por que? ― Ele perguntou.
― Porque vou encontrar uns amigos. Já tinha marcado com eles e não posso ser babaca de furar em cima da hora. ― Menti descaradamente. Alex franziu a testa.
― Que amigos? Por que não me disse nada?
― Eu preciso dizer? ― Devolvi a pergunta.
Graziella pigarreou, atraindo nossa atenção.
― Bem, Camila, você não acharia ruim se o Alex...
― Aonde vocês vão? ― Alex me perguntou, interrompendo Graziella.
― Para o Marquee. ― Falei a primeira casa noturna que surgiu em minha mente.
― Então é para lá que vamos. ― Ele anunciou. Eu e Graziella o olhamos, assustadas.
― O que? Você vai? ― Perguntei.
― Claro que sim.
Puta que pariu.
― Bem, então vamos todos. Tenho certeza de que a equipe vai aceitar. Nos vemos lá. ― Graziella soltou um beijinho e saiu.
Eu dei um sorrisinho para Alex, fingindo animação. Precisava urgentemente falar com Savannah e Nick.
...
Chegamos ao Marquee passando na frente de todas as pessoas que esperavam na fila e indo direto para a parte VIP, no segundo andar, com visão privilegiada para a parte de baixo. A parte era reservada, sem possibilidade de pessoas de fora entrar, com direito a bebida e comida.
Alex pareceu se animar quando todos da equipe começaram a parabeniza-lo. Foram feitas mais fotos, dessa vez para as redes sociais, e eu voltei a ficar reclusa, tendo a companhia de Dan. Ele parecia cansado, mas se esforçava para que eu não me sentisse excluída.
Alex, como eu já imaginava, recebia toda a atenção possível. Quase não conseguimos entrar no lugar quando as pessoas começaram a reconhece-lo e pediram fotos. Agora, era a própria produção que babava o seu ovo e o de Graziella. Ela, claro, aproveitava a situação para ficar em cima dele, gravando vídeos, tirando fotos, tudo para aumentar as especulações dos fãs.
Eu resolvi descer para a parte de baixo quando Savannah e Nick disseram estar perto de chegar. Fui para o bar e pedi dois shots de Vodka, virando-os de uma vez enquanto assistia de longe Alex rir de alguma coisa que Dan falava.
― Ele vai me pagar por isso ― Rosnei.
― Quem vai pagar o que? ― Nick perguntou, surgindo ao meu lado.
Eu suspirei de alívio ao ver os meus amigos.
― Ainda bem que chegaram! ― Exclamei, abraçando os dois ao mesmo tempo que me apertaram contra si.
― O que aconteceu? Por que nos chamou assim? ― Savannah perguntou. Eu apenas apontei com o olhar para o andar de cima, onde Alex estava com o resto do pessoal. ― Ah, é isso. Você está se sentindo só?
― Não. Sim. Mais ou menos. ― Suspirei. ― Foi dia de gravar para a campanha da CK. E eu meio que menti dizendo que iria encontrar vocês aqui.
― Eu sabia que você teria uma crise de ciúmes. ― Nick disse, rindo.
― Crise de ciúmes? Quem disse isso?
― Camila, olhe para você. Está com ciúmes porque seu namorado gostoso tirou foto seminu com uma modelo. É normal.
― Não é só por isso. ― Cruzei os braços. ― Ele me deixa de lado.
― Ele não podia ficar colado com você o tempo todo logo hoje, não é?
― Nick, Graziella está claramente dando em cima dele na minha frente e ele, essa idiota, não faz nada!
Nick e Savannah se entreolharam, se divertindo com minha reação.
― Eu só quero que entendam o quanto essa situação é ridícula! Os dois tiram fotos como se fossem dois namorados.
― Eles são co-estrelas de uma campanha, precisam tirar fotos. ― Nick voltou a falar.
― Nickolas, eu juro por deus que vou te dar um tapa. De que lado você está afinal?
― Do seu, claro.
Nós ficamos por perto do bar, bebendo juntos. Quando comecei a dar boas risadas e me esqueci da presença das pessoas que estavam me incomodando, só percebi quanto foi boa a ideia de tê-los chamado para virem. Eu já conseguia me sentir um pouco atônita graças a Vodka.
― Então... ― Parei de falar quando voltei a olhar para a área VIP, já um pouco bêbada, e vi Graziella entregar uma bebida para Alex. Ele sorriu leve para ela, então voltou a me olhar.
Espera, ele estava me observando esse tempo todo?
― Vamos dançar. ― Falei.
― O que? ― Savannah perguntou, assustada.
― Vamos dançar os três. Agora.
Peguei os dois pelas mãos e os arrastei até o meio da pista.
[Deem play: Work – Rihanna]
Comecei a rebolar quando a música começou a tocar. Savannah ia me acompanhando, ainda tímida, tentando entender o que rolava. Nick apenas sorria, assistindo a nós duas.
Eu me virei, olhando para Alex. Ele estava com os braços apoiados na grade da parte de cima, com um copo de bebida nas mãos, e olhos presos em meu corpo. Eu sorri maliciosamente para ele que enrijeceu o maxilar, entendendo o que eu fazia.
― Vamos. Dancem comigo. ― Me aproximei de Nick e Savannah se juntou.
Logo estávamos os três em uma única sintonia. Eu estava no meio dos dois, me divertindo e, claro, provocando Alex. Podia ser imaturo, infeliz, mas aquela era a nossa linguagem, desde muito tempo atrás. Memórias de quando eu costumava provoca-lo daquela forma surgiram em minha mente e fizeram meu coração acelerar. Era o tipo de perigo que eu gostava.
Alex assistia tudo, ignorando as pessoas a sua volta, como se fosse um animal prestes a me atacar. Eu suspirei quando as mãos de Nick foram até minha cintura, me forçando a rebolar. Savannah sorria para mim, claramente se divertindo. Se fosse em outra realidade, e eu fosse louca o suficiente, talvez eu ousasse me divertir com eles. Mas agora, com a minha deliciosa realidade, eu tinha um jogador me olhando com fogo nos olhos, como se disse apenas pelo olhar que eu estava fodida.
Querendo mais reação dele, comecei a descer até o chão, segurando-me na cintura de Nick. Aquilo foi o suficiente para Alex beber o resto da sua bebida de uma vez e descer até a pista de dança.
― Você vai matar o cara, Camila. ― Nick disse, rindo.
Eu fiquei de pé, me equilibrando nos saltos, quando Alex se aproximou e parou bem perto de nós, com os olhos presos aos meus.
― Olha só quem resolveu deixar a área VIP. ― Debochei. ― Como se sente no meio de meros mortais, Alex?
― O que é isso, Camila?
― O que? Só estou dançando com os meus amigos. Aliás esses são Nick e Savannah.
― Oi. ― Ela disse.
― Oi, cara. ― Nick cumprimentou, sorridente.
Alex sorriu para Savannah e lançou um olhar mortal para Nick.
― Precisamos conversar, Camila.
― Agora? Mas eu comecei a dançar agora.
― Por favor, vamos conversar.
― Alex, eu...
― Você quer mesmo que eu te carregue como da outra vez?
Ah, merda.
Suspirei ao ouvir suas palavras, arrepiando. Alex parecia que iria me dar um sermão, como também parecia que ia me foder logo em seguida.
― Volto já, pessoal. ― Falei para os meus amigos, mas olhando para Alex. ― Estarei em boas mãos.
Alex semicerrou o olhar para mim, então segurou minha mão e saiu me guiando até o banheiro feminino. Assim que entramos, para nossa tristeza, não estava vazio, mas aquilo não pareceu problema para Alex.
― Saiam! ― Rosnou para as mulheres perto da bancada da pia que logo saíram correndo.
Ele trancou a porta, então me imprensou contra ela, olhando em meus olhos com fúria.
― Agora você vai me dizer exatamente o que aconteceu. ― Disse.
É, eu estava fodida. Muito, muito fodida.
O capítulo não passou por revisão, então ignorem qualquer erro! Prometo corrigir depois! ♥️
Instagram: @sweetwriter8
Vejo vocês em breve! ♥️
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro