Capítulo 47 - Insegurança
Camila Hayes
Me remexi na cama ao sentir algo molhando entre as minhas pernas. Eu estava cansada, com o corpo todo dolorido, o que quer que fosse aquilo, estava me deixando inquieta. Tentei me virar, na tentativa de me livrar do incômodo, mas foi falho. Senti mãos fortes segurarem minhas coxas e causar uma pressão forte em meu sexo.
Eu fiquei boquiaberta quando a intensidade aumentou. Senti minha intimidade molhar brutalmente de excitação. Ao abrir os olhos, vi uma cena que me deixou mais excitada ainda. Alex estava com o rosto enterrado entre minhas pernas, me chupando, enquanto minhas pernas descansavam em seus ombros.
Sorri quando ele chupou meu clitóris com força, causando um choque por todo meu corpo, subindo desde meu ventre. Levei minha mão a sua cabeça, apertando-o contra mim, prendendo seus cabelos entre meus dedos.
Eu queria mais. E assim ele fez.
Alex me chupou com maestria, provocando cada centímetro do meu sexo encharcado. Havíamos passado a noite inteira transando como dois coelhos, em todos os lugares e posições. Eu estava satisfeita, parecia que toda a energia e desejo sexual guardado durante esses sete anos retornou com toda força. Na verdade, nunca havia ido embora. Digamos que estivesse apenas adormecido, algo que Alex fez questão de acordar quando retornou para minha vida. E, sinceramente, nunca estive tão feliz quanto agora.
Dispersei meus pensamentos quando Alex penetrou sua língua em mim, fazendo com que meu orgasmo viesse com força.
― Alex! ― Gemi seu nome, me erguendo, apertando-o mais ainda contra mim.
Ele não parou de me chupar em nenhum momento, ao invés disso, aumentou a precisão da sua língua. Não demorou muito para que a sensação inebriante e que fazia cada centímetro da minha pele arrepiar, subisse desde o meu útero, provocando cada parte do meu corpo, até os meus peitos, distribuindo ondas de calor por toda parte. Ainda gozando, apertei meus mamilos duros e doloridos, me excitando ainda mais.
Quando a sensação chegou ao fim, caí deitada na cama, suada e sem ar. Alex beijou minhas virilhas, coxas, barriga, mordeu meus dois mamilos, lambeu meu pescoço e finalmente chegou até minha boca, onde deu um beijo de tirar o resto do fôlego que eu ainda tinha.
― Bom dia, Camz ― Ele disse. Sua voz rouca fez minha pele arrepiar.
― Ótimo dia. Você poderia me acordar sempre assim. ― Sorri.
― Acho que seria bom para você. Ouvi dizer que orgasmos pela manhã são uma ótima forma de começar o dia, fazem bem à saúde.
― Eu amei.
Ele beijou minha boca novamente e desceu pelo meu pescoço, fazendo cada parte do meu corpo reagir novamente.
Depois do fatídico momento em que Alex subiu com o carro na calçada da NYT, nossos encontros passaram a ser mais frequentes – e sem escapadas minhas pela manhã. Nós passávamos mais tempo juntos, eu na sua casa ou ele na minha. Era óbvio que nossos horários eram corridos, o trabalho nos consumia ao máximo, mas fazíamos o que amávamos, além de que aquilo não atrapalhava nada em nosso relacionamento.
Fazia quase um mês desde que Alex e eu decidimos seguir com essa espécie de... não sabia bem o que era. A verdade é que nunca paramos para conversar sobre o que tínhamos, mas não importava. Essa conversa não acontecia por dois motivos: (1) estávamos ocupados trabalhando ou (2) estávamos transando.
Era impressionante como estar com Alex fazia com que eu me tornasse uma compulsiva sexual. Eu não me reconhecia, mas gostava dessa versão, e gostava mais ainda das coisas que ele me fazia sentir.
Naquela manhã de sábado, na casa de Alex, eu sentia que podia ficar o dia inteiro naquela cama com ele.
― Hora de levantar. ― Ele disse, parando de me beijar e levantando da cama. Eu me ergui, frustrada, só então reparando que ele estava com roupa de treino.
― O que? Por que?
― Você não quer passar o dia todo enfiada aí, não é?
― Na verdade, quero. ― Voltei a deitar.
Alex agarrou meus tornozelos e me puxou até a ponta da cama. Eu soltei um gritinho.
― Troque de roupa. Nós temos um compromisso. ― E me beijou.
― O que? Que compromisso?
Ele se sentou ao meu lado e começou a calçar os tênis. Não estava gostando daquilo.
― Vamos treinar. ― Disse, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. Eu ri com sua frase, mas ele me encarou, sério.
― Você tá falando sério?
― Claro que sim. Tem uma academia no térreo do prédio, malho lá todas as manhãs. ― Levantou da cama e começou a pular, se aquecendo.
― Desde quando?
― Você sempre está dormindo quando vou.
― Então me deixe dormir outra vez. Que horas são, afinal?
― Oito.
― Você quer malhar oito horas da manhã de um sábado?! Pelo amor de Deus, Alex!
― Sem desculpas. Hoje quero que me acompanhe, prometo que vai ser leve. ― Fiz a minha melhor cara de raiva. ― Olhe, como você fará isso por mim, eu posso passar um dia inteiro no seu trabalho, sabendo o que faz.
Dei risada.
― Nem fodendo. E nem fodendo que eu vou malhar.
― Vai sim. ― Disse, categórico. ― Vou fazer café da manhã. Esteja pronta em dez minutos, ou então virei aqui te arrastar. E, Camila, eu com certeza farei isso.
Quando Alex saiu do quarto eu me joguei na cama novamente, já cansada da ideia de malhar. Mas eu não ousei duvidar de Alex. Eu sabia que ele teria coragem o suficiente para me carregar até a academia de camisola.
Que ódio.
Fiz minhas higienes e escolhi uma roupa leve no closet. A sorte era que eu já tinha roupas minha em sua casa, de todos os tipos, então não correria o risco de ser flagrada fazendo exercícios de vestido. Depois de vestida, com calça legging e cropped pretos, vesti uma jaqueta leve por cima, amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo alto e calcei os tênis.
― Ah, finalmente ― Alex disse, quando cheguei à cozinha. Ele enchia dois copos com uma coisa esquisita que havia acabado de ser batido no liquidificador. ― Achei que teria mesmo que te carregar.
― O que é isso? ― Perguntei, em sentando no banco da ilha.
― Isso é vitamina. Kiwi com tangerina. Como nosso exercício será intenso, é bom para nos hidratar.
― Eu vou tomar só isso? E se eu desmaiar? E que história é essa de exercício intenso?
Ele riu. Assisti ele colocar a parte de cima do liquidificador suja dentro da pia e voltar até mim.
― Sim, vai tomar só isso. Não, você não vai desmaiar. Vai ser intenso para mim, mas já estou acostumado, para você eu posso dar uma folga. Tomaremos café quando voltar. ― Sorriu. ― Eu até diria para você tomar um suplemento ou coisa assim, mas vamos com calma. Posso te apresentar meu nutricionista se quiser.
― Fazer dieta? ― Ri. ― Desculpa, gatinho, mas eu passo. Me dê essa maldita vitamina.
Alex ergueu as mãos em rendição e então me entregou o copo grande cheio.
― Bom apetite. ― Disse, sorridente.
Eu arregalei os olhos ao ver Alex colocar dois comprimidos na boca, o que julguei ser os tais suplementos, e então beber a vitamina de uma vez. Ele era um atleta, então não julgava todo o cuidado com o corpo e a saúde.
Eu, ao contrário dele, era só uma jornalista em que a última preocupação era meu corpo. Eu estava muito feliz com minhas gordurinhas na barriga, estrias e celulites. Não me privaria de comer nada, muito menos iria malhar. Tudo bem, eu poderia pensar em fazer uma atividade física no futuro, quando tivesse tempo, mas no momento isso estava fora da minha lista de coisas importantes.
Quando ele terminou de beber, eu tomei coragem para tomar o meu. Não era uma grande fã de frutas, mas imaginei que aquilo fosse me fazer bem. No primeiro gole, quase coloquei para fora.
― Que droga de coisa azeda é essa? ― Perguntei, fazendo careta. ― Você não colocou açúcar nisso aqui?
― Adoçante. ― Sorriu. ― Bem pouco, as próprias frutas já têm açúcar.
― Besteira.
― Beba. Nós temos que descer. ― Engoli em seco. ― De uma vez, Camila. Vamos.
Fiz pressão na ponta do meu nariz, na tentativa de não sentir cheiro ou gosto, e bebi. Eu ainda conseguia sentir algo ácido descer por minha garganta, não muito bom, e que quase me fez vomitar tudo. Não faço ideia de como consegui tomar tudo, mas assim fiz.
Alex bateu palmas quando coloquei o copo vazio sobre a ilha.
― Essa é a minha garota. ― Disse, me dando um beijo na boca, e me puxou pela mão, a caminho da saída.
Poucos minutos depois estávamos na grande e luxuosa academia do térreo, sem ninguém. Eu sabia que o prédio de Alex tinha piscina, sauna e uma área de lazer, mas nunca imaginei que aquela fosse a academia.
Algo tão bonito e bem organizado como aquele dava vontade de malhar... já passou.
― Vamos começar com um aeróbico. ― Ele disse, indo até uma das seis esteiras no canto da sala. Eu fiquei em uma ao seu lado. ― Aqui liga e desliga ― Disse, mostrando o painel. ― Esse botão diz a velocidade e esse outro faz a máquina parar de uma vez caso tenha uma emergência. Pode começar devagar se quiser, mas vá aumentando aos poucos. ― Assenti.
Dez minutos depois, Alex estava suado, correndo na esteira como se estivesse em uma maratona, enquanto eu ainda andava em passos lentos, quase parando, sem ter derramado uma gota de suor. É, eu podia fazer isso.
― Está na hora de aumentar. Faz tempo que você está caminhando, Camila. ― Ele disse, correndo. Como ele conseguia correr naquilo sem as mãos nos apoios e ainda olhar para mim? Jesus.
― Não, eu estou bem assim.
Alex parou sua esteira e desceu, aproximando-se do painel da minha.
― Não, não ― Pedi, quase chorando quando ele começou a aumentar a velocidade, me forçando a correr. ― Eu te odeio.
― Odeia nada. ― Disse, sorridente. ― Só uma corridinha, ok? Depois faremos outros exercícios.
A tal corridinha me deixou suada, sem fôlego e pronta para ir para casa. Enquanto eu corria, Alex usava várias outras máquinas, com pesos absurdos que para ele pareciam pouca coisa. Meu Deus do céu, eu não nasci para isso.
Quando parei a esteira, bebi água do bebedouro e voltei até ele, querendo ir embora.
Ao contrário do que eu desejei, para Alex nós havíamos acabado de começar. Usei algumas máquinas, felizmente com pouco peso, fiz algumas abdominais, pulei corda junto com ele e, por último – segundo o que ele disse – treinamos luta.
Alex estava sem camisa, apenas com sua calça de treino, exibindo sua barriga sarada que sempre me fazia perder a pose. Agora eu sabia de onde vinha aquilo.
― Agora vamos treinar Muay Thai ― Disse, colocando duas luvas grandes depois de me entregar as menores. ― Isso aqui na minha mão se chama manopla. Vai ajudar você a simular uma luta. Vamos começar devagar.
― Desde quando você luta Muay Thai?
― Desde que entrei no Dolphins. ― Deu de ombros. ― Sou muito bom se quer saber.
Eu ri.
― Tenho certeza que sim.
― Falo sério. Meu personal trainer diz que já posso ser um lutador. ― Voltei a rir.
― Uau, amorzinho, eu acho que você deveria ser, na verdade, um digital influencer e dar várias dicas de treino para os seus seguidores. Não é você que arranca suspiro de milhões de fãs nas redes sociais?
― Não seria uma má ideia. E uma dessas fãs, sem sombra de dúvidas, é você. ― Revirei os olhos. ― Foque aqui.
Depois de me ensinar quais golpes eu deveria dar, comecei a me divertir. Iniciei de forma desengonçada, errando os socos nas manoplas ou dando-os leve demais, mas logo peguei o jeito. E, sinceramente, havia gostado. Um soco em cada manopla, depois dois chutes. Havia nome específico para cada movimento, porém eu não tinha aprendido.
Acabei gostando mais do que pensei. Se pudesse escolher um único exercício, seria aquele.
― Nada mal para quem aprendeu agora ― Alex brincou. Eu ri, mas não perdi o foco do que fazia. ― Aproveitando isso, vamos conversar. Isso pode ajudar na sua concentração também.
― Ok. Pode falar. ― Dei os dois chutes nas manoplas.
― Eu te convidei para treinar por um motivo. ― Franzi a testa, mas continuei a fazer os movimentos. ― Podia ser uma distração e, não sei, te ajudar com o nervosismo.
― Você está começando a me deixar nervosa com essa conversa.
― Não se preocupe. É só que recebi um convite para uma festa amanhã.
― Que festa é essa?
Dei os socos com certa força, já imaginando Alex sendo convidado para uma festa cheia de coelhinhas da Playboy. Sim, ele já tinha recebido um convite parecido assim antes.
― Na verdade está mais para um evento. É do Giants. ― Relaxei. ― Os patrocinadores vão propor uma festa de comemoração aos novos contratados e aproveitarão para apresenta-los para a mídia.
― Onde vai ser?
― Four Seasons. Uma recepção legal.
― E por que acha que eu ficaria nervosa com isso?
― Bem, vou precisar de uma acompanhante. ― Eu chutei as manoplas com força, fazendo-o dar dois passos para trás. ― Ouch, Camila!
― Foco! ― Gritei, fazendo-o voltar a sua posição de antes. Logo estava depositando meus golpes outra vez.
― Não é nada disso que você está pensando, ok? Eu quero que você seja a minha acompanhante.
― Eu? ― Dei socos fortes, já ficando nervosa. Agora eu havia entendido.
― Sim, você. Olhe, sei que queria que mantivéssemos o que temos no privado, e fizemos isso funcionar durante esse tempo, mas não acha que já está na hora de nos assumirmos? De mostrar a todo mundo o que temos?
Parei na hora. Eu tinha certeza dos meus sentimentos por Alex, da felicidade que sentia quando estava ao seu lado, mas estaria mentindo se dissesse que conversas como aquelas não deixavam uma pessoa nervosa.
Eu precisava fazer aquela pergunta.
― O que nós temos? — Arranquei minhas luvas, nervosa.
Alex suspirou, tirando as manoplas.
― Como assim, Camz?
― O que nós temos, Alex? O que somos? Como vamos aparecer em público se nem rotulamos o nosso relacionamento.
― Precisa rotular?
― Nesse meio em que vivemos, sim. Se formos para um evento desses e nos perguntarem o que somos, o que vamos dizer? Que estamos nos curtindo? Matando a saudade de anos? Eu não sei, eu...
Fui interrompida por Alex, segurando meu rosto, bem próximo de mim. Ele carregava um olhar de compreensão.
― Sabia que ficaria assim. ― Suspirei. ― Camz, você não precisa ter cada momento da sua vida planejado. Sei da sua preocupação, como é difícil ter que ficar dando explicações a esse bando de merdas desocupados, mas também sei que saber o que somos também é algo que você quer, fora toda a mídia. Não achei que precisei falar nada antes.
― E não precisava. Eu estou feliz com o que temos. ― Acariciei seus braços.
― Se quer saber o que é para mim, saiba que é o meu amor, a minha calmaria, a minha casa. Você, Camila, é a única certeza que tenho na vida. Durante esses sete anos, sinto que finalmente minha vida volta aos eixos, que as coisas se encaixam só porque tenho você comigo, porque posso te chamar de minha. ― Respirei fundo, sentindo meu coração acelerar. ― Você é tudo. Minha namorada, minha amante, minha paquera, meu melhor sexo ― Ri. Ele era um idiota. ― Minha futura esposa, a mãe dos meus filhos, a mulher que quero passar o resto da minha vida.
Eu estava desmontada.
Alex conseguia me atingir com tão pouco e fazer me apaixonar por ele cada vez mais. Eu ainda sentia o frio na barriga e arrepio como se fosse a primeira vez que ouvisse um eu te amo saindo de sua boca, como se escutasse sua primeira declaração de amor. Era recíproco, intenso e me dava vontade de nunca mais larga-lo. E era isso que eu faria.
― Então, diremos que estamos namorando, porque sei que não vai querer dizer que é minha futura esposa.
Enrosquei os braços ao redor do seu pescoço, rindo, e ele me abraçou.
― Você nem fez um pedido. ― Brinquei. O brilho que nasceu no olhar de Alex foi chocante.
― Você quer? ― Perguntou.
― Isso não é algo que se pergunte a uma mulher. Você apenas faz, no momento certo.
― Entendi. ― Sorriu de lado. Eu arregalei os olhos.
― Não, Alex, não é para fazer isso agora!
― Eu não disse nada.
― Mas pensou! ― Ele riu. ― Vamos aproveitar o que temos no momento. Por enquanto, fico feliz em assumir o posto de namorada outra vez. É bom estar de volta.
― Isso quer dizer que você vai para o evento comigo?
― Bem, achei bem em cima da hora, mas tudo bem. Eu vou com você.
― Mesmo com sua agente desaprovando?
― Foda-se ela. Já guardamos isso tempo demais.
― E nossas famílias?
― Meus pais ficarão surpresos, vão querer saber tudo, e eu os explicarei depois. Isso pode ajudar. E espero que sua família fique feliz.
― Feliz? Eles vão ficar exultantes. Tem ideia do quanto minha mãe te ama? Ela sempre tentava te trazer para minha vida de alguma forma.
― Naomi é realmente um anjo. Sinto falta dela.
― Vamos preparar esse reencontro. ― Sorrimos. ― Agora, acho que nosso treino terminou. Temos um compromisso lá em cima, no meu banheiro mais especificamente.
― Pervertido. Esse treino maldito já sugou minhas energias.
― Tenho certeza de que ainda sobrou um restinho para mim. ― Disse, sua boca roçando contra a minha.
― Como vou para esse evento amanhã estando toda dolorida? Não podia ter pensado em uma distração mais leve?
― Nada é leve o suficiente para a mulher que você, amor.
Soltei um gritinho quando ele me levantou no colo, rodeando minhas pernas ao redor da sua cintura. Ele me deu um beijo de tirar o fôlego, fazendo cada parte do meu corpo reagir. Eu já conseguia sentir Alex duro contra mim, pronto para me satisfazer.
― Argh, vamos logo lá pra cima. ― Disse, com uma urgência que eu também sentia, saindo da academia e indo direto para seu apartamento.
...
― Eu sabia que isso ia acontecer em algum momento.
Ri ao ouvir Emily do outro lado da linha. Eu estava em meu apartamento, me arrumando para ir ao tal evento do Giants, quando recebi sua ligação. Eram raros os momentos em que nos falávamos assim, minha amiga estava ocupada demais – o que era totalmente compreensível – assim como eu. A saudade que sentia da minha amiga era indiscutivelmente grande, mas sabia que a sua ida para longe era para o melhor e que, além de tudo, a fazia feliz.
― O que? Alex e eu? ― Perguntei, rindo.
Eu tinha uma equipe trabalhando comigo, no pouco espaço do apartamento, graças a Vicenzo. Ele havia conseguido tudo de última hora, inclusive o vestido perfeito. Seria um evento sofisticado, a atenção de muitas plataformas estariam lá para saber das notícias dos jogadores mais promissores da NFL.
Eu estava nervosa demais.
― Sim. Vocês foram feitos um para o outro, Camz. É claro que eu tenho as minhas dúvidas sobre o Alex, para mim ele sempre será um dos maiores babacas que já conheci ― Eu ri. ― Mas estaria mentindo se dissesse que ele não te faz feliz.
― Ele faz. Muito. ― Suspirei. ― Sinto que nunca estive tão feliz em sete anos como estou hoje.
― E faz bem. Olhe, se eu estivesse nesse maldito país, teria esfolado a cara daquele Viktor no chão.
― Já está tudo bem agora. Viktor é passado.
― E esse tal evento que vai hoje? Irão mesmo assumir o namoro?
Respirei fundo. A maquiadora continuava seus trabalhos, assim como o cabelereiro e a manicure. Cada vez que os minutos passavam, minha ansiedade aumentava.
― É o que queremos. Minha agente não ficou muito contente com isso, mas não quero me esconder mais, Em. Sinto que esse é o momento. Quero poder sair, ter momentos com Alex como duas pessoas normais, sem sermos julgados.
― Vocês serão, independentemente de qualquer coisa. As pessoas são maldosas. Mas se tem alguém que sabe lidar com isso da melhor forma, esse alguém é você, Camz. Tenho certeza que tudo ficará bem.
― Obrigada ― Suspirei. ― Eu precisava mesmo falar com você. Sinto sua falta.
― E eu a sua. Nunca imaginei que fosse sentir da saudade da nerd idiota Camila Hayes. ― Eu ri. ― Estou orgulhosa de você.
― E eu de você. Como está se sentindo ultimamente?
― Bem. Cansada, sabe como é a minha nova vida ― Riu. ― Mas bem melhor do que anos atrás. As coisas não foram nada fáceis. Nem sei como teria lidado com tudo isso sem você.
― Faria tudo de novo, Em, sabe disso. ― Mordi o lábio, nervosa, mas precisava perguntar: ― Sente falta dela?
Minha amiga suspirou forte do outro lado da linha. Eu sabia que falar sobre isso doía como um inferno nela. Emily nunca mais foi a mesma depois daquilo.
― Todo maldito dia. Não há um dia em que eu acorde sem me lembrar dela.
― A dor nunca diminui. ― Pensei em voz alta.
― Nunca. ― Ela suspirou novamente. ― Olha, tenho que ir. Amber não para de me chamar.
― É, vai lá. Não esqueça de vir me visitar quando puder!
― Eu irei, prometo. Boa sorte, Camz. Eu te amo.
― Eu também te amo, Em. ― E desliguei.
Algum tempo depois eu estava finalmente pronta. De frente ao espelho do quarto, estudei cada detalhe meu, com calma, depois que todo mundo havia ido embora.
O vestido era preto, de uma manga só no lado direito, colado em meu corpo. A fenda na perna esquerda dava mais charme ainda, revelando o brilho em minha pele graças ao produto que aplicaram. Minha maquiagem nos olhos era leve, enquanto na boca um batom vermelho. Usava poucas joias, apenas um brinco de tamanho médio com diamantes, e no cabelo um coque baixo, que dava a impressão de frouxo, com dois fios soltos na frente.
Por último, calcei os Louboutins pretos, passei mais perfume e peguei a bolsa, dando uma última conferida no espelho.
Logo depois, Alex tocou a campainha. Meu coração acelerou bruscamente.
Quando abri a porta, babei ao vê-lo de smoking, tão lindo quanto imaginava. Seu olhar era de puro deslumbre sobre mim, assim como o meu. Ele me examinou dos pés à cabeça, fissurado, e eu tive medo dele cair de joelhos. O que eu podia fazer? A produção de hoje havia sido realmente maravilhosa.
― Todos os olhos vão estar em você hoje. ― Ele me encarou, sorrindo. ― E eu terei o privilégio de dizer que sou seu namorado.
― Idiota. ― Falei, corando violentamente.
― Você está maravilhosa, Camila. Não importe o tempo que passe, sempre irei me impressionar.
― Você também está lindo.
Ele ergueu o braço, me convidando a enroscar o meu ao dele.
― Pronta para esbanjar beleza comigo por aí, então? ― Perguntou. Eu ri, negando com a cabeça.
― Mais do que pronta. ― Enrosquei meu braço ao seu e saímos.
Algum tempo depois, graças ao trânsito caótico de Nova York, nós finalmente estávamos no melhor hotel da cidade e um dos mais famosos do país. Já havia ido jantar por lá algumas vezes, mas nunca me hospedado ou participado de um evento como aqueles.
A entrada luxuosa era preenchida pelos carros mais caros. Um tapete vermelho revestia o chão da porta principal até a calçada, e vários fotógrafos disparavam seus flashes em cada convidado que entrava.
Quando o carro parou bem em frente à entrada e um chofer se aproximou para abrir a porta, eu senti meu coração acelerar de nervosismo. Alex apertou minha mão que descansava em cima do banco, me passando confiança. Eu o encarei.
― Vai dar tudo certo. Estou aqui com você. ― Assenti. ― Quer mesmo fazer isso?
Olhei para a janela, vendo a movimentação. Era óbvio que tinha medo, que estava nervosa, mas não abriria mão disso. Não mesmo.
― Quero. ― Falei, firme.
O momento pareceu em câmera lenta para mim.
Alex e eu saímos de mãos dadas do carro e tudo o que eu conseguia ver eram os flashes e as vozes de paparazzi desesperados chamando por mim e Alex. Caminhamos juntos pelo tapete vermelho, dando confiança um para o outro, e então nos posicionamos para tirar as fotos. Alex levou a mão a minha cintura, me aproximando dele, sorrindo para as câmeras. Eu repeti o gesto, parecendo natural por fora, mas sentindo meu estômago revirar por dentro.
Nem sei quantas fotos foram, a cada momento virávamos para uma câmera diferentes. Os paparazzi devem ter captado tudo, inclusive o olhar apaixonado que Alex e eu demos, alheios a qualquer pessoa.
Depois disso, caminhamos até onde repórteres das revistas e tabloides mais famosos do mundo esperavam para nos ouvir, especificamente onde Dan, agente de Alex, instruía.
― Olá, bonito casal. ― A repórter simpática disse, quando nos aproximamos. ― Sou Kay, represento a Haper's Bazaar, e devo dizer que vocês são um dos mais estilosos dessa noite.
― Obrigado. ― Alex disse, sorridente. Eu apenas sorri, sem conseguir falar nada.
― Alex, qual suas expectativas para essa noite? Receber novos colegas será bom ou ruim para o time?
― Bem, estou muito animado. Tenho certeza de que as contratações foram ótimas para o time. O foco agora é nos fortalecer e começar as preparações para o Super Bowl.
― E você, Camila ― Respirei fundo quando ela direcionou o microfone para mim. ― Sabe sobre futebol? Quais suas expectativas?
― Sei um pouco. ― Ri. O aperto de Alex em minha cintura aumentou, me dando confiança. ― Tive contato com futebol na escola, sempre assistia esse cara jogar ― Nós nos encaramos. ― Mas aos poucos vou aprendendo mais. Estou feliz de estar aqui, tenho certeza de que os novos jogadores vão se sair muito bem.
― E sobre vocês, pessoal ― Ali estava a pergunta do milhão. ― Estão oficialmente juntos? Os fãs podem shippar sem preocupação?
Alex e eu nos olhamos novamente e sorrimos um para o outro, voltando nossa atenção para a repórter.
― Sim, estamos juntos. ― Alex disse.
Em minha cabeça, eu conseguia ouvir uma legião de fãs gritando, felizes com a notícia. Me confortava saber que tinham pessoas que realmente gostavam de nós. Mas eu também sabia que seríamos julgados por uma outra parte, e que mesmo pequena, ainda me afetava.
Nós fomos entrevistados por mais alguns repórteres de outras revistas, então entramos no salão. Suspirei surpresa ao ver a beleza que aquilo estava. A decoração era toda em homenagem ao New York Giants, com os emblemas nas paredes, em grandes panos, e com tudo nas cores características do time.
Vários famosos circulavam pelo salão, desde atores, cantores, lendas do esporte, todos que tinham algum vínculo com o Giants. A maioria eram torcedores ávidos e estavam satisfeitos com as novas contratações que seriam seis no total.
Eu andava de mãos dadas com Alex, atraindo atenção por cada lugar que passávamos, e meu namorado, obviamente, era cumprimentado por todos, especialmente por seus colegas de time. Felizmente, fui bem recebida. Muitos pareciam me conhecer – algo que sempre me causava estranhamento, não importava qual situação fosse – e aquilo me fez relaxar um pouco mais.
Aproveitei tudo para comer, beber, conhecer pessoas novas e, claro, passar mais tempo com Alex. Finalmente estávamos em público, como um casal normal, que podiam sair de mãos dadas e trocar olhares apaixonados. E nós, definitivamente, não conseguíamos nos desgrudar. Alex me roubava beijos, a todo custo tentando me provocar, apertando-me contra seu corpo, e eu o afastava sutilmente, tentando evitar qualquer tipo de escândalo.
Depois da cerimônia de apresentação dos novos jogadores, com direito a um discurso de toda comissão organizadora do time, patrocinadores e donos, Alex subiu para fazer o seu discurso de quarterback. Eu fiquei orgulhosa, admirando a todo momento o homem decidido, inteligente e realizado que ele havia se tornado. Aquilo era realmente atraente.
Por sorte o evento não demorou tanto quanto eu imaginei. Alex estava desesperado para que fôssemos para casa, sempre dizendo o quanto queria tirar meu vestido. Mas antes precisou voltar ao tapete vermelho para as fotos com o time. Assisti de longe, junto com as esposas e namoradas dos outros jogadores, os homens extremamente altos e fortes sorrirem para as câmeras.
Depois das fotos juntos, eles se separaram para tirar individualmente ou com outros famosos. Mais no canto, senti meu sangue gelar ao ver ninguém menos que Graziella Lucchetti falando com Alex. Ela estava divina, usando um vestido vinho tomara que caia que realçava bem seus seios fartos. Ela dizia algo para Alex que ria, como se fossem... bons amigos.
― A campanha da Calvin Klein vai ser feita na próxima semana ― Ouvi uma das mulheres dizer a outra. Eu estava mais afastada, mas escutava bem. ― Eles são bonitos.
― Eles tiveram um caso? ― A outra perguntou. Eu fechei minhas mãos em punho, sentindo minhas unhas fincarem em minha pele.
― Acho que não. Alex está namorando com Camila Hayes.
― Já era de se esperar, deu pra ver que eles se gostavam. — Disse, referindo-se a mim. Pelo menos isso.
― Agora Graziella está louca por Alex, pelo menos foi isso que escutei.
― Olha só como ela está tocando nele. ― Olhei para eles. Graziella praticamente abraçava Alex para a foto. ― Eles vão tirar fotos agarrados, seminus, acha mesmo que não vai rolar nada? Nem uma faísca?
Não!
Graziella era linda, a mais linda das modelos que já havia visto, assim como Alex. Era óbvio que eles seriam as duas pessoas ideais para estrelar a campanha. E era mais óbvio ainda que eles tinham química na frente das câmeras.
Ela deu um abraço nele antes de se afastar. Eu estava prendendo a respiração e só havia percebido agora.
De longe, o olhar de Alex se encontrou ao meu e ele sorriu para mim, dizendo um "eu te amo" silencioso. Eu sorri, sentindo meus olhos marejarem, e respondi:
― Eu também te amo.
Ele pareceu ler meus lábios, extremamente satisfeito, então voltou sua atenção para o time e as fotos.
Só esperava que nada pudesse afetar nosso relacionamento. Deus, eu odiava minha insegurança com todas as forças.
Eu não sei nem o que dizer desse dois, viu? Hahaha. O que acham que vem aí? Vai tudo mundo ficar de boa ou tá na hora do bicho pegar outra vez?
Eu havia dito que essa semana passada era pra ter capítulo extra, na quinta-feira, mas infelizmente eu não pude devido uns contratempos. Então essa semana agora terá o capítulo extra na quinta-feira, como prometido! Não percam! ♥️
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Vejo vocês em breve! ♥️
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