Capítulo 41 - Não errarei novamente
Alex Lawson
Era noite quando cheguei em casa. Tudo era silencioso quando entrei no apartamento senão fosse por Ferris e Dom, desesperados por atenção. Eu me agachei, passando a mão neles.
― Não posso brincar com vocês agora, garotões, mas prometo que quando resolver tudo irei. ― Falei, beijando a cabeça de cada um.
Vendo que a luz da cozinha estava apagada e a varanda vazia, fui para o quarto onde imaginei que Maddie estaria. Deitada na cama, lendo em seu Kindle, o olhar da mulher se acendeu ao me ver e ela sorriu leve.
― Oi, querido. Como foi a entrevista? Deu tudo certo? ― Perguntou, sentando-se na cama.
Eu tirei meu casaco molhado e joguei no carpete, exausto. As palavras pareciam queimar minha garganta, implorando para saírem.
Me ajoelhei perto da cama, próximo de Maddie, e segurei suas mãos. Ela franziu o cenho, estranhando minha reação.
― Você tem ideia do quanto te amo?
Ela sorriu, soltando uma de suas mãos da minha para tocar minha bochecha molhada.
― Eu também te amo. Só acho você louco de ter vindo na chuva, está caindo um temporal.
― Não importa, eu estou bem. ― Suspirei. ― Eu entendi tudo, Mads.
― Entendeu tudo o quê?
― Tudo. Nossa relação, o que aconteceu, como as coisas foram ficando cada vez mais difíceis pra você ― Ela então assentiu, entendendo em qual assunto tentava chegar. ― Não quero que fique comigo estando infeliz.
― Alex...
― Madeleine, por favor ― A interrompi. ― Você foi uma das melhores coisas que me aconteceu, me apoiou e me amou quando eu estava perdido, quando achei que nada mais daria certo comigo. Ter seu amor e seu apoio, ouvir suas palavras de força foi o que fez com que eu me reerguesse. Eu serei eternamente grato a você, meu anjo. Sinto muito não ter sido um bom namorado, não ter estado ao seu lado em todos os momentos. Não me arrependo de nada do que vivemos, não me arrependo da decisão de querer ter um filho com você. Quase chegamos lá, mas por algum motivo não conseguimos ― Observei a lágrima escorrer por seu rosto. ― Acredito que tenha algo melhor te esperando, algo muito melhor do que um monte de paparazzi idiotas te seguindo. Sempre irei te amar, doutora. Você foi muito especial para mim.
Ela soluçou e então me puxou para um abraço, enterrando o rosto em meu pescoço molhado. Eu a apertei contra meu corpo, beijando seu ombro.
― É assim que termina nossa história? ― Ela perguntou, ainda abraçada a mim. Acariciei suas costas, sorrindo leve.
― Da melhor forma possível.
Maddie se afastou, enxugando as lágrimas, então me encarou.
― Obrigada por isso, Alex.
― Eu não poderia cometer o mesmo erro. Quebrei o coração de uma garota uma vez pelo meu egoísmo e prometi a mim que nunca mais permitiria que isso acontecesse.
Ela sorriu, assentindo.
― Estou muito orgulhosa de você. ― Ela segurou minha mão sobre seu colo. ― Obrigada por me amar e cuidar tão bem de mim. Esses três anos foram os melhore de toda a minha vida. Nunca amei ninguém como te amei, Alex, e serei eternamente grata a você por ter quase me dado um dos meus presentes mais valiosos. Não importa onde ou com quem esteja, você sempre terá um lugar especial em meu coração, sabe disso, não é?
― Sei sim. Você também terá. Vou te amar sempre, Maddie.
― Mas sei que o amor que sentimos um pelo o outro não é mais o mesmo. ― Ela assumiu, sorrindo triste. ― Infelizmente nossa história de paixão termina aqui, mas o amor e a cumplicidade não. Eu te desejo uma vida incrível, Alex, porque você não merece nada além disso.
― Eu também te desejo o melhor, Maddie. A França será um lugar melhor com você lá.
Ela enxugou as lágrimas, rindo.
― Bem, eu espero que as coisas deem certo para mim lá.
― Claro que darão. E se não der, você sempre poderá contar comigo.
― Eu sei disso. Agora me conte, como foi a entrevista?
Suspirei, me sentando no chão.
― Tudo bem, eu acho. Camila e eu contamos tudo o que houve, nosso passado... espero que as pessoas acreditem.
― Olha, eu posso saber pouco sobre fama, mas o pouco que sei, do que te acompanhei, é que nenhuma mentira ou farsa construída nesse mundo dura por muito tempo. Não tem como sustentar um personagem para a mídia. Se vocês foram completamente honestos, o público saberá, acredite. ― Assenti, um pouco mais confiante. ― E com Camila? Como foram as coisas? Ela está bem?
― Aparentemente sim, mas sei que tudo isso a magoou. Eu descobri algo hoje.
― O que?
Olhei para Maddie, extremamente compreensível, e me amaldiçoei pelo que estava prestes a dizer, mas mesmo com o nosso término, existia algo entre nós que nunca acabaria, a cumplicidade.
― Que ainda a amo.
Maddie assentiu e sorriu leve.
― Eu já sabia.
― O que? Como assim?
― Bem, Alex, quando se ama alguém com tanta intensidade como você amou Camila, nem mesmo o tempo acaba com esse sentimento. Eu sei que passaram apenas alguns meses juntos, porém te falei uma vez que o que importa é como se sente com essa pessoa e o quão intenso é o amor ― Disse. Lembrei de quando ainda éramos paciente e terapeuta. ― Você e Camila têm algo que ninguém nunca saberá explicar. É único, apenas de vocês. Espero que saiba aproveitar disso.
― Maddie... ― Falei, triste.
― Isso não me deixa mal, Alex. De verdade. Nossa relação estava acabada há muito tempo, estávamos apenas empurrando tudo com a barriga. Eu sabia que aqui em Nova York as coisas seriam complicadas e que nosso relacionamento chegaria ao fim, só não sabia como te dizer isso.
― Suas palavras me ajudaram muito a refletir. Seu amor me ensinou muito, Maddie.
― Você também, Alex.
― O que está esperando? Pegue o computador e mande um e-mail para a universidade francesa confirmando sua inscrição.
Ela respirou fundo, nervosa.
― Tem certeza?
― Maddie, só você pode ter certeza disso. Da minha parte não tenha dúvidas de que terá para sempre o meu apoio para qualquer que seja sua decisão.
Maddie assentiu e então se levantou, pegando o MacBook sobre a escrivaninha. Ela se sentou ao meu lado no chão e eu a assisti, extremamente concentrada, escrever seu e-mail de confirmação. Era dolorido deixar uma pessoa que havia amado, que era minha parceira, partir. Mas era como eu havia a dito, jamais cometeria o mesmo erro.
― Enviei. Tudo já estava basicamente encaminhado, então acho que não demorará muito para eu ir para Paris.
Segurei sua mão, entrelaçando nossos dedos.
― Então assim será. ― Sorrimos um para o outro, genuinamente felizes.
Naquela noite, deitado na cama do quarto de hóspedes, fiquei tranquilo. Ver o sorriso de Maddie e sua felicidade, saber que finalmente eu estava compreendendo os meus sentimentos e relembrar o momento em que assumi meu amor eterno para Camila, foi o que me fez sentir em paz.
Nada estava nos eixos em minha vida, mas eu faria entrar.
Camila Hayes
Esperei que a revista saísse e que a entrevista fosse liberada no YouTube para encarar meus problemas. Felizmente Alex e eu não fomos apedrejados pelo público. Nossa honestidade havia surtido efeito e todos, mais do que nunca, pareciam shippar o casal-não-real Calex. Era louco ver quantas mensagens de apoio nós recebíamos. Mais do que torcer para um possível relacionamento entre nós, as pessoas mandavam recados de apoio individuais. Foi impossível não chorar ao ler depoimentos de mulheres que passaram pelo mesmo que eu e de como elas se sentiram mais fortes ao me ouvir.
Alex e eu não nos falamos desde o dia da entrevista, fora as fotos que postamos nas nossas redes sociais. Ele estava distante, não era flagrado por nenhum paparazzo, e isso só significava que as coisas em sua vida pessoal estavam indo bem – tão bem que ele não queria sair do apartamento.
Sua declaração de amor não saiu da minha cabeça por nenhum momento. Eu te amo. As três palavras mágicas e que saídas da boca dele era como uma das mais belas orações proferidas. A chuva, seu toque, seus olhos brilhando, tudo morava em minha cabeça de graça. Mas o que eu esperava afinal? Que depois que ele dissesse isso nós ficaríamos juntos novamente? Que ele ignoraria o fato de ter uma belíssima namorada o esperando? Sim, ele me amava, mas era apenas isso. Eu precisava seguir em frente.
E só hoje, cinco dias depois da entrevista, consegui falar com minha família por vídeo chamada — que antes eram apenas ligações preocupadas. Alice, assim como combinamos na noite anterior, me ligou por Skype à tarde. Eu estava esparramada no sofá, com meu moletom quentinho de ficar em casa, falando com meus pais e minha irmã.
― Eu nem sabia que Alex estava em Nova York. ― Minha mãe comentou. ― Aliás, você estava belíssima, querida. ― Ela me mostrou a revista, com Alex e eu estampados na capa. Eu sorri.
― Obrigada, mãe. E sim, ele já está aqui tem um tempo.
― E por que não nos disse nada? Sabia desde que veio para cá no aniversário de Margie?
― Sim, já sabia. Não contei por medo da reação de vocês.
― Até parece que reagiríamos mal, filha. ― Minha mãe disse, sorrindo leve.
― É claro que reagiríamos! ― Meu pai esbravejou, assustando as duas mulheres ao seu lado. ― O que você tinha na cabeça em não nos contar nada, Camila? Perdeu o juízo? Primeiro esconde que aquele desgraçado do Viktor te bateu, foi extremamente abusivo, e agora sobre o Andy?
― Esperava evitar esse tipo de reação.
― Sobre Andy eu ainda entendo, mas o Fitzgerald?! De jeito nenhum, Camila. Você deveria ter nos falado. Nunca gostei desse sujeito, mas te respeitei porque via você decidida a seguir com aquilo. Se tivesse confiado nos meus instintos, esse cara já estava a sete palmos do chão.
― Ele está certo, Camila. Você fez errado em não nos dizer nada. ― Minha mãe concordou. Meu pai a olhou, surpreso.
― Está concordando comigo, Helena?
― Estou. Você está certo dessa vez.
Ele tentou reprimir o sorriso orgulhoso, mas logo voltou a me olhar com a feição autoritária.
― Você tem certeza de que está segura com esse louco solto pela cidade? ― Alice perguntou.
― Bem, eu estou trancada em casa, saio apenas para trabalhar e ele está proibido de pisar nos lugares em que trabalho.
― Mas ele sabe onde você mora, Mila, e conhece sua rotina. Se ele foi capaz de mentir em um programa de televisão, imagine o que pode fazer com você.
― Não me deixe nervosa, Alice. ― Pedi.
― Só estou sendo realista. Você precisa pensar em todas as realidades, irmã.
― O que acha de tirar uns dias de folga e vir para casa? Tenho certeza de que poderá descansar tranquila aqui e os seus chefes não se importarão. ― Minha mãe sugeriu.
― Não posso. O trabalho tem sido uma das coisas que tem me ajudado.
― Então irei até aí. Vou caçar o Fitzgerald e nós teremos uma conversinha. Só não conversarei com o maldito Lawson porque ele a respeitou na entrevista e falou bem de você.
― Por Deus, pai! Não faça nada!
― Ele não vai. Seu pai sabe que a filha tem uma vida pública e que qualquer besteira que um dos familiares cometer será ruim para a imagem dela. ― Minha mãe advertiu. ― Mas ainda acho que deva ir à delegacia e pedir uma medida protetiva contra esse doente.
― Vou pensar sobre.
Antes que pudesse falar mais, me assustei com o toque da campainha. Meus pais e Alice ouviram.
― Aí meu Deus, será que é ele? ― Alice perguntou.
― Se for, não abra a porta! ― Minha mãe exclamou e meu pai logo completou:
― Mande ele esperar que estarei pegando um voo direto para aí.
― Não sejam paranoicos! Verei quem é e se for ele, não vou abrir.
― Só desligue quando tiver certeza. ― Alice pediu.
Eu dei uma ajeitada em meu cabelo, calcei minhas pantufas e olhei pelo olho mágico da porta. Bem, se Viktor tivesse cabelos castanhos longos ondulados e o corpo de uma mulher...
Voltei rapidamente para o computador.
― Não é ele, é uma mulher. Deve ser alguém da Vogue. A Sra. Ferguson só deixa subir quem conheço, então não tem com que se preocuparem.
― Nos falamos depois, então. Tenha cuidado. ― Minha mãe disse. Me despedi de todos eles e desliguei.
Assim que voltei para a porta, abrindo-a, me surpreendi ao ver quem era.
― Madeleine? ― Minha voz saiu assustada, como se eu tivesse visto um fantasma.
A mulher tinha um sorriso tímido e usava roupas de frio. Era impressionante o quanto Madeleine era bonita e ficava ainda mais cada vez que a via. Eu ficava, incontrolavelmente, acanhada perto dela.
― Oi, Camila. Como você está?
― Bem. A que devo sua visita?
― Posso entrar? ― Ela perguntou, acanhada.
Eu rapidamente dei passagem, envergonhada pela bagunça do apartamento. Estava tão sem energia esses dias que não arrumei nada, esperando que as poucas visitas que recebesse fosse de pessoas que já estavam acostumadas comigo e não da belíssima namorada do meu ex.
― Pode colocar sua bolsa aqui se quiser. ― Falei, indicando a mesa e ela colocou.
― Obrigada.
Eu corri entre a sala e o quarto, jogando a colcha que estava enrolada sobre minha cama, guardando meu computador e pegando as vasilhas de comida para levar até a cozinha. Madeleine continuava quieta, no canto da sala, olhando para tudo sem julgamento.
Quando terminei de dar uma mínima organizada, voltei para ela.
― Me desculpe pela bagunça. Quase não tive tempo esses dias.
― Essa foi a última coisa com que me preocupei. ― Brincou. Eu sorri leve, sem conseguir rir por conta da ansiedade de tê-la ali.
― Senta, por favor. ― Falei, apontando para o sofá. Madeleine sentou no maior e eu no menor. O clima estava estranhamente tenso. ― Não esperava sua visita. Nunca esperei, na verdade. Aconteceu alguma coisa?
― Sempre achei que precisávamos ter uma conversa. Adiei isso tantas vezes, mas creio que finalmente chegou a hora. ― Continuei a olhá-la, confusa. ― Estou indo embora para Paris.
Ergui as sobrancelhas, surpresa. Eu não esperava que a informação me pegasse tão desprevenida, que me causasse tanto choque, até porque eu nem a conhecia, mas a frase dita me causou um choque indescritível.
― Fui aceita em uma universidade para fazer meu doutorado.
― Uau. Quero dizer, parabéns, isso é ótimo. ― Ela sorriu leve. ― Mas e as coisas aqui? E Alex?
― Foi sobre isso mesmo que vim falar com você. Aposto que já sabe tudo sobre meu relacionamento com ele.
― O básico. ― Falei, dando de ombros.
― Sei que deve parecer ridículo, que cometemos o maior erro do mundo, mas somente eu e ele sabemos o que vivemos. Deus sabe o quanto tentei desviar de Alex, o quanto tentei enfiar em sua cabeça o quanto esse relacionamento seria um equívoco. ― Ela suspirou e então sorriu de lado para mim. ― Mas ambas sabemos o quanto ele consegue ser convincente, o quanto ele é bom em conquistar.
Bufei rindo, e assenti. O filho da mãe era um conquistador de primeira.
― O tempo em que vivemos em Miami foram os melhores. Ele era o namorado perfeito, aliás, sempre foi. Nossa vida era tranquila, nosso amor era leve e pela primeira vez eu estava em uma relação estável com alguém sete anos mais novo do que eu. A probabilidade de isso dar errado era cem por cento, mas mesmo assim nós tentamos. Eu o amei com todo meu coração, o ajudei diariamente e em nenhum momento me arrependi disso. Alex foi uma das melhores pessoas que já conheci, chegando até a sacrificar sua carreira, seus sonhos, por mim, pelo meu sonho. ― Franzi o cenho. ― Quando não deu certo... eu pus em minha cabeça que precisava retribuir de alguma forma. Foi então que vim para essa cidade com ele, pensando que nosso namoro teria um recomeço, mas aqui as coisas foram de mal a pior. Nosso relacionamento já estava desgastado, eu sabia que chegaria ao fim muito em breve.
― O que... ele fez por você? O que ele arriscou?
Ela negou com a cabeça. Seus olhos estavam marejados e eu percebia que ela usava de todas as suas forças para se manter firme.
― Somente ele pode te contar. Sei que fiz parte dessa história, que carrego a maioria das dores, mas Alex é o único que pode te explicar.
Engoli em seco, pensando nas possibilidades. O que quer que fosse, eu sabia que não me agradaria nada saber, mesmo que minha curiosidade me matasse.
― Eu sempre soube sobre você, Camila. ― Confessou, me surpreendendo mais uma vez. ― Desde o momento em que Alex e eu nos beijamos, eu sabia que sempre dividiria os pensamentos dele com alguém. E não era com uma garota qualquer, mas sim com a que ele amaria para sempre. E não, isso nunca me incomodou. É claro que tentei várias vezes suprir sua falta, que tentei fazer ver as coisas com outros olhos, mas eu sabia que nos pensamentos dele tudo voltava para você.
― E por que não me odiou? Por que está aqui?
― Te odiar? Nunca. Nunca passou sequer pela minha cabeça sentir algo de ruim por você, Camila. E estou aqui porque sei que quando for embora, você será a única pessoa capaz de amar Alex.
― Madeleine...
Ela se aproximou, segurando minha mão. O toque causou uma onda de choque por minha pele.
― Por favor, Camila. Nunca achei que pediria isso, mas se você ainda sente algo por ele, qualquer sentimento, lute por isso. Você merece ser feliz, ele merece.
Senti uma lágrima escorrer por meu rosto, mas nem me dei o trabalho de enxugar.
― Você não pode falar como se as coisas fossem simples assim.
― Eu sei que não são, sei que a mágoa que ele deixou em seu peito não vai simplesmente sumir, mas também sei que vocês dois sofreram muito e merecem uma segunda chance. Alex passou por muita coisa ao meu lado, muitas frustrações, eu... ― Ela engoliu em seco. ― Não fui capaz de dar algo que queria muito, mas sinto que você poderá. Quero que ele seja feliz, mesmo que não seja ao meu lado, mesmo que seja com você.
― É por isso que está indo embora? Para dar Alex de presente para mim? ― Perguntei, indignada. As lágrimas caíam sem pudor.
― Não. É claro que não. Estou indo embora por mim principalmente, mas também por ele, porque sei que continuar com essa relação causaria dores que jamais sarariam.
― É muita coragem sua ir embora. O que Alex achou disso? ― Estava mais melancólica do que esperava, mas era inevitável.
― Ele me apoiou, disse que se era a minha vontade, se seria o melhor para nós, então que eu fosse. Ele me deixou ir embora, Camila.
Respirei fundo, olhando-a nos olhos. Ambas sabíamos o poder e o significado das suas palavras. Alex havia entendido, havia permitido que a mulher que amava escapasse dos seus dedos... pela segunda vez. Eu solucei, contendo-me logo em seguida. Maddie também chorava, claramente emocionada.
― Ele fez mesmo isso? ― Perguntei em um fio de voz. Ela assentiu, enxugando o rosto.
― Fez. Agora você tem a certeza de que ele não é mais o mesmo. E antes que diga que eu fiz algo, que tudo isso foi porque o ajudei ― Prendi a respiração, ansiosa. ― Ele fez por você, Camila. Inconscientemente, cada passo que Alex deu foi por sua causa. Eu sempre soube disso e me orgulhei dele a cada batida do meu coração. Então, se você tinha alguma dúvida sobre seus sentimentos, sobre o caráter dele, acho que isso responde muitas de suas perguntas.
― Sim. ― Falei, enxugando minhas lágrimas.
― Eu desejo que seja muito feliz, Camila. Soube de tudo o que passou, assisti a entrevista. Ninguém merece sofrer o que você sofreu, tem um bom coração e, você sabe, pessoas com bom coração merecem alegria eterna. ― Ela sorriu e eu devolvi o sorriso, emocionada por suas palavras.
― Você não é o que pensava que fosse.
Madeleine riu.
― Não? E o que esperava que eu fosse? Uma megera, uma mulher cheia de raiva? Ou melhor, a namorada cínica que se revelaria uma vadia sem coração?
Dei risada, assentindo.
― Na verdade, um pouco disso ― Nós rimos. ― Mas também pensei que me odiasse com todo seu coração.
― Não. Jamais te odiaria.
― Se não fosse embora creio que seríamos ótimas amigas. Não sei se sabe, mas costumo me dar bem com as ex-namoradas de Alex.
― Ouvi falar sobre algo assim. Bem, mas preciso ir, você melhor do que ninguém sabe o significado disso.
― Eu sei. Pode ser que doa no começo, mas com o passar do tempo você verá que fez a melhor escolha.
Ela concordou com a cabeça, com os olhos marejados. Quando Madeleine se levantou, eu fiz da mesma forma. Ela era mais alta do que eu, bem mais, e linda. Madeleine tinha uma beleza que ia muito além do físico e eu finalmente havia percebido isso.
― Foi muito bom te conhecer, Camila.
― É, foi muito bom te conhecer também, Madeleine.
Suspirei quando ela se aproximou e me abraçou. Aquela cena jamais passaria por minha cabeça, mas eu gostava. Madeleine me abraçava de forma acolhedora, carinhosa, livre de qualquer mágoa, e eu tentava devolver com tudo o que tinha o mesmo sentimento.
Depois de nos abraçarmos, enxugamos as lágrimas que caíram sem controle, e eu a acompanhei até à porta. Antes de ir embora, ela se virou para mim.
― Estou indo para Paris hoje, você foi a minha última visita antes de ir. Felizmente a universidade quis que eu fosse o mais rápido possível para organizar os documentos, as aulas começarão em breve.
― Tão rápido? ― Perguntei, mais para mim do que para ela. Madeleine assentiu.
― Cuide bem do nosso garoto, sim? ― Pediu com a voz trêmula.
― Farei meu melhor.
Nós rimos leve e então ela foi embora, acabando com muitas das minhas dúvidas e me deixando com uma única certeza. A visita de Maddie era a última coisa que esperava na vida, mas era exatamente do que eu estava precisando, mesmo sem saber.
...
Me olhei no espelho pela última vez, conferindo se estava tudo bem o suficiente. Queria estar usando algo mais leve e que ao mesmo tempo valorizasse bem as minhas curvas, mas o frio que fazia naquela noite em Nova York me fez usar a calça jeans preta, blusa sem magas gola alta da mesma cor e minhas botas cano curto, com um salto que me deixava um pouco mais alta. Ajeitei o colar, os brincos e retoquei o gloss. Meu cabelo estava no lugar, com os cachos bem definidos. Por último, passei meu perfume pelos lugares estratégicos.
Antes de ir, peguei meu sobretudo cinza, minha bolsa e desci, pegando o primeiro táxi que chamei. Conferi as horas novamente. Não passava das sete e meia, era um bom horário. O nervosismo e a ansiedade faziam minhas mãos soarem e meu estômago revirar como se estivesse em uma montanha russa. Era impossível não ficar assim, ainda mais sabendo o que estava prestes a fazer.
Quando o táxi parou perto do Central Park, em frente ao prédio de luxo, eu paguei e entrei.
― Olá. Boa noite. ― Falei com o zelador assim que entrei. Ele sorriu simpaticamente.
― Boa noite, senhorita. Em que posso ajuda-la?
― Vim visitar um amigo.
― Certo. Qual seria o amigo? Precisarei informa-lo da sua chegada.
― Alex Lawson.
― Ah, sim. O Sr. Lawson tinha saído para deixar a Srta. Martin no aeroporto, chegou há pouco tempo. Qual seu nome?
― Meghan Prescott.
Eu sabia que Meghan me mataria se soubesse que fiz isso, mas era por uma boa causa.
Assisti o zelador ligar para o apartamento de Alex. Ele sorriu ao desligar, meu coração relaxou ao saber que Alex havia permitido minha entrada, exatamente como o previsto.
― Pode subir, Srta. Prescott. O Sr. Lawson a aguarda.
― Obrigada, Sr... ― Li o nome no seu crachá. ― Fisher.
O homem de cabeça branca corou quando pisquei.
Dentro do elevador, respirei fundo, largando do teatrinho feito na recepção. Eu estava tão nervosa que nem sabia como estava me mantendo em pé nas minhas próprias pernas. O que eu faria? Por que estava ali?
― Isso é loucura... ― Falei, pronta para apertar no elevador para descer novamente quando ele parou no andar de Alex.
Ousei pisar fora da caixa metálica. Quando dei por mim, estava de frente a porta de seu apartamento luxuoso com o coração tão acelerado que seria capaz de sair pela minha boca.
A cena toda pareceu em câmera lenta em minha mente. Meu dedo trêmulo tocou a campainha moderna apenas uma vez. Se Alex atendesse, bem, senão eu iria embora e fingiria que isso nunca tinha acontecido. Uma parte minha desejava que ele não abrisse, que seguíssemos nossos caminhos separados, enquanto outra, muito maior, queria que ele abrisse a porta.
Dessa vez o desejo maior havia vencido.
Quando Alex abriu, relaxado, eu prendi a respiração. Sua expressão de calma foi para completo choque ao me ver. O momento em que nos encaramos, que foi rápido, entre nós pareceu durar uma eternidade.
― Camila?
Eu sorri timidamente, acenando. Parecia calma, mas estava a ponto de cometer uma loucura. O que eu estava fazendo ali, meu Deus?
―Oi, Alex.
Eu consigo ouvir os gritos de vocês aqui, eu consigo ouvir muito bem hahahaha. E não, infelizmente não vai haver capítulo extra essa semana porque não estou com nenhum sobrando. Mas me programarei para a próxima semana! ♥️
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Vejo vocês em breve! ♥️
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