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Capítulo 40 - O que realmente aconteceu

Camila Hayes

― Camila! Abra essa maldita porta! ― Meghan gritou, esmurrando a porta do meu quarto.

Eu estava enfiada na minha cama desde ontem. Após ouvir as mentiras que Viktor contou no programa sensacionalista, eu corri para o meu apartamento, desmarquei todos os meus compromissos e me isolei do mundo. Não ousei mexer no meu celular ou ligar a televisão. Não queria nem imaginar as coisas que podiam estar falando de mim.

Sabia que meus amigos e minha família estavam preocupados, que deviam ter me ligado várias vezes, mas eu mal conseguia encarar meus próprios problemas, quem dirá eles. Resolvi me fechar, manter a distância de tudo e de todos... até agora.

― Camila, eu juro por Deus que se você não abrir eu faço a Athena's e os Sinners colocarem não só essa porta, mas esse apartamento abaixo. Você sabe que eu posso.

Respirei fundo, fechando os olhos com força, e me levantei a contragosto da cama. Sabia que Meghan não sossegaria até que eu abrisse, então acabei logo com isso.

Quando abri a porta dei de cara não somente com Meghan, mas com Nick e Stella. Os três estavam preocupados e não pareceram se aliviar ao me verem.

― Jesus. Você está uma merda, Camila. ― Minha amiga disse, olhando-me dos pés à cabeça.

Sentia meu cabelo bagunçado, um ninho de pássaros, meus olhos inchados de tanto chorar, usava calça e camisa moletons folgados, além de que meu cheiro não devia estar um dos melhores. Meghan ainda estava sendo modesta.

― Como conseguiram entrar? ― Perguntei, cansada.

― A Sra. Ferguson. Acredite ou não, mas ela também está preocupada com você.

― Não precisa, eu estou bem.

― Se isso é estar bem, quem dirá mal. ― Nick comentou, assustado.

― São duas horas da tarde de um maldito domingo, eu deveria estar em casa com a minha filha, mas não, estou aqui com a idiota da minha amiga que não quer encarar os próprios problemas! ― Meghan me empurrou para dentro do quarto, entrando junto com os outros dois. ― Sério, Camila, o que te faz pensar que se trancar nesse apartamento e não atender as ligações de ninguém é a melhor opção? Tem noção de como seus pais e sua irmã estão aflitos? Eles quase pegaram um avião para cá se não fosse por mim.

Suspirei, sentando na ponta da cama. Era aquele tipo de coisa que eu estava tentando evitar.

― O que querem que eu faça? Eu já estou fodida. Viktor disse que iria me ferrar, só não imaginei que fosse tão rápido. Agora eu sou a puta que o traiu e tenho certeza de que milhares jovens enfurecidos querem me esganar pelas respostas que já dei no Lições de Uma Boa Garota. Ah, além de que eu provavelmente devo ter perdido os meus dois empregos.

Os três se entreolharam, preocupados. Quis chorar ali mesmo. Então a merda era bem maior do que eu imaginava.

― Você não tem noção do que aconteceu mesmo, não é? ― Meghan perguntou. Neguei com a cabeça.

― Mas pela feição de vocês posso imaginar que a internet está bem movimentada por causa disso.

― Ah, você não imagina o quanto. Stella, mostre para ela. ― Minha amiga pediu.

Stella se sentou ao meu lado na cama e abriu seu iPad, indo direto para o Twitter. Quando colocou nos assuntos mais comentados e me entregou, senti meu coração errar as batidas. A primeira coisa que vi nos trending topics foi a hashtag "te amamos, Goodwyn". Meu dedo trêmulo começou a baixar a página, vendo os trendings sendo ocupados pelo meu nome, com mensagens de apoio. Na página inicial, comentários de várias pessoas.

@letsjustbeus22: Camila Hayes é rica, bem-sucedida, trabalha para o melhor jornal do mundo e além de tudo é a Goodwyn Lessons!!! Meu Deus!!! Virei fã dessa mulher!!!

@laurahitonmk: Podemos falar sobre como Viktor Fitzgerald foi um cuzão? Sério???? Quem expõe a ex-noiva dessa forma?????

@jamieknox3: Uma vez mandei uma pergunta para a Goodwyn e não gostei da resposta. Deveria simplesmente odiar Camila Hayes, mas admiro a mulher. WTF???

― O que? ― Olhei para os três, extremamente confusa. ― As pessoas não estão me odiando?

― Não, sua tonta. ― Meghan disse.

― Você é amada pela internet, Camila. ― Nick completou.

― E ainda tem mais. ― Stella pegou o iPad e colocou em outro tweet, em devolvendo.

Suspirei ao ler, chocada.

@Vogue: Nossa empresa está ciente das declarações feitas pelo advogado Viktor Fitzgerald. Infelizmente uma parte importante da discrição da nossa revista foi violada e as medidas cabíveis serão tomadas. Camila Hayes continua sendo nossa Goodwyn Lessons e temos muito orgulho de tê-la em nossa equipe #VogueTeam

@nytimes: O NYT já está a par das acusações feitas contra nossa jornalista Camila Hayes. Não é à toa que ela é duas das mais prestigiadas, certo?! #Respect

― Então eu não perdi o meu emprego? Puta merda. ― Suspirei, aliviada. Meghan, Nick e Stella sorriram.

― Viktor tentou destilar seu veneno, mas acabou o engolindo. Por essa ele não esperava. ― Meu amigo disse.

― A Vogue vai cair em cima. Mas o que esse infeliz esperava? Que ele revelaria a identidade da Goodwyn Lessons, o maior segredo da Vogue e o que movimenta a internet, e as coisas ficariam por isso mesmo? Desejo que ele se foda muito. ― Meghan cuspiu as palavras.

― Você está mais do que bem nessa, Srta. Hayes. ― Stella completou. ― Sua agente vai passar aqui em breve.

― Precisarei me pronunciar?

Franzi o cenho, confusa e preocupada, quando Stella trocou olhares com Meghan e Nick.

― O que? O que vocês não estão me contando?

― Não é nada de preocupante, Camz ― Meghan se aproximou. ― Pelo contrário, melhorará e muito a sua situação.

― O que é?

― Bem, eu não sei muito ― A loira continuou. ― Parece que a Elle quer te entrevistar para que você possa esclarecer tudo.

― Só isso? ― Respirei aliviada, sorrindo. ― Vocês quase me mataram de novo. Eu consigo lidar com uma entrevista, não seria minha primeira vez.

― Mas eles não querem entrevistar somente você. A entrevista será com você e Alex, juntos.

Tentei processar as palavras ditas por Meghan. Alex e eu dando uma entrevista juntos. Que merda seria aquela?

― Me desculpa, o que? ― Perguntei, chocada.

― Eles querem ouvir o lado da história de vocês. ― Nick disse. ― Mas isso só pode acontecer com os dois juntos, parece que essa foi a condição proposta pela Elle. Agatha está louca atrás de você, por isso estou aqui. Ela ligou várias e várias vezes, tentei te ligar também, mas a única forma que achei foi trazendo Stella comigo. Encontramos Meghan na porta.

― Eles me explicaram tudo. ― Meghan disse. ― E honestamente? É a melhor das oportunidades. Você vai contar a sua versão a uma das revistas mais renomadas do país, será muito bem visto, e Viktor vai terminar de se foder.

― Eu não sei. Alex e eu juntos contando nossa história? Tem noção de como isso é arriscado?

― Arriscado é ficar trancada nesse apartamento. Não teste minha paciência, Camila, apenas confie em mim. Agatha chegará em breve, Vicenzo, a equipe de maquiagem e toda essa merda. Vá tomar um banho. ― Meghan me puxou pelo braço, me levando até o banheiro

― Espera, essa entrevista vai acontecer hoje? ― Perguntei, conseguindo ainda pegar meu celular desligado sobre a mesa de canto, antes de ser empurrada para o banheiro.

― Sim. Em duas horas, para ser mais precisa. ― Meghan sorriu. ― Olha, se for para eu ser sua agente, só pagando. Eu posso bem conciliar o escritório com isso.

― Meghan, o que...

Não consegui terminar porque ela me deu um empurrão e fechou a porta. Eu suspirei, cansada de argumentar. Tomei coragem para ligar meu celular, nervosa pelo que viria. Quando as mensagens começaram a notificar e as ligações perdidas aparecerem na tela, quis me enfiar na cama e me isolar novamente. Mensagens e ligações de Alice, de Emily, meus pais, porém a única mensagem que havia me chamado a atenção havia sido enviada a meia hora atrás.

Alex [14:12]: Fico feliz que as coisas não ficaram feias pra vc. Nos vemos no Madarin Hotel para a entrevista.

Camila [14:42]: Obrigada. Nos vemos.

Apertei o celular contra o peito, já sentindo as lágrimas se acumularem em meus olhos. Íamos mesmo fazer aquilo, não tinha mais volta.

Alex Lawson

Maddie e eu almoçávamos em um silêncio ensurdecedor. Nossa relação estava o próprio Polo Norte desde que ela havia colocado as cartas na mesa, expressado toda a sua insatisfação. Eu não poderia fazer nada mais do que aceitar e respeitar o que quer que ela quisesse.

As coisas pareceram piorar ainda mais quando o filho da puta do Fitzgerald cuspiu um monte de mentiras para a mídia. Eu queria ir até seu maldito escritório e bater sua cara contra aquela mesa de madeira ridícula que ele exibiu no programa fajuto até que ele desmaiasse, mas sabia que as coisas seriam piores assim. Em outros tempos eu teria feito isso sem pensar duas vezes.

Perdi as contas de quantas vezes disse para Maddie que era tudo mentira, que as coisas entre Camila e eu não havia sido como ele tinha contado e que não tínhamos nenhum tipo de relação com segundas intenções. Ela disse que confiava em mim e pronto. Nenhuma briga, nenhuma reclamação ou ciúmes. Aquilo me preocupou pra caralho.

― Camila e eu daremos uma entrevista para a Elle agora às 16h. ― Falei, quebrando o gelo. Ela me olhou, indiferente.

― Espero que dê tudo certo.

Respirei fundo, cansado. Joguei os talheres sobre o prato, fazendo Maddie me olhar, apática.

― Pelo amor de Deus, Madeleine ― Falei, frustrado. ― Será que você pode esboçar algum sentimento? Raiva, rancor, ódio, alegria? Alguma coisa? Nem um xingamento?

― Por que quer que eu fale algo, Alex? Quer que eu te ofenda?

― Não. Eu não sei, porra. ― Suspirei. ― Só quero saber que ainda se importa.

― Claro que me importo, sempre irei. Eu só estou cansada, muito cansada.

Segurei sua mão sobre o mármore da ilha, entrelaçando os nossos dedos.

― Isso tudo está me matando. Eu juro que não queria que as coisas fossem assim.

― Nem tudo está sob o nosso controle, Alex. Não precisa se preocupar. ― Ela colocou a outra mão por cima da minha. ― Limpe toda essa bagunça então volte para mim, tenho algo para lhe contar. Acho que isso vai nos ajudar em muitas coisas.

― O que é? Por que não me conta agora?

― Porque não quero que isso atrapalhe sua entrevista, ela será muito importante.

― Mas você também é importante para mim.

Ela respirou fundo. Vi seus olhos marejarem e um sorriso triste nascer em seus lábios. De repente me arrependi de apressá-la, talvez eu não quisesse saber o que ela tinha para me dizer.

― Na verdade, eu... ― Tentei me levantar, mas ela segurou meu braço com firmeza, me impedindo.

― Eu irei contar agora. Não fuja, por favor.

Voltei a me sentar, conformado. O que quer que ela fosse me contar – que já tinha noção do que poderia ser –, não seria algo que me agradaria.

― Você lembra de quando eu senti a vontade de engravidar? ― Ela perguntou. Sorri ao lembrar, assentindo.

― Quando Julian foi passar dois dias conosco.

― Sim. ― Ela sorriu. Uma lágrima escorreu por seu rosto. ― Dois anos atrás, quando meu sobrinho era só um bebê de quatro meses. Little J, como você chamava. Quando te vi com ele no colo, ninando-o a noite enquanto ele chorava, senti que queria você como pai dos meus filhos, Alex. Algo em mim gritou dizendo que você havia nascido para ser pai. E eu sempre quis ser mãe. O tempo estava passando para mim, você estava com a carreira ótima, propus a ideia sendo totalmente egoísta, mas quando você aceitou... ― Ela enxugou as lágrimas. ― Deus, foi um dos melhores dias da minha vida. Nós, abraçados na nossa cama, com você dizendo que faria qualquer coisa para me ver feliz, pronto para encarar esse desafio comigo. Eu depositei todo o meu futuro em você e nunca deveria ter feito isso.

Enrijeci o maxilar, sentindo meu peito rasgar. Queria abraça-la, impedir que dissesse mais alguma coisa, mas não conseguia.

― Viver com você foi a melhor coisa que me aconteceu, Alex, e eu não me arrependo de nada. Sinto muito por não ter sido uma namorada boa ― Ela abaixou a cabeça e chorou baixinho, voltando a me olhar em seguida. ― Sinto muito por não ter sido a mãe do seu filho.

― Maddie, por favor, não fale assim.

― Nós fomos inconsequentes em muitas formas, depositamos nossas felicidades e expectativas de uma vida tranquila um no outro sem sequer pensarmos nas consequências, em como estávamos em momentos diferentes das nossas vidas. Nos amamos muito, isso é fato, e eu nunca vou esquecer de como você me ajudou a quase realizar um dos meus maiores sonhos. ― Ela sorriu. ― Mas não consigo mais fazer isso.

― Do que você está falando? ― Perguntei, tentando controlar meu desespero.

― Fui aceita no programa de doutorado em Paris, na Universidade Dennis Diderot. Eles me enviaram um e-mail fazem dois dias querendo a minha confirmação.

Eu engoli em seco, sem conseguir reagir. Sua voz parecia distante, eu parecia estar dentro de um dos meus maiores pesadelos. Mas aquele era o maldito pesadelo se tornando realidade. Morria de medo do dia em que Maddie acordasse e sentisse que não podíamos mais ficar juntos... e esse dia havia chegado.

― Você... ― Pigarreei. ― Você aceitou?

― Ainda não. Eu não podia aceitar antes de falar com você, antes que seu coração me deixasse ir. Jamais poderei ir sabendo que te deixei quebrada, Alex, que uma parte sua quis que eu ficasse.

Abri e fechei a boca várias vezes, sem conseguir dizer uma palavra. Na minha cabeça eu tinha um discurso que a implorava para ficar, mas simplesmente não saía.

Ela não parecia ter pressa, apenas segurava minha mão, apertando-a levemente. Como eu conseguiria seguir com a minha vida sem ela ao meu lado? Maddie havia se tornado minha constante e imaginar-me sem ela era como tomar uma facada.

― Cacete ― Xinguei quando o interfone tocou. Dan havia chegado e era hora de eu me preparar para a entrevista.

― Não se preocupe, não precisa me responder agora. Pense, reflita e quando estiver pronto venha conversar comigo. Não irei a lugar nenhum até então, Alex.

Eu apenas assenti, tentando me manter firme. Com as emoções a flor da pele, me levantei e puxei Maddie para um abraço apertado, enterrando meu rosto em seu pescoço, sentindo seu cheiro doce como se fosse a última vez, eternizando-o em minha memória. Ela me apertou contra si, beijando meu ombro.

Me afastei quando o interfone tocou novamente. Beijei sua testa e acariciei sua bochecha, enxugando suas lágrimas. Ela assentiu, sorrindo leve.

Doía. Doía muito. Por mais que eu tentasse entender seu lado, seu sofrimento, eu não me sentia capaz de deixa-la ir, não conseguiria. Só não sabia como iria dizer aquilo para ela.

...

Cheguei ao hotel acompanhado de Dan, indo rapidamente em direção à cobertura, sem responder ou dar ouvidos as pessoas e os paparazzi que estavam por ali. Todos queriam saber a verdade, se o que o fodido do Viktor havia dito procedia e o que eu achava de tudo isso. Mal sabiam que aquela situação era só mais uma das merdas que aconteciam na minha vida.

Quando chegamos à cobertura, uma equipe de maquiadores, stylists, fotógrafos e de outras várias funções, trabalhavam a todo vapor. Eu rapidamente fui levado para um dos quartos do local, que estava mais para um apartamento de luxo do que para um quarto de hotel, mas parei ao ver Camila, em outro quarto, sendo maquiada. Ela parecia estar cansada enquanto lia algo no celular. Não queria nem imaginar como ela estava se sentindo, mal pude perguntar porque, no momento em que as mentiras vazaram, ela saiu correndo do meu escritório. O que quer que ela estivesse pensando, eu esperava saber hoje.

Em meu camarim improvisado, escolheram minhas roupas, passaram a merda de uma maquiagem em meu rosto, e ainda tive que ouvir, pela milésima vez, Dan falar sobre como era importante eu ser honesto nessa entrevista, porque o público definitivamente saberia se eu estivesse mentindo ou não.

A entrevista aconteceria na sacada da cobertura. Era imenso, com piscina, jacuzzi, bar e um espaço perfeito para fotos e para a entrevista, com três cadeiras reservadas. A vista dali era privilegiada e quando tive um tempo só, antes de responder todas às perguntas, me encostei no parapeito, admirando a cidade.

― E eu que pensei que essa cidade me traria um pouco de sorte... ― Falei comigo mesmo, suspirando.

― Às vezes gosto daqui, outras sinto que cometi um erro vindo para cá, depende do dia.

Me assustei ao ouvir a voz de Camila e rapidamente me virei, dando de cara com ela. Ela sorria timidamente. Estava linda, nem parecia que havia sido difamada pelo ex-noivo babaca. Usava um vestido branco tubinho que acentuava bem as curvas de seu corpo – curvas de mulher, não da Camila adolescente que lembrava –, com um cinto e um blazer ambos da mesma cor. Nos pés, bicos finos de cor bege. Tudo parecia ornamentar bem com sua cor de pele. Quando voltei a olhar para o seu rosto, vi que estava envergonhada.

― Merda. Me desculpa, eu não quis te constranger. ― Fechei os olhos com força. Aquela droga era inevitável.

― Não se preocupe. ― Ela veio mais para perto, ficando ao meu lado, também olhando para a vista. Seu cabelo curto cacheado, perfeitamente definido, voava em seu rosto. ― Vim para conversar um pouco antes de sermos devorados pelas perguntas.

― É, nem me fale.

Ela respirou fundo. Lá estavam suas feridas. Por mais que Camila tentasse se fazer de forte, por mais que seus empregos tivessem sido mantidos, eu sabia que tudo aquilo a afetava. E me odiava por não ter a oportunidade de socar Viktor Fitzgerald.

― Olha, eu não quero que isso seja estranho para nós. ― Seus olhos encontraram os meus. ― Tudo isso deveria ter caído sobre mim, você não tem culpa de eu ter um ex como Viktor. Nem deveria estar aqui, Alex.

― Por que não? Ele falou sobre nós dois.

― Eu sei, mas não é responsabilidade sua. Eu poderia ter lidado muito bem com isso, não iria falar mal de você.

Bufei, rindo. Ela ergueu as sobrancelhas.

― Você acha que me importo se você falaria bem ou não de mim, Camila? Eu estou pouco me fodendo para o Viktor. Claro, se pudesse teria o comido na porrada, mas não irei fazer isso. Se eu fosse um cretino, sim, eu provavelmente estaria rindo da situação, teria mandado você se foder, mas nunca seria capaz. Se estou aqui, é por você. Não tenho vergonha do que vivemos, pelo contrário.

Vi seus olhos marejarem. Camila negou com a cabeça, rindo sem humor.

― Você fazendo essas coisas... ― Ela deixou a frase morrer com um suspiro. ― O que vai querer dizer?

― A verdade.

― Qual verdade?

― Que nós nos amamos no passado, que vivemos coisas lindas juntos, mas que eu fodi tudo ― Falei, encarando-a. ― Se for para as pessoas saberem da nossa história, que seja a verdade, porque foi uma das coisas mais bonitas que já me aconteceu.

― Eu estou com medo. ― Ela assumiu. ― Tenho medo de contar e ser apedrejada. Nunca quis isso, Alex, nunca quis essa exposição.

― Eu sei, eu sei ― Segurei sua mão sobre o parapeito. ― Nem eu queria, Camila. Infelizmente não tem mais jeito. Sei que ainda me odeia, que por mais que esteja tentando uma parte sua ainda não me tolera cem por cento, mas se vamos fazer isso temos que nos unir. Preciso que confie em mim, pelo menos por hoje. Você confia?

Ela me encarou por alguns segundos, em silêncio, então assentiu.

― Sim. Confio.

Meu peito se aqueceu ao bater forte. Era impressionante como as palavras de Camila ainda tinham efeito sobre mim, e eu as havia esperado por muito tempo.

― E sua namorada? O que ela achou disso?

Soltei sua mão e desviei o olhar. Ainda pude vê-la franzir o cenho, me analisando.

― Ela está bem. Sabe que quando uma mentira dessas é vazada eu tenho que me pronunciar.

― É, mas eu sou sua ex-namorada. Não é fácil saber que seu namorado está dando entrevista com a ex sobre o antigo relacionamento deles.

― Tem razão, não é fácil. Mas Maddie e eu... nos entendemos.

Ousei voltar a olhá-la. Camila parecia desconfiada, nada satisfeita com as minhas respostas rasas, seus braços cruzados e testa franzida eram provas disso. Eu continuava me mantendo indiferente, tentando não estar com uma cara de "estou com problemas em casa porque minha namorada está infeliz e isso começou desde que as nossas tentativas de engravidar não deram certo, agora o meu relacionamento está por um fio".

― Camila, Alex, podemos começar? ― Um dos produtores nos chamou, tomando nossa atenção. Eu agradeci mentalmente por ele ter chegado.

― Sim, podemos. ― Ela respondeu, nervosa.

― Vamos fazer isso. ― Falei para ela que assentiu.

Sentados um ao lado do outro, nós assistíamos a entrevistadora se preparar. Camila balançava a perna a todo momento, enquanto tinha a maquiagem retocada, demonstrando sua ansiedade. Eu tentava me manter calmo enquanto Dan conversava comigo, mas por dentro estava desesperado, não somente por esse momento, mas por Maddie.

― Oi, pessoal. Me chamo Lauren, sou repórter da Elle, e hoje conduzirei a entrevista. ― A loira se apresentou. ― Os agentes de vocês já devem ter os comunicado sobre o teor da conversa, as perguntas, e tudo mais. Porém não se sintam pressionados a responderem nada que não queiram. Vocês passaram por situações bem pesadas e a última coisa que queremos é prejudica-los. Estão de acordo? ― Camila e eu nos entreolhamos, assentindo. ― A câmera irá nos filmar, algumas partes da entrevista serão postadas no YouTube, enquanto a matéria principal irá para a revista. Vocês serão a capa do mês.

Quando o câmera deu sinal para começarmos, eu soube que não tinha mais volta. Era apenas Camila, eu e o nosso destino. Nós só tínhamos aquela chance de esclarecer tudo e estávamos cientes disso.

A entrevistadora começou se apresentando, explicando a situação para o público, então se voltou para nós.

― Obrigada, Camila e Alex, por nos concederem essa entrevista. Em um momento como esses é importante ouvirmos o lado de vocês da história. ― Ela disse. ― Camila, é fato que a situação afeta mais você de alguma forma, isso porque Viktor Fitzgerald era o seu noivo. Sempre víamos os dois tão felizes, em todos os flagras dos paparazzi vocês sorriam, estavam em eventos juntos... o que aconteceu?

― Nós realmente fomos felizes, por um certo período. Não devemos acreditar em tudo o que vemos nas redes sociais, porque a maioria é mentira. ― Camila disse, com uma classe invejável. Era como se ela já fizesse isso há décadas. ― É impossível ser feliz todos os dias, é impossível se basear em um relacionamento apenas no que é visto. Viktor e eu estávamos enfrentando problemas, o trabalho estava nos consumindo, especialmente a mim. Infelizmente eu nunca fui boa em administrar o meu tempo, por mais que eu tentasse, mas Viktor também nunca procurou me entender. Esse foi o começo do nosso fim.

― O trabalho? As obrigações? ― A entrevistadora indagou.

― Sim. Ele queria que eu tivesse tempo unicamente para ele, que estivesse sempre ali para servi-lo.

Eu conseguia sentir dor na sua fala. Desviei os olhos de Camila para a mulher a nossa frente, tentando disfarçar o meu incômodo.

― Você percebia algo de abusivo nele?

― Não. Eu estava completamente cega. Em minha mente a única coisa que se passava era que se eu não tivesse ele, eu nunca mais seria feliz, nunca encontraria alguém para amar. ― Ela suspirou. ― Por isso aceitei o que aceitei.

― Hoje você consegue perceber?

― Definitivamente. Sempre tentaram me avisar, mas eu não conseguia ver. Hoje, lembrando a forma como ele me tratava, como me julgava, cobrava... é doentio. Nossas brigas também não eram nada leves.

Apertei o braço da cadeira, sentindo meus dedos doerem. Eu precisava encarar meus próprios pés para não dar a impressão errada para a equipe grande que nos assistia.

― Você quer falar sobre uma dessas brigas?

Ouvi o suspiro pesado de Camila e comecei a tentar ficar calmo, pedindo tranquilidade mentalmente.

― Posso falar sobre todas.

― Camila, você não precisa falar se...

― Mas eu quero. ― Camila disse, interrompendo a mulher. ― Eu preciso. Todos precisam saber.

Lauren assentiu, anotando algumas coisas na sua caderneta.

― Nossa primeira briga foi quando completamos cinco meses de namoro. Sim, no dia do aniversário de namoro. Deus, eu estava tão feliz nesse dia, achava nosso relacionamento tão perfeito, nunca havíamos brigado por algo sério... até aquele dia. ― Sua voz era trêmula. ― Eu havia preparado algo romântico em meu apartamento e um dos meus melhores amigos, Nick, havia levado as compras para mim porque não tive tempo de sair de casa. Viktor chegou antes da hora combinada, viu meu amigo e ficou louco de ciúmes. Quando Nick foi embora, nós começamos a brigar, ele perguntava várias vezes se eu o estava traindo, se queria terminar. Acabamos nem comendo. Ele pegou meu braço com tanta força que fiquei com marcas roxas. Deixei passar, pensei que era normal, que as coisas se resolveriam e que todos os casais brigavam.

Ela soluçou, chorando. Eu não conseguia nem olhar para o seu rosto ou era capaz de cometer uma loucura que já vinha pensando há um bom tempo.

― E então as coisas foram indo, ele era muito ciumento, e eu achava algo natural. Quando fomos morar juntos, no apartamento que ele escolheu sem nem me consultar, foi que as coisas mudaram. Viktor achava que eu era uma propriedade dele, aceitava minhas ideias a contragosto, sempre mascarando suas ordens com um ar de sugestão ― Ela soluçou outra vez e eu finquei as unhas na palma da mão. ― Em uma noite, depois de um evento dos advogados da cidade, nós chegamos em casa brigando porque ele havia bebido demais. Ele começou a relembrar coisas do passado, a jogar na minha cara, a me xingar, quebrou coisas... e no fim ele meu um tapa em meu rosto, na bochecha esquerda, que fez a minha boca sangrar. Foi a primeira e última vez que ele me bateu, mas houveram outros momentos que ele quase fez de novo, e eu sempre me culpava.

Eu me levantei da cadeira, sentando novamente depois de perceber que iria cometer um crime. Eu ia matar Viktor, iria esfolar sua cara e arrancar todos aqueles dentes da boca de merda que ele tinha.

― Será que podemos mudar de assunto?! ― Perguntei, claramente enraivado, para a entrevistadora. Ela estava assustada, não sei se pelo relato de Camila ou minha reação, mas assentiu.

― Sim, claro.

Enquanto a entrevistadora conferia sua caderneta, eu ousei olhar para Camila, que enxugava o rosto com um lenço cuidadosamente para não borrar a maquiagem. Queria poder esticar a mão para tocar a sua, queria dizer que ela não estava sozinha nessa e que Viktor nunca mais ousaria sequer olhar para ela. Mas eu não podia... eu ainda não podia. Especialmente ali, onde éramos vigiados e seríamos julgados por milhares de pessoas.

Ela me olhou, com os olhos ainda úmidos, e ficamos assim por alguns segundos. A sensação de vê-la sofrer ainda doía em mim mesmo separados por sete anos. Eu sabia que me importaria com Camila pelo tempo em que vivesse, não importava as circunstâncias, e ali, do meu lado, ouvi-la falar que havia sido machucada por aquele merda, era como levar uma facada.

Como se soubesse o que eu pensava, ela apenas sorriu leve, voltando-se para a entrevistadora que falou.

― E eu tenho que perguntar, sinto muito. É verdade que o relacionamento de vocês acabou por uma traição?

― Sim, é verdade. Mas não da minha parte. Eu flagrei Viktor me traindo com a secretária, em cima da sua mesa.

A entrevistadora apenas assentiu, tentando disfarçar a expressão de choque, mas eu havia percebido.

― Ele te traiu?

― Sim.

― E o que justifica ele ter vazado essas coisas sobre você?

― Nada justifica. Na verdade, ele estava com raiva porque deixei o apartamento em que morávamos. Morei dois anos naquele lugar, mas nunca me senti verdadeiramente em casa. Antes de ir embora, ele chegou e implorou para que eu ficasse, então me ameaçou dizendo que iria contar que eu era a Goodwyn Lessons e... ― Ela me olhou. ― Que havia tido um relacionamento com Alex Lawson.

― E vocês tiveram?

― Sim. ― Nós respondemos juntos, ainda nos olhando.

― Foi a muito tempo atrás. ― Camila disse, quebrando nosso contato visual e olhando para a entrevistadora. ― Em Jacksonville. Alex e eu estudamos juntos, então namoramos.

― Definitivamente iremos voltar para esse assunto. Mas, agora, por que Viktor disse que vocês estavam tendo um caso? Vocês o deram motivos para pensar assim?

― Não, nunca. ― Camila disse, chocada. ― Alex e eu... não terminamos bem. Quando ele veio morar em Nova York e nós nos encontramos, bem, as coisas não foram legais. Não o recepcionei bem e quis manter a distância. Não quis comentar com Viktor porque sabia que ele nunca iria entender. Na festa de Jake Meyer, Alex e eu nos encontramos, conversamos, e Viktor viu tudo, mas interpretou da forma errada. Tivemos outra briga por isso. Mas eu nunca, juro com todo meu coração, traí Viktor Fitzgerald.

― Agora, vocês podem falar sobre o relacionamento de vocês? Alex, como foi essa história?

Eu engoli em seco, olhando rapidamente para Camila. Ela assentiu leve para mim, me incentivando a contar. A verdade, era isso que ela queria.

Se as pessoas soubessem quem Camila Hayes realmente era, talvez se apaixonassem por ela tanto quanto sou apaixonado.

― Nós começamos com uma mentira. ― Dei risada ao lembrar. ― Oito anos atrás, eu traí uma namorada. Era um adolescente idiota. Inclusive, hoje ela é melhor amiga de Camila e provavelmente vai assistir tudo isso com vontade de me matar. Ela planejou uma vingança contra mim depois da traição e usou essa senhorita aqui ― Apontei para Camila com a cabeça. Ela riu. ― Como cobaia. Camila fingiu ser outra pessoa, me conquistou e no fim quebrou meu coração.

― Aí, meu Deus! Isso é história de livro! ― A entrevistadora exclamou, animada. Nós rimos.

― Eu sei, muitos dizem isso. Depois que a vingança chegou ao fim, Camila e eu nos aproximamos novamente graças as péssimas notas na escola. Ela, ao contrário de mim, era um gênio. Eu a admirava muito por isso. Como forma de reparar o meu "coração quebrado" ― Fiz as aspas com os dedos. ―, ela aceitou me ajudar com um trabalho, me salvando de não ser expulso do time. E então ― Olhei para ela, que parecia emocionada. ― Nós nos apaixonamos. Foi nesse tempo que conheci a verdadeira Camila, não uma personagem inventada para quebrar os corações de garotos babacas ― Nós rimos. Voltei a olhar para a entrevistadora. ― E eu devo dizer, ela é uma das melhores pessoas que já conheci. O tempo que passei com ela, em que ela foi minha... foi um dos melhores da minha vida.

Meu coração se aqueceu ao ouvir o suspiro pesado de Camila ao meu lado.

― E por que chegou ao fim? O que aconteceu?

Olhei para Camila novamente. Agora eu via a incerteza em seus olhos, o medo, mas não por saber que as pessoas saberiam, mas porque contar para o mundo era como reviver todos aqueles sentimentos. Eu sabia disso porque sentia a mesma coisa.

― Porque eu estraguei tudo. ― Falei, olhando nos olhos dela. ― Eu era um moleque cheio de medo, achando que segurar as pessoas que amava comigo era a melhor forma de viver. Camila, até aquele momento, era a pessoa que mais havia amado na vida e nada supriria a falta dela. ― Desviei o olhar dela, encarando o nada. ― Foi na manhã em que recebemos nossas cartas das universidades. A maior estupidez que fizemos foi não termos conversado sobre isso. Acho que estávamos com tanto medo de arruinar nosso paraíso privado que ficamos em silêncio. No fundo, Camila tinha o mesmo medo que eu. Nos encontramos no parque que sempre íamos juntos. Ela estava tão feliz, tão cheia de luz, mas eu fui egoísta e contei primeiro. Iria para Miami e jogaria no Panteras da FIU. Ela ficou feliz, mas toda sua felicidade evaporou quando disse que queria que ela fosse comigo. ― Engoli com força o nó que se formou em minha garganta. ― Quando ela me falou sobre NYU e sua bolsa, a bolsa que tanto sonhou, eu entrei em desespero. Pedi que ela não fosse, que viesse comigo...

― E eu disse não. ― Camila finalizou por mim, atraindo meu olhar. Assisti a lágrima cair de seu olho e escorrer por sua bochecha. Um choro silencioso e cheio de dor. ― E então você disse que não podíamos ficar juntos.

― Eu sempre pensei que estava te salvando de alguma dor.

― Você não me salvou nada, Alex. ― Ela riu sem humor. ― Eu vivi com essa dor todos os dias da minha vida. E sabe por que eu sempre te culpei? Por você achar que fez o melhor para mim, quando você era o melhor pra mim.

― Você queria viver sua vida, tinha Nova York te esperando. Você tinha tantas coisas que queria fazer.

― Mas eu queria ter feito com você! ― Ela exclamou, as lágrimas caindo violentamente. ― Eu queria ter vivido todos esses sonhos, mas queria você comigo. A única coisa que queria ter ouvido de você naquele dia era que iríamos fazer dar certo, que ficaríamos bem desde que estivéssemos juntos.

Abri a boca para responder, para tentar justificar, mas nada saía. Ambos sabíamos que não havia resposta para isso.

― Não vamos nos estender nisso, então.

― Não, eu quero falar. ― Disse, rapidamente. A entrevistadora se calou. ― Eu não sou mais o mesmo. Sim, fui um imbecil egoísta e sem coração, mas nunca, jamais eu faria algo para machucar Camila propositalmente. Pensei que estava fazendo o certo em terminar, em deixa-la ir, mas hoje entendo o idiota que fui.

Virei para Camila que ainda chorava silenciosamente.

― Hoje entendo melhor sobre. O amor não é borboletas destruindo seu estômago, não é fogos de artifícios, não são contos da Disney e não é como Romeu e Julieta, apesar de amar muito essa história ― Ela sorriu leve entre as lágrimas. ― Amor é arriscar, é se dedicar, é saber entender o outro e, principalmente, saber a hora de deixa-lo ir. Não é fácil manter uma relação firme, por mais que amemos com todo nosso coração, porque só amor não é o suficiente. Existe muito mais do que podemos imaginar. ― Suspirei, pensativo, então desviei o olhar. ― Tudo que fiz foi por amar demais e isso foi o meu maior castigo. Hoje pago um preço muito maior do que imaginei. ― Pensei comigo mesmo, concluindo: ― Amor é deixar o outro ir quando está infeliz, quando as dores do passado não te permitem seguir em frente.

E com aquilo, eu sabia exatamente o que deveria fazer. Olhei para Camila, que tinha o cenho franzido e o rosto banhado de lágrimas, como se tentasse entender o que se passava por minha cabeça. Eu consegui sorrir leve, vendo-a ainda confusa, como uma cena em câmera lenta.

Tudo era sobre amar, no final das contas, e precisava mais do que nunca pôr em prática minhas próprias palavras.

― Isso foi lindo, Alex. Todos estamos muito emocionados com suas palavras. ― Lauren disse, chamando nossa atenção. ― Obrigada pelo depoimento de vocês, de verdade. Tenho certeza de que os fãs vão shippar Calex cada vez mais depois disso.

― Calex? ― Camila perguntou.

― Sim. Oh, vocês não ficaram sabendo? Não olharam as redes sociais?

― É o que estou menos fazendo. ― Eu disse.

Lauren abriu o celular e começou a ler algumas coisas.

― Bem, desde as acusações de Viktor Fitzgerald, alguns fãs começaram a shippar vocês, criaram até o shipper Calex, junção de Camila e Alex.

Eu e Camila nos olhamos rapidamente, confusos.

― Mas sei que isso é totalmente fora de cogitação já que você, Alex, tem namorada, certo? Não quero dar ideia errada, nem ser desrespeitosa.

Eu apenas dei um sorriso de lado, pensativo. Não tinha tanta certeza assim se ainda tinha namorada e se teria depois que saísse daqui com o que tinha em mente.

― Ok, pessoal, acho que agora é hora das fotos. A equipe vai ajudar vocês. Obrigada novamente pela conversa.

Camila e eu nos separamos, cada um de volta ao seu camarim. O momento em que começaram a me tocar e me ajeitar como um boneco, foi quando pensei com mais calma. Eu sabia o que deveria fazer e que as coisas seriam bem melhores assim, mesmo que doessem. Seria uma dor incômoda, mas que dava para suportar. Se eu não queria sofrer mais no futuro, teria que agir agora.

Meia hora depois, Camila e eu estávamos juntos novamente, dessa vez com outras roupas. Ela estava com a maquiagem retocada, com um delineado diferente, alternativo, e nem parecia que estava chorando há pouco tempo. Nós nem nos falamos direito, as coisas haviam ficado esquisitas depois dos nossos depoimentos, mas nada num sentindo ruim. Apenas não tinha o que falar.

Tiramos várias fotos, sozinhos e juntos. A proximidade que nos pediram era algo que me causava choque. Quando nossas mãos se tocavam, nossos olhares se encontravam e a distância entre nós era nula, eu sentia cada célula minha reagir. O melhor de tudo era que ela parecia se sentir da mesma forma.

― Ok, agora faremos o seguinte ― O fotógrafo disse, nos explicando. Estávamos em um fundo branco improvisado depois de termos tirado fotos para a vista. ― Essas serão as últimas fotos. Fiquem um ao lado do outro, bem próximo. Alex, você passa o braço ao redor do busto de Camila, sobre os braços dela até encostar a mão em seu ombro. E Camila, você fica com as mãos sobre o braço que ele passar ao seu redor. ― Quando fizemos, fechei os olhos por alguns segundos ao sentir seu cheiro, encostando minha bochecha direita em sua cabeça. Ela estremeceu ao meu toque, mas tentando a todo momento manter a calma. ― Perfeito. Agora, Camila você olha para a câmera e Alex para a esquerda, para a vista.

Fizemos várias fotos nessa pose. O fotógrafo parecia realmente gostar e pude até ver pelo canto do olho algumas pessoas assentirem com a cabeça, aprovando.

Depois de fotos solo, a chuva começou a cair. Por sorte, havíamos terminado a sessão de fotos. A verdade é que eu odiava porque achava não me dar bem com as câmeras, pensava não ter esse carisma, mas hoje não havia sido tão ruim assim. Não sei se era os pensamentos tranquilizadores que tomaram minha cabeça depois da entrevista ou a presença de Camila.

Fui para o meu camarim, troquei de roupa, tirei a maquiagem do rosto e quis ir o mais rápido possível embora. Dan e eu descemos juntos, cansados. Na entrada do hotel, ele se despediu de mim, orgulhoso das declarações que eu dei, dizendo que tudo ficaria bem. Eu sabia que ele percebia meu desconforto, que algo me incomodava, e eu o falaria, mas só depois que já estivesse feito.

A chuva caía cada vez mais forte. Eu dispensei meu motorista que foi embora a contragosto, usando a desculpa de que iria comprar café e queria ficar sozinho. Eu queria ficar só, mas somente para pensar.

Saí andando sob chuva, com as ruas pouco movimentadas, com quase ninguém, e deixei que a água me molhasse. Aquilo não me incomodava nenhum um pouco. Pela primeira vez, em todo esse tempo de carreira, me senti invisível por entre as pessoas. Os paparazzi não estavam mais por lá, quem passava andando por mim nem sequer me olhava, e eu estava à vontade.

Fechei os olhos e ergui meu rosto, sentindo os pingos de chuva me molhar. Um filme passou por minha cabeça. Maddie, nossa vida juntos, os problemas que enfrentamos durante esses anos, o desgaste do nosso relacionamento e o quanto ela estava infeliz. Eu precisava deixa-la ir, por mais que doesse. Prendê-la a mim não era a melhor escolha a se fazer, nos machucaríamos mais ainda. Minhas lembranças vagaram então até Camila. Seu sorriso, seus olhos, nossos momentos, nosso reencontro, cada imagem fazia meu coração acelerar a ponto de aquecer meu peito. Eu sabia exatamente o que sentia e não tinha mais como fugir disso.

[Deem play: My Tears Are Becoming a Sea - M83]

― Alex? ― Camila me chamou, distante, e eu jurei ser fruto da minha imaginação. ― Alex, o que você tá fazendo aí?

Quando percebi que não estava alucinando, abri os olhos, vendo Camila embaixo do toldo de um prédio, me olhando confusa. Ao contrário de mim ela estava seca.

Eu sorri leve e a encarei. Não importava a situação, ela sempre estaria linda.

― Saia daí, seu imbecil, você vai pegar um resfriado! ― Ela exclamou. Continuei sem falar nada, apenas a olhando. ― Alex, não me faça ir até aí e te arrastar.

Sim, por favor, venha até mim.

Ela bufou, irritada, e veio ao meu encontro. Eu engoli em seco, nervoso e ansioso pela proximidade. Quando ela parou a poucos centímetros de mim, observei melhor ainda sua irritação. Ela era absurdamente linda.

― Você já está me enchendo a paciência. Ande, saia daí! ― Ela agarrou meu braço com força, tentando me puxar, mas eu não saí do canto. ― Alex, venha comigo!

Antes que ela tentasse me puxar novamente, eu a segurei pela cintura, pressionando seu corpo contra o meu, mas com nossos rostos em uma distância segura. Camila arfou, assustada, com o rosto e o cabelo já molhados pela chuva. Eu sabia que ela ficaria mais irritada ainda quando eu terminasse de falar, mas não poderia adiar. Nunca mais.

― Esse pode ser nosso último dia aqui, então vou falar de qualquer jeito.

― Alex, o que você...

― Você não precisa dizer nada, Camila, apenas me ouvir. ― Falei, a interrompendo. Ela suspirou, cansada.

Em seus olhos, um brilho como se fosse chorar a qualquer momento. Eu sorri leve.

― Eu te amo, Camila Hayes. Nunca parei de te amar. Todos os dias, durante esses sete anos, a certeza de te reencontrar um dia foi a única coisa que me fez levantar da cama. Você é a minha alma gêmea, a mulher que nasceu para ser minha e nada, nem ninguém, vai tirar isso de mim. ― Passei a mão pelo seu rosto, tirando o cabelo molhado de sua bochecha. ― Te amar foi a melhor coisa que me aconteceu e eu amarei até o meu último suspiro, em quantas vidas eu tiver. E, Deus, como eu queria te beijar agora, como queria tomar você em meus braços e dizer que é minha... mas não posso. Me dói saber que talvez nunca poderemos ficar juntos, porém não importa. Não tenha medo de nunca mais ser amada, Camila, porque você sempre terá o meu amor.

Ela respirou, trêmula, chorando. Eu me aproximei dela, puxando seu rosto. Camila fechou os olhos, como se esperasse um beijo na boca, porém a beijei a testa. Ela estremeceu entre o abraço, com os olhos fechados com força.

Depois do beijo, encostei minha testa na sua. Eu estava de olhos abertos, vendo suas lágrimas se misturarem aos pingos de chuva, e quando ela abriu seus olhos para me encarar, vi minha Camz ali. Ela estava vulnerável, triste, conformada.

― Tudo vai ficar bem. ― Sussurrei, me afastando. Ela segurou minha mão com força, me forçando a não ir.

― Você acha que teríamos sido felizes se nunca tivéssemos terminado? ― Perguntou, em um fio de voz.

― Eu teria sido em qualquer lugar que estivesse com você, e faria todo o possível e impossível para que você fosse.

Ela assentiu, triste.

― Quem sabe um dia. ― Camila disse, sussurrando. Eu ri sem humor, concordando com a cabeça.

― Quem sabe.

Soltei a mão dela à contragosto e saí andando. Olhando para a calçada uma última vez, vi ela ainda parada e então tomou seu caminho, oposto ao meu.

Eu disse no grupo e volto a repetir: esse capítulo está no meu top 3 capítulos favoritos desse livro e agora vcs sabem o motivo! Espero que tenham gostado de ler tanto quanto eu gostei de escrever ♥️

Instagram: @sweetwriter8

Vejo vocês em breve! ♥️

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