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Capítulo 35 - Lembranças do passado

Camila Hayes

Era o dia seguinte e eu ainda estava em completo choque.

Depois de sair da festa, voltei para casa, tomei um banho quente e quase não dormi – fiz tudo no modo automático. Revirei na cama enquanto revivia a cena várias vezes em minha cabeça. Alex no palco, olhando nos meus olhos, como se quisesse me dizer tantas coisas. Eu fugindo, como fazia todas as vezes que algo não me fazia bem, mas sentindo-o me seguir. Algo em mim, no momento em que corri, sabia que ele viria. Ou talvez eu queria que ele viesse.

Não, eu não queria nada. Não podia.

Quando Viktor me tocou, me abraçando, eu senti minha garganta arder. Não sei se era o medo, a insegurança... algo não estava no lugar. Chorei baixinho, perguntando aos céus o porquê. As coisas estavam indo tão bem, por que ele tinha que aparecer justo agora?

E hoje, sentada a mesa de café da manhã, eu não conseguia comer nada do meu prato.

― Bom dia, querida ― Viktor disse, aparecendo na cozinha. Eu dei um pulo do banco, sorrindo leve em seguida. ― Te assustei?

― Achei que ainda estivesse dormindo.

― Acordei depois que você desceu. Por que levantou tão cedo? ― Disse, sentando-se ao meu lado.

― Não sei. Acordei e pronto. ― Menti, bebendo do café.

― Hmmm, e ainda preparou café da manhã? ― Ele começou a se servir com os ovos e panquecas.

― Sim.

Percebendo meu desconforto, ele virou-se para mim, enquanto comia, me analisando.

― Já sei o que você tem, eu vi tudo.

Engasguei com o café, tossindo em seguida. Viktor quase se levantou para me ajudar a me desengasgar, mas eu levantei a mão, impedindo-o.

― Estou bem, só desceu errado. Huh... não entendi o que quis dizer.

― Eu sei porque está assim tão estranha, Camila. Eu consigo ver. ― Franzi o cenho. ― Você ainda está mal pela nossa briga.

― Ah, isso ― Respirei aliviada, até sorrindo. Aquela situação parecia pequena demais já.

― Como assim isso? Não é por isso que está tão atônita?

― O que? Ah, claro que é. É por isso mesmo. ― Cocei a nuca. ― Você me conhece tão bem.

Ele deu de ombros, convencido.

― Claro que sim. Queria muito que conversássemos sobre isso.

― Estou ouvindo.

― Quero pedir desculpas pelo meu jeito. Sei que sou um babaca muitas vezes, que não são tão compreensível, mas estou tentando, ok? Isso de não termos tempo é algo novo para mim, e não falo de você somente, mas de mim também, até porque meu trabalho vem me consumindo bastante. ― Disse.

Eu comecei a ler o jornal aberto sobre a bancada, mas sem tocá-lo. Na primeira página falava sobre o evento. Graças as lentes, agora conseguia ver melhor de longe, sem necessidade dos óculos.

― Não quero que pense que algo entre nós mudou, porque não mudou. Ainda sou eu, o seu Viktor, o cara por quem se apaixonou e vai casar. Só preciso... arrumar algumas coisas.

Na primeira página haviam fotos e meu coração quase parou ao ver a de Alex abraçado com a morena de ontem. Provavelmente era alguma modelo daqui de Nova York mesmo que ele chamou para acompanha-lo na festa. Babaca.

"Alex Lawson acompanhado da namorada Madeleine Martin", o texto embaixo dizia. Eu arregalei os olhos.

― O que?! ― Exclamei, enojada.

― Você não gostou? Não precisa ficar assim ― Viktor disse, chamando minha atenção. Só então lembrei que ele ainda falava comigo.

― Oi? ― Perguntei, parecendo o mais natural possível.

― Só falei que talvez precisamos apimentar nossa relação, não sei... tentar algo novo. Não precisa ficar nervosa.

― Ah... é só que é um pouco chocante para mim. ― Menti, tentando parecer o mais natural possível.

― Eu sei, mas eu sinto sua falta, amor. Nós não fazemos mais nada, nem amassos, mãos bobas, nada. Sei que está nervosa, mas sexo pode ser algo muito bom quando quer tirar a tensão do corpo, sabia?

Gelei quando ele tocou minha coxa coberta apenas pelo robe de seda.

― Eu sinto sua falta... ― Ele se levantou, ainda ficando da minha altura no banco, e começou a beijar meu pescoço. ― Você estava tão linda ontem.

Sorri leve, tentando deixar meu pescoço livre para que ele pudesse beijar. Meus olhos vagaram pela bancada até caírem novamente sobre o jornal. Alex estava lá, abraçado a sua nova e deslumbrante namorada, mas com o olhar sobre mim. Era só uma foto, mas eu o sentia, sabia que ele estava bem perto de mim, em algum lugar dessa cidade, pensando sobre ontem.

As memórias de nós dois juntos vivia como nunca em minha mente. Suas mãos habilidosas sobre meu corpo, fazendo arder cada centímetro de minha pele, me fazendo querer mais e mais. Seu nome era doce em minha boca, eu gritava por ele, implorava por suas carícias. Ele fazia algo crescer em mim, me fez descobrir a mulher que eu era.

Não, Camila, não!

Afastei Viktor de mim com certa brutalidade, arfando. Quando dei por mim vi a burrada que havia feito. Ele me olhava, com um misto de confusão e mágoa.

― E você faz isso. ― Disse, passando a mão pelos cabelos bagunçados. ― Vá a merda, Camila.

Eu fiquei boquiaberta, sem conseguir falar nada. As palavras não saíam.

― Apenas... se arrume logo. Nosso voo vai sair em breve.

Quando ele saiu da cozinha, eu apoiei meus cotovelos na bancada e afundei meus dedos por meus cabelos. Fechei meus olhos com força, sentindo meu peito doer. Não gostava do que sentia, queria saber controlar aquilo.

Eu odiava Alex. Odiava a forma como ele me fazia me sentir, odiava o quanto ele me fez sentir miserável quando terminamos e odiava o fato de ainda amá-lo.

Pensava ter enterrado esse sentimento no lugar mais profundo do meu coração, em um lugar tão escondido que se chegasse um dia a encontra-lo o trataria com indiferença. Isso não deveria estar acontecendo.

Eu não permitiria.

...

O voo durou cerca de duas horas e quinze. Até que foi tranquilo, apesar do clima extremamente tenso entre Viktor e eu. Trocamos poucas palavras, mas prometemos um ao outro manter a paz. Não queríamos nenhum tipo de desentendimento no aniversário de Margie.

Suspirei, quase chorando, quando chegamos na sala de desembarque do Aeroporto Internacional de Jacksonville e vi meus pais segurando a plaquinha "bem-vinda à sua casa, Camila".

― Que saudades, meu amor! ― Minha mãe exclamou quando eu a abracei com força.

― Eu também senti, mãe. Muita.

Sorri para o meu pai, que tinha lágrimas nos olhos, e o abracei em seguida. Ali eu me sentia segura, em paz, como se mal nenhum pudesse me atingir, e era daquilo que eu precisava naquele momento.

― Sr. e Sra. Hayes ― Engoli em seco ao ouvir Viktor cumprimentar meus pais. Me afastei deles, pegando minha mala.

― Olá, Viktor. ― Mamãe sorriu leve.

― Fitzgerald. ― Meu pai cumprimentou, acenando com a cabeça. Estranhava o fato de ele nem gostar e nem odiar Viktor. Algo simplesmente não encaixava.

― Fizeram boa viagem? ― Minha mãe voltou a perguntar, quebrando o gelo.

― Sim. Foi tudo ótimo. ― Viktor disse. Eu olhei para o chão, tentando disfarçar meu desconforto.

― Bem, então vamos para casa. Margie está ansiosa para te ver. ― Meu pai disse, pegando a mala para mim e passando o braço ao redor do meu pescoço, levando-me para saída.

― Não vejo a hora de vê-la também.

― Ela está cada vez mais parecida com você, Mila. Às vezes me pergunto se não foi você que deu à luz no lugar da sua irmã. ― Eu ri. ― É sério. Ela parece com você em todos os sentidos.

― Isso, pai, se chama conexão.

Ele sorriu, beijando minha cabeça.

Alguns minutos depois estávamos pelas ruas de Jacksonville. As ruas que eu conhecia tão bem, que sabia aonde me levariam. Suspirei de saudades enquanto passávamos pelas praças, shoppings, bares e tantos outros lugares que vivi momentos incríveis e que sempre estariam em meu coração. Quase chorei quando passamos bem de frente à Fayron. Eu sabia que não precisávamos passar por aquele lugar para chegarmos em casa, mas meu pai fez questão, como se quisesse me fazer matar a saudade daquilo.

Olhando para a fachada da escola, ainda do mesmo jeito, senti todas as memórias reviverem em minha mente. Os melhores momentos da minha vida foram vividos ali, por aqueles corredores e eu não me arrependia de nada. Hoje em dia eram apenas doces lembranças.

De frente a minha casa, não pude evitar de deixar uma lágrima escapar de meus olhos. Faziam alguns meses desde que estive ali, mas a emoção era sempre a mesma. A casa em que meus pais se casaram, que criaram eu e minha irmã e a neta. Se tinha um lugar repleto de lembranças boas, era aquele.

― Titia Mila! ― O gritinho estridente de Margie me fez despertar de meus pensamentos. Sorri abertamente ao vê-la na porta, e logo atrás dela Alice e Jordan.

Me ajoelhei, abrindo os braços, quando Margie veio correndo em minha direção. Ri quando seu corpo se chocou ao meu, quase nos derrubando. Beijei sua cabeça várias vezes, apertando-a contra mim.

― Meu amor, quantas saudades! ― Falei e me levantei, ainda abraçada com ela. Não queria soltá-la nunca mais.

― Eu também senti muita, muita, muita saudade.

Seu português melhorava a cada dia, tudo graças a influência de minha mãe e de Alice. A palavra favorita de Margie era saudade, assim como a minha, porque existia apenas no português e ela dizia que era o que mais sentia por mim.

A afastei um pouco, olhando-a nos olhos. Estava linda. Seus olhos eram castanhos escuros, quase pretos, grandes e cheios de brilho. Ela sorriu, mostrando seus dentinhos de leite. Observei seu cabelo castanho cacheado caindo sobre suas costas, exatamente como os de Alice. Seus lábios e nariz eram de Jordan, exatamente como os dele, e a cor da sua pele era a mistura perfeita dos pais, exalando a birracialidade que carregava.

― Você está cada dia mais linda. ― Falei, tocando a ponta do meu nariz com o dela.

― Você também, titia. Muito linda. Mamãe sempre me mostra suas fotos no celular e eu quero te abraçar todas as vezes, mas não posso porque você tá longe.

Neguei com a cabeça, tentando não chorar.

― Não vai ser mais preciso. Estou bem aqui, não estou? ― Ela assentiu, tentando reprimir um sorriso, evidenciando sua marca de beleza nas bochechas. ― Te amo, minha princesa.

Depois de beijá-la várias vezes, a coloquei no chão.

― Espera, você sentiu saudades apenas da sua titia Mila? ― Viktor perguntou, surgindo atrás de mim.

Margie ergueu as sobrancelhas, surpresa, então sorriu.

― Titio Viktor! ― Exclamou, pulando nos braços dele. Viktor sorriu, abraçando-a com força.

Era inegável o quanto Margie gostava dele. Claro, ele sempre a havia tratado tão bem, sempre a divertindo quando visitávamos meus pais. Viktor vinha tendo contado com Margie desde que ela tinha três anos, participou de uma boa parte do crescimento dela, era óbvio que ela iria gostar dele. Eu adorava ver os dois juntos. Viktor era ótimo com crianças.

― Sabia que havia sentido minha falta. ― Ele disse, jogando-a para o alto. Ela gargalhava, animada com a brincadeira.

― Mila! ― Alice exclamou, correndo até mim e me abraçando com força. Fechei os olhos com força, abraçando minha irmã.

Lá estava, aquele conforto que eu tanto precisava e que somente quatro pessoas no mundo me proporcionavam: minha mãe, Alice, Meghan e Emily.

― Meu Deus. Precisava tanto de você. ― Falei, quase chorando. Ela segurou meu rosto com as duas mãos e me analisou.

― Vamos conversar depois. ― Assenti. ― Agora vamos entrar, fizemos um almoço especial para vocês.

Alice cumprimentou Viktor e então começou a me levar para dentro, com Margie segurando uma das minhas mãos. Abracei Jordan ao entrar em casa, sentindo também sua falta.

Na sala de jantar, reunidos, comemos animadamente. Margie era a mais animada de todos, fazendo questão de me contar todas as novidades sobre a escola, sobre as amizades e a festa de aniversário que aconteceria no dia seguinte. Eu ouvia tudo atentamente, como se escutasse as informações mais valiosas da minha vida – e eram mesmo. Dei boas risadas, comi a deliciosa comida brasileira da minha mãe, que senti tanta falta, e atualizei eles sobre as novidades do meu trabalho e sobre o NYC For Humanity, excluindo, é claro, certos detalhes.

Quando comecei a falar sobre minha carreira e o evento, Viktor me olhava de forma desconfiada. Não sei se por realmente desconfiar de mim ou por medo de que eu falasse algo para eles sobre as nossas brigas. Tanto faz, isso era a última coisa que eu me preocupava naquele momento.

Depois fomos para o jardim, onde brinquei incansavelmente com Margie, gastando praticamente todas as minhas energias com ela. A brincadeira terminou apenas quando minha sobrinha começou a se sentir sonolenta.

Enquanto Margie tirava seu cochilo da tarde, Viktor e eu nos instalamos no meu antigo quarto. Sorri quando entrei, vendo as coisas exatamente nos lugares que havia deixado. Desde que fui embora para Nova York minha mãe não ousou mexer no meu quarto, e muito menos eu. Quando entrava ali, sentia a Camila do ensino médio vibrar dentro de mim.

― Vou tomar um banho, ok? Depois vou descansar. ― Viktor disse, depois de colocar a mala no canto do quarto.

― Ok. Vou conversar um pouco com a minha irmã. ― Ele assentiu, mal olhando para mim, então saiu do quarto, indo ao banheiro.

Depois de colocar minhas coisas no guarda-roupa, voltei para o jardim, onde Alice descansava em uma cadeira de sol, tomando limonada. Por sorte seríamos apenas nós duas, pois Jordan cuidava de Margie dormindo e nossos pais estavam na sala, além de que Viktor me daria uma folga.

Me sentei na cadeira com ela. Alice me abraçou, acariciando meu braço, enquanto eu mantinha minha cabeça deitada em seu ombro. Ficamos alguns minutos em um confortável silêncio.

― Algo aconteceu, eu sei ― Ela disse, finalmente. Eu suspirei, dizendo tudo apenas com aquilo. ― E você quer me contar.

― Claro que eu quero. Esperei muito por isso.

― Achei que suas amigas estavam sempre dispostas a te ouvir. ― Ironizou, brincando.

― Bem, desde que Meghan se comprometeu e Emily viajou, ficou difícil. Além de que eu nem tenho tempo para isso.

― Camila... ― Ela me afastou um pouco, fazendo com que eu a encarasse. ― Ainda deixando o trabalho te consumir por inteira?

― Alice, eu não tenho muita escolha. É o que eu faço.

― Você sabe que não é isso. A vida não precisa ser assim.

― Mas eu quero que seja assim, amo o meu trabalho.

― Camila, até quando você vai continuar mentindo para si mesma? Quando vai assumir que põe toda a sua energia no trabalho porque não quer lidar com os problemas de casa?

― Isso é besteira. Eu sempre lido com os meus problemas.

― Sério? E por que você e Viktor estão fugindo um do outro como o Diabo foge da cruz?

― Nós não...

― Sim, vocês estão. ― Disse, me interrompendo. ― Jordan e eu percebemos. Agradeça que nossos pais não, senão papai tiraria satisfação com Viktor aqui mesmo.

― Nós discutimos antes de virmos para cá. Na verdade, viemos discutindo já faz um tempo. Nossa relação está meio balançada.

― Por que? O que aconteceu?

― A mesma coisa de sempre. Sempre é o mesmo motivo. Ele não está satisfeito com o meu trabalho, diz que não tenho tempo para nós, especialmente agora que estendi o meu contrato com a Vogue.

― Que idiota ― Riu com escárnio. ― Quero dizer, é óbvio que todo casal precisa de um tempo juntos, até mesmo para... você sabe ― Revirei os olhos. ― Mas para mim está mais claro que você não quer passar um tempo com ele.

― Eu quero.

― Não, Camila, você não quer. Por que está com Viktor afinal? Você o ama? Quer seguir mesmo com esse noivado?

― É claro que eu o amo, Alice. O que eu sinto por Viktor... é algo que nunca senti por ninguém antes. Ele também me ama, eu sei disso, me traz conforto, paz e me faz feliz. Só estamos com problema, como qualquer casal tem.

― Você está realmente feliz?

― Sim, estou. Você me pergunta isso desde que comecei a namorar com ele, Alice, por Deus.

― Desculpa, só quero ter a certeza. ― Suspirei. ― Olha, não quero me intrometer na sua vida, muito menos no seu relacionamento, mas não acha que vocês foram rápidos demais? Mal começaram a namorar, foram morar juntos e já estão noivos, sendo que você sempre quis priorizar sua carreira.

― Talvez tenhamos sido. O que importa é que ele concordou em esperarmos para o casamento.

― Ele concordou mesmo? ― Assenti. ― Não parece.

― O que quer que eu faça? Não quero me casar agora, ele precisa entender.

― E você só não negou o pedido porque não queria machucá-lo, certo?

Engoli em seco. Odiava como Alice parecia me ler como se eu fosse um maldito livro.

― Eu sabia. ― Disse, sorrindo. ― Eu entendo o que quis fazer, mas saiba que aceitar sem ter sido sincera machucará os dois.

― Não tem mais volta. Já decidi.

― Claro que tem. Para tudo se tem um jeito nessa vida, minha querida irmã.

― Menos para o meu trabalho.

― Especialmente para o seu trabalho, senhorita. ― Ela cruzou as pernas, fazendo o mesmo com as minhas, fazendo com que ficássemos uma de frente para a outra. ― O que mais aconteceu?

― Bem, depois dessa discussão eu comecei a ficar muito ansiosa por conta do evento, então nós... tivemos zero contato. ― Alice franziu o cenho. Eu revirei os olhos por saber que seria obrigada a falar em voz alta. ― Nós ficamos sem transar por duas semanas.

― Oh... ― Ela sorriu forçado, tentando me deixar calma. ― Nada? Nem uma mão boba?

― Nada.

― Nem beijinho na sua...

― Não, Alice! Nada! ― Exclamei, interrompendo-a.

― Mas por que? Pensei que sexo ajudava a acabar com a tensão.

― Eu simplesmente não consegui. Nós até tentamos uma noite, mas eu não conseguia nem ficar excitada.

― Isso... é... complicado. Até mesmo Jordan e eu, que estamos esses anos todos juntos, transamos umas três vezes por semana. Depende do momento. E é sempre bom, eu te garanto.

― Eu não quero saber de detalhes. ― Ela riu. ― Mas como você consegue? Eu queria poder ter a mesma intimidade que tinha com Viktor como era no começo, mas tudo parece tão... deslocado.

― Nós costumamos nos sentir assim quando não estamos com aquela pessoa.

― Ele é aquela pessoa para mim.

― Ache o que quiser, Camila, mas sexo e conexão são totalmente diferentes quando é com a pessoa que realmente nasceu para ser sua.

― Não sei se acredito mais nisso.

― Não? E por que?

― Eu acredito que sim possa existir alguém que você ame por um período, que seja um daqueles amores que nunca irá superar qualquer outro que tiver. Acontece que algumas pessoas têm sorte de permanecer com esse amor pelo resto da vida, enquanto outras não, e no futuro acabam encontrando o seu amor de conforto, que é o amor que te acolhe, cura e faz com que esse sentimento renasça em seu peito de forma leve, doce e tranquila, que não te leva a nenhum limite. ― Olhei para Alice. ― Viktor é o meu amor de conforto, e sinto que se perdê-lo, nunca serei capaz de amar novamente. Preciso dele.

― Você precisa apenas de si mesma, Camila. Acontece que está perdida, quando finalmente se encontrar as coisas serão diferentes.

― Eu achava... ― Senti minha garganta arder e lágrimas brotarem em meus olhos. ― Eu achava que tudo estava bem, que eu realmente tinha me encontrado, exatamente como diz, mas as coisas mudaram ontem.

― Ontem? No evento? O que houve?

Ele estava lá. ― Falei em um fio de voz. Uma lágrima escapou de meu olho. Alice me olhava confusa, sem entender nada.

― Ele? Ele quem? Viktor?

― Alex. ― Dizer seu nome em voz alta, depois de todo esse tempo, era algo novo para mim. Ainda não parecia real, tudo parecia um sonho confuso. ― Eu o vi no evento. Olhos nos olhos.

― O que?! Está falando sério?! ― Ela estava perplexa, com os olhos arregalados. Entendia sua reação.

― Sim. Nunca brincaria com isso.

― Mas que filho da... ele não estava no Miami Dolphins?

Franzi o cenho, olhando para Alice, sem entender nada.

― Como você sabe disso?

Ela abriu e fechou a boca várias vezes, sorrindo por fim.

― Você andou pesquisando por ele. ― Falei.

― Talvez eu tenha dado uma olhada no Google. Você sabe, nada demais.

― Alice, eu pedi a você que deixássemos Alex para trás, que ele ficasse no meu passado, e você faz isso?

― Ah, vamos lá, Camila, pesquisar sobre alguém na internet não arranca um pedaço. Além do mais, você jamais ficaria sabendo disso se você mesma não tivesse tocado no assunto.

― Não importa mais. Ele voltou para me assombrar.

― Tudo faz sentido agora.

― O que?

― Você e Viktor com problemas, você querendo repensar seu relacionamento... tudo isso por causa do infeliz do Alex. Olha, se eu tivesse a oportunidade lhe daria um tapa bem forte na cara.

― Huh... eu fiz isso.

― O que? Você bateu na cara dele? ― Assenti. ― Isso! Finalmente você fez o que estivemos esperando por um bom tempo! Como aconteceu?

― Ele era um dos curadores do evento, foi até o palco para fazer um discurso, e foi então que nos vimos. Fiquei alguns minutos petrificada, apenas ouvindo-o falar olhando diretamente para mim, então quando caí na real saí correndo, fui para o banheiro. Ele me seguiu, é claro, e então acabei lhe dando um tapa. Acho que teria feito pior, mas precisei controlar minha raiva. ― Suspirei. ― E depois disso ele foi abraçar a namorada, enquanto olhava para mim, fingindo que nada havia acontecido.

― Madeleine Martin, a terapeuta de Miami. ― Arregalei os olhos. ― Sim, eu também pesquisei. A mulher é belíssima.

― Eu não perguntei se ela é belíssima ou não, Alice. ― Rosnei.

― Só estou dizendo.

― De qualquer forma, ele veio com a velha conversa de que não queria que nada daquilo tivesse acontecido, até querendo meu perdão provavelmente, mas já deixei bem claro as minhas intenções. Não o quero perto de mim, não quero ouvir falar sobre ele e muito menos que ele fale sobre mim.

― Sabe que eu absolutamente odeio o Alex, que tenho vontade de esmurra-lo ― Ela disse. ―, mas já parou para pensar que talvez essa seja a oportunidade de vocês conversarem de verdade, esclarecerem as coisas e, finalmente, seguirem em frente pra valer? Sei que é difícil, mas o perdão que você der a ele, também fará com que perdoe a si mesma.

― Podemos... não falar mais sobre isso? Acho que já deu desse assunto por enquanto.

― Como quiser. Estarei sempre aqui para falar sobre. Mas minha opinião sobre tudo isso você já sabe. ― Piscou.

Nós conversamos um pouco mais, dessa vez sobre assuntos mais leves, como o aniversário de Margie e o casamento de Alice e Jordan, que aconteceria no final do ano, aqui em Jacksonville. Minha irmã noivou no dia do aniversário de Margie de três anos. Havíamos saído para comemorar, com toda a família reunida, então Jordan fez o pedido. Foi emocionante. Mas, assim como eu, os dois não tinham previsão para o casório, já que Jordan ainda estava prestes a fazer o doutorado e Alice abrindo sua empresa de marketing.

Mas isso não mudou absolutamente nada entre eles. Pareciam ser casados por anos, eram pais incríveis e, o mais importante, se amavam muito. Era lindo ver o amor entre os dois e o amor que sentiam por Margie. E hoje, com Jordan sendo professor universitário e Alice dona AH Marketing – uma das melhores empresas de marketing da Flórida, especialista nos marketings de grandes empresas –, eles finalmente resolveram que era o momento certo para o casamento. Simples, fluído e repleto de cumplicidade, exatamente como deve ser.

Por que não podia ter essa sorte?

...

A festa de Margie aconteceria na casa de Jordan e Alice, que ficava no centro da cidade. Minha irmã havia se mudado fazia três anos e a casa era simplesmente magnífica. Um jardim de plantas extremamente bem cuidadas cobria a entrada de pedra. A casa era inteiramente branca por fora, espaçosa e com janelas grandes.

Na parte de trás, com um gramado extremamente bem cuidado e uma piscina grande, acontecia a festa de Margie. Mesas eram distribuídas por todo lugar, uma mesa de buffet ocupava o lado direito e no centro, na parte coberta, estava a mesa do bolo, tudo perfeitamente decorado no tema Moana.

Quase chorei quando, ao chegar, vi Margie fantasia de Moana, com os cabelos balançando a medida que ela corria. Ela estava perfeita.

― Titia Mila! ― Ela gritou, correndo até mim. Eu a abracei com força.

― Feliz aniversário, meu amor. ― Falei, beijando suas bochechas. ― Trouxe o seu presente.

Ela ergueu as sobrancelhas, animada.

― Camila, que presente você trouxe? ― Alice perguntou, surgindo atrás da filha, curiosa e preocupada ao mesmo tempo.

― Algo que ela vai gostar muito.

Margie bateu palmas, pulando de alegria. Viktor se abaixou ao meu lado, revelando o presente que vinha dentro de uma caixa transporte.

Ela gritou quando Viktor tirou o filho de gato da raça Azul Russo. Margie agarrou o gatinho, beijando sua cabeça várias vezes.

― Aí, meu Deus! Titia Mila! É um gatinho!

― Sim, meu amor. Exatamente como você pediu.

― Você gostou? ― Viktor perguntou. Ela assentiu, extremamente sorridente.

― Qual nome você dará para ele? ― Perguntei.

Ela pensou por alguns segundos, até voltar a me encarar com os olhos brilhando.

― Romeu. Do mesmo jeito das histórias que você me conta. Ele é o meu príncipe Romeu.

Apertei os lábios, assentindo. Tentava a todo custo não chorar.

― Papai, olhe o meu gatinho Romeu! ― Margie disse, correndo até Jordan, que a segurou nos braços, feliz.

Alice se aproximou, preocupada.

― Camila... você... por Deus! Como vou dar conta de Marjorie correndo pela casa com um gato?

― Relaxe, Alice. Romeu é um gatinho muito dócil. ― Viktor disse.

― Bem, assim eu espero. Como planejaram isso?

Viktor e eu nos entreolhamos rapidamente, sorrindo. As coisas estavam melhores entre nós.

― Fiz algumas pesquisas antes de vir para cá sobre adoção de animais abandonados e acabei encontrando esse abrigo que ficava no bairro San Marco. Combinei tudo com uma das organizadoras e antes de vir fomos o pegar. Ah, e compramos algumas coisas para ele também, assim não precisará se preocupar tanto. ― Falei, entregando a sacola para Alice.

― Sabe que um animal de estimação é praticamente uma criança, não é?

― Claro que sei. Você pode aproveitar para ensaiar para quando o seu próximo bebê chegar.

Haha, muito engraçada. ― Ironizou. Eu e Viktor rimos.

Comemoramos com alegria o aniversário de Margie. Me dediquei a ela durante toda a festa. Brincamos juntas, tiramos fotos, comemos e demos boas gargalhada, como sempre era quando estávamos juntas. O que mais me doía era saber que momentos como aqueles eram raros, por isso aproveitava cada segundo com Margie como se fosse o último.

Ainda tive a surpresa de Meghan aparecer na festa. Ela e Alice haviam planejado sua chegada repentina juntas, já que todas as vezes que a convidei ela dizia não poder. Desejei que Emily estivesse ali conosco. Apesar do convite, minha amiga enviou um presente para Margie, diretamente da Europa, mas infelizmente não pôde vir. Eu entendia seus motivos.

Nos parabéns, nós nos reunimos todos perto do bolo, cantando animadamente. Foi impossível não me emocionar quando Alice fez um discurso, declarando todo o amor que sentia pela filha.

Depois da festa acabar, quase meia-noite quando chegamos em casa, tomei um banho e tirei um pouco do meu tempo para checar meus e-mails. Amanhã cedo estaria de volta a Nova York, e já deveria ir deixando alguns trabalhos serem adiantados.

Ainda reparei o olhar de raiva de Viktor quando ele foi deitar para dormir e me viu na minha escrivaninha, mexendo no notebook. Conseguia ouvir direitinho sua voz em minha cabeça: "Sério, Camila?" , mas pouco me importei.

Respondi alguns e-mails de Stella, reli o contrato enviado por Holly, porém o que mais me chamou atenção foi um com remetente desconhecido. Não fazia mal olhar, até porque não diria se eu havia visto ou não, então abri.

Remetente: Desconhecido
Destinatário: Camila H. Vianna

"Não me mate por querer entrar em contato com você. Fui obrigado a telefonar para a Vogue e conseguir seu e-mail pessoal, Goodwyn. Tive até que usar um pouco do meu charme para conseguir.

Por favor, vamos conversar. Preciso esclarecer muitas coisas.

A.L."

Alex Filho da Mãe Lawson.

Claro que ele iria atrás do meu e-mail na Vogue. Claro que ele sabia que eu era a Goodwyn, tinha certeza de que havia lido uma das minhas colunas e percebido na hora. E era mais do que claro que ele não desistiria até conseguir conversar comigo.

Lembrei das palavras de Alice no dia anterior. Sim, eu sabia que uma conversa esclareceria muitas coisas para mim, que aquilo até pudesse me ajudar... mas não podia simplesmente esquecer de toda a dor que Alex me fez passar.

Movi sua mensagem direto para o lixo, fechei o computador e me deitei na cama. Senti minha garganta tapar quando Viktor rodeou minha cintura com o braço, aproximando seu corpo do meu. Queria chorar. Eu sabia que ele queria contato, que queria estar perto de mim, e por mais que eu tentasse sabia que seria difícil recuperar o que tínhamos.

Porém eu tinha que tentar. Aquele seria o único final feliz que eu iria ter.

É sobre não desistir nunca, não é, Alex?! Hahahaha. O que vocês acham que vem por aí?!

Instagram: @sweetwriter8

Vejo vocês em breve! ♥️

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