Capítulo 14 - O dia seguinte
Camila Hayes
Senti algo iluminar meu rosto, fazendo com que minha cabeça latejasse na mesma hora. Gemi, me espreguiçando na cama, com a sensação de que havia corrido uma maratona inteira na noite passada. Xinguei mentalmente quando percebi que havia deixado a cortina aberta. Não lembrava de absolutamente nada.
Quando me sentei na cama para ir até a janela, gritei ao me dar conta que aquele não era o meu quarto. Que merda era aquela? As paredes eram escuras, a madeira do chão era diferente, a cama que eu estava deitada tinha colchas de outra cor e haviam vários pôsteres de futebol na parede. Olhei para o meu corpo, suspirando de alívio ao ver que estava de roupa, inclusive de tênis.
— Ok, lembre da noite passada. — Falei para mim mesma, passando a mão pelo cabelo.
Havia dançado com Nick em uma mesa. Discutido com o idiota do Viktor Fitz. Desci para beber com Meghan e as meninas. Tudo parece um branco depois, mas consegui me recordar do momento em que um garoto de cheiro conhecido me colocou no quarto e me mandou dormir.
Viktor. Puta que pariu. Eu havia dormido na fraternidade.
Me levantei, cambaleando, indo em direção a porta para correr de volta para o meu apartamento. Prestes a ir embora, gritei quando vi Meghan caída no chão.
— Meghan! — Gritei, fazendo-a se sentar em um supetão.
— O que? O que foi?
— Se levanta daí agora! Nós não estamos em casa.
— Como assim? — Ela franziu a testa, passando a mão pelo cabelo, com uma cara de quem estava morrendo de dor. — Por que está gritando?
— Meghan, nós passamos a noite no Uranus. Merda, você não se tocou? Olhe para esse quarto.
Ela bocejou, refletiu por alguns segundos, e então analisou o local, terminando de olhos arregalados.
— Meu Deus, não dormimos em casa.
— Isso. — Rosnei. — Se levante daí, vamos embora agora enquanto todos estão dormindo. Não vamos querer virar chacota de garotos de fraternidade, não é mesmo?
Meghan se levantou, jogando os travesseiros para o lado, gemendo de dor.
— Acho que dei um jeito em minhas costas e meu braço está doendo.
— Você deve ter caído da cama. — Falei, ajeitando seu cabelo, tirando-o do rosto.
— Cadê Casey? Savannah?
— Não sei, lembro de pouca coisa. E o Nick?
— Lembro que ele saiu com a Victoria quando a festa estava ficando boa. Ele ainda bebeu com a gente depois que você sumiu por um tempinho.
Assenti, me lembrando do momento. Nick havia ficado tão louco quanto a gente.
— Podemos relembrar tudo depois. Vamos embora.
Fui na frente, abrindo a porta do quarto com cuidado, verificando se ninguém estava no corredor. Não havia nada além de copos e garrafas espalhados pelo chão. Nós duas saímos juntas, de mãos dadas, indo em direção a escada.
— Cacete! — Meghan exclamou, me fazendo virar para ela.
— O que foi?
— Esqueci minhas sandálias. Não posso sair descalça. Vá descendo e veja se não tem ninguém lá em baixo, te alcanço já.
Quando Meghan voltou para o quarto, eu desci as escadas com cuidado, fechando os olhos cada vez que a madeira rangia. Quando cheguei na parte de baixo, observei a sala bagunçada, com o sofá de ponta cabeça e garrafas cobrindo boa parte do chão. Que esses garotos tivessem energia para limpar isso tudo, pois iriam precisar.
— Bom dia, gata jornalista. — Uma voz grossa, bem atrás de mim, me fez pular de susto.
Suspirei ao me virar e dar de cara com Viktor, apenas de calça moletom, deixando a mostra seu peitoral sarado, ainda que magro, que ele costumava esconder. Tinha um sorriso de lado quando olhei seu rosto, como se soubesse exatamente o que eu estava pensando.
— Não faz mal olhar. — Provocou. Revirei os olhos.
— Você me levou para a cama ontem?
— Não do jeito que nós dois desejamos, algo que acho que rolaria se ambos estivéssemos sóbrios o suficiente, mas sim, levei. Você e sua amiga estavam descontroladas, não tinham como pegar metrô naquela situação. — Disse, colocando o saco de lixo preto no chão. — Prometi que ficariam bem no meu quarto e que amanhã poderiam ir. Não deixei ninguém entrar, pode ficar tranquila.
— Bem, obrigada.
— Dormiu bem?
— Como uma pedra. Não lembro de muita coisa.
— Os efeitos de uma boa noitada.
Ele continuou a me olhar daquele jeito, como se pudesse me comer com os olhos, descendo até minha boca.
— Olhe — Pigarreei — Viktor, eu queria pedir desculpas pela forma como falei ontem. Não sei o que deu em mim, acho que já estava um pouco alcoolizada, e as coisas que senti... enfim, quero que esqueça. Já estou bem melhor agora, sendo eu mesma.
— Sério? A Camila de ontem parecia bem mais divertida e a fim de mim.
Soltei uma risada com escarnio.
— Bom pra você, mas ela não estava a fim de você, isso te garanto.
— Prove. — Disse, se aproximando um pouco.
Franzi a testa, cruzando os braços como se fossem me proteger da aproximação dele.
— Como é?
— Prove que não está a fim de mim. Saia comigo, permita me conhecer melhor e se no fim do encontro você disser que não me quer, então te deixo em paz.
Bufei, negando com a cabeça.
— Está brincando comigo? — Perguntei, sem acreditar.
Ele continuou a sorrir para mim. Eu sabia apenas pela forma como ele me olhava que estava falando a verdade.
— Pronto! — Meghan gritou, surgindo no topo da escada e atraindo nossa atenção. — Desculpa a demora, minha visão ainda está um pouco turva então foi difícil de abotoar.
Corri até ela, ajudando-a a descer sem que tropeçasse. Quando chegamos no final, Meghan sorriu abertamente para Viktor, olhando-o dos pés à cabeça.
— Bom dia, senhor. — Disse. Ela estava jogando o charme que só ela sabia fazer, aquele que todos os garotos se derretiam. — O café da manhã vai ser tão gostoso quando esse V do seu abdômen?
— Meghan! — Gritei, repreendendo-a.
Viktor deu risada, negando com a cabeça.
— Como passou essa noite, Meghan? — Ele perguntou.
— Teria sido melhor se não tivesse sentido dor de cabeça e você tivesse dormido do meu lado. — Ela fez bico.
— Bom saber. Ao contrário de você, sua amiga insiste em ignorar meu pedido para dormir ao lado dela.
Eu abri a boca, em extremo choque, e Meghan gritou.
— Que história é essa?! Vocês vão transar?! — Ela perguntou, eufórica.
— Não!
— Se ela quiser, sim. — Viktor respondeu ao mesmo tempo que eu. Lancei um olhar assassino para ele.
— Olhe aqui, Fitzgerald, é bom você tomar cuidado com o que fala. Você não me fez essa proposta, e mesmo que tivesse feito eu não teria aceitado, eu mal o conheço. — Rosnei.
— Saia comigo, daí me conhecerá.
— Ela aceita. — Meghan falou.
— O que? Meghan, ficou louca? Eu não quero...
— Tudo bem, Prescott. Eu vou esperar que ela mesma aceite. — Ele sorriu para mim. — Café?
— Eu adoraria. — Meghan disse. Ficamos caladas enquanto Viktor ia até a cozinha e quando ele estava longe o suficiente, Meghan bateu em meu braço.
— Aí! Por que fez isso?
— Porque você é uma tola. Por que não aceitou sair com ele? Tá na cara que ele quer você, além de que é um gato.
— Meghan, não. Ele não.
— Por que ele não? Você nem o conhece.
— Exatamente por isso, eu não o conheço, não vou simplesmente sair com ele. Além do mais, você mesma havia dito que ele é antipático.
— Sim, eu disse, mas também sei que ele é um gato e um corpo daqueles não se recusa. — Revirei os olhos. — E se você não sabe, minha querida amiga, conhecemos as pessoas por meio de conversas, e sabe qual o momento perfeito para conversar com um cara que você não conhece muito, mas quer pegar? Em um encontro.
— Eu não quero pegar ele.
— Camila, vai dizer que você não sentiu nada quando viu aquele corpo delicioso? — Ela me instigou, semicerrando os olhos. — Nem uma vontadezinha de pular no colo dele? Nem um pensamento pecaminoso? Nem um desejo de fo...
— Eu já entendi, Meghan! — Exclamei, interrompendo-a. — Ele é atraente, atraente até demais, isso é inegável, o problema é justamente esse.
— O que? — Riu. — Por que ele ser gato demais seria um... oh, entendi tudo. Você tem medo de ficar com ele e gostar. — Assenti. — Olhe, eu entendo, de verdade, mas não acha loucura se prender? Eu sei que faz pouco tempo desde o seu término, mas odeio te ver se privando por conta disso. Acabou, infelizmente. Agora você está na cidade dos seus sonhos, cursando o curso dos seus sonhos, com vários amigos que te amam e um gostoso querendo te pegar com força, então... por que não aproveita as oportunidades que a vida te dá como fez nesses últimos meses?
Dei risada, negando com a cabeça. Meghan era hilária.
— Eu vou pensar sobre isso, ok?
— É bom que pense rápido ou então ele vai dormir na minha cama.
Semicerrei os olhos para ela que riu. A ideia de Viktor e ela juntos não me agradava.
...
Depois de tomarmos o café horrível que Viktor preparou – onde Meghan e eu tivemos que fingir que estava ótimo –, voltamos para casa. Por sorte o assunto sobre eu e ele sairmos não surgiu mais. Os dois começaram a conversar sobre o curso e como as coisas estavam cada vez mais corridas, mas eu ainda conseguia sentir seu olhar cheio de segundas intenções para mim. Era um pouco desconfortável, mas aquela emoção estava me agradando. Era bom sentir certas coisas novamente.
Assim que eu abri a porta do apartamento, Meghan jogou os saltos no chão e caiu de cara no sofá.
— Nunca mais eu vou beber. — Disse com o rosto enfiado nas almofadas.
— Você sempre diz isso.
Peguei a aspirina no banheiro e tomei, prometendo a mim mesma que ficaria de molho no chuveiro por um tempo e depois dormiria mais.
— Por favor, me dê um. — Meghan pediu pelo remédio quando me viu segurando a caixa e rapidamente tomou.
— O que você tomou tanto?
— Foi a bebida que Nick preparou.
— Ainda bem que não bebi aquilo.
— Me arrependo amargamente. Dizia ser uma receita grega, e eu acreditei no momento, mas sei que ele misturou tudo o que tinha no bar. — Ri, negando com a cabeça.
Três batidas na porta me fizeram revirar os olhos. A última coisa que eu queria era receber alguém em casa.
— O que acha de fingirmos que não tem ninguém aqui? — Sussurrei.
— O que?! — Meghan gritou, alto o suficiente para quem quer que estivesse do outro lado tivesse ouvido.
Eu enrijeci o maxilar.
— Nada.
Minha vontade de sumir ficou mais forte quando abri a porta e dei de cara com a Sra. Ferguson sorrindo, olhando para dentro do apartamento com seu jeito bisbilhoteiro de sempre.
— Vi vocês chegando. Passaram a noite fora? Não adianta mentir, vi a hora que saíram ontem.
Eu respirei fundo, juntando todas as minhas forças para não mandá-la embora. Amava aquele apartamento demais para isso.
— Bom dia, Sra. Ferguson. Sim, dormimos fora, obrigada pela preocupação.
— Olhe, Camila, sei que não preciso ficar relembrando a todo momento, mas esse é um apartamento de família. Não fica bem vocês chegarem às nove da manhã depois de uma noitada, cambaleando pelos corredores e gritando. Os vizinhos falam e se incomodam.
Eles ou você? Minha língua coçou para perguntar.
— Não foi nossa intenção incomodar ninguém.
Ela assentiu, analisando o apartamento novamente.
— Quem é aquela no sofá?
Eu me virei, vendo Meghan arregaçada, dormindo.
— Meghan.
A mulher soltou um suspiro surpreso, chocada.
— O que ela tem?
— Ressaca.
— Está vendo? Falo sobre isso. Não caí bem pra vocês, moças. Além de que isso atrapalha todo o horário de sono que vocês têm na semana.
— Claro. E a senhora sabe bem a hora que saímos pela manhã, não é?
Ela abriu um sorriso.
— Como andam as coisas por aqui? — Perguntou, entrando no apartamento. Eu fechei os olhos com força e fechei a porta.
A primeira semana que moramos aqui havia sido incrível. A Sra. Ferguson era a velhinha legal e gentil que morava no nosso mesmo andar e sempre estava disposta a nos ajudar. Ela fez comida para nós nos sete dias, nos ajudou com a mudança e ainda deu alguns móveis que estavam no sótão do prédio em perfeito estado. Porém, com o passar dos dias, ela foi se tornando a senhora xereta, intrometida, que sabia de absolutamente tudo sobre a nossa vida e dava opiniões desnecessárias. Foram diversas as vezes que eu ou Meghan – e até mesmo os nossos amigos – quisemos manda-la para aquele lugar, mas isso colocaria em risco nossa estadia ali. Em tão pouco tempo o nosso apego pelo apartamento era gigantesco, e não foi difícil chama-lo de lar. Então aguentar a Sra. Ferguson era apenas o preço que pagávamos pela casa perfeita.
— Tudo bem, Sra. Ferguson. — Respondi, observando-a olhar tudo pela casa. Ela quase entrou no corredor, mas se conteve por algum milagre.
— Um pouco de bagunça, mas vou deixar passar por conta da noitada. — Disse, forçando um sorriso. — Ontem fizemos uma reunião com os inquilinos e vocês foram as únicas que não compareceram.
— Ah, a reunião. — Cocei a cabeça. — Desculpa, Sra. Ferguson, esquecemos completamente.
— Tudo bem, tudo bem, contanto que cumpram com a tarefa que irei sugerir.
— Que tarefa?
— Precisamos fazer algumas reformas nos aquecedores, uns ajustes na eletricidade e pinturas em alguns andares. Cada morador ajudará como pode. Como sei que vocês não têm tantas condições assim, separei algumas caixas de biscoito para que vendam.
— Como é?
— Não entendeu tudo ou...
— Não, eu entendi. — Ri, desacreditada. — É só que nós já pagamos o aluguel justamente para ajudar a senhora nessas reformas quando necessárias, Sra. Ferguson.
— Ah, criança... — Ela riu. — Cuidar de um imóvel desse tamanho não é nada fácil. Tem ideia de quanto pago apenas de energia?
— Não, não tenho. — Forcei um sorriso. — Iremos ajudar, ok? Pode entregar os biscoitos.
Qualquer coisa para que ela fosse embora dali.
— Ótimo! Sabia que iriam ajudar. — Bateu palmas. — Trarei mais tarde. Têm de vários sabores, tenho certeza que venderão rapidinho.
Ela foi saindo, indo em direção a porta, e eu comemorei mentalmente.
— Ah, um chá de gengibre seria ótimo para curar a ressaca da sua amiga. Uma colher de sopa de gengibre para cada xicara e água. Ferva tudo e tome. Vocês vão melhorar rapidamente.
Eu sorri, assentindo.
— Até que a senhora ajudou dessa vez. Obrigada.
— Como assim até que ajudei dessa vez? — Franziu a testa.
Meghan regurgitou, atraindo nossa atenção.
— Desculpa, depois conversamos, ok? Tenha um ótimo dia, Sra. Ferguson. — Fechei a porta antes que ela dissesse mais alguma coisa.
— Eu acho que vou vomitar. — Meghan disse, caindo do sofá e cambaleando até o banheiro.
Nós conseguimos dormir um pouco antes do almoço depois que fiz o chá. Nós quase vomitamos ao tomar, mas forcei Meghan a engolir tudo assim como eu fiz. A dor e a ressaca cessaram. Conseguimos fazer o almoço juntas e só então relembramos de boa parte da noite anterior. Meghan contou tudo o que havia presenciado, de como a briga entre Victoria e Nick se estendeu, de Savannah bêbada dançando de uma forma que ela jamais imaginou e de Casey dando amassos em alguns garotos da fraternidade. Esses momentos aconteceram enquanto eu estava no andar de cima, com Viktor me provocando. Depois do ocorrido eu fui para o lado de fora da casa, comecei a beber antes de ter que encarar meus amigos, porque se chegasse naquela situação, arfando, eles desconfiariam.
Resolvi ocultar o fato de Viktor e eu estarmos nessa bolha de tensão. Pelo menos por agora. Se as coisas fossem ter que acontecer, queria que fossem no meu momento, sem interferências.
Almoçamos em meio a risadas ainda lembrando dos momentos da festa. Era incrível a forma como eles me faziam sentir, tudo parecia tão leve e divertido. Essa era a forma que sempre sonhei em viver: com pessoas que amo ao meu lado – e que também me amam – e sentindo a doce emoção de estar simplesmente viva.
Depois de comermos e limparmos tudo, nós corremos para o meu quarto para atendermos a ligação de Emily via Skype.
— Olá, minhas gostosas. — Ela disse, sorrindo, extremamente bronzeada.
Meghan e eu gritamos quando ela mostrou a vista do quarto do hotel que estava.
— Meu Deus, Emily, aonde você está? — Perguntei.
— Costa Rica.
— Que lugar lindo. — Meghan comentou.
— Eu sei, certo? Aqui é realmente um paraíso e as pessoas são bem gentis. Ethan está amando, não para de tomar sol. — Ela virou a câmera e mostrou Ethan, deitado em uma cadeira perto da piscina do quarto. Nós rimos. — Diga oi para as meninas, amor.
— Oi, meninas! — Ele exclamou, animado, dando o seu melhor sorriso.
— Cuidado para não pegar insolação, Johnson. Você é quase uma galinha depenada. — Meghan disse.
— Muito engraçado, ex abelha rainha de ensino médio. — Ele respondeu, voltando a tomar sol.
Meghan forçou um sorriso.
— Vocês estavam aonde? Quando começaram a viajar? Mal nos falamos nas últimas semanas. — Falei.
— Eu sei, Camz. Tem sido tudo tão rápido. Fomos primeiro para Cuba, passamos sete dias incríveis, depois voamos direto para cá. Nosso próximo destino é Colômbia, depois Brasil.
— Vocês vão para o Brasil? Meu Deus, eu estou tão emocionada! Digam que vão visitar a cidade de minha mãe.
— Talvez. Quero bastante. Quem sabe não encontro sua avó?
— Por favor, faça isso, sabe o quanto ela ama você. Quero ver todas as fotos.
— Vamos passar nesses dois lugares e depois voltaremos para Jacksonville. Ethan precisa resolver algumas coisas da empresa.
— Não vão mais viajar? — Perguntei.
— Claro que vamos. Europa é o próximo destino, mas precisamos voltar para a vida real. — Ela se sentou na cama. — Na verdade, ele precisa. Por mim eu não pararia de viajar.
— Quando vamos nos encontrar?
— Quando voltar do Brasil irei até vocês. Passarei alguns dias em Nova York.
Meghan e eu batemos palmas, comemorando.
— Você vai amar aqui, Emily. Especialmente os nossos amigos. — Meghan disse.
— Sério? — Ela sorriu. — Alguém interessante?
— Ei! Eu estou bem aqui. — Ethan gritou ao fundo. Emily soltou um beijo para o garoto, rindo em seguida.
— Sou uma mulher recatada e do lar. — Ironizou, voltando-se para nós. — Preciso repor meu estoque de pílulas.
— Por falar em pílulas, Camila quem precisará de mais em breve.
Olhei para ela furiosamente. Era só o que faltava para completar, já não bastava aguentar as provocações do próprio Viktor, de Meghan e agora viria Emily.
— Que história é essa? Camila, sua delinquente, você está transando? Finalmente liberou?
— Eu não liberei nada. Meghan está viajando.
— Tem um cara que estuda comigo, vive em uma fraternidade com os garotos mais gostosos do campus e quer sair com Camila, mas ela não quer.
— Obrigada, Meghan.
— O que? Emily pode colocar um pouco de juízo nessa sua cabeça oca.
— Você vai sair com ele. Por favor, Camila, tá na sua cara que está a fim dele. — Emily disse.
— Você nem o conhece.
— Mas só pelo fato de você ter odiado que Meghan me contou só porque te provocarei, então sei que está querendo. Se fosse um garoto sem importância, não se preocuparia tanto assim.
Mordi o lábio, me sentindo sem saída. Odiava o quanto Emily me conhecia.
— Por favor, quero detalhes sobre esse garoto. Me contem tudo.
— Claro. — Meghan disse, pronta para fofocar.
Quando o nome de Alice apareceu para uma chamada, meu coração acelerou. Todas as vezes que ela me ligava ou mandava mensagem, minhas pernas estremeciam porque eu pensava sempre no bebê.
— Agora não, Alice está me ligando, preciso atender.
— O que ela quer? — Emily perguntou, já preocupada.
— Não sei. Vou coloca-la na ligação.
Quando Alice surgiu na tela, radiante, consegui me acalmar. A maternidade havia feito minha irmã brilhar como nunca. Eu via muitas mulheres se queixarem dos sintomas da gravidez, de se sentirem péssimas – o que é completamente normal –, mas Alice parecia ter sido injetada com doses de adrenalina na maioria das vezes. Fazia exercícios físicos constantemente, passou a se sentir mais bonita, mesmo com as curvas avantajadas, e pronta para ser mãe. A verdade é que haviam dias bons e ruins, eu sempre a acompanhava, mas na maioria das vezes ela parecia extremamente sadia.
Eu ficava feliz por ver minha irmã assim. Quase todos os finais de semana, quando podia, ia para Jacksonville ver ela e a família, feliz por saber que nossos pais estavam também ansiosos para a chegada do novo membro. Com cinco meses, Alice já tinha uma barriga maior, mostrando o quanto o bebê Perkins-Hayes crescia.
— Oi, meninas. Não esperava ver todas vocês. — Ela disse, sorrindo.
— Oi, Ali. Como você está? Como está meu sobrinho?
— Estamos muito bem, tia Camila, obrigada por perguntar.
— Aonde você está agora? — Perguntei.
— Em casa. Jordan está ajudando mamãe a colocar a mesa e papai está na sala, fissurado nas fotos da ultrassom.
— Seus peitos estão maiores? — Emily perguntou.
— Eu estou lactando, Broussard.
— Continua linda. Aliás, você é a grávida mais bonita que já vi. — Ela disse, sorridente.
Sim, creio que juntamente comigo, meus pais e Jordan, Emily era uma das pessoas que mais mimava Alice. Isso só demonstrava a amiga incrível que ela era não somente para mim, mas para minha irmã.
— Bem, obrigada pelo elogio, Emily ex-desavergonhada. — Ela sorriu. — Continuando, fomos ao médico hoje, Jordan e eu.
— Como as coisas estão? — Minha ansiedade estava a mil.
— Tudo bem. Esse bebezinho não para de crescer e o coração bate como se corresse uma maratona. Acredita que já conseguimos ver um dos pés? É surreal. O exame de hoje foi para ver se não havia nenhuma má formação, e felizmente está tudo normal. — Disse. — Agora eu estou um pouco cansada essa semana, com fome, desejando alimentos específicos e sentindo dores nas costas, mas nada fora do comum. E temos uma notícia...
Eu engoli em seco.
— O que é? — Perguntei, nervosa.
— Descobrimos o sexo. Todos aqui estão felizes, menos nosso pai, ele ainda está tentando assimilar a notícia.
Meghan segurou minha mão, sorrindo, e eu senti meus olhos marejarem. Daria tudo para estar lá naquele momento com minha irmã, de poder abraça-la. Mas eu a sentia perto de mim, conseguia sentir sua felicidade, a alegria da sua maternidade e nada me fazia mais realizada.
Aquele momento em que ela, com os olhos lacrimejando e um sorriso radiante, tendo nós três como testemunha, e anunciou o sexo do bebê, foi um dos mais felizes de toda a minha vida.
— É uma menina. Você será tia de uma garotinha, Camila.
Eu sabia que amaria aquela menina com tudo de mim, que amaria desde o dia que soube da gravidez da minha irmã, só não sabia – ainda – que ela seria não só minha sobrinha, mas um dos grandes amores de toda a minha vida. E se de alguma forma esse sentimento fosse ranqueado, ela seria uma das que estaria no topo do meu coração.
É UMA MENINA!!!!!! Mais uma menina na família Hayes. Boa sorte, Robert! Hahahaha. Quem aí adivinhou?! Em breve vocês saberão o nome dessa princesa ♥️
E sobre o Viktor? Vocês acham que a Camila deve sair com ele ou não? O que vocês acham que vem por aí?
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Vejo vocês em breve! ♥️
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