Capítulo 41
Capítulo 41
Eles tomaram um brunch, entretidos por Nano e Jonas, gritando um com o outro em uma mistura quebrada de português e italiano. Nano continuou pegando comida e, pelo que Maurício conseguiu entender, Jonas estava ameaçando colocar sua espátula onde nenhuma espátula deveria ir.
Rô se juntou a eles, sufocando o irmão com beijos e abraços chorosos, juntando-se à saraivada de ameaças de espátula, se Caio fizesse se preocupar assim novamente.
Nano e Caio conversaram um pouco entre si e Roberta se preparou para ir ao Secret. Caio fez alguns telefonemas, juntando-se a Mau na mesa quando terminou e Nano saiu.
‒ O Dr. Alexandre está a caminho. ‒ Informou Caio, seu comportamento se tornando distante e firme. ‒ Você não precisa estar aqui quando eu falar com ele.
‒ Eu quero estar. ‒ Maurício disse teimosamente. ‒ Especialmente se tiver a ver com o anel que Alana deixou pra mim. Eu mereço saber.
‒ Como você quiser. ‒ Respondeu Caio com um pequeno encolher de ombros. Ele deu um beijo casto na testa de Mau, lembrando-o ‒ Você provavelmente não vai gostar do que vou dizer a ele. Ou o que ele vai dizer pra mim. Lembre-se de sobre o que é tudo isso.
Maurício respondeu secamente. ‒ Eu sei que você quer que Alexandre o deixe em paz...
Caio o cortou suavemente. ‒ É por nós dois.
Mau assentiu, remexendo quando Caio o levou à sala de estar. Ele saiu brevemente para trazer uma caixa grande, largando-a ao lado da mesa de café. Ele estava sentado em uma cadeira macia, cruzando as pernas ordenadamente e recostando-se vagarosamente.
Parecia um rei se preparando para a corte, Mau desajeitadamente se sentou no sofá ao lado dele. Ele estava surpreendentemente nervoso. Ele e Alexandre não se separaram da melhor maneira possível, e, embora soubesse que Caio tinha maneiras especiais de persuasão, ainda não achava que seria capaz de convencer Alexandre a ajudá-los.
Eles só tiveram que esperar mais alguns minutos antes do Dr. Alexandre chegar, olhando ao redor da sala com um sorriso de escárnio. Ele não parecia querer tocar em nada, como se os móveis estivessem cobertos por um fino véu de gosma. Olhando entre Maurício e Caio, ele retrucou ‒ Bem. Estou aqui.
‒ Obrigado por vir. ‒ Caio ronronou graciosamente, gesticulando para que Alexandre se sentasse à sua frente.
‒ Você disse que Maurício precisava de ajuda ‒ disse Alexandre, indo direto ao ponto. Ele hesitou, mas finalmente se sentou. ‒ Essa é a única razão pela qual eu vim.
‒ Eu gostaria de fazer um acordo, delegado ‒ disse Caio, sorrindo maliciosamente.
‒ Ha, você quer dizer como o que você tem com Maurício?
‒ Hmmm, sabe disso, não é?
‒ Sim, por um preço qualquer informação está disponível ‒ disse Alexandre, seu tom gotejando de nojo. ‒ O que você fez com Maurício, porque queria que eu desistisse da investigação contra você.
‒ Mmm! ‒ Caio bufou.
Ele queria explicar que tecnicamente não havia mais nenhum acordo, que ele e Caio eram realmente um casal agora, mas manteve a boca fechada.
‒ Sim... ‒ Alexandre cuspiu calorosamente. ‒ ... e você sabe o quê? Tenho um acordo para você, Caio Marchetti. Deixe Maurício ir, deixe-o se afastar disso, e não vou acusá-lo de facilitar a prostituição. Que tal?
Caio parecia pensativo novamente, seus lábios se curvando em um beicinho calculista, quando descruzou as pernas e se inclinou para frente. ‒ Não.
‒ Não? ‒ O delegado zombou.
‒ Eu tenho uma ideia muito melhor. Que tal você desistir de sua pequena investigação de assassinato, eu fico com Maurício e continuo fazendo o que quero com ele. Em troca, não o entrego às autoridades por adulterar evidência. Acho que seria muito mais útil para Maurício, além de evitar vários crimes.
‒ Que evidência? ‒ Alexandre exigiu. Seus olhos estavam arregalados, e Mau podia ver um brilho de medo.
‒ Antes de conhecer Maurício, reservei um tempo para fazer minha pesquisa ‒ disse Caio com cuidado. ‒ Eu nunca faço nada sem estar totalmente preparado. Verificação de antecedentes, associados conhecidos, trabalhos. Também li o arquivo do caso que está registrado no SSPD pelo assassinato de Alana Melo. Li todos os detalhes. Engraçado, no entanto. O relatório oficial diz que o carro dela foi jogado pra dentro do córrego, mas seu relatório diz que Alana dormiu no volante e encerrou como inconclusivo.
O suor começou a escorrer pela testa de Alexandre, mas ele não disse nada, então Caio continuou.
‒ Tenho certeza que já ouviu falar de Vovó. ‒ Resmungou Caio. ‒ Senhora muito adorável, boleira de mão cheia. Você sabia que ela fez cópias de todos os arquivos que transcreveu para a Secretaria de Segurança de São Paulo enquanto trabalhava lá? Não foi difícil obter uma cópia do relatório original. Você sabe, o relatório que está na sua caligrafia que inclui o laudo da perícia do mecânico.
A mandíbula de Alexandre estava apertada.
‒ E, no entanto... ‒ Caio ofegou, clicando em sua língua enquanto espalhava o arquivo sobre a mesa entre eles. ‒ ...você continuou e apresentou o relatório pela segunda vez, mas desta vez sua história mudou. Todo o relatório da perícia mecânica do carro desapareceu.
‒ Eu estava tentando proteger minha jurisdição ‒ disse Alexandre calmamente, olhando severamente para Caio.
‒ Oh, um segundo ‒ disse Caio, alcançando a caixa ao lado dele. ‒ Veja, eu pensei que você poderia dizer isso. ‒ Ele trouxe uma pilha de arquivos, pelo menos uma dúzia, largando-os na mesa com um barulho alto. ‒ Você estava tentando proteger sua jurisdição quando alterou todos esses relatórios também?
‒ Seu filho da puta... ‒ Alexandre recostou-se na cadeira.
Caio parecia triunfante, dizendo docemente ‒ Decidi parar em uma década, parecia um bom número. ‒ Ele sorriu para Maurício antes de voltar seu olhar gelado para Alexandre. ‒ Em pelo menos dezenove casos, posso provar que você alterou as evidências para fazer prisões.
‒ Cada um desses homens era culpado. ‒ Desafiou Alexandre apaixonadamente. ‒ Eles eram vagabundos de baixa vida, assim como você, que conseguiram vencer o sistema várias vezes. Tudo o que fiz foi garantir que a justiça fosse cumprida.
‒ E Alana? Ele era outro desprezível? E você só tinha que ter certeza de que a justiça seria executada? Ou você teve alguma motivação adicional?
‒ O que você está implicando? ‒ O delegado estalou.
‒ No passado, a família Sartori, a mando da matilha Stevenko, fez várias contribuições, hummm, a DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa). ‒ Caio riu com carinho. ‒ Alguns dos nomes desses arquivos pareciam muito familiares para mim. Comecei a perceber um padrão bastante distinto.
‒ Foda-se, Caio.
‒ Eu vou passar, mas que tal você me falar sobre Alana. Você recebeu ou não uma grana por adulterar a investigação?
‒ Mesmo se eu fizesse... ‒ Alexandre enfureceu. ‒ ... isso não mudaria os fatos. Alana iria começar uma guerra. Eu protegi minha cidade.
Mau se contorceu, a raiva de Alexandre pulsando o próprio ar na sala.
‒ Como você pode ter tanta certeza? ‒ Empurrou Caio, nunca vacilando.
‒ Porque Alana me ligou na noite em que foi assassinada.
Todo o oxigênio pareceu drenar, Maurício ficou sem fôlego enquanto encarava Alexandre. ‒ Ela... te ligou? Por que?
‒ Você não precisa saber ‒ disse Alexandre com firmeza, mesmo quando seus lábios começaram a tremer.
‒ Ah, mas acho que sim. ‒ Resmungou Caio. ‒ Se você não nos contar agora, levarei esta bela pilha de evidências para a estação de notícias mais próxima. Terei até a gentileza de levá-los para a sua filha. Tenho certeza que ela adoraria isso.
Alexandre inclinou a cabeça para o céu, piscando para conter as lágrimas.
‒ Hmmm, 'Detetive ganhava propina para fazer prisões ilegais'. ‒ Sugeriu Caio. ‒ Acho que é uma boa manchete, não é? Ah bem. Suponho que devemos deixar a filha jornalista escolher.
‒ Tudo bem. ‒ Alexandre assobiou. Ele estava imóvel, falando devagar e definindo cada sílaba enquanto recordava velhas memórias, dizendo ‒ Eu sou o contato humano na homicídios. Em cada geração, alguns humanos são escolhidos para serem a ponte entre os sobrenaturais e os humanos. Ela me ligou da casa. Dizendo que Tony tinha deixado uma coisa pra ela e que ela daria pra você ou deixaria pra alguém que você reconheceria...
‒ Ela estava indo pra Secret falar comigo na mesma noite em que ela foi assassinada. ‒ Interrompeu Caio bruscamente. ‒ Você não achou nada no carro e quando soube do meu acordo com Maurício, revirou o apartamento dele.
‒ Eu sabia que ela tinha apadrinhado Maurício e sabia que o anel do Tony estava desaparecido ‒ disse Alexandre, irritado por ter sido interrompido.
Caio fez uma careta, sacudindo os dedos em aborrecimento para Alexandre continuar.
‒ Ela me ligou. Alana disse que estava seguindo antigos protocolos ao me ligar. Ela não sabia da ligação da DHPP com os Stevenko. E antes de desligar ela disse que sabia que eu tinha iludido Maurício com promessas doces, mas ele nunca seria meu de qualquer maneira. ‒ Ele fechou os olhos, as lágrimas caindo livremente pelo rosto.
O coração de Maurício se retorceu, se pendendo em cada palavra de Alexandre.
‒ Assim que desliguei Alana, liguei pro meu contato na família Sartori. ‒ Alexandre respirou fundo, seus ombros tremendo quando um peso de uma década foi finalmente levantado. ‒ Meu contato disse que se livraria dela e eu deveria procurar o anel de Tony. Porque se ele caísse em suas mãos uma guerra iria começar.
‒ Quando eu li o relatório da perícia eu fiquei revoltado com o grau de descuido de quem tinha sabotado o carro de Alana. Se Estebán lesse aquilo, aí sim uma carnificina iria acontecer nas ruas de São Paulo. ‒ Continuou Alexandre, com a voz trêmula. ‒ Eu fiz o que tinha que fazer. E sim, eu invadi o apartamento onde Maurício está morando. Se eu achasse o anel eu o manteria a salvo e o tiraria desse acordo de merda.
‒ Não. ‒ Mau chorou, balançando a cabeça descontroladamente. Ele não sabia se chorava por ele, por Alana, por Danilo, pelo Zeca... por todos eles...
‒ Maurício. ‒ Começou Caio, tentando acalmá-lo. ‒ Respire Maurício. ‒ Ordenou Caio, seu tom firme e suave.
Mau chorou mais, tremendo por todo o lado. Talvez Alexandre estivesse certo... talvez Alana...
Não! Ninguém merecia uma morte assim. Nem se fosse pra salvar a humanidade. Quem essas pessoas pensam que são?
Maurício lentamente começou a se acalmar, respirando fundo. Ele não se importava com o que Alexandre dizia. Alana não merecia morrer.
Segurando Mau perto, Caio gentilmente esfregou as costas, nem se importando com a umidade que Maurício estava deixando por toda a camisa. Ele olhou para Alexandre com expectativa, acenando para ele continuar.
‒ Quando os Sartori me contataram para manter o caso como um acidente, eu nem perguntei o porquê. ‒ Alexandre suspirou, estendendo as mãos, olhando para Maurício sem uma pitada de arrependimento. ‒ Não foi a primeira vez que eles me pediram para fazer algo assim... e tudo que já fiz ajudou a colocar homens culpados atrás das grades.
‒ Todos os homens que também eram inimigos da família Sartori ou Stevenko ‒ disse Caio secamente. ‒ Você não achou estranho?
‒ Se eu fizesse perguntas, começariam a falar sobre a escola que minha filha frequentava ‒ disse Alexandre calmamente. ‒ Fiz o que tinha que fazer e estava colocando homens maus na prisão. Quando você assumiu o centro, tudo isso parou. Nunca mais ouvi falar dos Sartori.
‒ Quem entrou em contato com você da família Sartori? ‒ Exigiu Caio. ‒ Preciso de um nome, delegado.
‒ Giovani Rosso. ‒ Respondeu Alexandre derrotado.
O queixo de Caio se contraiu. Ele conhecia o nome. Seus lábios se esticaram em um sorriso triste, perguntando timidamente ‒ Diga-me, Delegado Alexandre Duarte. Você gostaria de me ajudar a pegar um assassino?
**
Olá lobinhes,
decobrimos mais um pouco sobre a personalidade da Alana, mãe do Dan e do Zeca. a mulher era fogo. hahahaha.
o cerco está fechando. e o casal se firmou... hmmmm. hehehehehe. O que será que eles vão aprontar pra pegar o cara?
estão gostando? clica na estrelinha. deixe seu comentário.
bjokas e até a próxima att.
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