Capítulo 32
Capítulo 32
Alexandre pareceu confuso por um momento antes de dizer devagar ‒ Se você não cooperar, não vai me deixar escolha. Qualquer um de vocês. Estou tentando dar uma chance de fazer a coisa certa aqui.
‒ Pena que não podemos ajudá-lo ‒ disse Dante com um encolher de ombros. ‒ Nós não vimos nada.
‒ Não. ‒ Concordou Maurício, decidido. Ele não trairia Caio, principalmente para Alexandre. ‒ Nada.
Alexandre começou a discutir novamente, mas houve uma comoção lá fora que chamou sua atenção. O oficial que estava na porta estava se afastando, obviamente aterrorizado e frenético.
‒ Você... você não pode entrar lá. ‒ Protestou o policial fracamente.
‒ Então tente me parar. ‒ Rosnou uma voz de veludo que fez Mau estremecer em seus ossos.
O próprio Scarafaggio estava aqui, vários Signori logo atrás dele.
Laerte, Francesco e Téo.
Caio intimidou o policial, empurrando a porta, os olhos arregalados e os dentes à mostra, procurando por Maurício. Quando seus olhos se encontraram, Mau pôde sentir a eletricidade estalando no ar como raios atingindo a terra.
‒ Caio. ‒ Maurício se pegou sussurrando, sentando-se reto na cama. Houve um momento lá atrás, onde ele pensou que nunca iria ver Caio novamente, feliz agora que estava tão errado.
‒ O próprio homem. ‒ Alexandre zombou com desprezo aberto. ‒ Estou no meio de uma declaração, você precisa sair.
O rosto de Caio suavizou-se por um breve momento, enquanto olhava para seu garoto, o alívio lavando-o com uma expiração lenta. Seu corpo relaxou e ele caminhou vagarosamente até Mau.
‒ Ei! Todo mundo pode ter medo de você, mas eu não tenho ‒ disse Dr. Alexandre, acompanhando cada movimento de Caio Marchetti.
Caio sentou na beira da cama de hospital, mãos enluvadas tocando o rosto de Maurício. Ele estava ignorando completamente os outros ocupantes da sala, principalmente Alexandre Duarte. ‒ Você está bem?
‒ Estou bem ‒ disse Mau, sorrindo calorosamente enquanto suas mãos descansavam sobre as de Caio.
Caio Marchetti se inclinou para frente e deu um beijo suave na testa de Maurício. A tempestade que estava se formando em seus olhos estava mais calma agora, um sorriso amoroso tocando em seus lábios.
Mau desejou que estivessem sozinhos. Tudo o que ele conseguia pensar era em ter aqueles lábios perversos beijando os dele e aquelas mãos enluvadas enrolando em várias partes de sua anatomia. Caio estava preocupado com ele, isto podia dizer, e tê-lo sendo tão abertamente afetuoso fez seu coração doer de desejo.
‒ Muito emocionante e tudo, mas agora você está interferindo em uma investigação policial em andamento. ‒ Retrucou Dr. Alexandre, impaciente.
O calor que residia na expressão de Caio desocupou imediatamente, seus olhos se estreitando quando ele se virou para finalmente se dirigir ao delegado. ‒ Dr. Alexandre. ‒ Ele falou demoradamente. ‒ Acho que é hora de você ir embora.
Alexandre zombou com nojo, mordendo de volta ‒ Não vou a lugar nenhum.
Caio levantou lentamente, e Maurício podia vê-lo visivelmente estremecer de raiva, apesar de sua expressão fria.
Recostando-se na cama, Mau curvou ansiosamente os dedos nos lençóis. Era como assistir dois titãs circulando uma arena de gladiadores, esperando para ver quem tiraria o primeiro sangue.
‒ Oh, mas você vai. ‒ Caio assegurou friamente, entrando suavemente no espaço de Alexandre. ‒ Agora mesmo.
‒ Seu arrogante, filho da...
‒ Você está indo embora ou vou chamar meus bons amigos da imprensa e contar a eles tudo sobre como você tem perseguido duas vítimas inocentes. ‒ Ronronou Caio, seus olhos nunca deixando os de Alexandre.
‒ Isso é bem baixo, até para você. ‒ Cuspiu o delegado com nojo.
‒ Mmm, não, baixo seria dizer a você que acho os apartamentos no Portal do Morumbi adoráveis. ‒ Provocou o gângster, predatório quando os olhos de Alexandre Duarte se arregalaram.
‒ Você... você acabou de ameaçar minha filha? ‒ Alexandre rosnou furiosamente, sua mão começando a apontar para a arma no quadril. ‒ Você é um filho da puta ‒ o delegado continuou furioso. A mão pairando sobre a arma enquanto olhava para Caio. ‒ Vai se arrepender disso.
‒ Tudo o que fiz foi comentar sobre condomínio chique de apartamentos ‒ disse Caio com um sorriso encantador. ‒ Você está prestes a apontar a arma para um homem desarmado com várias testemunhas.
Alexandre congelou, parecendo lembrar que as cortinas estavam abertas e os Signori os observavam. Téo tinha o rosto pressionado contra o vidro, olhando para dentro. Ele sorriu e acenou quando o delegado olhou em sua direção. Laerte o virou.
Alexandre deixou a mão cair ao lado do corpo, os dedos se fechando com força. ‒ Isso não acabou. ‒ Prometeu.
‒ Espero que não. ‒ Caio concordou com um sorriso desagradável.
‒ Eu estaria bem dentro do meu direito de manter os dois sob prisão temporária por atrapalhar as investigações de um crime. ‒ Retrucou Alexandre. ‒ Eu poderia ficar com eles. Indefinidamente.
‒ Na verdade... ‒ Maurício falou, estreitando os olhos. ‒ ... você está se referindo ao Artigo 2º do lei 7960? A lei de prisão temporária? Desculpa. Isso não se aplica aqui, Alexandre. Antes de tudo, eu e o Dante somos vítimas e, a menos que tenha fortes indícios que somos criminosos não sei se vai colar com o Juiz. Em segundo lugar? Você só pode nos deter por 10 dias no máximo e se o Juiz for convencido de que podemos fugir do país, ou coisa assim. Dante e eu moramos aqui na cidade, estamos ambos empregados com muito trabalho e não lhe damos nenhuma indicação de que fugiríamos. Você nunca faria um juiz acreditar que qualquer um de nós seria um fugitivo.
O queixo de Alexandre caiu.
Caio nunca pareceu tão orgulhoso.
‒ Tentar nos prender seria inconstitucional. ‒ Continuou Mau, mantendo a cabeça erguida. ‒ Algo mais, tenho certeza de que o pessoal dos Direitos Humanos adorariam ouvir tudo.
‒ É isso aí, caralho! ‒ Damien aplaudiu.
Alexandre estalou os dentes, encarando com raiva quando falou ‒ Tudo bem. É assim que você quer, tudo bem. Você fez sua cama, agora terá que dormir nela.
‒ Oh, confie em mim... ‒ disse Caio maliciosamente. ‒ ... ele dorme na minha cama muito bem.
A mão de Alexandre se contraiu como se fosse pegar sua arma novamente. Ele se virou, caminhando sem palavras em direção à porta.
‒ Tenha uma tarde adorável, delegado. ‒ Caio riu, vendo Alexandre ir embora. Seus olhos voltaram para Maurício. ‒ Isso... foi impressionante.
‒ Obrigado. ‒ Maurício disse timidamente, certo de que sua cabeça estava roxa com toda a atenção.
Caio Marchetti voltou para a cabeceira, tocando suavemente a bochecha de Mau. ‒ Você continua a me surpreender, garoto.
Maurício ficou mais vermelho, apoiando-se na palma de Caio.
‒ Ei, você. ‒ Demi disse. ‒ Caio..
O gângster, franziu a testa, virando a cabeça para olhar Damien.
‒ Você e eu precisamos conversar um pouco ‒ disse Demi, franzindo as sobrancelhas espessas.
‒ Agora? ‒ Caio parecia divertido.
‒ Sim, com certeza ‒ disse Damien, prestes a abrir sua boca grande e certamente se meter em um monte de problemas.
Mas então houve outra onda de atividades no corredor, todos os Signori cumprimentando alegremente um borrão de salto e glitter, uma voz açucarada falando um pouco alto demais ‒ Onde diabos ele está?
Roberta estava na porta agora, com o rosto vermelho de tanto chorar, as mãos sobre o coração enquanto elu gritava ‒ Oh, meu Deus! Estava tão preocupada! Ouvi dizer que você foi baleado e, e, porra, meu Deus! Olhe para você, coitadinho!
Maurício suspirou, sorrindo gentilmente. ‒ Eu estou bem, sério! Apenas um arranhão!
Rô veio saltitando do outro lado da sala, fungando ‒ Eu estava preocupada, fodidamente doente!
‒ Sério, estou bem! ‒ Mau insistiu, piscando de surpresa quando elu passou por sua maca e se arrastou na cama ao lado de Dante.
Ninguém parecia mais atordoado do que o próprio Dante, passando o braço bom pelos ombros de Roberta, reconfortante. ‒ Ei, vamos lá. Estou bem.
‒ Você salvou a vida do Mau. ‒ Rô murmurou, passando as unhas compridas pelos cabelos de Dante. ‒ Você é um herói, querido.
‒ Um ótimo herói. ‒ Dante concordou, sorrindo estupidamente. Ele parecia ter morrido e ido para o céu, exceto por saber que o chefe estava ali olhando para ele.
Caio não parecia particularmente satisfeito com sua irmã bajulando o pianista, mas não disse nada a eles. Olhou para Maurício, perguntando ‒ Pronto em ir para casa?
‒ Casa? Você quer dizer... sua casa? ‒ Mau esclareceu.
‒ Quero dizer exatamente o que disse ‒ disse Caio simplesmente. ‒ À luz de circunstâncias recentes, seu apartamento não é seguro. No futuro próximo, você ficará comigo. ‒ Ele inclinou a cabeça com curiosidade. ‒ A menos que tenha um problema com isso?
‒ Uh, não. ‒ Maurício guinchou, limpando a garganta e acrescentou ‒ Não há problema algum.
‒ Ei, tenho um grande problema. ‒ Demi interrompeu de repente. ‒ Maurício levou um tiro do caralho, enquanto você supostamente estava cuidando dele, caso já tenha esquecido.
A expressão agradável de Caio vacilou, e ele torceu o nariz levemente com a objeção do demônio, dono da maior agência de informações do submundo de São Paulo. ‒ Sr. Damien, não é? Avisarei quando sua opinião for necessária. Enquanto isso...
‒ Escute aqui, grande, alto e feio filho da puta. ‒ Demi rosnou, sacudindo um dedo grosso para ele. ‒ Você pode ser a merda do Sacarafaggio, mas Maurício é um amigo importante pra mim.
CAio olhou para Damien com partes iguais de entendimento e aborrecimento, como se ele fosse o amado animal de estimação da família', que se tornara chatinho depois de velho e tivesse acabado de fazer xixi no tapete caro da sala de estar.
‒ Se algo acontecer com ele, não tem Nanos ou Micas o suficiente para salvá-lo de mim. ‒ Continuou Demi, seu corpo forte tremendo e exalando um certo calor sulfúrico. ‒ Vou te mandar tão rápido e tão fundo pros quintos dos infernos que vai demorar uns cem anos pra sair daquele fosso, está me ouvindo?
‒ Embora essa seja uma imagem muito colorida da violência que está pintando, estou...
‒ Ainda não terminei. Se seus capangas conseguem me matar antes que eu mate você? Eu assombrarei sua bunda magra. Também não serei nenhum desses fantasmas fofos e confusos tipo Patrick Swayze fazendo cerâmica de madrugada.
O canto da boca de Caio se contraiu, e Maurício estava honestamente com medo do amigo.
‒ Vou acenar meu pau grosso na sua cara do caralho pelo resto dos seus dias, até que você queira explodir sua porra do cérebro. Se você abrir os olhos, tudo o que verá é o meu pau na sua frente. ‒ Prometeu Demi. ‒ Então é melhor cuidar do Maurício. É melhor não o deixar se machucar de novo, seu idiota presunçoso, ou então vou mandar tudo pra casa do caralho. ‒ Ele engoliu audivelmente, acrescentando baixinho ‒ Tudo com muito respeito, claro.
Mau olhou nervoso para Dante e Roberta, que pareciam tão em pânico quanto ele, antes de olhar rapidamente para Caio. Ele não conseguia ler o rosto do gângster, sem saber exatamente como ele reagiria à explosão de Damien.
‒ Não sonharia com isso ‒ disse Caio após uma longa pausa, estendendo a mão em direção a Demi.
Damien estava mais aliviado do que qualquer outra pessoa, exalando bruscamente quando apertou a mão de Caio. Ele ficou instantaneamente atrapalhado por sua aparente vitória, batendo os lábios e rindo ‒ Sim, não se esqueça. Assombrando. Com meu pau. Na sua cara.
‒ Não poderia esquecer isso nem se tentasse. ‒ Resmungou Caio, olhando para Maurício com um pequeno sorriso. ‒ Garoto, você tem os amigos mais charmosos.
Mau sorriu docemente, concordando de todo coração. ‒ Sim, eu tenho certeza.
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