Capítulo 27
Capítulo 27
Rastejando para dentro do carro com a ajuda de Roberto e Jonas, Maurício se esticou no banco de trás. Ele abaixou a cabeça no colo de Beto, jurando para si mesmo que nunca mais iria beber.
‒ Onde estamos indo? ‒ Ele perguntou entorpecido.
‒ Pra casa ‒ disse Roberto, gentilmente acariciando os cabelos de Mau. ‒ Estamos indo pra casa.
A porta do automóvel abriu, Mica entrou gritando ‒ Vamos, Jonas! ‒ Ele se sentou em frente.
O carro decolou, Maurício gemendo quando seu estômago revirou em protesto.
Mica pegou um balde de champanhe vazio, empurrando-o para Mau enquanto dizia ‒ Aqui.
‒ Obrigado. ‒ Maurício murmurou, empurrando o rosto para ele. O metal estava frio contra sua pele quente, engolindo uma faixa de bílis tentando rastejar em sua garganta.
‒ Então, você era protegido da Cortesã.
‒ Quem? ‒ Maurício olhou para o assassino, franzindo a testa.
‒ Alana. ‒ Respondeu Mica. ‒ A Cortesã.
‒ Eu... eu nunca me imaginei um protegido dela. ‒ Mau deu um arroto alto. Ele tossiu, murmurando ‒ Desculpe.
Mica não parecia se importar. ‒ Sim. Madame Dalila não faz caridade e muito menos treina humanos com muita frequência. A indicação de Alana, por você ser amigo do filho dela, deve ter aberto aquela porta emperrada. Mas, ela tinha essa tendência a ajudar sem ser percebida.
‒ Ela já te ajudou? ‒ Maurício perguntou curiosamente.
‒ Não, mas eu pedi a ela alguns favores. ‒ Ele respondeu com uma risada sombria.
Maurício sentiu-se mal de novo.
‒ Alana era uma boa mulher, um pouco excêntrica, mas legal ‒ disse Mica, com uma expressão de admiração.
‒ Sou amigo do Danilo desde a escola, e nunca entendi a relação deles. ‒ Mau suspirou no balde. ‒ Essa pessoa que você descreveu não se parece com a Alana que meu amigo me contou. ‒ Uma mãe amarga que fez de tudo para o filho odiá-la e sair de casa, mas ele não disse isso em voz alta.
‒ As cortesãs são diferentes das prostitutas. No mundo sobrenatural elas são equivalentes a um mediador. Suas casas são territórios neutros. ‒ Mica acrescentou tentando dar a Maurício uma visão mais ampliada das coisas.
‒ Você acha que ela tentou nos proteger?
‒ Tenho certeza. ‒ Mica bufou. ‒ Confie em mim, garoto. Sei como age um traidor. Alana? Pode não ter tomado as melhores decisões, mas não queria prejudicar ninguém.
‒ Obrigado. ‒ Mau achou o comentário estranhamente tranquilizador. Ele fechou os olhos, tentando não vomitar mais, deixando as longas unhas de Roberto arrastando-se pelo couro cabeludo para acalmá-lo.
‒ Você está bem? ‒ Mica perguntou, falando com Beto.
‒ Estou bem. ‒ Elu respondeu suavemente, como se pensasse que Maurício poderia estar dormindo.
‒ Sua comanda do bar diz o contrário. ‒ Ele falou, claramente não acreditando nele.
‒ Você tem um problema com isso, Mica?
‒ Problema nenhum, apenas preocupado.
‒ Obrigado, mas estou bem.
Eles não disseram outra palavra até chegarem na propriedade de Caio.
‒ Acorde, acorde, meu bebê bêbado. ‒ Roberto disse, esfregando suavemente o ombro de Mau. ‒ Vamos levá-lo para dentro e melhorar tudo.
Maurício choramingou como uma criança petulante. ‒ Porra, nunca mais vou beber de novo.
‒ Todo mundo diz isso depois de um porre. ‒ Beto riu, ajudando-o a se sentar e sair do carro com a ajuda de Mica.
Eles entraram pela porta da frente, cada um com um braço em volta de Maurício, arrastando-o pelo vestíbulo e entrando em uma pequena sala de estar. Sentando-o em uma cadeira, Roberto deu um tapinha em sua cabeça e disse ‒ Fique aí, querido. Nós vamos falar com Ném, ok?
Mau pressionou as mãos no rosto, balançando a cabeça lentamente. A sala inteira estava girando, e ele realmente não queria ficar de pé por muito mais tempo. ‒ Ok.
Ele ouviu os calcanhares estalando quando elu partiu. Fechando os olhos, tentou afastar a náusea o mais forte que pôde, afundando na cadeira. Então percebeu que podia ouvir vozes em algum lugar próximo.
Os Signori estavam todos aqui. Eles não pareciam felizes.
**
‒ Você mutilou um dos meninos Sartori? ‒ Um grito repugnante de Francesco.
‒ Apenas quebrei o braço dele, deveria estar agradecido por não termos deixado seus corpos em uma vala de merda. ‒ Mica disse bravo.
‒ Eles não deveriam estar lá, porra! Agora que Mike voltou, todos estão ficando arrogantes pra caralho. Era a voz de Laerte, talvez. ‒ Três correios foram levados hoje, todos por Sartori.
‒ Nós vamos lidar com isso. ‒ Caio, suave e calmo como sempre.
‒ Devemos matar todos eles. ‒ A voz desagradável de Carlo estalou, alto e furioso. ‒ Parecemos fracos sentados como idiotas! Um desses correios era meu! Eles têm toda a sua carga! Mais de cem mil!
‒ Não vou permitir que sejamos arrastados em uma guerra para apaziguar seu orgulho ferido. ‒ Respondeu Caio com frieza.
‒ Eles agrediram seu irmão, seu garoto! O que é preciso para você agir?
‒ Calma, Carlo. ‒ Ronronou Caio, tão baixo que Maurício teve que se esforçar para ouvi-lo. ‒ Eu já ouvi falar de Mike. Ele pede desculpas mais humildes pelos mal-entendidos que tivemos hoje. Ele quer marcar uma reunião, ambas as famílias juntas para um pequeno piquenique.
‒ Besteira. ‒ Murmurou Mica.
‒ Por que estão tentando atrapalhar a paz agora? ‒ Outra voz entrou, inteligente, rápida. Pietro. ‒ É por causa de Rico? Eles realmente acham que você vai gostar disso? O que a homicídios tem contra você?
‒ Não é o suficiente, ou já teriam me prendido. ‒ Respondeu Caio presunçosamente.
‒ Não vou deixar isso acontecer. ‒ A voz de Roberto soou. ‒ Se eles tentarem, eu direi a eles...
‒ Você não fará nada. ‒ Estalou Caio de repente. ‒ Eu cuido disso.
‒ E o Delegado Alexandre? ‒ Pietro pressionou.
‒ Maurício não sabe disso, mas ele me deu exatamente o que preciso para cuidar de nosso querido policial de uma vez por todas ‒ disse Caio com uma risada muito satisfeita. ‒ Nano acabou de ver Vovó hoje cedo, não é, Nano.
‒ Claro que sim. ‒ Nano murmurou. ‒ Ela fez biscoitos. Os de manteiga de amendoim com os gotas de chocolate.
‒ Adorável ‒ disse Pietro, e Mau praticamente podia ouvi-lo revirando os olhos.
‒ E os Sartori? ‒ Carlo exigiu, sempre inquieto.
‒ Mais tarde ‒ disse Caio rapidamente, sua voz se aproximando, e agora Maurício podia ouvir seus passos. ‒ Certifique-se de que todos os correios tenham escolta armada e coloque homens extras no banco. Mas ninguém faz nada até que eu tenha me encontrado com Mike.
‒ Mas... ‒ Carlo protestou, mas ficou em silêncio imediatamente, sem dúvida tendo recebido um olhar mortal de proporções épicas de Caio. ‒ Ok.
‒ Agora, todos vocês. ‒ Comandou Caio. ‒ Vão.
Mau ouviu uma corrida de passos quando todos começaram a sair, a porta da frente se fechando.
‒ Devia colocar uma bala nele. ‒ Nano rosnou.
‒ Ainda não. ‒ Respondeu Caio calmamente.
‒ Só os correios dele que foram "roubados". ‒ Roberto refletiu.
‒ Eu tenho tudo sob controle ‒ disse Caio, sua voz mais firme. ‒ Vamos.
‒ Precisa de uma mão, chefe? ‒ Nano ofereceu, rindo alto. Caio deve ter dito que sim, porque agora Maurício podia ouvir dois pares de pés se aproximando.
‒ Cuide bem dele. ‒ Roberto ordenou. ‒ Ele teve uma noite de merda.
‒ Mmhmm. ‒ Resmungou Caio. ‒ Boa noite, Rô.
‒ E eu quis dizer o que disse. Se eles tentarem prendê-lo, não vou deixa-lo voltar para a cadeia ‒ disse elu, desafiador, o estalido dos calcanhares desaparecendo enquanto subia as escadas antes que Caio pudesse responder.
‒ Inferno de um irmão ‒ disse Nano carinhosamente.
‒ Inferno de uma dor na minha bunda. ‒ Respondeu Caio.
‒ Isso também. Vamos lá. Vamos pegar seu garoto.
**
Maurício abriu os olhos devagar quando ouviu barulho na frente dele, encarando Nano e Caio com um aceno alegre. ‒ Oi!
‒ Ei, pequeno. ‒ Nano bufou com um sorriso. ‒ Se divertiu?
‒ Fiquei sufocado e depois vomitei por toda a calçada. Talvez no carro. Não me lembro.
‒ Parece um momento divertido para mim. ‒ Nano riu, estendendo a mão e pegando Mau nos braços como se ele fosse um bebê. ‒ Vamos lá.
Caio os levou para o quarto, dizendo a Nano ‒ Eu o pego daqui.
‒ Vocês, crianças, tenham uma noite adorável. ‒ Nano murmurou baixinho, colocando Maurício gentilmente na beira da cama e saindo.
‒ Tchau, Nano! ‒ Mau acenou. Ele sorriu estupidamente para Caio. ‒ Oi.
‒ Você está bem? ‒ Caio perguntou uma vez que estavam sozinhos. A preocupação estava abertamente escrita em todo o rosto enquanto tocava suavemente o pescoço de Maurício.
‒ Está tudo bem, estou bem ‒ disse Mau, balançando a cabeça. ‒ Apenas... apesar do tanto que vomitei, ainda estou meio bêbado.
Caio começou a despir Maurício lentamente, desfazendo os primeiros botões da camisa. Ele ergueu a sobrancelha, dizendo-lhe severamente ‒ Você vai tomar um banho quente e depois provavelmente comer alguma coisa. Se vomitar na minha cama, não vou ficar feliz.
‒ Não vou. ‒ Prometeu Mau, apoiando-se pesadamente nas mãos de Caio. ‒ Quero dizer, vou me esforçar muito para não o fazer.
Caio bufou, ajoelhando-se para desatar os sapatos de Maurício.
Mau olhou para ele, perguntando, hesitante ‒ O que você quis dizer... o que quis dizer com eu lhe dei o que você precisava para pegar Alexandre?
‒ Bisbilhotando, não é? ‒ Caio começou a tirar as meias de Maurício.
‒ Não pude evitar ‒ disse Mau. ‒ Não é como se vocês estivessem falando em código! Eu só quero saber... Quero ter certeza de que você não vai machucá-lo.
‒ Não vou ‒ disse Caio, levantando-se e puxando a camisa de Maurício por cima da cabeça, em vez de se preocupar com o resto dos botões. ‒ Fizemos um acordo, lembra? Nenhum dano físico será feito contra o Delegado Alexandre, mas vou garantir que ele nunca mais me incomode ou a minha família.
‒ Como será isso? ‒ Maurício insistiu, fazendo beicinho.
‒ Alexandre Duarte é um mentiroso, e agora tenho provas ‒ disse Caio, dedos rápidos puxando as calças e suspensórios de Maurício. ‒ Isso é tudo que precisa saber.
Mau continuou fazendo beicinho, mexendo os quadris quando Caio terminou de despi-lo. Ele tirou a corrente com o anel e decidiu brincar com o anel no dedo. Quando o anel entalou ele tentou tirar com os dentes enfiando o dedo na boca – O que foi? – disse arrastando o anel com os dentes.
‒ Nada ‒ disse Caio, com os olhos ainda fixos nos lábios de Maurício.
Mau finalmente conseguiu tirar, colocando-o na mesa de cabeceira com um tinido suave.
‒ Onde conseguiu esse anel? ‒ Caio perguntou, como se estivesse falando com um animal assustado.
‒ Alana ‒ disse Maurício, grunhindo quando Caio o levantou. ‒ Parece que ela me deixou isso como um amuleto ou algo assim.
‒ E se eu quisesse lhe oferecer um acordo?
‒ Outro? ‒ Mau riu, sorrindo com facilidade e descaradamente apoiando as mãos nos quadris de Caio. ‒ Não temos acordos suficientes?
‒ Pelo anel ‒ disse Caio, gentilmente afastando as mãos de Maurício. ‒ E se eu perdoasse toda a sua dívida?
O coração de Mau parou no local, horrorizado. Sem dívidas significava não mais arranjos, o que significava não mais noites juntos. ‒ Por que você faria isso?
‒ Não é uma oferta generosa? ‒ Caio perguntou, erguendo a sobrancelha.
Muito amolecido pelo álcool para fingir que não estava chateado, Maurício sentiu-se instantaneamente ferido. ‒ E é isso? Um toque e está tudo acabado?
‒ Não percebi que o anel significava muito para você. ‒ Respondeu Caio com amargura.
‒ Você significa muito para mim. ‒ Mau protestou apaixonadamente, de pé e olhando friamente para Caio, enquanto suas tripas se agitavam e suas pernas tremiam.
Caio pareceu surpreso, as mãos apoiadas nos ombros de Maurício para firmá-lo. Os olhos dele se estreitaram, a expressão escurecendo. ‒ Garoto, acho que está esquecendo o que é isso... entre nós. Isso é negócio.
‒ Você é tão cheio de merda. ‒ Desafiou Maurício.
‒ Desculpe? ‒ Os dedos de Caio se contraíram levemente, apertando os ombros de Mau um pouco mais.
‒ Você está cheio de merda. ‒ Maurício repetiu sem hesitar.
‒ Garoto, você está bêbado.
‒ E você é um idiota!
‒ Cuidado com a boca. ‒ Caio assobiou. ‒ Estou disposto a ignorar o seu comportamento intoxicado, mas...
‒ Por que você não pode simplesmente dizer isso? ‒ Maurício implorou, seus olhos começando a lacrimejar. ‒ Apenas admita que tem sentimentos por mim! Alguma coisa! Qualquer coisa!
Mão estalando ao redor do pescoço de Maurício, Caio rosnou furiosamente: ‒ Não há nada para admitir! Você é um corpo sexy e uma boca quente. Nada mais. Aceite o acordo.
Mau zombou e agarrou o pulso de Caio, as narinas dilatando quando cuspiu ‒ Você é um idiota e um mentiroso!
Caio puxou Maurício para perto, tão perto que a respiração deles se misturou, seus olhos gelados queimando de raiva, mas Mau se recusou a recuar, apertando o pulso de Caio com mais força. ‒ Não sei por que continua tentando me machucar, você sabe que eu não acredito em uma palavra do caralho. Só porque você é covarde demais, eu não...
‒ Seu filho da puta estúpido. ‒ Caio fervia, dando uma sacudida em Maurício. ‒ Você não entendeu? Você poderia ter sido morto hoje à noite!
Os olhos de Maurício se arregalaram. Com a verdade bem na frente dele, não havia como recuperá-la. Caio se importava. Ele se importava muito. Ele tinha medo por ele.
Com a mandíbula aberta, Mau percebeu horrorizado que Caio estava certo. Os homens que atacaram ele e Roberto poderiam ter feito muito pior. E se Mica não estivesse lá, e se os seguranças não fossem rápidos o suficiente, e se...
E se tivessem uma arma?
Maurício sabia que deveria aceitar o novo acordo e fugir o mais longe que pudesse. Ele seria um alvo se ficasse com Caio. Ele poderia manter o emprego no clube, cantar por alguns meses, economizar seu dinheiro. Ele poderia arrumar sua vida, trabalhar para pagar sua dívida com Demi e nunca mais ver o gângster.
Mas ele não conseguia.
**
Olá lobinhes,
eita!!! como o Caio vai contornar esse rompante!! hahahaha. descongela seu coraçãozinho, senhor gângster. Maurício só teve essa coragem pq tava bêbado. hahahahaha.
como será o desenrolar dos acontecimentos. já tô ansiosa.
bjokas e até a próxima att.
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