Capítulo 20
Capítulo 20
‒ Por que eu não acreditaria? Você nunca mentiu para mim, Mau ‒ disse Dan, sua voz soando incrivelmente angustiada. ‒ Vamos.
‒ Não! Só quero dizer, é tão louco. ‒ Maurício riu. ‒ Estou na enorme mansão de Caio Marchetti. Eu acho que ele gosta de mim. Gostar, gostar como eu gosto dele. Quero dizer, ele quebrou o nariz de alguém por me tocar, o que é super doentio, mas acho que quis dizer isso, bem, de um jeito legal de gangster...
‒ Uou, desacelera ‒ Danilo estava atordoado.
‒ Oh! Certo! Então, aparentemente, Caio estava me usando para tentar chegar no Alexandre, por causa de toda essa coisa de Rico Bianco, mas fizemos um novo acordo! Está bem! E Deusa, tive um ataque de pânico louco pela primeira vez em anos...
‒ Maurício, caralho, vai mais devagar! ‒ Dan implorou. ‒ Pelo amor da Deusa, Mau. Respira.
Maurício seguiu as instruções, sorrindo de orelha a orelha. ‒ Oh, Dan. ‒ Sensações, um enxame de borboletas invadindo todo o seu sistema digestivo. ‒ Eu acho que estou começando a me apaixonar...
‒ Não, não e não... porra! ‒ Danilo lamentou. ‒ Porra! Mau! Será que você não está confundindo sexo com amor? Bunda e coração são coisas diferentes, Mau.
‒ Mas meu coração é maior que minha bunda! ‒ Maurício protestou, franzindo a testa quando percebeu o quão terrível isso parecia. ‒ Eu quis dizer... hum.
‒ Eu não sairia por aí anunciando isso.
‒ Saiu errado!
‒ Você acha? ‒ Danilo bufou, depois gemeu irritado começando a tossir. ‒ Traga sua bunda aqui para que eu possa colocar um pouco de juízo no seu cérebro.
‒ Não vale usar seu alfa grande e com cara de malvado. ‒ Mau disse com uma ponta de tristeza pela condição de saúde de seu amigo, quando aquele alfa cabeça dura iria dar a mordia? ‒ Você tem que convencer Estabán logo, Dan.
‒ Eu sei, Mau... Mas, ele fica pesquisando um monte de alternativa de merda que me daria mais um mês... um semestre.. Eu quero a vida inteira. Mas, me conta isso melhor. Por que você acha que o Scarafaggio gosta de você de um jeito especial?
‒ Ele confia em mim, Dan ‒ disse Maurício calmamente. Ele não precisava levantar a voz. Ele sabia que Danilo entenderia exatamente o que queria dizer e o peso que essa coisa carregava.
‒ Bem, foda-se, Mau. ‒ Danilo suspirou. ‒ Olha, vamos conversar cara a cara, ok? Venha pra minha casa.
‒ Ohh, Mau! ‒ A voz familiar de Roberta Marchetti catarolou, os nós dos dedos envolvendo a porta. ‒ Você está vestido?
‒ Vou tentar ‒ disse Maurício rapidamente para Danilo, depois gritou ‒ Sim! Um segundo! ‒ Ele voltou sua atenção para o telefone, dizendo ‒ Vou tentar chegar por aí, ok?
‒ Eu te amo, seu idiota.
‒ Também te amo ‒ disse Mau com um sorriso, acenando para Rô quando elu entrou.
‒ Awww, quem era? ‒ Rô fez um beicinho dramático. ‒ Espero que não seja ninguém com quem eu precise me preocupar.
Maurício balançou a cabeça, rindo. ‒ Deus, não. Era meu amigo, Danilo.
‒ Danilo, o ômega do alfa Zayas?
‒ Sim. Somos próximos. Ele é como um irmão para mim. É, bem, é uma longa história.
Roberta se aproximou e pulou na beira da cama. ‒ Oh, eu amo longas histórias!
Maurício olhou para o telefone. Já passava das dez horas. Ele ficou surpreso por ter dormido até tão tarde. Ele sorriu para Rô, provocando ‒ Acho que devo me preparar para o trabalho?
Roberta acenou com a mão. ‒ Pffft! Tanto faz.
Ele franziu a testa, dizendo ‒ Caio disse para não me atrasar...
‒ Uh, ele conseguiu um emprego para você comigo ‒ disse Roberta com um dramático revirar de olhos e focar as unhas. ‒ Vamos aparecer sempre que quisermos.
‒ Pra você? ‒ Maurício ficou surpreso.
‒ No meu clube ‒ disse Roberta orgulhose, parando para reconsiderar. ‒ Bem, na realidade o clube é do Ném, mas ele me deixa administrar. O Secret no centro da cidade. Já ouviu falar?
‒ Uau, sim! ‒ Mau certamente ouvira falar dele. Era um cabaré com bar popular, instalado em um teatro reformado. Ele vira as luzes do Secret a vida inteira e ficou empolgado ao saber que estaria trabalhando em um lugar que sempre admirara. ‒ Espere, o que vou fazer exatamente?
Rô deu de ombros, perguntando sem rodeios ‒ Não sei. No que você é bom?
Maurício fez uma careta, revendo mentalmente seu currículo de todo o treinamento que teve em uma das maiores casas de cortesãs do mundo sobrenatural ‒ Sei cantar, dançar vários tipos de dança, tocar alguns instrumentos, declamar, até aprendi a cerimônia do chá.
‒ OK. Encontraremos algo agradável para você. ‒ Roberta riu, batendo nos pés de brincadeira. ‒ Agora vamos lá! Vista algumas roupas malditas! Vamos tomar o café da manhã e pode me dizer como uma coisinha doce como você acabou nos Jardins Suspensos de Madame Dalila!
Mau sorriu, esperando Rô descer as escadas para que pudesse vasculhar suas compras e encontrar algo para vestir. Ele não tinha ideia de que tipo de trabalho elu iria escolher para ele, optando por uma roupa que estava em algum lugar entre elegante e casual. Jeans, tênis vintage, camiseta, com uma estampa xadrez vermelho.
Ele arrumou o cabelo, lamentando a ausência da escova de dentes, mas conseguiu encontrar um frasco de Listerine®. Agarrando sua carteira e chaves, quase esqueceu o seu celular antes de descer as escadas correndo para encontrar Rô.
Maurício quase se perdeu tentando descobrir onde elu estava, encontrando-u em uma bela cozinha equipada com utensílios de aço inoxidável e bancada em mármore. Elu estava sentade em uma ilha central, equipada com fogão, onde um homem muito alto e magro estava mexendo ovos. Havia uma jarra grande cheia de algo pegajoso e laranja, e Rô já estava servindo duas bebidas.
‒ Awww, olhe para você, tá muito fofo! ‒ Roberta brincou, assobiando e oferecendo uma das bebidas para ele.
‒ Obrigado! Eh, não é um pouco cedo? ‒ Mau riu, percebendo que havia definitivamente muito álcool na mistura.
‒ Não. ‒ Argumentou Rô. ‒ Isso são mimosas! Têm vitamina C, é bom para você. Mau, conheça Jonas. ‒ Elu apontou para o cavalheiro alto.
Maurício o reconheceu como o motorista de ontem. ‒ Bom dia! ‒ Ele acenou com um pequeno sorriso.
‒ Buongiorno. ‒ Jonas cumprimentou com um sotaque italiano profundo e áspero, sorrindo educadamente quando ele começou a colocar os ovos.
Rô deu um tapinha no assento ao lado delu para Mau se sentar.
‒ Então, você está falando sério sobre talvez não estar no clube ao meio-dia em ponto? ‒ Ele perguntou, tomando um gole de sua bebida.
‒ Mmm, por quê? ‒ Roberta perguntou.
‒ Tudo bem se fizéssemos algumas paradas então?
‒ Onde?
‒ Bem, acho que preciso levar todas essas roupas de volta para o loft, certo? E Danilo quer me ver...
‒ Me dê suas chaves ‒ disse Roberta abruptamente, balançando os dedos para ele.
Maurício franziu a testa, mas enfiou a mão no bolso e ofereceu o chaveiro.
Roberta pegou e sorriu docemente para Jonas. ‒ Ei, Jonas? Você poderia ser um querido e pedir para alguém levar as coisas de Mau até a casa dele? Talvez lavar, pendurar e outras coisas também?
‒ Claro, signorina Marchetti ‒ disse Jonas, assentindo enquanto aceitava as chaves e as guardava no bolso.
‒ Puta merda. ‒ Maurício exclamou, corando loucamente. ‒ Vocês realmente não precisam fazer tudo isso!
‒ Mau, você é praticamente da família agora. E cuidamos uns dos outros. ‒ Rô suspirou dramaticamente.
‒ Não tem problema, bambino. ‒ Assegurou Jonas, sorrindo calorosamente enquanto oferecia um prato de ovos e frutas frescas para cada um. ‒ Você é convidado dos Marchetti, será um prazer.
‒ Jonas, bebê, você é incrível. ‒ Roberta falou, soprando beijos e atacando seu café da manhã ansiosamente. Entre as mordidas, seus olhos dançaram para Maurício. ‒ Mmm, onde mais você quer ir?
‒ Principalmente só ver Danilo ‒ disse Mau, gemendo alegremente enquanto comia. Esses eram os ovos mais incríveis que já provara. Jonas era realmente incrível.
‒ Como você conheceu Danilo? ‒ Roberta perguntou com os olhos brilhando de curiosidade, as sobrancelhas se erguendo. ‒ Vamos. É hora da história.
‒ Nada fantástico. Crescemos juntos. Frequentamos a mesma escola. Essas coisas. ‒ Explicou Maurício, sorrindo com carinho. ‒ Veja, éramos dois desajustados sociais que não conseguíamos fazer amigos. Na adolescência descobrimos que nós dois sentíamos atração por garotos. Mas, não um pelo outro. Nós até tentamos uns beijos, mas não passou disso. Meus pais são muito religiosos e tradicionais e quando descobriram que eu gostava de meninos me expulsaram de casa. Corri para a casa de Danilo. A mãe dele me deu o cartão de Madame Dalila e uma carta de recomendação. E ... tcharã... aqui estou eu.
Maurício nunca tinha falado com alguém sobre isso. Ou sobre seus dias como aprendiz de cortesã. E como seu coração bobo sempre o coloca em uma situação difícil.
‒ Então, durante meu treinamento me foram atribuídos dois clientes. Madame Dalila treina homens e moças desde a Babilônia... pelo menos é o que me contaram. E ela diz que já coloca dois para que nós nos acostumemos a não entregar o coração para um cliente. Obviamente, isso não acontece comigo. Eu me apaixonei pelo Alexandre e ele me prometeu casamento, cerca branca, essas coisas. Que ele iria largar a esposa e me assumir. Claro.. ele sumiu. Aí me apeguei ao Demi. E até implorei a ele por um contrato permanente.
Roberta parecia completamente extasiada com a história.
‒ Demi é um demônio, como você deve saber. Até conhece-lo eu tinha uma noção estereotipada cristã do que era um. Eu morri de medo quando Madame Dalila disse que um dos meus clientes seria um demônio. ‒ Continuou Mau. ‒ Eu contei meus receios pra ela e ela só gargalhou.... muito... da minha cara.
Então a leveza que Mau estava sentindo diminuiu.
‒ Meu pai é muito rígido com esse negócio de religião. ‒ Ele disse distraidamente, sua mente começando a vagar. ‒ Acho que tive sorte dele só ter me expulsado de casa. ‒ Ele pensou na voz de Caio, ronronando sedutoramente em seu ouvido, para se livrar das más lembranças. ‒ De qualquer forma! Desculpa. Então eu corri pra casa do Danilo e o resto já contei.
‒ Você quer dizer que foi acolhido por uma das maiores cortesãs do submundo de São Paulo ‒ disse Roberta só colocando uma ordem lógica na história.
‒ Sim ‒ disse Maurício, um pouco melancólico. ‒ Ela... bem, acho que Alana tinha o jeito dela de se preocupar com quem amava. E eu estou muito preocupado com meu amigo. Sua saúde está se deteriorando rápido e o Estebán é um cabeça dura.
‒ Vamos querido. ‒ Rô o acalmou, dando um tapinha no braço de Maurício gentilmente. ‒ Você pode me dar todos os detalhes no caminho. ‒ Ela terminou sua bebida, pegando a jarra e sua bolsa gigante do chão com um sorriso. ‒ Jonas, estamos prontos!
Mau se esforçou para terminar suas últimas mordidas de ovos com Roberta já o arrastando em direção à porta da frente. No caminho para o prédio da matilha Zayas.
Era difícil imaginar sua vida sem Danilo nela, mas Maurício estava disposto a colocar algum senso na cabeça do alfa Estebán. Ele sorriu quando o carro parou em frente do prédio, exclamando ‒ Ei! Chegamos!
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Olá lobinhes,
adoro as participações do Dan. hehehehe.
bjokas e até a próxima att.
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