Capítulo 15
Capítulo 15
Era a reunião de família mais disfuncional que Maurício já havia testemunhado, a loucura perfeitamente regada por todo o álcool que Roberta distribuía alegremente. Mau balançou a cabeça, percebendo como era fácil esquecer que todos eram assassinos e criminosos.
Caio esteve ignorando Maurício durante a maior parte da noite, atuando como anfitrião e mediador de seus Senhores. Ele ainda olhava ocasionalmente e sorria, dando pequenos olhares famintos que o fizeram estremecer. Por sua parte, Mau estava contente em se sentar e ficar bonito, aproveitando os coquetéis de frutas que Rô continuava servindo.
Sua próxima bebida foi trazida pelo próprio Caio, seus dedos longos traçando suavemente a nuca de Maurício enquanto dizia ‒ Volto já. Preciso conversar um pouco com Nano e Mica.
Mau assentiu obedientemente, olhando seriamente para Caio. Ele estava realmente se divertindo, mas era difícil relaxar. ‒ Então podemos conversar? ‒ Ele perguntou esperançoso.
‒ Talvez. ‒ Ronronou Caio, seus olhos percorrendo o belo corpo de Maurício. ‒ Veremos.
Mau assentiu de novo, viu Caio sair com Mica e Nano. Quanto mais o tempo passava, mais oprimido ele se sentia. Se não dissesse a verdade a Caio logo, ele iria explodir.
Ele se levantou, inquieto, andando até um canto e observando a sala. Bebendo um gole de bebida, olhou em volta para os ocupantes restantes. Nenhum deles realmente prestou muita atenção nele, e Maurício ficou feliz por isso.
Ele não percebeu quando outro convidado chegou, desde que voltou sua atenção para seus próprios pensamentos, até ouvir Téo gemer baixinho ‒ Vamos lá. Ele está aqui?
‒ Desculpe o atraso para a festa. ‒ Uma voz suave anunciou, levando Mau a se virar novamente e ver um homem loiro de terno azul escuro. Não totalmente desagradável, mas havia algo inquietante nele que o fez parar.
‒ Agora, agora... ‒ falou Francesco para Téo, ‒ não seja rude. Certifique-se de que ele possa ouvi-lo, pobre coitado pode ser surdo! ‒ Ele respirou fundo antes de gritar dramaticamente ‒ Oh, pelo amor de Deeeeeus e tudo o que é santo! Ele está aqui?
‒ Assim, hein?
‒ Bem desse jeito. ‒ Francesco assentiu.
O recém-chegado não parecia divertido.
Roberta gritou suas saudações bêbadas, os outros Senhores murmurando ou ignorando completamente. Elu não parecia ligar para o visível desprezo, mas seus olhos imediatamente se voltaram para Maurício.
‒ Bem, olá ‒ disse o homem, um sorriso brilhante iluminando seu rosto quando se aproximou.
‒ Tire as mãos. ‒ Rô advertiu com um leve desdém por suas palavras. ‒ Ele está com meu irmão. É do meu irmão.
‒ Oh, ho ho. Um doce principezinho. E imagine isso, propriedade do rei. ‒ Ele bufou, olhando Mau com curiosidade. ‒ Então, O Scarafaggio te deixou aqui sozinho? ‒ O homem perguntou com um sorriso zombador.
‒ Ele só teve que fazer uma reunião. ‒ Maurício respondeu rapidamente, forçando um pequeno sorriso e tentando ser amigável. Ele não conhecia esse cavalheiro, mas havia algo nele que deixava Mau desconfortável.
O homem estava olhando para Maurício descaradamente, seus olhos passando rapidamente da cabeça aos pés, como se quisesse comer ou transar. Talvez ambos.
Definitivamente assustador.
Mau ficou inquieto, seu sorriso se tornando mais tenso quando disse ‒ Tenho certeza que ele não vai demorar muito.
O homem subitamente avançou, tão perto agora que Maurício podia ver o azul de seus olhos e seu olhar era desconfortavelmente intenso. Ele abaixou a cabeça como se estivessem prestes a compartilhar um segredo, murmurando baixinho ‒ Você sabe quem eu sou?
‒ Hmm... não? ‒ Maurício respondeu, piscando quando deu um passo atrás para colocar algum espaço entre eles. ‒ Sinto muito, tecnicamente não devo falar com ninguém. Eu não... Não sei quem você é, senhor.
O homem pareceu relaxar com isso, seus lábios se curvando pensativamente. ‒ Não, acho que você não me conhece ‒ disse ele depois de um momento, permitindo que Mau se afastasse a uma distância confortável. Ele sorriu e estendeu a mão. ‒ Eu sou Carlo Rossetti.
‒ Oi ‒ disse Mau, apertando a mão educadamente. ‒ Sou Maurício dos Santos, Mau... Você sabe, apenas Maurício.
‒ Maurício dos Santos. ‒ Carlo deu um sorriso arrogante, sem soltar a mão. Ele apertou com tanta força que doeu, puxando-o ainda mais para perto quando sussurrou ‒ Pode não me conhecer, mas eu definitivamente sei quem você é.
Porra.
O rosto de Maurício ficou vermelho quando ele freneticamente afastou a mão. Isso não é bom. Como Carlo sabia o nome dele? Como sabia quem ele era?
Laerte estava pairando a alguns metros de distância, assistindo Carlo falando com Mau. Ele chegou perto o suficiente para ouvi-los, estalando de repente ‒ Espere, Maurício dos Santos? Não é ou foi amante do Alexandre Duarte? O delegado?
Carlo fez uma careta por um momento, mas sua expressão educada voltou em um piscar de olhos. Parecia que ele não queria compartilhar sua descoberta com o resto da sala, mas não havia sentido em escondê-la agora. ‒ De fato.
Maurício não sabia o que fazer. Caio disse para ele ficar parado, mas tudo o que queria fazer agora era fugir dali e se esconder embaixo de alguma pedra. Nem Carlo, nem Laerte pareciam muito amigáveis, agora.
‒ Oh, sim, eu sabia que parecia familiar. Porra, eu te conheço ‒ Laerte zombou, encarando Mau. ‒ Seu querido amante matou meu irmão. Que porra é essa! Caio sabe quem você é?
‒ Não sei nada sobre o seu irmão. ‒ Maurício gaguejou, freneticamente se encostando na parede com Laerte e Carlo se aproximando. ‒ E Caio... uhm...
‒ Ei, ei, ei! ‒ Roberta gritou, tropeçando a volta no bar, lutando para ficar sóbria com rapidez. ‒ Que porra esses idiotas pensam que estão fazendo?
Laerte balançou a cabeça para Maurício, dizendo ‒ Esse é o amante de Alexandre Duarte! Tipo, a última vez que ouvi sobre isso... o delegado estava se divorciando! Não era pra ficar com esse cara?
‒ Oh, por favor. O Alexandre é um idiota ególatra. ‒ Rô gemeu, mas piscou, encarando Mau com curiosidade. Havia dúvida começando a aparecer, seus belos lábios se curvando em uma careta. Elu parecia magoade, perguntando-lhe diretamente ‒ Isso é verdade?
Os olhos de Maurício estavam arregalados de terror, tentando explicar. ‒ Sim, ele já foi meu amante, mas foda-se, olha, nós nunca moramos juntos, ele me largou parado de mala e cuia do lado de fora da casa dele e nunca mais tocou no assunto ...
‒ Por que não me disse nada? ‒ Roberta exigiu, claramente traíde e chateade.
‒ Eu estou tentando dizer isso desde ontem! ‒ Mau choramingou, frustrado e com medo. Ele gritou quando Carlo agarrou sua gravata, largando a bebida e estremecendo ao som de vidro quebrado.
Carlo afastou-o bruscamente da parede e começou a arrastá-lo para longe. ‒ Oh, eu vou cuidar desse pequeno problema. ‒ Prometeu, olhando para um Maurício horrorizado.
Mau estava assustado, mas ele não iria a lugar nenhum com Carlo sem lutar. Ele puxou o braço, e tentou empurrá-lo para longe, estalando ‒ Saia de cima de mim!
‒ Carlo, solte-o! ‒ Roberta sibilou, virando e pegando a primeira garrafa apoiada no balcão do bar. ‒ Deus me ajude, vou bater na sua cabeça com o meu Godshlag! Ai que desperdício!
‒ Rô, pelo amor de Deus! ‒ Laerte gemeu. ‒ Esse cara é amante de policiais, provavelmente veio aqui nos espionar! Acha que é coincidência que Alexandre seja o idiota que está atrás de Caio por causa da morte de Rico, e agora esse cara simplesmente aparece?
‒ Eu não ligo! ‒ Roberta rosnou, apontando a garrafa para Laerte agora. ‒ Ném disse... ah vá se foder, cadê ele nessas horas. Você sabe?
‒ Não, mas...
‒ Mas porra, nada! ‒ Rô se enfureceu, seus olhos voltando-se para Carlo. ‒ Tire suas malditas mãos dele. Vamos deixar Ném decidir o que fazer. Até lá, deixa ele em paz.
‒ Não recebo ordens suas, Roberta. ‒ Carlo sibilou secamente, e Maurício tentou se afastar novamente enquanto ele parecia distraído. O aperto de Carlo apenas aumentou, de repente ele deu uma joelhada na cara do Mau.
Maurício caiu no chão, gritando de dor. Seu lábio estava cortado, e ele podia sentir o gosto de sangue.
‒ Seu desgraçado! ‒ Rô fervilhava, jogando a garrafa na cabeça de Carlo. Elu errou um quilômetro e xingou alto, alcançando outra garrafa no bar.
‒ Calma agora. ‒ Carlo riu, erguendo as mãos e pegando com facilidade a outra garrafa que voava em sua direção. ‒ Só dei um susto. Ele está bem.
‒ Você é um maldito babaca. ‒ Roberta rosnou, caindo ao lado de Maurício e passando os braços em volta dele protetoramente. Elu olhou para Carlo, dizendo ‒ Ohhhh, Ném vai te matar.
‒ Por que eu bati na putinha de um policial? Por favor. ‒ Carlo zombou com nojo. ‒ Caio não vai se importar, ele provavelmente vai me agradecer!
‒ E pelo que exatamente eu devo te agradecer? ‒ A voz de Caio disparou repentinamente, seus olhos brilhando com uma fúria que Maurício nunca tinha visto quando ele entrou na sala com Nano e Mica de cada lado.
As mãos gigantes de Nano se fecharam em punhos e Mica tinha uma arma apontada em um piscar de olhos. Eles não estavam olhando para Mau, porém, toda a sua ira foi direcionada diretamente para Carlo. Maurício não entendeu o motivo de toda a animosidade, mas ficou muito claro que ninguém era fã do cara.
Carlo revirou os olhos, gesticulando em direção a Maurício enquanto dizia ‒ Sua pequena companhia aqui não é o que parece.
‒ Caio, esse garoto é ou foi o putinho de Alexandre Duarte. ‒ Retrucou Laerte. ‒ Eu sabia que o tinha visto antes.
‒ O mesmo aqui. ‒ Carlo riu.
‒ Tentei encontrar ele ou a filha do policial há mais ou menos um ano. ‒ Laerte bufou. ‒ Para vingar a morte do meu irmão. Nunca pude rastreá-los.
Caio alcançou Maurício, suas mãos firmes, mas gentis quando ele o puxou dos braços de Roberta e o levantou. Ele embalou a parte de trás da cabeça de Mau, inclinando o rosto, para que pudesse ver melhor os danos.
Maurício tremia por toda parte, seus dedos se apertando ao redor do pulso de Caio enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. Era isso, Caio ia matá-lo. Ele iria rasgá-lo em pedaços e comer seu coração. Não era isso que os lobos faziam? E Caio era mestiço de lobo. Ah! Ele tava ferrado.
‒ Você está bem? ‒ Caio perguntou baixinho. Sua raiva parecia estar fervendo no momento, mas sua expressão era suave. Ele estava deixando Mau segurar seu pulso sem protestar, seus olhos azuis gelados e atentos.
‒ Estou bem. ‒ Maurício gaguejou em surpresa. Ele não queria que isso terminasse, não, não desse jeito. Ele tinha que pagar sua dívida, tinha que lutar, tentando desesperadamente explicar. ‒ Por favor. Ouça. Olha, me desculpe. Eu sinto muito, porra. Tentei te dizer...
‒ Shhhh, fique quieto agora. ‒ Acalmou Caio, puxando um lenço do bolso e limpou o sangue dos seus lábios.
Mau ficou atordoado. Caio tinha que ter ouvido as acusações dos Senhores, mas não parecia se importar. Ele apenas parecia preocupado com Maurício, examinando a ferida mais uma vez com uma pequena carranca.
‒ Que merda, Caio! ‒ Laerte gritou, furioso que Caio os estivesse ignorando e estava tão envolvido com Maurício. ‒ Eu exijo a porra do sangue dele, pelo meu irmão. Você está ouvindo alguma coisa que estou dizendo? Ele é ou era o homem do delegado Alexandre!
Caio não pareceu impressionado com a explosão de Laerte, encarando-o com calor enquanto calmamente disse ‒ Sim... Eu sei.
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Olá lobinhes,
espero que estejam gostando.
bjokas e até a próxima att.
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