☠ XXIII - Últimos ajustes ☠
James Blythe saiu da cabine de Fox com o semblante carregado. Teve o cuidado de limpar o suor do rosto para disfarçar todo o esforço que tinha feito. Quem o visse, acharia apenas que estava preocupado com a aproximação da batalha.
Virou-se para dar uma última olhada na porta, e quando já se afastava, notou que um dos piratas caminhava em direção à cabine. James correu até ele, conseguindo interceptá-lo a meio caminho.
— Onde pensa que vai?
O homem o olhou surpreso.
— Pedir orientações ao capitão. Todos estão ansiosos com o novo ataque a Skyller, precisamos nos organizar.
James o pegou pelo ombro, levando-o para longe da cabine.
— O capitão está doente. Infelizmente não pode ver ninguém agora.
— Doente? — espantou-se o pirata, recuando um passo. — O que ele tem? É muito grave? O que faremos se não melhorar até a batalha?
James suspirou, passando uma das mãos pelos cabelos em uma expressão grave de tortura.
— Eu sei. A situação é delicada, mas devemos permanecer unidos, essas foram suas palavras expressas. John teme que sua doença seja contagiosa, por isso ordenou que ninguém chegue perto dele até que esteja fora de perigo. Enquanto isso, eu assumirei a liderança em batalha.
— Isso é estranho — comentou uma terceira voz, que James não havia notado se aproximar até aquele momento. — Estive com ele não faz muito tempo e ele estava perfeitamente bem. Não havia doença alguma.
James encarou Henrique com profundo desgosto. Era a segunda vez que aquele garoto irritante frustrava seus planos só naquele dia.
— Então talvez devesse se isolar também, quem sabe a doença não tenha vindo de você?
— Eu não tenho doença nenhuma.
— Tem certeza?
James disse aquilo sem mudar sua entonação calma e comedida, mas por algum motivo sua postura irritava Henrique. O pirata continuava entre os dois, olhando de um para outro como se assistisse a uma partida tensa de xadrez.
— Absoluta!
Henrique estava pronto para partir para cima dele se James insistisse com aquela ideia estúpida, mas inesperadamente o pirata abriu um sorriso conciliador.
— Ótimo, então! Com tantas baixas que tivemos, você será muito útil na próxima batalha — e virando-se para seu atento espectador. — Jeremy, reúna os homens. Farei um pronunciamento oficial, então começaremos a nos organizar para o ataque.
James começou a se afastar com Jeremy, disparando uma infinidade de ordens as quais ele não se lembraria sequer da metade.
— Espere! — Henrique chamou de volta, fazendo-os pararem por um instante. — Se John Fox está tão doente, você não deveria chamar um curandeiro para examiná-lo?
James virou-se apenas o suficiente para lançar-lhe um sorriso displicente.
— Já estou cuidando disso, não se preocupe.
A resposta não tranquilizou Henrique. Por mais que John Fox confiasse em James, ele não conseguia ficar a vontade na presença do pirata. Algo nele lhe soava falso, como se tivesse sempre algum plano oculto.
Mas apesar de seu sexto sentido o alertar para agir com cautela, Henrique não teve outra alternativa a não ser assentir a contragosto, seguindo James para o seu discurso de pré-guerra.
☠☠☠
Desde que Nadine acordou, o clima continuava denso. Era penoso e estupidamente insano acreditar que Makanda tinha se sacrificado por ela. A grande líder espiritual malgaxe, respeitada e temida por onde passava, era agora apenas um corpo imóvel descansando em sua mortalha eterna. Por que Makanda faria isso por uma garota de pele branca como ela?
No entanto, por mais que aquilo tudo não fizesse sentido, Nadine só conseguia pensar em Zaki e na dor que estava sentindo, e temeu que ele a culpasse pela morte da avó. Ele, porém, abraçou-a com alívio, feliz por vê-la viva e bem. Seu abraço era como um bote salva-vidas em meio ao caos de tragédia que agora os cercava.
Com a ajuda dos malgaxe, Zaki preparou uma cerimônia fúnebre para Makanda e seu povo se despediu de sua sacerdotisa anciã com uma tristeza coletiva profunda, mas conformada. Makanda era a escolhida dos deuses e tudo o que fazia era com um propósito justo e acertado. Nada era por acaso, nem mesmo a sua morte o seria.
Nadine sentia-se estranhamente acolhida pelos malgaxe. Ninguém a acusou de nada, embora em seu íntimo ela se culpasse pela grande perda causada. Por um momento, o tempo pareceu voltar a congelar para que eles pudessem se despedir de forma apropriada.
Somente quando a cerimônia acabou e a multidão começava a se dispersar, Nadine notou a presença de Elisa e Haya entre os malgaxe, indo falar com elas no mesmo instante:
— Haya! Estive tentando encontrá-la esse tempo todo.
A pirata trocou um olhar furtivo com Elisa.
— Podemos esperar para a conversa séria. Você acaba de se recuperar e com a morte de Makanda tudo está de cabeça para baixo...
— Não podemos esperar! — cortou Nadine, a voz tão decidida que deixava claro não haver mais nenhuma fraqueza em seu corpo. — A guerra será em poucos dias e, com ela, a possível destruição de Libertália. Temos que fazer alguma coisa.
— Nadine está certa — disse Zaki ao seu lado. Desde que Nadine despertara, ele parecia incapaz de manter-se longe dela por muito tempo. — Minha avó não iria nos querer paralisados diante de sua partida. Não foi para isso que ela morreu.
Haya suspirou, assentindo gravemente. Já desconfiava do que Nadine tinha a dizer e não gostava nada daquilo, embora não tivesse escapatória.
— Tudo bem. Do que se trata?
Com o apoio de Zaki, Nadine contou tudo sobre sua visão com o espírito do pai e a revelação de que o bracelete malgaxe que ela carregava em seu braço esquerdo poderia ser a salvação da ilha. Depois contou sobre o engodo de Omar, a viagem com Elisa para o mundo moderno e tudo o que passaram para conseguir voltar para casa, até a morte de Makanda. Elisa ficou tentada a contar sobre a maldição de William Kidd e sua missão para salvar o irmão mais novo, mas no fim decidiu se calar. Salvar a ilha da destruição era a única preocupação de Nadine, e além do mais, aquela era uma questão de família. Elisa cuidaria dela sozinha.
Ao final do relato, Haya permaneceu rígida, a expressão tão sombria quanto a própria morte.
— Não posso usar o bracelete.
Nadine abriu a boca para respondê-la, mas Elisa foi mais rápida, agarrando-a pelo pulso e obrigando-a a olhar em seus olhos.
— Nadine tem razão. Eu conversei com Makanda antes de... bem, antes dessa tragédia e ela me disse a mesma coisa. A profecia diz: "com seu poder único a maldição cessará", só pode ser o poder do bracelete.
Haya a encarou com olhos torturados.
— Vocês não entendem, eu não posso — ela afastou a mão de Elisa, dando um passo para trás na defensiva. — O bracelete não vai funcionar. Quando o recebi dos malgaxe, eles me enxergavam como sua salvadora porque eu os ajudei a escapar de um navio negreiro que ia para o Caribe. Mas o poder do bracelete só pode ser usado por alguém de alma pura, e a minha está longe de ser. Durante toda a minha vida, cometi tantos crimes como pirata quanto era possível. Roubei, matei, pilhei, saqueei, menti, enganei, ludibriei. Minha alma está condenada às profundezas mais escuras do inferno.
— Mas se os malgaxe a presentearam com o bracelete, deviam ter algum plano para ele — opinou Zaki. — Meu povo nunca faz algo sem algum propósito.
Haya balançou a cabeça, irredutível.
— Esqueça! Se querem mesmo salvar a ilha, é melhor encontrarem outro meio.
Nadine ergueu as mãos em rendição.
— Certo, está bem. Não concordo com isso, mas não posso obrigá-la a tentar, embora ache que devia ao menos pensar a respeito. Nossa prioridade agora deve ser impedir que essa guerra aconteça. Haya, você pode voltar ao acampamento de John Fox e tentar convencê-lo a desistir dessa guerra. Pode fazer isso? Eu farei o mesmo com Skyller. Se não houver derramamento de sangue, talvez os espíritos de acalmem e a ilha possa ser salva sem o bracelete.
Haya assentiu, relaxando sua postura rígida.
— Isso eu posso fazer. Elisa virá comigo, certo?
— Sim! — disse ela um tanto enfática demais, não conseguindo controlar sua ansiedade em ficar a sós com Haya para contar-lhe sobre William Kidd. Além disso, não se importava de ficar o quanto mais longe de Skyller possível. Ainda tinha pesadelos com o seu quase enforcamento.
Com a notícia da partida de Nadine, Zaki a puxou de lado para que ninguém mais ouvisse o que ia falar.
— Você vai partir, então?
Seus olhos tristes derreteram o coração da pirata.
— Não será por muito tempo. Eu preciso impedir essa guerra, assim como você precisa manter seu povo unido após a partida de Makanda.
Ele suspirou, encolhendo os ombros como se carregasse um peso enorme em suas costas.
— Eu sei... tenho que me lembrar de quem eu sou, continuar o legado do meu pai e da minha avó. Eu só não suportaria perder você de novo... fiquei com tanto medo que não voltasse nunca mais... que morresse sem que eu tivesse a chance de consertar as coisas. Da última vez que nos vimos...
Nadine tapou-lhe a boca com as mãos.
— Não diga mais nada, Zaki. Não se preocupe, não pretendo afastar-me nunca mais. Só precisamos resolver essa questão entre Fox e Skyller, então poderemos conversar com calma.
Zaki assentiu lentamente. Por mais que seu coração quisesse impedi-la de partir, decidiu acatar suas palavras como um sopro de esperança em meio ao poço de escuridão que a morte de sua avó o deixara.
☠☠☠
No meio do caminho, Elisa parou. Estavam embrenhadas em uma mata semelhante a que tinham se perdido pela primeira vez, mas por algum motivo Haya seguia a trilha confiante. A floresta estava estranhamente silenciosa ao redor, como se suas criaturas sobrenaturais estivessem imersas em um sono profundo. Ou talvez estivessem apenas à espreita, aguardando o gran finale da destruição de Libertália.
Ao notar que Elisa ficava para trás, Haya virou-se para ela com as sobrancelhas franzidas. A preocupação estampada na face.
— O que foi?
Elisa respirou fundo, puxando o embrulho de couro de suas vestes.
— Há algo que preciso te mostrar. Algo que você precisa saber.
Haya continuava encarando-a com um olhar interrogador, mas assim que Elisa desenrolou o pacote, revelando as páginas dentro dele, seus olhos arregalaram-se em uma expressão de surpresa.
— Mas... são as páginas faltantes do diário de Kidd? Onde as conseguiu?
Elisa esticou o braço, oferecendo-as a Haya.
— Estavam com Omar. Ao que parece, não sou sua primeira descendente a chegar à ilha.
Por um instante Haya a fitou, estática.
— Pegue. Você vai entender tudo depois de ler.
Haya pegou as páginas com as mãos trêmulas e procurou por um tronco de árvore onde pudesse se escorar. Elisa agachou-se para esperar pelo término da leitura.
Durante a hora seguinte, Haya mergulhou naquelas páginas que guardavam o segredo de sua história. No começo, lia tudo com uma sobrancelha erguida, guiada por sua curiosidade. Mas assim que avançava na leitura e Kidd começava a narrar a tragédia de sua história familiar, sua expressão mudou completamente. A sobrancelha voltou ao lugar, juntando-se a outra em uma linha apertada. Suas bochechas tingiram-se de rosa e seus lábios tremiam de emoção. Ao erguer novamente os olhos para Elisa, seu rosto estava inundado em lágrimas.
— William Kidd era... meu pai?
Elisa ergueu-se do chão, aproximando-se da pirata lentamente.
— Eu sinto muito...
Haya bufou em desespero, atirando as mãos ao céu.
— Eu me culpei tanto pela morte do meu segundo filho. Sempre achei que tinha morrido pela falta de higiene na prisão. Tudo o que fiz, meu casamento com o conde, foi porque não queria cometer o mesmo erro da minha mãe. Queria que Louis tivesse um nome respeitável... queria que ele tivesse um pai...
Elisa sentiu o peso de suas palavras cair como chumbo. Engoliu em seco, não sabendo o que dizer para confortar Haya. Ela também crescera sem pai e sabia o quanto a ausência paterna afetara em seu desenvolvimento. Tudo o que podia fazer era abraçá-la para que ela não se sentisse sozinha, e foi o que fez.
Haya desabou nos ombros de Elisa, deixando a garota desconsertada. Talvez, nem todos os piratas fossem cruéis e desalmados.
Aos poucos, Haya enxugou suas lágrimas e conseguiu se recompor. Enquanto isso, Elisa lhe contou sobre Omar e sua resolução em colocar um fim na maldição de Kidd para salvar seu irmão. Ao final, Haya voltou a olhá-la com o mesmo ar de preocupação de antes.
— Roubar o tesouro não será uma tarefa fácil. Skyller e Fox estão empenhados em mantê-lo para si, e mesmo antes deles, tantos outros piratas morreram com o mesmo propósito, e para que? O tesouro nunca moveu um único centímetro de seu abrigo.
— Dessa vez é diferente. A profecia está em curso — Elisa lançou-lhe um olhar hesitante. — É por isso que tinha esperanças em seu bracelete.
Elisa notou o olhar de Haya endurecer.
— O bracelete não irá funcionar.
— Mas...
Haya a cortou com um gesto brusco, afastando-se da garota. Andou de um lado a outro, as folhagens farfalhando em contato com suas botas, até que virou-se novamente, sem qualquer emoção. Sua expressão estava vazia, os olhos tinham um brilho distante e perdido.
— Talvez seja melhor que a ilha seja mesmo destruída.
Elisa a encarou, confusa.
— O que? O que quer dizer?
— É a sua melhor opção se a magia do tesouro estiver mesmo enfraquecendo. Com a destruição da ilha, a magia cessará e o tesouro finalmente poderá ser transportado.
— Mas... isso também significa que você, Nadine, Eric... todos vocês vão... morrer. — Elisa engoliu em seco, mal suportando a ideia de ter que perder mais alguém.
Mas Haya continuava com o mesmo olhar vazio.
— Nós todos deveríamos ter morrido há muito tempo, Elisa. Nossa presença aqui não é natural. A própria existência desta ilha não é natural. Talvez tenha chegado a hora de encarar a realidade.
Elisa fechou os punhos com força, engolindo sua raiva com um gosto amargo.
— Você só está dizendo isso porque acha que não há mais nada para você lá fora. Mas está errada.
— Estou? Minha família está morta, eu não tenho mais ninguém. Deveria ter morrido na forca há trezentos anos atrás.
— Bem, você tem a mim! — falou Elisa, meio magoada. — Sei que não sou muita coisa, mas estou aqui por você também. Sua história ainda não chegou ao fim.
Haya se permitiu um meio sorriso envergonhado.
— Me desculpe, Elisa. Você é muita coisa, sim. E estou grata por tê-la ao meu lado.
Elisa piscou algumas vezes, tentando não irromper em lágrimas pela milésima vez.
— Vamos continuar o caminho.
☠☠☠
Enquanto isso, do outro lado da ilha, os intensivos preparativos para a batalha tiveram que ser suspensos momentaneamente com a chegada de Nadine e a notícia da morte de Makanda. Consternado, Skyller ordenara que se realizasse uma homenagem póstuma a sua guia espiritual e colaboradora de longa data. Nada muito extenso ou pomposo, pois ainda tinham muito o que fazer, mas ainda assim algo digno da figura que a feiticeira malgaxe representava.
Nadine aguardou em silêncio ao lado de Eric, a discussão que tiveram antes de sua partida já esquecida. Essa era uma das vantagens em se ter um primo-irmão: nunca guardavam mágoas um do outro. Além disso, Eric estava mais ansioso em saber notícias de Elisa do que iniciar uma nova discussão. Sua mãe, por outro lado, cravava-lhe olhares raivosos e de profundo desgosto, como se ela fosse a responsável por tudo de ruim que acontecia.
Ao término do ritual, Skyller convocou uma reunião de emergência em seu gabinete com Sarah, Louise, Nadine e Eric, os dois últimos arrastando-se a contragosto atrás dos pais. Nadine desconfiava do teor da reunião, mas obrigou-se a ir como uma tentativa de cumprir a missão que a levara até ali.
— Amanhã será o último dia da trégua de Fox — anunciou ele, desistindo de sentar em uma cadeira ao verificar que o fogo tinha levado metade dela. — Agora, mais do que nunca, será preciso união. Só assim seremos fortes o bastante para derrotar nossos inimigos e salvar Libertália.
— Podíamos salvar Libertália não lutando — replicou Nadine, ignorando o olhar feroz de Sarah.
— E deixar que Fox tome o controle de nossas terras? Que ele destrua o legado que lutamos para construir e manter todos esses anos? Não, Nadine, não lutar não é uma opção.
Nadine o encarou por um momento. Sabia que por trás daquele discurso vazio, estava o interesse em manter o tesouro sob sua guarda. Ela respirou fundo, tentando controlar a raiva para trazer um pouco de luz à discussão.
— Se essa guerra acontecer, Libertália será destruída. Makanda também sabia disso. As chamas que tomaram conta da ilha da primeira vez foram apenas um aviso.
— Já chega, Nadine! — Sarah deu um passo à frente, sua expressão agressiva e intimidante. — Você não tem o direito de falar com Skyller assim depois de ter abandonado seu posto em batalha. Se estamos vivos agora, não foi graças ao seu empenho. Deveria apenas ser grata por Skyller tê-la perdoado.
Nadine sentiu o sangue subir-lhe à face. Sarah era sua mãe de sangue, mas tinha o incrível dom de tirar-lhe do sério. Por outro lado, Louise veio até ela, apertando seu ombro em um gesto de apoio. A mulher que criou Nadine enquanto Sarah estava longe de Libertália e por quem ela nutria um sentimento de gratidão eterna. A mulher que tantas vezes ela desejou ser sua mãe verdadeira no lugar de Sarah.
— Não seja tão dura com Nadine, minha irmã. Ela apenas preocupa-se com o destino de Libertália.
Sarah bufou impaciente, mas antes que pudesse voltar a recriminar as atitudes da filha, Skyller retomou as rédeas da discussão.
— Louise está certa. Não estamos aqui para nos acusarmos uns aos outros — ele fez um gesto amplo com as mãos, lançando ao final um olhar recriminatório a Sarah, o qual ela não gostou nem um pouco. — Como eu disse, união deve ser a palavra de ordem. União, Sarah!
— Nadine acabou de dizer que não ajudará lutando. Se há alguém sem espírito de união aqui, é ela. Francamente, não sei como pode ser minha filha.
Nadine tinha uma resposta malcriada na ponta da língua, mas mais uma vez, Skyller se interpôs entre elas:
— Nadine tem um ponto de vista diferente. Ela não quer lutar, tudo bem — e virando-se para Nadine com um olhar suplicante. — Mas existe uma outra forma de colaborar conosco.
Nadine engoliu em seco, trocando um olhar nervoso com Eric. O garoto não estava ali apenas de enfeite.
— Não sei se...
Skyller pegou a mão de Nadine e a de Eric, entrelaçando as duas com as suas.
— Há muito tempo, você e Eric foram prometidos um ao outro. Agora chegou a hora de cumprir essa promessa. Realizaremos o casamento amanhã, antes da batalha. Depois de toda a desgraça, um matrimônio será o suficiente para selar nossa virada de sorte e levantar o moral dos homens.
Aterrorizada, Nadine não conseguiu articular uma só palavra. Ao seu lado, Eric tremia como vara verde, o suor pegajoso escorrendo para a sua mão.
— Pai, já conversamos sobre isso, eu não... não posso me casar com Nadine...
— Bobagem, vocês já se dão bem juntos. Depois de casados, tudo será melhor.
— Mas ela... ela é minha irmã... eu não... como posso...?
O desespero na voz de Eric foi o suficiente para despertar Nadine. Balançando a cabeça, ela puxou a mão de volta com um tranco.
— Eric e eu não vamos nos casar, não há a menor possibilidade disso acontecer. — Ela encarava Skyller com raiva, qualquer precaução tendo desaparecido de seu rosto. — Então é melhor encontrar outro meio de levantar o moral dos homens, porque eu não irei mais me submeter as suas regras absurdas. Liberdade é um preceito importante, mas desde que diga respeito a si próprio, não é mesmo? Pois que fique com ela! Não estou interessada em uma liberdade condicionada que mais aprisiona do que liberta.
Nadine começou a se afastar, marchando duramente. Tinha as sobrancelhas apertadas e o rosto em brasas.
— Nadine, volte aqui! — ordenou Skyller.
— Deixe-a ir, Skyller — soou a voz ácida de Sarah. — Eu disse a você que ela era uma rebelde sem jeito.
Nadine apertou o passo, ansiosa em se afastar da mãe, mas não rápido o suficiente para deixar de ouvir a voz triste de Louise:
— Ela é igual a você, irmã.
Ahoy, marujos!
O que acharam do capítulo de hoje?
Agora restam apenas 10 capítulos para o término de Libertália!!
Estão prontos para o clímax dessa história? Libertália será mesmo destruída? O que acontecerá quando a morte de Fox vier à tona?
Se gostaram, não se esqueçam de deixar seu voto e seu comentário.
Bons ventos e até a próxima ;)
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