☠ IV - Sangue na Estrela da Morte ☠
— Você ficou louca? Não pode interromper uma execução assim!
Sarah estava enfurecida com aquela intervenção repentina. Um "uhh" geral fez-se ouvir, refletindo a insatisfação da plateia. Skyller andava de um lado a outro, analisando a folha de papel amarelada em suas mãos, a aflição estampada em sua face. Aquela gente não ficaria satisfeita se saíssem dali sem um banho de sangue.
— Não só posso, como devo — tornou a pirata, dando de ombros. Aguardava pela resposta de Skyller de braços cruzados. — E então?
— Isso não pode ser — disse ele por fim, erguendo os olhos do papel para encará-la com incredulidade.
— Eu tenho certeza! — Haya bateu o pé.
Skyller voltou-se para a garota amarrada na plataforma. Seus olhos estavam vermelhos de chorar, seu semblante abatido. Ao se aproximar, notou que ela tremia de medo em sua presença. Estendeu a folha para que ela pudesse ler seu conteúdo.
— Reconhece essa carta?
Ela estreitou os olhos, concentrando-se para decifrar as palavras ali contidas. A carta estava escrita em espanhol, em uma elegante letra alongada e cheia de floreios. Ela arqueou uma sobrancelha ao ler a assinatura: Louis Venice.
— Sim... — e como Skyller não falava nada, continuou. — É uma relíquia de família... mas não entendo como isso foi parar na minha mochila.
Elisa parou de falar ao se lembrar do avô mexendo em sua mochila naquela manhã. Ele a teria colocado ali?
— Uma relíquia de família, aí está a prova! — Haya lutava para se conter em sua empolgação.
Skyller, no entanto, não estava convencido.
— Isso não significa nada. Pode ser um Louis Venice qualquer.
— Não é! Está escrito em espanhol, ele foi levado para a Espanha depois que nos separamos. E "Venice", claro, deve ter voltado a usar o meu sobrenome depois que foi deserdado pelo conde. Tudo se encaixa.
— Mesmo que seja o seu Louis, só porque está com essa garota não significa que sejam da mesma família. Muito tempo se passou desde que chegamos aqui e a carta pode ter chegado até ela de diversas formas.
— Por favor — interveio Sarah, erguendo as mãos em indignação. — Você nem mesmo tem certeza se ele realmente foi levado para a Espanha.
— Eu tenho certeza! — trincou ela.
— Já chega! — impacientou-se Skyller, cortando o espaço entre as duas mulheres. — Você diga o que sabe! — ordenou para a prisioneira em um tom de ameaça.
— Eu? — Elisa olhou para a segunda mulher, a que se dizia ser sua parente. Ela a incentiva, assentindo com a cabeça. — Bem, essa carta é do meu avô. Ele dizia que pertenceu ao seu bisavô, que veio da Espanha para o Brasil.
— Brasil? Você é da terra daqueles portugueses insuportáveis?
Elisa não entendia o que ela queria dizer com aquilo. Eles ainda estavam no Brasil, não estavam? E se não estivessem, porque todos falavam em português?
— Hã... o Brasil não pertence mais aos portugueses...
— Sério? — ela parecia sinceramente chocada com a notícia. — E pertence a quem agora?
— Aos... brasileiros...
Ao seu lado, Sarah resmungou, impaciente. Olhava com raiva para Skyller, cobrando-lhe alguma atitude.
— Quando essa lenga-lenga vai acabar para prosseguirmos com a execução?
A multidão voltou a gritar, ensandecida. Alguns se agarravam ameaçadoramente às colunas de madeira que sustentavam o patíbulo. Haya se postou à frente de Elisa e Henrique, abrindo os braços em um gesto protetor.
— Ninguém vai executá-la!
Sarah soltou um muxoxo de escárnio.
— Ela está passando por cima de sua autoridade, Skyller. Vai permitir isso?
Ele, porém, não tinha certeza de mais nada. Se aquela garota realmente tivesse o mesmo sangue de Haya, como poderia negar-lhe se reunir a ela? Haya estava afastada por todo aquele tempo em grande parte por sua culpa. Mas, por outro lado, Sarah tinha razão em temer a vinda de novos invasores e ele também não podia privar seu povo do espetáculo que lhes prometera.
— Eu...
Ele sentiu o toque suave de uma mão macia em seu ombro direito, então virou-se, encontrando aqueles olhos azuis e determinados.
Elisa a reconheceu como a mulher com quem Skyller falara antes da interrupção de Haya. Ela notou que, diferente das outras mulheres, aquela era a única com um vestido longo, elegante e sóbrio.
— Skyller, seria melhor pedir por uma terceira opinião. Mande chamá-la.
— Francamente, Louise, até você? — indignou-se Sarah.
— Embora pense o contrário, você não é a dona da razão, minha irmã — disse ela com um sorriso quente de verão.
Sarah ainda resmungou alguma coisa, contrariada, mas a presença de Louise apaziguou os ânimos. Ela tinha esse dom.
— Louise está certa, como sempre — Skyller puxou a mão da mulher para si, a apertando com afeto. Seus olhos exibiam um brilho caloroso ao voltar-se para ela. — Não há como resolver essa questão assim.
Haya suspirou aliviada, abaixando os braços e relaxando sua postura. No entanto, a multidão começou a se agitar novamente, exigindo a carnificina prometida.
— Meus irmãos de Libertália — Skyller elevou a voz ao dirigir-se a eles. — A execução está temporariamente suspensa! O caso é mais complexo do que pensávamos e a presença de Makanda se faz necessária.
As vaias recomeçaram, porém mais modestas dessa vez. Decepcionados, os cidadãos dispersaram-se lentamente. Skyller mandou que o carcereiro recolhesse os prisioneiros de volta à cela até que tivesse um veredito final e se retirou com as três mulheres.
Ao ser arrastada novamente pelas tábuas do patíbulo, o olhar de Elisa recaiu sobre o restante do grupo que estava com a última mulher, a que se vestia como uma dama do século XVIII. Eles foram os únicos a permanecerem na fileira da frente: um menino de uns sete anos de idade, uma moça de olhar perspicaz que a analisava com interesse e um rapaz com uma expressão tediosa no rosto. O homem que a conduzia a arrastou para longe deles, e logo ela estaria de volta à mesma cela que fora trancafiada com Henrique antes.
☠☠☠
— Essa gente é completamente louca! — exclamou Elisa assim que se viu livre de seu carcereiro. — Alguém devia denunciar o que acontece nesse lugar, eles são... bárbaros!
Henrique se recostava na parede oposta das grades, massageando os pulsos doloridos pelo uso das algemas primitivas. Seus lábios retorceram-se em um sorriso seco.
— Você ainda não entendeu? Eles não são como nós, vivem em um mundo mágico, totalmente diferente do nosso. Em algum momento se perderam no tempo e continuam vivendo como há trezentos anos atrás. Você devia estar feliz por ter encontrado uma parente perdida, é só por isso que ainda está viva.
Elisa parou de andar, tentando colocar os pensamentos em ordem. Como aquela mulher podia ser sua parente? Seria possível que aquele era mesmo um mundo mágico? E se não fosse, como aquela gente pôde viver isolada por tanto tempo? E, o mais importante, por que pensavam que a presença dos dois era uma ameaça para eles? Sua cabeça quase explodia com tantas perguntas sem respostas, quando se deu conta de que uma delas poderia ser respondida exatamente pela pessoa que estava a sua frente.
— Você sabia da existência desse lugar?
Henrique arqueou os ombros, a postura mudando instintivamente para a defensiva.
— Como eu poderia saber?
O olhar esquivou-se do dela, aumentando a desconfiança de Elisa.
— Não tente me enrolar! O que era aquele livro que estava lendo?
— Livro? Do que está falando? Não tinha livro nenhum. — Ele deu um passo para o lado, tentando livrar-se do olhar inquisidor da garota. No entanto, a cela era pequena demais e Elisa não iria desistir tão facilmente.
— Como não tinha? — Ela estava perplexa. Cortou a frente dele, obrigando-o a encará-la. — Eu sei exatamente o que vi! Você estava andando com essa coisa, com uma capa dura e revestido com uma espécie de couro, como os livros de antigamente. Estava com ele aberto nas mãos, lendo fascinado, como se fosse um guia para outra terra... ou outro mundo. — Ela fez uma pausa para respirar. Finalmente os olhos de Henrique encontraram-se com os seus. — Era isso, não era? O livro indicava o caminho?
— Não era um livro — falou ele pausadamente, mas com firmeza.
— Não estou acreditando. — Ela sustentou seu olhar, tentando recuperar o ritmo de sua respiração.
Henrique estreitou os olhos, erguendo os ombros em desconfiança.
— Você por acaso estava me seguindo?
— Não, é claro que não!
— Então como é que viu isso? Aliás, por que veio atrás de mim na taverna? Não era para estar com o resto da turma, aproveitando a tarde de sol na praia?
Elisa perdeu a fala. As maçãs de seu rosto queimaram de vergonha, a garganta ficando seca de repente. Ela engoliu algumas vezes antes de revidar aquela chuva de perguntas incômodas.
— Você está desviando do assunto...
O garoto sustentou seu olhar por um momento, o silêncio incômodo perdurando entre eles. Então os lábios retorceram-se em uma risada nervosa.
— Nós estamos perdendo tempo aqui. Pode até ser que você se livre da forca pela sua ligação com aquela mulher, mas eles não tem nada a meu favor e não estou a fim de morrer — os olhos castanhos voltaram-se para as grades, calculando suas chances. — Precisamos fugir daqui.
Elisa o fitou, incrédula.
— Como? É impossível quebrar essas grades.
— Sempre há um meio — ele sorriu de canto.
☠☠☠
O lugar estava vazio, exceto pelos três jovens que permaneceram após o anúncio de Skyller. Os habitantes do vilarejo tinham deixado um rastro de sujeira para trás, como se um furacão tivesse passado por ali. Absortos, eles mal se importavam com o estado da praça.
— Só podia ser coisa da minha mãe — disse a garota de cabelos negros e olhos azuis — Pela primeira vez em séculos temos a chance de entrar em contato com alguém do mundo de fora e tudo o que ela quer é matá-los. Que desperdício!
O garoto ao seu lado era um pouco mais alto e tinha os mesmos cabelos negros e olhos azuis, assim como o seu irmão menor, que encarava a garota de forma agressiva.
— Você não concorda com a execução? — disse o garoto com uma voz distante.
— E você, concorda? — rebateu ela em um tom inquisidor.
Antes que o irmão respondesse, o menino a puxou para baixo com violência, forçando-a a encará-lo.
— Meu pai sabe o que faz! Se ele acha que deve matar os prisioneiros, é porque é o certo!
Ela riu em descrença.
— Sinto informá-lo, pirralho, mas seu pai não é o dono da verdade e da razão — e erguendo-se para o mais velho. — O que acha, Eric?
Ele deu de ombros.
— Sei lá...
— Não sei qual de vocês dois é pior... — ela encostou-se na lateral de uma viga de madeira, cruzando os braços. Seu olhar percorreu o patíbulo deserto. — Sabe, Oliver, porque não vai esperar sua mãe na taverna de Thomas? Quero mostrar uma coisa para o seu irmão.
O menino lançou-lhe um olhar malicioso, o sorriso esperto de quem acaba de descobrir algo muito divertido.
— Pensei que você não quisesse saber dele.
Ela resolveu entrar no seu jogo.
— E por que não? Seu pai ficará muito satisfeito de saber que Eric e eu passamos um tempo juntos, não vamos querer que você estrague nosso momento e o desaponte.
— Se é assim, eu vou.
A garota virou-se com um sorriso de empolgação estampado na face assim que se viu livre de Oliver. Eric a encarava de cenho franzido e expressão vazia.
— Só espero que não esteja planejando me agarrar aqui, Nadine. Acho que ainda não atingimos esse nível de intimidade.
Ela revirou os olhos.
— Não seja idiota, só dispensei Oliver porque ele idolatra Skyller e sairia correndo contar para ele se descobrisse o que eu achei.
Ele não respondeu.
— Não quer saber o que é?
— Você vai dizer de qualquer forma.
— Espertinho, venha comigo — ela o puxou pelo braço, levando-o para trás de uma construção mal acabada ali perto.
Eric observou a garota dirigir-se ao alambrado e agachar para pegar algo que estava oculto por um caixote muito bem posicionado para que ninguém se aventurasse a ver o que tinha nele. Nadine puxou uma alça comprida com ganchos que a eles eram desconhecidos, trazendo junto uma bolsa azul marinho de tamanho médio e formato irregular.
— O que é isso, Nadine? — quis saber ele, de cenho franzido. O objeto se parecia muito com aquele trazido por Haya ao interromper a execução. — Onde encontrou essa coisa?
Os olhos da garota brilhavam de excitação.
— Encontrei na taverna quando fui encontrar minha mãe lá. Ela estava tão ocupada em capturar os invasores que nem notou o saco de viagem caído — ela parou por um instante, lembrando-se de repente das palavras de Elisa. — Aliás, mochila. É assim que se chama.
— E o que pretende com isso? — Eric aproximou-se, analisando o estranho objeto e demonstrando interesse pela primeira vez.
— Investigar, ora — o sorriso cresceu nos lábios. — Imagine que um mundo inteiro e desconhecido pode estar aqui dentro.
— Que exagero — tornou Eric, tentando manter-se impassível. Porém, o brilho em seu olhar o traía.
— Não está com medo de Skyller, está? — ela o provocou, balançando a mochila com a alça na sua frente.
Ele hesitou por um momento. Se o pai descobrisse que tinha violado aquela espécie de caixa de Pandora, estaria em maus lençóis. Mas, por outro lado, não podia negar que estava tão curioso quanto Nadine sobre aquilo. Pela primeira vez em sua vida, tinha a chance de conhecer algo vindo de fora da ilha.
Eric esticou o braço, tentando pegar o objeto, mas Nadine foi mais rápida e afastou-o dele no mesmo instante. O garoto franziu a testa, decepcionado, o que a fez rir com gosto.
— Veja só quem está curioso, o senhor sempre com tédio...
— Abra logo! — cortou ele, impacientando-se com o jogo de Nadine.
Ela arqueou uma sobrancelha, a mochila suspensa no ar pela mão direita, fazendo mistério. No entanto, também já estava doida para saber o que tinha lá. Com a mão livre, puxou o estranho fecho, fazendo o zíper se abrir. A mochila foi virada e os objetos caíram ao chão.
Fascinados, Eric e Nadine começaram a explorar aquelas coisas modernas e estranhas. Nadine achou um frasco de protetor solar e começou a ler o rótulo com interesse. Eric tateava pelas roupas, imaginando-se vestindo aquilo. Skyller teria um ataque.
Um som agudo e estridente os chamou a atenção. Eles largaram os objetos que tinham em mãos para tentar localizar a origem do barulho irritante. Um objeto prateado e retangular vibrava, fazendo-o deslocar-se no chão como um animal vivo. Eric e Nadine entreolharam-se, o espanto estampado na face, mas foi Nadine quem teve coragem de pegá-lo.
— Cuidado, essa coisa pode explodir — alertou Eric.
Ela, no entanto, analisou a tela iluminada e colorida do estranho objeto. Seus olhos estavam enfeitiçados pelo que viam. Um vislumbre do futuro.
— Não vai explodir.
Nadine tocou na tela com os dedos delicadamente, e o som cessou no mesmo instante. Eric arfou, assustado.
— Isso só pode ser magia.
— Não é magia — disse a garota, dando risada. — Eu saberia se fosse.
Eric ponderou aquilo por um momento.
— Então diga o que é, sabichona — desafiou ele.
Nadine virou o objeto na mão, analisando o aparelho com cuidado.
— Isso é... algo muito moderno criado por uma tecnologia avançada demais para a nossa compreensão.
— Boa tentativa. Mas não é possível que a tecnologia tenha avançado tanto assim a ponto de fazer uma coisa bizarra dessas.
— Também não era possível que uma ilha ficasse congelada no tempo sem que ninguém pudesse entrar ou sair, e aqui estamos nós.
Eric não soube o que responder. Tudo aquilo estava muito além do seu entendimento. Ele voltou o olhar para a tela, as imagens dançando dentro dela como em um sonho psicodélico.
— Tive uma ideia — disse Nadine, sorrindo empolgada. Não estava com medo, mas apenas encantada com cada coisa nova que descobria. — Vamos até a cela para que eles mesmos nos digam o que é essa coisa.
Eric sentiu a cor abandonar seu corpo, a garganta ficando seca de repente.
— Acho que a ideia que meu pai tem de noivado não inclui fazer um passeio na prisão para conversar com os inimigos.
Mas Nadine apenas riu, dando de ombros.
— Skyller não vai saber, a menos que você conte. Vamos, será divertido — ela guardou o aparelho no bolso interno de seu casaco, puxando Eric com a outra mão e o obrigando a acompanhá-la.
☠☠☠
Fazia vinte minutos que Henrique encarava as mesmas grades enferrujadas de sempre. Andando em círculos no centro da cela, Elisa estava tentando manter-se otimista em relação àquilo, mas a demora e o silêncio do outro a enlouquecia.
— Eu sabia, não tem como fugir daqui — desabafou ela, cruzando os braços e escorando as costas na parede. — Nunca pensei que fosse dizer isso, mas seria a pessoa mais feliz do mundo se as três Marias entrassem por aquela porta agora.
Henrique estava concentrado em sua tarefa e tentava manter a mente limpa, mas algo nas palavras de Elisa aguçaram sua curiosidade. Seus olhos recaíram sobre a garota, que havia deslizado pela parede até se sentar ao chão.
— Quem são as três Marias?
Elisa corou, envergonhada por ter dito aquilo em voz alta. Ninguém sabia de seu apelido "carinhoso" e tinha receio de que Henrique o revelasse para alguém.
— Ah, não é nada — disse, fazendo uma careta. — É só como eu chamo o grupinho de Marina, Mariana e Marília. É só uma brincadeira.
Entretanto, aquilo acendeu alguma coisa dentro de Henrique, que distorceu os lábios em uma risada divertida.
— Três Marias? Isso é genial!
Elisa o encarou, incrédula.
— Você não as acha demais? Todo mundo adora aquelas três.
— Aquelas patricinhas alienadas? — ele riu. — Sem chance.
Era a primeira vez que Elisa ouvia alguém dizer algo de negativo das garotas e aquilo fez crescer algo dentro dela. No entanto, não podia se dar ao luxo de se entregar a uma sensação agradável enquanto ainda corriam risco de vida.
— Fico muito feliz que tenha gostado — cortou ela. — Mas será que dá para voltar ao que estava fazendo? Ou será que já desistiu? Estamos ficando sem tempo.
O sorriso sumiu de seus lábios. Ele a encarou com o semblante sério, trincando o maxilar.
— Não desisti. Como eu disse, sempre há um meio.
— E qual é esse meio? — duvidou ela.
Em sua cabeça, Henrique já havia descartado mil planos mirabolantes de fuga. Porém, os únicos que lhe pareciam ter alguma chance real de sucesso levariam tempo demasiado para serem executados. Tempo que eles não dispunham.
O garoto olhou novamente para fora das grades. Tinha certeza de que pelo menos um homem guardava a entrada da prisão e, mesmo que eles conseguissem sair da cela, teriam que lidar com ele. O desespero já tomava conta de seu ser quando seus olhos pousaram na blusa de Elisa. Então um estalo despertou sua mente.
— Isso na sua roupa se parece muito com sangue.
Elisa olhou para baixo, sem entender o brilho nos olhos de Henrique. Um rastro em tom vermelho escuro manchava a Estrela da Morte em sua camiseta.
— O que tem isso?
Henrique já tinha formado um plano e explicou a ela rapidamente. A garota ficou em dúvida, mas tinha que admitir que talvez aquela fosse a melhor opção, logo concordando com o papel que desempenharia.
Em poucos minutos, Henrique já balançava as grades com as mãos, gritando em desespero. Ele fazia o máximo de barulho que conseguia, tentando chamar atenção.
— Alguém ajude! Ela está morrendo!
Quando o guarda veio correndo e bateu os olhos na garota, ela se contorcia, deitada no chão, as mãos agarrando a camiseta onde a mancha escura se instalara. Por um momento, ele ficou sem ação diante daquela cena.
— Você precisa chamar alguém, ela está perdendo muito sangue! — Henrique continuava gritando.
— Ela já ia morrer de qualquer forma — ponderou ele.
Elisa soltou um gemido de dor, a face se contraindo em uma máscara de sofrimento.
— Ela não ia morrer, ia ser executada — Henrique foi mais incisivo. — Seu chefe não ficará feliz ao saber que deixou a prisioneira morrer enquanto esperava sua sentença na cela.
O homem considerou aquilo por um momento. Elisa já soltava os últimos suspiros, sua consciência quase a abandonando, quando ele finalmente resolveu agir.
— Está bem, afaste-se da grade — disse ele, suspirando. — Vou examiná-la.
Henrique sorriu por dentro enquanto o homem sacava um molho de chaves e procurava pela certa. Fez o que ele mandou, indo esperar na parede oposta, e quando já estava dentro da cela, o guarda inclinou-se sobre o corpo inerte de Elisa.
Mas antes que pudesse raciocinar e perceber que o sangue era falso, a garota o chutou no meio das pernas, fazendo-o gritar e dobrar-se de lado com a dor. Sem perder tempo, Henrique puxou as mãos para trás, o imobilizando, enquanto Elisa o desarmava e pegava o molho de chaves em seu bolso.
— Isso não vai ficar assim! — ameaçou ele, contorcendo-se e tentando escapar de Henrique. — Esperem até Skyller colocar as mãos em vocês!
Elisa encontrou um lenço comprido nos bolsos do sujeito e o amordaçou, prendendo também suas mãos para trás com o restante do pano. Passou a pistola para Henrique e os dois apressaram-se em correr para fora da cela. Seus olhos pousaram uma última vez no homem caído, remexendo-se inutilmente enquanto ela trancava novamente as grades.
Henrique tomou cuidado de espreitar para o lado de fora antes de sair, e quando constatou que não havia ninguém, fez um gesto para que Elisa o acompanhasse. Os dois correram em direção da mata, calculando ser aquele o lugar mais seguro para se camuflarem. Porém, de um caminho lateral surgiu a figura de Nadine e Eric, postando-se entre eles e a entrada da floresta de forma ameaçadora.
— Aonde pensam que vão? — disse Nadine com um sorriso malicioso nos lábios.
Boa noite tripulação!
Demorei, mas cheguei com mais um capítulo pra vocês. E o que dizer desta história que está se complicando cada vez mais? E quanto a esses dois personagens que apareceram, Nadine e Eric? Espero que tenham gostado deles, pois serão muito importantes para a história daqui pra frente. Enfim, comentem o que estão achando de tudo, e não se esqueçam de votar! É só clicar na estrelinha ali embaixo e não custa nada ;)
Hoje, gostaria de agradecer a todos que estão lendo e acompanhando a história, acabamos de atingir 0,5 k de visualizações e estou muito feliz com isso! Obrigada, vocês são demais!
Bons ventos e até semana que vem!
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