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☠ III - Uma sentença precipitada ☠

O homem que olhava de cima era forte e imponente. Vestia um sobretudo de veludo fino debruado por cima de uma camisa de algodão, calças marrom, um chapéu tricórnio que indicava sua alta posição e estava tão bem equipado de armas quanto Sarah. Sua pele era bronzeada e seu sorriso malicioso exibia dentes tortos na frente, mas em perfeito estado, ao contrário dos dentes da maioria das pessoas que habitavam aquele lugar. Tinha um brinco de caveira em uma das orelhas e seus olhos verdes estavam marcados com um traço preto forte na parte inferior, o que lhe denotava um ar de profunda intensidade. Do canto de seu olho direito, descia uma enorme cicatriz que terminava próximo do lábio superior, o que tornava a figura ainda mais sinistra.

— O que está havendo, Sarah? — disse ele, pisando no cigarro que atirara ao chão. — Por que tive que largar meu cigarro para vir conferir uma bagunça dessas?

A mulher se precipitou, indicando os jovens amarrados ao centro, exibindo-os como um grande troféu. Elisa teve vontade de vomitar com a cena.

— Encontrei esses invasores hoje mais cedo na taverna de Thomas.

— Eu sou inocente, eu juro! Eles simplesmente apareceram do nada — Thomas tremia da cabeça aos pés ao gesticular de forma dramática, ansioso para se ver livre de qualquer culpa.

Os lábios de Skyller retorceram-se para baixo, seu maxilar travado em uma expressão séria. Bastou um olhar para que Thomas se calasse e voltasse a sua taverna.

Elisa sentia o medo a envolver em um abraço sufocante, mas agradeceu internamente que pelo menos pudesse contar com o apoio de Henrique naquela situação impossível. Estavam sentados de costas coladas. O medo era recíproco.

O homem deu um passo em direção a eles, avaliando-os com uma máscara insondável. Os olhos estreitos.

— Como chegaram até aqui?

Ao ouvir a mesma pergunta que Thomas lhe fizera, Elisa ficou intrigada. Aquele lugar só podia ficar em algum canto esquecido em Ilhabela, uma vez que parecia-lhe impossível estar em qualquer outro lugar apenas por ter entrado na taverna de Thomas.

A menos que a taverna fosse algum tipo de portal mágico, o que estava completamente fora de cogitação. Devia haver alguma explicação lógica para aquilo tudo. Henrique se remexeu desconfortável às suas costas. Por que tinha a sensação de que ele estava escondendo algo?

— Não sabemos — foi sua resposta, simples e evasiva.

— Skyller, você sabe o que isso significa. Olhe para as roupas que estão vestindo, muito tempo deve ter se passado lá fora desde que... você sabe.

Ele os avaliou por um momento. Cruzou os braços, levando uma das mãos até o queixo, compenetrado em seus próprios pensamentos. Ao seu redor, as pessoas o encaravam ansiosas, aguardando uma posição de seu líder.

— Acha que podem ser uma ameaça?

— Com certeza. De onde vieram, podem vir mais.

Elisa arfou. Aquelas pessoas os amarravam do nada, os deixavam expostos como carne fresca para urubus famintos e eles é que eram uma ameaça?

— Não somos uma ameaça, somos só estudantes — ela disse, indignada, antes de conseguir se refrear.

O homem que se chamava Skyller a encarou com espanto. As pessoas ao redor encolheram-se de medo e passaram a cochichar entre si, o que não fazia o menor sentido.

— Acadêmicos? É pior do que pensei, devem ter encontrado alguma forma de romper a fronteira.

Elisa ficou sem fala. Fronteira? Do que ele estava falando?

— Não encontramos nada, foi um acidente. Só percebemos quando já estávamos aqui — Henrique respondeu, para a sua surpresa. — Elisa tem razão, não representamos ameaça alguma.

Impaciente, Sarah atirou os braços para a frente, cortando a frágil comunicação estabelecida.

— Você tem que ordenar a execução deles agora, Skyller! Não chegamos até aqui sendo complacentes.

O medo atravessou o peito de Elisa e ela podia sentir o mesmo vindo de Henrique. Incitados por Sarah, as pessoas que formavam o círculo começaram a erguer as mãos, agitadas e gritando insultos.

Sangue! Queremos sangue — protestavam alguns.

Faça-os pagar! — berravam outros.

Alguém atirou um tomate podre, atingindo em cheio a camiseta do Star Wars. O sumo vermelho manchou a estrela da morte, deixando um rastro que se assemelhava a sangue. Elisa encolheu os joelhos, deixando os cabelos caírem em sua face em uma frágil tentativa de se proteger. Por que aquela gente os odiava tanto? Por mais que pensasse, ela não conseguia imaginar o sentido de tanta agressividade.

— SILÊNCIO!

Como mágica, todos se calaram perante aquela voz. Skyller lutava para manter o semblante impassível, mas algumas gotas de suor teimavam em brotar em sua testa. Por algum motivo, o líder daquela gente não estava confortável naquela situação. Com um gesto, indicou dois homens, que deram um passo à frente.

— Guarde-os. Reunirei-me com Sarah para discutirmos os termos da prisão dos invasores. Encontre-nos daqui a trinta minutos no patíbulo. — e voltando-se para a massa raivosa. — Lá, eu darei o meu veredito.

Decepcionada, toda a gente começou a se dispersar. Os homens designados por Skyller eram dois brutamontes mal encarados e cada um se encarregou de um prisioneiro. As cordas foram trocadas por correntes pesadas que lhes machucava os pulsos. Elisa olhou para as mãos trancadas por aquela coisa enferrujada enquanto era arrastada para algum lugar desconhecido. Ela não conseguia se lembrar se sua antitetânica estava em dia.

☠☠☠

O recinto estava iluminado apenas por uma vela no centro da mesa retangular, deixando o ambiente em uma penumbra amarelada. Skyller sentava-se junto à mesa com os cotovelos apoiados no móvel, as mãos entrelaçadas na altura da boca. O barulho das botas de Sarah andando de um canto a outro do cômodo feriam seus ouvidos.

— Não há o que ser discutido — dizia ela, a impaciência explícita no tom agudo de sua voz. — Eles invadiram a ilha, eles pagarão por isso. Fim.

— Você acredita mesmo que isso é necessário? Uma execução dupla em praça pública depois de tantos anos vivendo em paz?

— Você não vê, Skyller? — Ela parou com as mãos sobre a mesa, encarando-o. A voz alterada. — A execução é justamente para preservarmos a paz que construímos aqui. Se esses dois nos encontraram, isso significa que a fronteira está se abrindo de novo. Não conhecemos mais o mundo lá fora, não sabemos as armas que eles têm. Você se lembra do que aconteceu da última vez, não se lembra?

Ele trincou o maxilar inferior. Os olhos estavam estreitos em uma expressão de profundo desgosto.

— Lembro-me todos os dias — a voz era intensa e cheia de significados.

Sarah relaxou um pouco ao ouvir a resposta, voltando a caminhar em círculos. Toda aquela agitação matutina tornava a tarefa de manter-se parada quase impossível.

— Então não estou entendendo o motivo de sua hesitação. Quantas vidas não matou no passado? Por que se importar agora por tão pouco?

— Porque agora é diferente — ele abaixou as mãos, fitando-a com seus olhos verdes intensos. — Eu não ajo apenas por mim. Lutei esses anos todos para trazer alguma civilidade a essa gente. Além disso, tenho que pensar em minha família. Em Louise.

— Louise... — ela bufou em descrença. — Louise pensará que é um frouxo se não executar esses dois. Seria colocar tudo em risco, inclusive sua família. Além disso, existe um pequeno detalhe que talvez você não esteja considerando: é a primeira vez que alguém chega na ilha por terra, isso nunca tinha acontecido antes. No mar, temos mais chances de identificá-los, mas se começarem a vir por terra, isso pode ser muito perigoso.

Skyller considerou aquilo por um momento. Pela primeira vez em décadas, sentia o fardo de sua posição em Libertália pesar.

— E quanto ao tesouro?

— Está seguro por enquanto — disse, o orgulho mal disfarçado em sua voz. — Mas se a fronteira voltar a se abrir, não posso garantir que ele permaneça intacto, considerando que os invasores podem aparecer de onde menos se espera e esse é mais um dos motivos para acabar logo com isso. Para impedir que novas ameaças cheguem, temos que eliminar qualquer nova que apareça.

Ele finalmente se ergueu de sua cadeira, andando com segurança. Depois que tomava uma decisão, jamais voltava atrás.

— Vamos ao patíbulo. Já tenho uma resposta.

O sorriso de Sarah cresceu perigosamente em sua face. Sabia que Skyller tinha tomado a decisão certa.

☠☠☠

A enorme estrutura de madeira estava armada com duas cordas pendentes ao centro, posicionadas logo acima de dois alçapões. O vento as balançava levemente, como um mau agouro. Toda a gente se espremia, acotovelando-se para ficarem o mais próximo possível do espetáculo de logo mais. Não queriam perder nada.

Algemada e sendo cutucada nas costas a cada passo, Elisa sentia-se como em um show de horrores. Em pensar que há apenas duas horas suas únicas preocupações eram tentar aproximar-se de Rafael Hansen e manter distância das "três Marias". Como pôde se meter naquela enrascada? Tentando manter acesa uma pequena chama de esperança, ela imaginou que Henrique talvez tivesse alguma carta na manga. Porém, o olhar que ele exibia era de derrota. Ainda haveria uma saída para eles?

Ela soube que o líder daquela gente estava ali tão logo as vozes se silenciaram. Somente ele tinha aquele poder. Os pelos de sua nuca se eriçaram em um arrepio sinistro ao sentir que ele se aproximava. Tinha chegado a hora da verdade.

Involuntariamente, deu um passo em direção de Henrique, o mínimo que seu carrasco lhe permitia. O garoto era sua única boia de sanidade naquele mar de pesadelo.

— Povo de Libertália — começou ele com sua voz rouca e firme. As mãos se ergueram em um gesto brando. — Meus irmãos e irmãs. Hoje, depois de tanto tempo, tivemos a desagradável notícia de que invasores chegaram em nossas terras. Muitos aqui lembram-se dos tempos difíceis que passamos para que nosso sonho tornasse realidade. A guerra foi dura, foi sangrenta, mas nós triunfamos perante o inimigo.

Ele fez uma pequena pausa. Seus olhos dirigiram-se a um pequeno grupo de pessoas em específico e Elisa fez um esforço para ver quem eram. Estavam na primeira fileira da frente, mas o corpo do carrasco tapava-lhe a visão.

— Se hoje nossos jovens podem desfrutar da paz, da liberdade e da tranquilidade da ilha, eles devem isso ao que construímos no passado. Por isso, meus amigos, não devemos deixar que nenhuma ameaça ponha em xeque aquilo que temos de mais valioso. Defenderemos a fronteira até o fim de nossas vidas. Pela liberdade!

Seu punho fechado ergueu-se sobre a cabeça, um gesto de luta e vitória, sendo acompanhado por todos os outros que o ouviam, enfeitiçados.

Pela liberdade! — gritaram em uníssono.

Skyller voltou-se para seus prisioneiros, o olhar afiado cortando-os como uma navalha. Elisa engoliu em seco. Henrique abaixou os ombros em derrota.

— Portanto, eu os sentencio à forca. Vida longa à Libertália!

A multidão explodiu em comemoração. Os carrascos começaram a arrastá-los até a plataforma sob a corda que logo receberia seus pescoços. Elisa sentiu a boca seca, o coração disparando enquanto tudo ao seu redor parecia girar. Lágrimas vieram à tona, turvando sua visão.

— Tem certeza que isso é mesmo necessário, Skyller?

A voz feminina e levemente recriminatória a surpreendeu. Skyller se dirigia ao mesmo grupo da frente e Elisa pôde distinguir quatro semblantes sérios, que destoavam do restante da massa enlouquecida. Tratava-se de uma mulher, um casal de adolescentes e uma criança, todos muito parecidos entre si. Para o seu espanto, percebeu neles características semelhantes às de Sarah: tinham a pele alva, olhos azuis e cabelos negros e lisos, embora os da mulher fossem mais encaracolados nas pontas.

— Precisamos nos proteger, Louise. É para a nossa segurança. — decretou ele.

Elisa não conseguiu ver mais nada. Seu carrasco a arrastou até o alçapão quadrado de madeira que se abriria sob seus pés quando ordenado, dando um fim precoce a sua vida. A corda passou por seu pescoço, machucando a pele sensível. Ela sabia que não adiantaria discutir nem tentar fugir. Fora condenada à morte por algo que não conseguia compreender.

Ao seu lado, Henrique foi posicionado no segundo alçapão, idêntico ao dela. Seus olhos procuraram os dele em uma frágil tentativa de encontrar algum conforto.

— Eu sinto muito, Elisa. — sua voz era profunda e sincera.

Novamente, ela sentiu as lágrimas descerem pela face.

— Por que?

Não havia resposta. Alguém tinha determinado seus destinos. Alguém que não tinha direito sobre eles, mas que se julgava acima da lei. Sua vontade seria cumprida, independente se seus prisioneiros fossem culpados ou não.

— Que Deus tenha piedade de suas almas.

A agitação da plateia aumentava gradualmente. Eles xingavam, faziam gestos obscenos, alguns atiravam ovos e tomates podres. Felizmente, estavam bêbados demais para acertar a mira. Não se importavam com quem iria morrer, se realmente eram uma ameaça ou não, tudo o que queriam era apreciar o espetáculo. Há muito tempo que não viam uma execução. Queriam sangue.

A silhueta de um homem musculoso projetou-se à frente. Tinha a cabeça coberta por um capuz negro, deixando à mostra apenas os olhos, tão escuros e cruéis quanto a própria morte. Ele se posicionou ao lado da alavanca, preparando-se para acioná-la. Uma vez que a girasse, os alçapões seriam abertos e os corpos cairiam, sendo sustentados apenas pela corda amarrada em seus pescoços.

Elisa fechou os olhos com força. Se fosse mesmo morrer, não queria ver mais nada daquilo. Em sua mente, a imagem das pessoas que lhe eram queridas começaram a brotar. Sua mãe, dando-lhe uma bronca por não ter arrumado a cama no domingo. Seu avô lhe chamando de Rosa e contando a mesma história de como seu irmão mais novo tinha morrido afogado na Praia Dourada pela milésima vez. Seu irmãozinho, Beto, mexendo nas suas coisas e escondendo seu DVD favorito do Imagine Dragons. O sorriso gentil de Rafael Hansen...

Seu coração estava apertado. Aquelas imagens eram dolorosas demais para ela. Saber que nunca mais veria nenhuma daquelas pessoas. Saber que morreria naquele lugar estranho, pelas mãos daquelas pessoas estranhas e que ninguém jamais sequer imaginaria qual teria sido seu destino final. Sua mente já estava totalmente alheia à euforia que tomava conta da plateia. Seu corpo apenas esperava o puxão que terminaria com tudo.

As mãos do carrasco seguraram no topo da alavanca. A multidão silenciou-se, prendendo a respiração para não perder nenhum lance do enforcamento. O vento soprava forte, balançando as folhas dos coqueiros da orla da praia.

— ESPERE! — Uma voz ofegante, mas firme e decidida, fez-se ouvir.

As mãos escorregaram da alavanca. Os alçapões balançaram em um leve tremor sob os pés de Elisa e Henrique, no entanto permaneceram no lugar. Elisa abriu os olhos.

A multidão abria um corredor estreito para que a dona daquela voz passasse. Tinha longos cabelos castanhos claro, que desciam como uma cascata até a altura do peito. Seu rosto estava meio oculto pelas abas do chapéu irregular que usava e, em uma das mãos, levava consigo a mochila de Elisa. Skyller e Sarah trocaram um olhar nervoso, permanecendo congelados no lugar.

— O que significa isso? — bufou ele.

A mulher subiu as escadas do patíbulo e atirou a mochila na frente de Elisa. Na outra mão, segurava um pedaço de papel amarelado pelo tempo.

— Você, garota! — ela apontava com o indicador, os olhos brilhando em expectativa. — Esse saco de viagem esquisito é seu?

Elisa arregalou os olhos. Ao seu lado, Henrique a fitava igualmente espantado, porém ela notou nele uma chama de esperança.

— Isso não é um saco de viagem, é uma mochila — ela conseguiu encontrar sua voz, apesar da garganta seca e do nervosismo latente. — Mas sim, é minha.

Skyller puxou-a pelo braço, indignado pela intervenção intempestiva.

— Haya, explique-se!

Ela puxou o braço de volta, não se intimidando com o ultimato. Sua postura era rígida, intransponível, e ela estendeu o papel que segurava ao pirata, com firmeza.

— Você não pode matá-los. Ela é minha descendente!

Bom dia, tripulação!

O que dizer desse capítulo bombástico? Elisa descendente de pirata, por essa ela não esperava. Como será que ela vai reagir a essa informação? E Skyller desistirá da execução? O que será que ainda vem pela frente?

Se leu até aqui, não se esqueça de deixar uma estrelinha pra mim (faça uma autora feliz no dia do aniversário dela ashaushaush). Espero que estejam gostando da história tanto quanto eu estou gostando de escrevê-la. :)

Bons ventos e até semana que vem!



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