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Capítulo 08

Não imaginara o quão longe esta história poderia chegar, tudo estava arruinando-se e o que uma mera princesa poderia fazer?  Todos sempre subestimaram-me e sempre me senti incompreendida, mas agora já não adianta, pois  Cassius está por aí com aquelas "criaturas" e se eu não tivesse sido tão tola em fugir talvez...Só talvez eu não estaria sentindo o peso da culpa invadir-me o meu ser neste momento.

—O que faremos? Nós precisamos encontrá-lo! –Digo já desesperada.

—Vamos encontrá-lo Chloe! Acalme-se. –Ele acaricia minha bochecha.

Na cabana há requisios de sangue que supostamente foram deixados por Cassius,pedaços de suas roupas que foram deixados para trás.

—Teremos que esperar o anoitecer,pois apenas assim poderemos ouvir estas criaturas! –Antony questiona. —Você,Chloe! Demonstrou-me muita coragem,mas o que fará quando encontrá-las? –Debocha.

—Eu lutarei!

Antony rodopia em minha volta e com sua face desacreditada aproxima-se de meu ouvido e diz:

—Será?

Por um momento ele desaparece de minha visão e logo em seguida reaparece por trás de mim.

— Você é tão fraca e indefesa Chloe, não irá conseguir matar se quer uma dessas criaturas, aliás creio que ninguém possa. – Diz ele com um sorriso de lado empunhando uma espada que estava apontada para mim.

—Eu sei que posso! – Digo tomando a espada de suas mãos.

Antony aproxima-se de mim e encara-me com um sorriso extremamente sarcástico e quando olhamos para o céu o mesmo estava estrelado e a lua que nele estava, iluminava todo o caminho ao redor.

—Acho que está na hora! – Antony diz em susurros.

Não escutamos nada, além do barulho dos galhos de árvores que chacoalhavam incessantemente devido ao vendaval que passara sobre nós. Antony tomara a dianteira enquanto eu o seguia observando cuidadosamente as laterais e traseira.
Era possível ouvir outrora os gritos angustiados e terríveis de algum animal sendo destroçado por aquelas criaturas.
Vários pares de olhos avermelhados surgiam da escuridão e eu ainda não entendia do porquê aqueles seres não haviam nos atacado ainda, apenas compreendi quando acidentalmente pisei em um galho que despedaçou-se, em seguida fazendo um barulho que ecoou pela mata.

— Shiu! Tenha cuidado. –Antony segura meu braço.

E então ficamos visíveis para aquelas criaturas que se aproximavam devagar, talvez para nos atormentar e à medida que se aproximavam arranhavam as árvores para nos assustar ainda mais.

—Elas são atraídas pelo som! –Digo a Antony.

E então tudo parecia ter cessado-se, o que foi um pensamento enganoso meu, logo aquelas criaturas avançaram em nossa direção, dessa vez com uma velocidade incrível.

—Corra! –Ordenou Antony.

Corríamos até a nossa respiração ficar ofegante, mas elas não haviam parado; fomos encurralados em uma caverna que só teria como sairmos caso adrentassémos nela, e foi o que fizemos. Estava escuro e não tinha como enxergar sequer nossas próprias mãos, porém Antony fez uma tocha e assim poderíamos procurar uma saída, pois aquelas criaturas pareciam terem sido despistadas.
Quando adrentamos a caverna e percorremos uma boa distância de onde entramos, um arrepio invadiu-me por inteira quando vi sangue e ossos espalhados por todo lugar da caverna.

— O que é isso? – Arregalo meus olhos.

Antony abaixou-se e com cuidado olhou de perto, em seguida se virou para mim e disse o que eu mais temia.

—Esse é o esconderijo daquelas coisas, provavelmente onde se alimentam.

Seguro-me em um lugar da caverna para que eu não caísse no chão,pois aquilo me assustou.

—Acalme-se Chloe! –Disse ele ao ver que meu rosto estava pálido. —Venha! –Segurou meu braço e assim continuamos a procurar uma saída.

Perguntava-me a todo momento onde estava Cassius e se realmente estava vivo, não me perdoaria se algo o acontecesse. Ele era da cavaleria do reino do meu pai, mas também era seu amigo.

—Espere! – Antony disse em voz baixa. —Olhe!

Quando me aproximei e olhei com cuidado para o outro lado de uma fenda que havia, pude ver Cassius todo ferido e ensanguentado, ao seu lado tinha outro rapaz, mas que não dava para saber se estava vivo ou não.

— Temos que soltar eles! – Digo aflita.

— A minha prioridade é o Cassius, o outro salvaremos se pudermos.

— Façam silêncio! –Digo em sussurros.

Antony desamarra Cassius que mal consegue abrir os olhos, mas o outro rapaz acordou subitamente e começou a gritar.

— Por favor! Não grite! – Tento acalmá-lo.

—Eles vão me matar! – O rapaz dizia incessantemente.

— Quem vai matá-lo? – Seguro seu rosto com as duas mãos.

— Os Wendigos! –Ele grita.

Quando ele deu o último grito aqueles pares de olhos vermelhos surgiam gradativamente da escuridão.

—Vamos! – Antony diz puxando o meu braço, sendo que Cassius já estava  sobre seu ombro.

— Não! Vamos salvar ele! – Digo tentando me soltar e ir na direção do rapaz.

— Já não há como. – Antony insiste.

E realmente não havia mais tempo, os chamados Wendigos  atacaram o rapaz; suas garras arrancavam pedaços de sua pele e perfuravam o seu corpo, seu sangue jorrava por toda parte.

— Não olhe Chloe!

Essas criaturas são horríveis e maldosas, ainda não saímos da caverna, mas não vamos desistir.

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