Eu vou conquistar esta menina-mulher. Eu vou...eu amo-a, sim já não tenho vergonha de o admitir. Eu não posso mais viver sem ela, eu vou conquistar-te Dakota Johnson...eu juro.

Quando cheguei a casa naquele dia já era bem tarde, e claro que Eloise tinha que falar do novo médico que apareceu. Que se chamava Jamie Dornan, era de Dublin, que o Dr. Smith o conhecia, ou melhor conhecia o pai do Jamie. Contou que ele depois de perceber que não tínhamos meios para tratar dos doentes comprou uma serie de medicamentos e material de primeira necessidade: como ligaduras, gazes, seringas e até encomendou vacinas para que as crianças fossem vacinadas.

- Mas, como é que ele comprou isso tudo? Ele é rico?

- Pelo nome, ele é bem rico sim Stella. Mas o que é que um Dornan está a fazer em Belfast?- pergunta o meu pai.

- Não sei pai. Mas ele foi um anjo que nos apareceu isso posso dizer-te. E até já fez amizade com a Dak...- mando um olhar mortal para Elô, para que não diga nem mais uma palavra...-...ele convidou-a para jantar amanhã.

Assim que ela acaba de dizer aquilo, olho para o meu pai que não está com uma cara muito feliz. Encolho-me como posso, e baixo a cabeça. Não que eu achasse que estivesse  a fazer alguma coisa errada, afinal eu apenas iriar jantar com alguém que ajudou um monte de pessoas que não lhe eram nada sem pedir nada em troca. Jamie era uma boa pessoa, e com um coração enorme.

- Tu vais jantar fora com um desconhecido Dakota?- o meu pai pergunta meio preocupado, ou diria eu com ciúmes.

- Ele convidou-me...e eu aceitei.- fica toda a gente a olhar para mim, mas existe alguém nesta família que não consegue estar calada, e costuma falar sem pensar no que vai dizer: a nossa pequena Stella.

- Papá, acho que a Dak arranjou um namorado. - diz com um sorriso lindo.

- Stella.- a minha mãe olha para ela com um ar de zangada...- Se não tens nada de bom, verdadeiro ou útil a dizer...

- Melhor não dizer nada.- diz Stella completando o que a minha mãe sempre nos dizia quando éramos pequenas.- Mas, se a Dak vai jantar com esse Dr. não quer dizer que eles...- a dona Mel dá-lhe um olhar mortífero...- Está bem, já não digo mais nada.

- Dakota, estou à espera de uma boa razão para esse jantar, ou será que a tua irmã tem razão?

- Eu só vou jantar com ele, como forma de lhe agradecer o que ele fez. Estão a ver fumo onde nem há fogo.

- Então achas normal ires jantar fora sozinha, com alguém que viste uma vez e que com quem estiveste a trabalhar durante o quê? Umas 5 horas?

- Pai, eu só vou jantar com um alguém que nos ajudou no centro, e sim talvez virar um bom amigo, mas nada mais. Credo, já não posso ir jantar fora com um "amigo" que já fazem um filme.

- Um amigo? Dakota, viste o rapaz umas duas vezes e já é um "amigo"!?

- Sim, é um amigo, ou irá ser depois deste jantar.- digo já a olhar para o meu pai, e a perder a pouca paciência que por vezes tenho quando me querem controlar sem razão para isso...- Ele é boa pessoa, apesar de ser riquinho e tal, tem bom coração.

- A Coqui está a falar que nem as moças das novelas quando se apaixonam...- e de novo Stella diz o que não deve.

- Stella, podes parar. Pelo amor de Deus...

- Desculpa, vou fechar a boca à chave...Ó...- e fazendo um gesto de fechar a boca como se fosse um fecho éclair, e com cadeado deitando a chave para trás das costas.

A minha mãe estava já a ficar furiosa com a estrelinha, mas a pequena é mesmo sem filtro. eu sorri, porque não há como não rir dessa pequena e suas saídas. O meu pai depois do que ouviu, olhou para mim com uma cara de quem me quer fechar no quarto e nunca mais me deixar sair.

- Vou dizer isto apenas uma vez e não vou repetir: vou jantar com o Jamie amanhã sim, como um amigo e ponto final. E agora com licença , vou para o meu quarto, porque conseguiram tirar-me a fome.

- Dak, Dak...- ouço a minha mãe  chamar por mim, mas não me viro.

Qual é o problema de eu ir jantar com o Jamie, ele demonstrou hoje que não é apenas um ricaço a dar uma esmola para ficar bem na imprensa. Ele genuinamente importa-se com as pessoas, depois de tudo o que ele comprou e que ainda mandou vir de Dublin, ainda atendeu as pessoas. Aquelas que ele não conseguiu perceber o que tinham ficou com as moradas e pediu que voltassem no final da semana.

Não percebi bem porquê, pois mesmo com tudo o que ele disse que ainda iria chegar, muitas precisavam de exames mais detalhados que apenas num hospital seria possível. As crianças principalmente adoraram-no, e fiquei a pensar na tal sobrinha, ele devia ser um tio daqueles todo babão que fazia as vontade todas. Tenho a certeza que um dia vai ser um óptimo pai...

- Coqui...posso entrar?- Elô, espreita antes de entrar...- Desculpa, eu nunca pensei que o pai reagisse assim.

- Até perece que não conheces o Sr. Don Johnson e os seus ciúmes.

- Só se for contigo, mas agora a sério desculpa. Eu não tive intenção de provocar tudo isto.

- Eu sei. Só não percebo qual o problema do pai. É só um jantar entre dois potenciais amigos.

- Dakota, "potenciais amigos"? Tu conheces o Dr. Dornan há umas horas, e já o estás a chamar pelo nome.

- Eu já o conhecia.- digo, e a minha irmã olha para mim...- J.D., é o Jamie. 

- Não posso, o JD é o Dr. Dornan. Mas tu não odiavas o homem? Espera tu...

- Eu nunca o odiei, de verdade. Vamos dizer que ele tem estado na minha mente desde aquele esbarrão.- e agora sim sinto as minhas bochechas ficarem quentes e com toda a certeza estão vermelhas.

- Tu gostas dele. Então a Stella tem razão, ele é...ou vai ser teu...

- Ei!!! Calma, ele não é nada meu, pelo menos por enquanto. Mas sim, acho que sinto algo por ele, mas não te sei dizer o quê.

- Estás apaixonada Dak!

- Para Elô. Estás pior que a nossa estrelinha.

- Dakota, vai com calma. Nós não conhecemos nada desse Dr. Dornan, não quero que te magoes.

- Está descansada, eu não vou me entregar assim à toa. Mas não achas que quem faz o que ele fez, é porque é alguém que merece pelo menos uma oportunidade?

- Sim, o Chris nunca se interessou pelo Centro. Ele chegava a irritar-se comigo quando eu me negava a sair com ele porque tinha um turno.

- Então só me estás a ajudar no que eu penso: Jamie Dornan é uma boa pessoa e vale a pena eu conhecer um pouco dele.

- Tudo bem, só estou a pedir que tenhas cuidado, ok?

- Ok. E agora agora deixa-me dormir, amanhã tenho um encontro e preciso do meu sono de beleza.- e dou um sorriso de lado.

- Sei sono de beleza...- chega-se perto de mim  e dá-me um beijo na testa e sorri...- Espero que sonhes com o teu príncipe...

Eloise abraça-me e sai do quarto. E eu deito-me pensando nele. Será que eu estou apaixonada? Será que podemos apaixonar-nos assim num piscar de olhos? Não. Não é possível. Ou será que é? Acabo por adormecer a pensar naqueles olhos cinzas que me definitivamente me hipnotizaram. 

Não é o cinza de uma tempestade, nem o cinza de um dia de chuva. É um cinza que acalma  o meu interior em ebulição. Ao mesmo tempo transmitem uma enorme tristeza que se esconde no fundo dos seus olhos disfarçados pelo seu sorriso lindo.

Nem todas as pessoas gostam desta cor porque é considerada sombria, mas eu aprendi a amar ao ver aquele olhar. Para mim não há com toda a certeza cor mais bonita e alegre, apenas por ser a cor daquele olhar que me enfeitiçou. 

O dia seguinte foi correndo, eu e o Jamie fomos trocando algumas mensagens durante toda a manhã. Ele fazia-me rir de coisas tão banais como o facto de ele estar naquele momento a tentar que o Dr. Smith concordasse em alugar um espaço para abrir uma clinica.

"- Porque será que é tão difícil convencer as pessoas de Belfast a aceitar uma ajuda?!

"- Porque o que estás a fazer não é propriamente uma ajuda, talvez?"

"- Estás a dizer isso porque é caro alugar um local? Achas-me convencido? Abusivo?"

"- Sim e não. Sim alugar é caro, e não, não te acho nem abusivo, nem convencido. Percebo que queres apenas ajudar, mas é só que não estamos habituados, acho que é isso."

"- Se fosse há uns meses atrás eu provavelmente nem tinha olhado para aquele parque de estacionamento."

"- O que te fez mudar e olhar?"

"- Alguém especial para mim, mostrou-me apenas por um olhar que eu estava a perder a minha vida com coisas fúteis. Que a vida não se resume ao orgulho, preconceito e vaidade de ser ou ter mais que os outros..."

"- Alguém especial? Eu conheço esse alguém? Porque se não conhecer eu quero, ele ou ela sabe o que diz. A vida é sim muito mais que tudo isso, aliás é o oposto disso."

"- Não sei, talvez a conheças. É uma menina-mulher que me enfeitiçou com o seu olhar. Ela tem os olhos azuis mais lindos que já vi. É determinada, compreensiva, amável, sensível..."

"- Uma mulher com tantas qualidades, posso saber quem é? Acho que só conheço uma, e é a minha mãe. Será que é ela? O Senhor Don não vai gostar de saber que andas de olho na esposa."

"- Não, não é ela. Podes descansar o Sr. Johnson. Mas ela tem o mesmo apelido, chama-se Dakota Johnson."

"- E agora fiquei sem saber o que dizer. Obrigado, mas acho que não mereço esses elogios todos."

"- Mereces estes e muito mais. Aquele nosso encontro, foi muito mais importante do que possas imaginar. Mas falamos disso durante o jantar."

"- Tudo bem, a que horas me vens buscar? Tenho que ter tempo para me arranjar..."

"- Por volta das 18h00, pensei darmos uma volta pela cidade antes do jantar."

"- São 14h00 agora, tudo bem. Até já."

"- Até já princesa." 

"Até já princesa...", confesso que me arrepiei toda com aquele voz ao dizer isto. Será que é mesmo possível eu me apaixonar assim tão depressa? Não sei responder a esta pergunta que não se cala na minha cabeça, mas o coração...esse já me diz que sim. Porque ele já está marcado e completamente apaixonado por Jamie Dornan.