Capítulo 41
Entro no quarto. Não consigo ver a moça, tem uma enfermeira a ajeitar o soro. Assim que a mesma se apercebe que entramos, ela desvia-se e...
— O Doutor acha que pode ser a esposa...
— Claro, só estava a acabar de por o soro. Com licença
— Doutor?! O senhor está bem?
A enfermeira parece preocupada, mas eu não consigo nem mexer-me quanto mais falar. Só consigo ficar a olhar para ela.
Dak...a minha Dak.
Pov Jamie
— Doutor.
— Desculpe, eu só...
— Não se preocupe. Ela apenas está a descansar, o Dr. O'Neil deu-lhe uma dose bem fraca de um calmante, por isso ela ainda está a dormir.
— Calmante?
— A sua esposa acordou, muito agitada. E na condição dela pode fazer-lhe mal.— Condição? Mas que condição...— Mas esteja descansado o remédio é natural e próprio para este casos.
— Casos!? Condição!? Mas do que raio é que está a falar?
— Da gravidez...— olho para a enfermeira que sorri, mas que ao ver a minha cara de espantado ou de assustado nem sei, logo o perde...— Desculpe, eu pensei que...a sua esposa está grávida de 9 a 10 semanas.
— Meu Deus.— Será que ela sabia?— Não. A Dak não me ia esconder isto, não depois do que aconteceu com o nosso Pete.
— Talvez ela apenas estivesse à espera do momento certo...
— Não. Depois do que aconteceu há um ano, ela não iria esconder-me isto.— Olho para Dak que dorme tranquila, sem sonhar que está à espera de um filho, de um bocadinho nosso...— Será que posso falar com o médico que a assistiu?
— Claro. Eu vou chamá-lo.
Fico ali, a olhar para Dak. Pensando se houve algum sinal da gravidez. Mas não me vem nada á cabeça. Na gravidez de Peter para além dos enjoos, Dak ficou muito mais sensível. Tanto chorava como de repente gargalhava.
Foi uma gravidez que nenhum dos dois estava a contar. Queríamos ter tempo para nós, para viajar, para namorar. Mas, quando soubemos que um pedacinho de nós viria para nós completar foi...como se o puzzle da nossa família se completasse.
Quando soubemos às 20 semanas que o nosso bebê, o nosso menino, estava condenado a não sobreviver, foi duro. Foi muito difícil ouvir o diagnóstico do Peter. Contudo, sei que para Dak foi pior, ela sentia-o mexer dentro dela.
"Hoje voltamos ao hospital, depois de sabermos que...o nosso bebê tinha anencefalia. Coqui está deste ontem enfiada no quarto. Não comeu ontem e hoje Bela apenas conseguiu que bebesse um sumo de frutas.
— Menino. Não está na hora?
— Hã...sim...acho que sim...
— Sei que é difícil menino, mas Dak vai precisar muito de si.
— Eu sei. Eu sei. Vou lá busca-la...
Subi as escadas, e andei até ao quarto. Abri a porta e deparei-me apenas com a escuridão. Dak estava deitada, e sei pelos leves movimentos que ela chorava. Sentei-me ao seu lado e apenas a deixei chorar.
— Não quero ir Jamie. Não o quero tirar daqui... ele está vivo, ele mexe aqui dentro...
— Amor, tu sabes que...
— Não. Não digas, não por favor.— ela olha para mim...— Se o disseres, torna-se real.
Aproximei-me, e simplesmente ficamos ali juntos na dor. Tentando não pensar que o nosso bebê assim que nascesse iria...morrer."
— Eu prometo-te meu amor, desta vez vai ser diferente.— Nisto ouço a porta abrir.
— Boa Tarde. A Enfermeira Chefe disse me que já tinham encontrado o marido da Dakota.
— Sim. Sou James Dornan, mas como conhece a minha esposa.
— Eu nasci em cresci em Belfast. Fui colega da irmã, da Eloise. Bom, sei que já sabe que...
— Que a minha esposa está grávida?
— Eu peço desculpa por...
— Não se preocupe, eu tenho a certeza que vai ser uma surpresa para a Dak também.
— Acha que ela não sabia?
— Ela não sabe, tenho a certeza.— o médico olha para mim com um olhar de dúvida...mas eu sei que se ela soubesse não me iria esconder.
— Sr. Dornan, pela minha experiência as mulheres sabem sempre quando estão á espera de bebê. É uma coisa do sexto sentido...
— A Dak não me ia esconder a gravidez se soubesse. Não depois de tudo o que passou na pri.eira gravidez.
— Não é a primeira gravidez então?
— Não. E é por isso que pedi para falar consigo. O nossos filho, ele foi diagnosticado ainda durante a gravidez com anencefalia.
— E ele...
— Peter faleceu 24 horas depois. Foi...complicado depois disso.
— Sabe que a probabilidade de voltar a acontecer é de 2%. E...
— Eu sei...mas ainda existe esses 2% a pairar entre nós.
— Não vamos colocar o carro á frente dos bois. Neste momento a única coisa que podemos fazer é esperar que esta Bela Adormecida acorde. Depois logo faremos alguns exames mais detalhados.
— Já fizeram alguma ecografia?
— Não. Apenas análises laboratoriais. Vou deixá-lo sozinho, se for preciso alguma coisa é só chamar.
— Obrigada, Dr. O'Neil.
Assim que o médico sai, sento-me no sofá que existe no quarto. Se realmente eu estiver certo e Dak não souber da gravidez, ela vai desmoronar. Embora ela nunca mo tenha tido, eu sei que ela começou a proteger-se, ela tem medo de que tudo volte a acontecer. E mesmo que eu saiba que no universo exista apenas aqueles 2% de hipótese de voltarmos a passar pelo mesmo, ainda assim eu não consigo tirar esse medo dela, pelo simples facto de ser o meu medo.
Para além dessa nuvem negra desta percentagem, temos a doença do Don. Eu tenho a certeza neste momento que ela ouviu a conversa entre mim e os pais. Ela sabe o que se passa, e toda a situação pode prejudicar a gravidez. Alguém bate à porta.
— Com licença, está aqui uma senhora à sua procura...
— Coqui. Coqui. Ai! Meu Deus, o que é que aconteceu Jamie? Eu não consigo aguentar mais nada. Por favor, diz-me que ela está bem.
— Calma Mel. A Dak está bem, só está a descansar. — Mel olha para mim à espera que eu lhe diga mais alguma coisa...— Ela ouviu a nossa conversa, ela sabe do Don.
— Teimosa. Eu disse-lhe para ficar com a Rita...
— E achaste mesmo que ela iria ficar? É sobre o Don que iriamos falar. Era sobre o seu herói.
— O que se passou, para ela estar assim?
— Ela desmaiou. Quando acordou estava muito alterada, e decidiram dar-lhe um calmante bem fraco...— Não sei se deva falar da gravidez, porém eu preciso de alguém com quem desabafar. Mel é mãe, ela saberá o que me dizer. — Mel, ela...ela está grávida.
— Grávida!? Mas ela não me disse...— Mel faz um carinho em Dak...— Quando ela me contou do Pete, ela contou-me que estava a tomar...
— Anticoncepcional?— eu completei...— Ela nunca mo disse, mas eu desconfiei.
— Ela tinha medo que voltasse a acontecer. — Mel, fixa o seu ilhar em mim...— Promete que não a vais culpar por se querer resguardar de mais dor. Jamie, eu perdi uma filha também, sei que a minha está viva, que é diferente, mas...
— Eu nunca colocaria a culpa nela. Eu sei o que ela passou, o que nós passámos. Só me magoa o facto de ela não ter falado comigo.
— Por vezes é difícil para nós mulheres falarmos de certas coisas com vocês. Não fazemos por mal, simplesmente é...estranho.
— Estou com medo.— aproximo-me das duas, sentando-me junto de Dak.— Mel, eu não sei como ela vai reagir. Ela tem tanto medo que tudo volte a acontecer, que tenho até medo que ela...
— Por muito medo que a Dak tenha, ela nunca faria uma coisa dessas. Este bebé pode nem ter sido planeado, mas podes ter a certeza que vai ser muito amado.
— É claro que vai...mas o medo por vezes pode fazer a Dak...
— Jamie. Confia nela...eu até entendo esse teu medo. Mas a minha filha nunca fará algo para prejudicar este bebé.
— Eu só queria que ela acordasse. Quero ver estes olhos azuis a olhar para mim de novo. Eu daria tudo para não a ver sofrer. Acora para mim amor...por favor...— e as lágrimas começam a cair.
Mel sai de perto de Dak, dá a volta à cama e vem ter comigo. Ela abraça-me com força. Parece o abraço da minha mãe, forte, carinhoso, cheio de amor e protecção. Lembrando-me da minha mãe, como eu queria que ela estivesse aqui comigo agora. Preciso do seu colo, do seu amor, das suas palavras sábias. Preciso da Jess, dizendo-me a verdade nua e crua, que muitas vezes magoa, mas que sempre é verdadeira. Preciso da Liessa, com a sua calma aparente e sua perspicácia para resolver os problemas de todos. Meu Deus! Como sinto falta da minha família.
Estamos ali naquele momento de conforto, quando ouvimos a porta abrir. Como penso que seja a enfermeira nem ligo, continuo abraçado a Mel. Ela afasta-se por breves momentos, mas logo sinto de novo os seus braços ao meu redor. É um abraço diferente, não sei explicar apenas sinto algo que não senti antes...
— Chora filho. Deita tudo para fora...depois guardas essas lágrimas dentro dos teus olhos...
— Mãe.— É tudo o que consigo dizer.
— E ela não veio sozinha...— Jess, é ela...— Nós não te íamos deixar sozinho neste momento, e muito menos deixar a Dak. Mas, só não percebi como ela está nesta cama.
— Longa história...— respondo a Jess, sem largar a minha mãe.— O que estão aqui a fazer? E o pai?
— Bem, eu desde aquele dia que ele levantou a mão para me bater nunca mais lhe falei. E ele também não faz questão disso, então estamos assim...e a mãe...bem eu raptei-a.
— Como assim!?
— Eu disse ao teu pai que ia passar um fim de semana fora com a Jess e os miudos. Que precisava de estar com os meus netos...
— Eles também vieram?— Jess assente...— Dak vai adorar saber que eles estão cá.
— Vocês estão instaladas onde? Se quiserem podem ficar lá em casa. As minhas mais novas estão em casa da Kate, então temos lugar...
— Nós não queremos incomodar. E estamos muito bem no hotel.
— Não, nada disso. Faço questão que venham lá para casa. E eu adorava conhecer os seus filhos, Dak fala bastante dos sobrinhos.
— Tudo bem nós aceitamos, certo mãe? Mas com uma condição: sem Sra. isto ou Sra. Aquilo. Eu sou a Jess, e a minha mãe Lorna.
— Isso mesmo.
De repente...ouvimos...
— Jamie...Jamie...
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