Capítulo 40
— Eu sei que tu estás a esconder algo sobre o meu pai.— diz virando-se para Jamie...—Conheço-te bem demais, porém agora o que realmente quero é fazer aquele ser sair daqui.
— Tu não vais a lado nenhum Dakota. Se alguém tem que ir enfrentar esse homem sou eu. Jamie vens comigo por favor.
— Claro.— Responde Jamie.
— Tu ficas aqui com a Rita. E Dakota estou a falar a sério.
Pov Dak
Depois de ver os dois virar costas, sinto alguém a abraçar-me. Assusto me ao início, mas assim que percebo quem é, relaxo de imediato.
— Não te preocupes Coqui, a tua mãe é mais forte do que vocês julgam.
— Estás aí há quanto tempo? Sabias que ouvir conversas alheias é feio?
— Certo. E a senhorita não sabe que corrigir os mais velhos é feio...
— Popi...— sorriu...— Eu não estou preocupada com a minha mãe, apesar de não gostar nada da ideia do Tio Craig estar aqui.
— Então, o que é que esta cabecinha pensa tanto?
— Em Christian.
— No teu marido? Mas estão com algum problema? Discutiram?
— Não, nós estamos bem. Mas eu conheço o Jamie, eu sei quando ele está a esconder alguma coisa...
— E tu achas que ele está a esconder algo sobre...
— Sobre o pai. Ele sabe o que se passa, eu sei. Eu sinto...
— A tua avó era assim, tal como tu. Tinha um sexto sentido para saber que se passava alguma coisa com o teu pai.
— Popi...eu estou com medo.— confesso finalmente olhando nos seus olhos. Com ele sei que posso dizer o que vai na alma. Posso chorar, posso gritar, posso até bater.
— Medo de quê Coqui? Não tens que ter medo de nada...
— Medo de que seja algo grave, por isso o Jamie não me dizer nada e estar a...
— Dakota, podes parar. Para quê estares a pensar no pior...
— Eu conheço o Jamie.— olho para o homem que sempre considerei um avô.
Olho para o corredor para onde vi Jamie e a minha mãe irem...e tomo a única que decisão que naquele momento posso tomar. Solto-mecdo seu abraço e...
— Posso saber onde vais? A tua mãe pediu...
— Eu não vou conseguir entrar naquele quarto e ficar indeferente ao quexse pode estar a passar. E não quero que a Rita perceba que o nosso pai pode...
— Coqui...
— Eu tenho que ir. É o meu pai, é o meu herói... é...
— Nada do que eu te dizer, te vai fazer mudar de ideias, certo?
— Não. Eu prometo que não vou fazer nada demais. Vou só tentar encontrar o Jamie, e pedir lhe que me conte logo, o que se passa.
Sabendo que não desistiria, ele apenas me abraçou, e deixou-me ir. Claro que eu não tinha ideia para onde eles tinham ido, mas se o Tio Craig e o meu sogro estavam na recepção, talvez lá me pudessem dizer para onde Jamie tinha ido.
Caminhei até lá,a tempo de ver os dois homens sendo expulsos do hospital. Deixei me estar meio escondida até ter a certeza absoluta que eles não me vissem. Fui até á recepção e perguntei se por acaso saberiam o de estava o Dr. Dornan.
Apesar do meu marido não trabalhar no hospital, todos o conheciam ainda do tempo de solteiro, quando ajudava na associação.
— O Dr. Dornan está no quarto com um paciente e a família?
— E podia me dizer o número, eu preciso de o encontrar.
— Peço desculpa, mas não posso. Se quiser pode aguardar aqui na sala de espera. Assim que o Dr. estiver livre...
— Ouça eu sou a esposa dele, e preciso mesmo de falar...
— Mais uma vez lhe repito que não posso dar a informação que quer. Mesmo que seja a esposa nós...
— Por favor, é muito importante.
Mas, nada que eu dissesse aquela enfermeira adiantava. Acabei por desistir, mas fiquei por ali atenda às conversas. Jamie sempre me contou que se alguém num hospital quer saber de alguma coisa, algum rumor, é só ficar atenta às conversas das enfermeiras. E eis que passado uns dois minutos consegui o que queria.
— Ei, já soubeste do barraco a porta do 315?
— Daqueles dois que foram expulsos pelo Dr. Smith?
— Sim. Armaram uma confusão á porta do doente do Dr. Philippe. Parece que Dr. Dornan não os deixou entrar...
— Sim eles saíram por aqui com cara de poucos amigos. Só espero que não tragam problemas para o hospital.
315. Deve ser o quarto do meu pai. É lá que está o Jamie. Saio fazer recepção sem dar muito nas vistas, e sigo pelo corredor de onde veio a última enfermeira. Chegando um pouco mais á frente vejo uma outra enfermeira.
— Peço desculpa, mas estou meio perdida. Estou á procura do quarto do meu pai Don Johnson, o número é o 315.
— Ah, claro. Eu ajudo-a, é por aqui.
Vou então com a enfermeira, que logo se apresenta com Dora. Assim que chegamos ao corredor, ela indica me o quarto e despede-se. Quando me aproximo consigo ouvir o "grito" da minha mãe...abri a,porta devagar e fico ali apenas a ouvir.
”— Calma. Acabaram de me dizer que o meu marido está com um tumor na cabeça, que tem vários outros espalhados pelo corpo e estão a pedir me para ter calma."
Tumor? Na cabeça? Meu Deus eu vou perder o meu pai...
"— Amor.— o meu pai chama a minha mãe. E sei que ela foi para perto dele. Com eles não são precisas mais palavras...— Sei que não era o que queríamos ouvir...
— Eu não te quero perder, eu não te posso perder..."
Eu...vou perder o meu pai. Eu vou perder o meu herói, o meu sol. É como se a minha vida fosse um puzzle, e de repente eu ficasse a saber que umas das peças fosse desaparecer.
'"— Jamie, sei que somos de certa forma família, que eticamente não deverias assumir o meu caso...
— Don eu...— percebo pela voz de Jamie que ele está a chorar...
— Calma. Eu sei que deves estar confuso...
— Tu és família. És o pai da minha mulher, és o herói dela. Se fosse qualquer outro doente eu..."
Oh, Jamie...como eu te amo. Estás a sofrer por mim. Estás a tentar ser forte por mim. Porque sabes como eu amo o meu pai. Porque sabes o que vou...vamos sofrer sem ele.
”— Se fosse qualquer outro doente tu não estavas aí cheio de não me toques...por isso acaba de vez com isto.
— Don."
De repente só ouço silêncio, e depois uma leve gargalhada. Como se alguém tivesse secrelembrado de um acontecimento feliz ou engraçado.
"— Da última vez que me fizeste essa cara, eu "borrei-me" de medo...
— E está a resultar outra vez?
— De uma forma diferente, mas sim."
Eu lembro-me do dia. O meu pai teimou que Jamie tinha que lhe ir pedir permissão para namorar comigo. Algo muito século passado, mas que sendo o Sr. Don Johnson tão protectora das suas meninas, era algo muito dele.
Jamie estava nervoso, muito nervoso. E já posso imaginar o olhar do meu pai sobre Jamie neste momento.
"— Como o Dr. Phillipe te disse o tumor que tens está muito avançado e muito agressivo. Já tens também alguns mais pequenos em outros órgãos como nos pulmões e no estômago.
— O que quero saber é: tenho alguma hipotese? Se operares, há alguma hipotese de...eu viver?
— Eu... não...
— Dr. Dornan.— um médico que presumo seja o que está a seguir o meu pai, interrompe Jamie.
— Don, Mel...não vos vou mentir. Se fosse qualquer outro paciente eu estava aqui ao seu lado a dizer que nada mais podíamos fazer, para além de alguns cuidados paliativos de forma a não ter dores.
— Mas...— pergunta o meu pai.
— Mas... és tu. Então eu não quero dizer-te isto, mas também não te posso dar garantias de nada.
— Então, estás a dizer que podemos fazer alguma coisa...que há alguma esperança?
— Não há nada que possa ser feito.— diz o outro medico.— O Dr. Dornan não é o seu médico Sr. Johnson, ele não pode...
— O Dr. Dornan pode não ser meu médico, mas o James Peter Dornan, é meu genro, é médico e eu confio nele. Jamie...— Ah pai, como eu te amo.
— Como disse nada do que se fizer tem garantia de sucesso. Vai ter que ser uma decisão tua, e apenas tua."
Uma decisão do meu pai? Como assim? O que e que há para decidir? Ele tem que ser operado. Se há nem que seja 5% chance de ele ficar connosco, não há nada a decidir.
"— Já percebi, podes continuar.— e Jamie continua a explicar.
— Em primeiro lugar focaríamos no tumor do cérebro. Faríamos radioterapia para tentar fazer o tumor diminuir antes de operarmos.
— Cirurgia? Mas porque não antes da radioterapia?
— Sim, cirurgia. E faremos depois porque neste momento o tamanho não me permite perceber onde começa e onde acaba. Não podemos arriscar cortar algo...
— Ok já percebi.— diz o meu pai— E depois?
— Depois da cirurgia faremos uma nova avaliação. Se tudo correr bem passaremos para os outros tumores."
Por esta altura eu acho que já quase não ouço. Posso não ser médica, nem ter formação, mas sei que o caso do meu pai é grave, muito grave.
“— E se não correr bem?
— Podíamos tentar de novo a radio, mas não aconselho.
— E a quimioterapia, não pode ser uma solução?— pergunta a minha mãe.
— Como disse, depois da cirurgia faríamos uma nova avaliação.
— Isto é antiético.— diz o tal médico...— Jamie, tu és familiar do paciente, tu não podes...isto já para não falar que tudo o que acabaste de dizer é completamente surreal. O tumor tem um tamanho enorme, para além de que está num local impossível de ser operado.
— Jamie...
— Eu sei o que faço. Eu sei que consigo. Mas Don, a decisão é tua. Se há riscos, sim. Mas todas as operações de foro neurológico são arriscadas.
— Jamie, e se o Don decidir não fazer a operação?— pergunta Melanie
— O tumor vai continuar a crescer, e eventualmente...
— Eu morro."
— NÃO...
Não. Ele não pode morrer. Saio dali a correr. Não sei para onde vou. Não consigo concentrar-me em nada. A única coisa na minha cabeça é aquela frase do meu pai ”Eu morro...
Sinto tudo a rodar. Chego a um lugar com cadeiras, sim vejo-as...ou serão apenas ilucinações? Não sei, mas estava ficar tudo muito escuro. E finalmente a escuridão leva-me.
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