Capítulo 38
POV Jamie
Quando vi a mensagem da minha irmã fiquei furioso. Como é que ele teve coragem de vir até Belfast com o Hermsworth? E como é que eles souberam que o Don estava no hospital? Resolvo ligar de volta para a Jess.
"- Como é que eles ficaram a saber?"
"- Os miúdos. Estavam a falar entre eles, o pai ouviu...e sabes como ele é."
"- Droga Jess. As coisas aqui não estão fáceis...eu não tenho tempo para o pai e o Craig."
"- Aconteceu algo grave? É a irmã da Dak?"
"- Não. A Rita felizmente está bem. Jess, vou ter que ir, ligo-te mais tarde."
"- Tudo bem. Bjos."
Assim que recebi a última mensagem, vou até á Mel, e peço-lhe que venha comigo até lá fora. Não quero que Dak ou a Rita saibam que o meu pai e o Dr. Hemsworth estão aqui. Vou eu e Mel ter com eles, e depois de os mandar de volta para Dublin, tenho que falar com a minha sogra sobre o marido, e sei que a conversa não vai ser fácil.
— Desculpe Mel, mas estamos com um problema.
— Problema!? É o Don?
— Não. Sim...quer dizer...também. Mas neste momento o problema que temos que resolver tem a ver com a visita de duas pessoas que acho que nem tu nem a Dak queriam muito ver.
— Visitas? De quem é que estás a falar Jamie?
— Do meu pai...e de...Craig Hemswortth...
— Mas como é que ele soube? Nós não falamos com ninguém daquela família desde que tudo aconteceu.
— Eu não sei. Pelo que soube foram os meus sobrinhos que estavam a falar entre si. O meu pai ouviu alguma coisa e eles acabaram por contar o que sabiam. Depois disso...bem vamos só dizer que o meu pai consegue tudo o que quer. Eles estão lá em baixo. O meu pai e o Craig...
— O Tio Craig está aqui no hospital? A fazer o quê?— Pergunta Dakota que pelos vistos nos seguiu sem nos apercebermos.
— Coqui, aprendeste a ouvir as conversas dos outros? Não te eduquei assim.— Diz-lhe Mel, visivelmente chateada.
— Nem tentes desviar a conversa mãe. Achas mesmo que ia ficar ali dentro á espera que me dissessem o que se passava?
— Dakota.— Tento acalmar a minha adorada esposa, que está bastante chateada. Já ouviram dizer "Com mulher "louca" andem as mãos e cale-se a boca". Ou seja, vou fechar a boca e deixar as duas resolverem-se. Porém...
— Eu sei que tu estás a esconder algo sobre o meu pai.— diz virando-se para mim...—Conheço-te bem demais, porém agora o que realmente quero é fazer aquele ser do Demo sair daqui.
— Tu não vais a lado nenhum Dakota. Se alguém tem que ir enfrentar esse homem sou eu. Jamie vens comigo por favor.
— Claro.— Respondo.
— Tu ficas aqui com a Rita. E Dakota estou a falar a sério.
Coqui, olha para mim, pedindo com o olhar para fazer alguma coisa. Mas, eu não sou doido, não me vou meter na briga das duas. Encolho os ombros, fazendo-a perceber que não posso contrariar a minha sogra. Dak fica com o bico mais bonito que já vi. Aliás, acho mesmo que é de família, pois já vi Stella, Rita, Elô e até o Senhor meu sogro fazer este mesmo bico. Quando chegamos à recepção, percebo que aqueles dois já entraram.
— Mas como é que deixaram entrar alguém sem se quer pedir autorização ao médico do paciente?
— Mas, o Dr. Dornan disse que era o médico do Sr. Johnson...ele até pediu o relatório médico do paciente.
— Como!? E vocês acreditam em tudo o que um estranho vos diz? No mínimo ligar ao médico assistente. Para que este o acompanhasse...— Olho para Mel, e apenas lhe digo o piso e o número do quarto e saio dali a correr. Não posso deixá-los entrar naquele quarto.
— PAI.— grito ao chegar ao corredor. Eles estão à porta, prontos para entrar. Corro o mais depressa que posso e coloco-me entre eles e a porta.— NÃO VAIS ENTRAR NESTE QUARTO PAI.
— Nós viemos em paz, eu vim como compadre, afinal ele é pai da minha nora.
— E eu sou quase irmão do Don. Nós crescemos juntos...— olho para aquele ser que já achando alguém não muito confiável, naquele momento eu tinha uma raiva enorme.
— Um irmão que quase deixa o outro ser preso, um irmão que rouba crianças...— ficam os dois a olhar para mim, e não sei se foi uma boa ideia abrir o jogo.— Sim Dr. Craig Hemsworth, eu sei de tudo. E pode ter a certeza que aqui neste quarto vocês não entram.
— Jamie. Por favor nós viemos apenas despedir-nos dele. Afinal ele tem os dias contados...
— Jamie.— bolas...— Jamie, diz qualquer coisa...
— Mel. Eu....eu....
— Diz-me que é...mentira...diz-me que eu não ouvi certo...por favor.— Porra. A Mel ouviu. Não era assim que ela devia saber, não era por este homem que ela devia ter conhecimento do estado do marido.
— Mel...eu...eu...— Nem sei o que dizer. Fiquei completamente sem palavras.
— Olá Melanie. Parece que finalmente nos reencontramos, e com o meu querido "irmão" a morrer. Quem diria?
— Jamie...— Mel ignora o que Hemsworth lhe diz e continua a olhar para mim...
— Eu...eu iria contar-te, mas surgiu este problema...— digo apontando para o meu pai e o outro homem.— O Don ainda não sabe...ele queria que tu estivesses com ele...
Mel, inclina a cabeça para a frente e recompõe-se, sei que não quer demonstrar nada à frente daqueles dois homens. Finalmente olha para mim, apenas para mim.
— Pede á segurança para retirar estes dois senhores daqui e que não os deixem chegar perto da minha família. Eu vou entrar, vou ficar á tua espera para nos contares aos dois o que se passa.
Assim que ela entra, olho para os dois. Mas é no meu pai que fixo o olhar. Sempre o admirei, sempre quis ser como ele quando era pequeno. Mas hoje, ao olhar para aquele homem, nada mais me faz querer ser igual. Aliás, quero ser completamente o oposto do que ele se tornou. Quero ser um pai presente, atento, disciplinador sim, mas sempre deixando os meus filhos sonharem, e errarem até.
— Jamie. Nós só...
— Não. Por favor não me obrigues a pedir para chamar a segurança do hospital...
— Tu eras capaz disso? Eras capaz de expulsar-me daqui como um criminoso?
— Eu não quero. Eu juro que não quero...mas se não me deres outra hipótese.
— Pois, então vou te fazer escolher: ou me deixas entrar nesse quarto ou chamas a segurança. E se escolheres a última podes esquecer o teu emprego no meu hospital, podes esquecer que sou teu pai...
— Isso é sério pai!? Estás a despedir-me?
— Estou. Escolhe: eu ou eles?— diz apontando para a porta de Don.
— Sempre o mesmo arrogante de sempre Jim.— Dr. Smith, mas como é que ele soube que...claro a Dak. Ela deve-lhe ter contado que o meu pai estava cá.
— Colin. Vejo que os anos não te tiraram o senso de humor.
— E a ti não te tiraram essa tua mania que és melhor que todos.
— Não sei porque raio é que o pai da Helena te perfilhou. Afinal és só o filho da empregada...
— Pai.
— Não te preocupes Jamie. O teu pai sempre me acusou de não ser digno de conviver com ele. Até a minha irmã...
— A Helena não é, nem nunca foi tua irmã...
— Tens razão. Às vezes eu achava que quem era a ilegítima era ela. Porque, mais diferente do meu pai não havia.
— Jamie.— o meu pai ignora o Dr. Smith e vira-se para mim...— Estou á espera da tua resposta?
— Eu sinto muito pai. Mas a minha escolha vai ser sempre a minha família.
— Isso mesmo filho, família acima de tudo. Craig, vamos...
— Pai. Percebeste mal, eu escolhi a minha família, a que construí com a minha esposa. E hoje, infelizmente percebi que tu não podes estar incluído nela.
— Não acredito que estás a dizer isto...— e é neste momento que vejo dois seguranças a dirigirem-se até nós.
— Dr. Smith, chamou?
— Sim. Por favor acompanhem estes dois senhores até à saída por favor.
— Eu como advogado...
— O senhor como advogado, está no seu direito de fazer o que quiser. Mas eu como director deste hospital tenho o dever de colocar do lado de lá das portas deste hospital, quem eu achar que está a incomodar os pacientes. Então por favor...
— Isto não fica assim Colin, te garanto...- diz o meu pai e depois olha para mim..— Amanhã tens a carta de demissão no teu email. E esquece que um dia tiveste pai, mãe, irmãs...
E depois de dizer isto, sai com Craig atrás e gritar que iria processar o hospital e diabo a sete. Olhei para o Dr. Smith, pensei que ele tinha sido expulso deste hospital...e afinal ele é o director!?
— Sim. Eu fui demitido há muitos anos, mas após o hospital ter sido comprado por uma pessoa da terra, ele pediu-me para assumir a direcção.
— Mas e o Centro!? Como é que...
— A única condição que coloquei para aceitar foi não ter que desistir do Centro. Venho aqui uma vez por semana tratar de tudo o que tenho a tratar. O resto do tempo estou no Centro, onde gosto de estar e me sinto útil.
— Eu quero agradecer-lhe...eu...
— Está tudo bem. E Jamie...tens um lugar aqui...ou no Centro.
— Obrigada. Eu vou ter que falar com a Dak...mas não agora. Eu já estava a pensar em mudar-nos para cá...a Dak não iria querer sair de cá mesmo...
— Estás a falar do Don?— olho para ele, como é que...— Director, lembras-te?
— Claro. E sim, estou a falar do Don. E por falar nisso tenho que ir chamar o Dr. Richards, temos que falar com o Don e com a Mel.
— Eu vou entrar...vou ficar com eles até voltarem.— ele diz e dirige-se até à porta do quarto.
Quando vou a caminho do consultório de Phillipe, o meu telemóvel toca. Jess. Eu sei que lhe disse que ligava, mas neste momento tenho que finalmente desvendar ao meu sogro que a sua vida está...a acabar. Contudo, ela insiste...bolas Jess, ainda não percebeste que não posso atender. Desligo de novo...mas ela volta a insistir.
"- Jess, agora não é o melhor momento..."
"- Desculpa, mas a mãe está aos prantos...o pai ligou-lhe a dizer que tu tinhas morrido...e ..."
"- ELE O QUÊ?"
"- O pai ligou para a mãe, e disse que tu tinhas morrido, que ela não tinha mais filho. Que nunca mais te veria. A mãe..."
"- Passa à mãe...por favor Jess."
Eu não acredito que o meu pai fez algo tão cruel com a minha mãe. Dizer que eu tinha morrido, sem lhe explicar o que se tinha passado. Cada vez mais penso que nunca conheci o verdadeiro Jim Dornan.
"- Filho...filho...estás bem...o teu pai telefonou-me de Belfast...disse que tinhas morrido..."
"- Mãe. Tem calma, eu estou optimo. O pai apenas te disse isso porque eu lhe neguei a entrada no quarto do Don. Ele ficou furioso, pediu que escolhesse entre vocês e o Don."
"- Ele fez o quê? Meu Deus. O teu pai anda terrível. Até com a Jess ele já cortou relações. Agora para ver os meus netos tenho que vir aqui a casa..."
"- Mãe. Perdoa-me...mas eu não podia virar as costas à Dak. O meu sogro ele...ele está a morrer mãe."
"- Mas não era a irmã da Dak que estava no hospital?"
"- O Don acabou por vir também. Ele estava...vamos dizer alterado. E hoje ficamos a perceber o porquê."
"- Ó Filho, e não há nada a fazer? Nenhum tratamento..."
"- Ele tem um tumor cerebral. Enorme, e já está com metástases."
"- Meu Deus. E a Dak já sabe? Tu vais operá-lo?"
"- Não. Nem o Don sabe ainda. Mesmo que opere, não sei se vai resolver alguma coisa."
"- É assim tão mau?"
"- O pior que já vi. Se fosse outro doente qualquer eu não teria dúvidas no que fazer."
"- Como assim?"
"- Se fosse outro doente, eu mandava-o para casa. Para aproveitar os últimos dias de vida."
"- Queres que vá ter contigo. Sei lá dar uma força à Mel, à Dak, às meninas."
"- Não sei mãe. Se for preciso eu aviso. Mãe, eu amo-te."
"- Eu sei Filho. Desde que o teu pai se envolveu em negócios com o Craig e com a tua tia, ele anda assim estranho e stressado."
"- Mãe tenho que ir...amanhã ligo-te. E Jess, toma conta da nossa velha."
"- Jamie...."
"- Podes estar descansado..."— diz Jess— "Os teus sobrinho estão com saudades, principalmente da Tia Dak."
"- Acredito. Dá-lhes um beijo enorme. Quando conseguir eu telefono para falar com eles."
Cheguei à porta do Phillipe. Bati, e entrei. Falámos um pouco e seguimos para o quarto do meu sogro. Onde estava Mel e o Dr. Smith. Entrámos, eu fui para perto da janela. Richards começou a falar, explicou tudo com o máximo de cuidado. Consegui ouvir o grito de dor de Mel, consegui ouvir Don a tentar acalmá-la.
— Jamie. Jamie...— ouço Mel a chamar por mim, olho para ela, está a chorar. E eu não estou longe...— Diz-me que podes fazer alguma coisa. Diz-me que eu não vou perder o meu marido, que as minhas filhas não vão perder o pai...
— Eu...eu...
E agora? Faço o que é correcto, e o que qualquer médico diria numa situação destas? Ou deixo o meu coração falar mais alto?
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