Capítulo 34
— O Poppi tinha muito dinheiro sim, se é isso que queres saber. E sim, quando morrer ele vai deixar tudo para o meu pai...
— Espera ele está vivo!? Então e a tua avó ela....
— Infelizmente a Vovó morreu há anos atrás. As únicas que ainda se lembram dela sou eu, a Elô e a Rita. A Gracie e a Stella eram ainda bem pequenas quando ela morreu. E o Poppi...está bem vivo sim...o Poppi é...
— Espera, estás a dizer que esse tal de "Poppi" deu a empresa ao teu pai, uma empresa que pelo que percebo dá bastante dinheiro?— aceno com a cabeça confirmando...— Eu...eu...
— O Poppi vive com um rendimento mensal tirado dos lucros da empresa, ele passou tudo o que tinha para o meu pai. Neste momento podes dizer que quem é milionário é o meu pai...
— Como é que se chama a empresa mesmo?
— TayInvestiments, Corp.
— A TayInvestiments, é do teu pai?— aceno que sim...— Tu tens noção que é das melhores, e mais conceituadas empresas de investimento do país?— Volto a acenar...— E vocês vivem como se fossem...
— O meu pai nunca quis nada que viesse do Poppi. Apesar de o considerar como um pai, ele nunca quis assumir o legado do Poppi. Até porque apesar de não ter filhos, ele tem um sobrinho. E o meu pai nunca achou certo ficar com algo que é de direito do Tio Jason.
— Jason Taylor? Eu conheço-o ele tem uma empresa de segurança, é ex-militar...
— Sim. Por isso o Poppi deixou tudo para o meu pai. Porque sabia que o Tio Jay já tinha o seu caminho traçado. Mas o meu pai é casmurro, como já deves ter percebido.
— Sim, já deu para perceber de onde vem esse teu feitio teimoso...— olho para Jamie fuzilando-o com os olhos...— Não podes negar...
— Tudo bem, não nego. Sou filha do meu pai.— e sorrimos...— Eles acabaram por chegar a um acordo: ele ficaria a gerir a empresa, ganharia como qualquer outro funcionário. E apenas nós saberíamos que no fundo a empresa já não era do Poppi.
— O teu pai pode até ter muitos defeitos, como todos nós temos. Mas, tenho que admitir que se fosse outra pessoa teria se aproveitado. Gostava que o meu pai tivesse metade dessa humildade...
— Ei! Não penses nisso agora, o teu pai apesar de tudo ama-te.— Jamie olha para mim como um cachorrinho abandonado...— Ele ama-te sim, talvez de uma forma errada...mas ele ama-te.— E neste momento não aguentamos mais a proximidade e beijamos-nos com paixão. Ouvimos então um leve tossir, afastamos-nos e olhámos para a porta...— Poppi.
— Dakota. Eu...eu pensei...
— Não te preocupes o Jamie sabe de tudo...— Poppi olha para mim como se me estivesse a repreender...— Eu não podia continuar a esconder toda a nossa historia ao meu marido.
— Tudo bem. Como está a minha pipoca?
— Tu sempre tiveste uma predileção pela Rita, mesmo negando até à morte...
— Sabes que a Rita foi a minha força depois da tua avó ter partido. Esta menina alegrava como ninguém os meus dias.
— Será que vai demorar muito para ela acordar? Eu não aguento vê-la assim.
— Tenho a certeza que logo, logo vamos voltar a ter a nossa menina reguila conosco. Bem, se tu ficas com a Rita, eu vou para perto do meu filho.
— Obrigada Poppi. Tu estás conosco sempre que mais precisamos, parece que adivinhas.
— Porque eu sou "bruxo"!!!! Coqui, família é para isso. O teu pai é o filho que eu nunca tive, e a tua avó a mulher que consertou o meu coração partido.— Ele abraça-me e sai.
Poppi sempre foi assim, parece que ele sente que precisamos dele, e do nada volta para junto de nós. A minha mãe diz que é a minha Avó que o avisa de alguma forma. Eu não acredito muito nessa teoria, mas que ela parece "Bruxo"...lá isso parece.
— Mais um de coração partido!?
— Essa é uma história que nem eu a conheço...
— E de onde é que ele apareceu assim de repente? Será que a tua mãe lhe ligou por causa do teu pai?
— O Poppi é assim. Ele aparece sempre quando precisamos, nem precisamos de lhe telefonar. A minha mãe diz que é a minha avó que o avisa...
— E tu acreditas?— apenas encolho os ombros, porque a verdade é que não sei mesmo...— Bom mas, continuando a nossa história...
— Basicamente a história é esta: temos uma irmã que não conhecemos e ela nem sonha que nós existimos, que a vida dela é uma farsa.
— E porque é que nunca tentaram chegar perto dela? Contar-lhe tudo...
— A minha mãe tentou várias vezes chegar perto dela, mas o meu "tio" deve ter adivinhado que ela iria tentar então a Arielle sempre viveu com seguranças. Para além de ter ameaçado a minha mãe várias vezes.
— Eu quero ajudar-vos. Não só a vocês, mas à Sienna, ou Arielle. Dak, ela é amiga da Liessa, e nós sempre achámos que ela era alguém não infeliz, talvez apenas deslocada daquele ambiente.
— Achas que ela é maltratada pelo pai? Ou pela esposa dele?
— Não sei, mas o mais novo...o Liam...também não me parece muito encaixado no meio daquela família.
— Enquanto a minha avó era viva, nós convivíamos com a família do "Tio Craig", por ela. E já nessa altura o Liam sempre foi deixado um pouco à parte.
— Dak, para vos ajudar precisamos da ajuda da Liesa. Ela dá-se bem com a tua irmã, e talvez consigamos falar com ela, contar-lhe toda a história dela.
— Eu não sei Jamie. Como é que nós vamos chegar até ela e explicar-lhe que ela não é quem ela pensa que é?
— Não sei, mas vamos conseguir. Agora que tal descansares um pouco.
— E se a Rita acordar!?
— Porque é que não te deitas ao lado dela?— olho para ele, os médicos e os enfermeiros odeiam que façamos isso...— Se alguém disser alguma coisa eu digo que a ideia foi minha. E depois eu sou médico, sei que mesmo a dormir, a Rita vai sentir-te perto dela. Vai-lhe fazer bem.
A vontade de o fazer é muita, mas não quero arranjar problemas. Jamie levanta-se comigo ao colo e coloca-me na cama bem junto de Rita. E assim que estou ao seu lado, o Bip da máquina começa a tocar uma pouco mais depressa. Logo Jamie fala com ela, diz-lhe que sou eu que estou ali, e consegue acalma o Bip. Ajeito-me ao lado da Tita, e adormeço abraçada a ela.
Apesar de toda esta história não ser minha, sempre emociono-me com ela. Não há como, quando sabemos que a minha irmã nos foi tirada, roubada sem um adeus, sem uma hipótese de convivência. Foi muito difícil quando soube de toda a história, saber que chamei "Tio" a alguém tão cruel. E o pior é que continuo a chamá-lo assim.
Eloise sempre me disse que não podemos julgar ninguém, apesar ele ter feito o que fez. Mas a verdade é que eu não sou assim tão "boazinha". Se o chamo ainda como chamo, acho que é apenas por hábito, porque respeito por alguém como ele já não tenho. Jamie começa a dar-me carinhos no meu cabelo, e aos poucos vou fechando os olhos.
Na manhã seguinte acordo e sinto alguém a dar-me festas nas mãos. Abro os olhos, e vejo a minha Tita com os olhos abertos. Sorrio, e sem dizer mais nada apenas a abraço. Ela chora abraçada a mim. Lembro o que Jamie me falou, da hipótese de um problema cardíaco, então tento acalmá-la.
— Ei!!! Está tudo bem Rita. Tu estás bem, estamos aqui contigo.
— O que aconteceu? Porque é que eu estou no hospital? Eu só me lembro de estar a falar contigo e...depois mais nada.
— Está tudo bem. Foi só uma das tuas crises, mas esta foi um pouco diferente...
— Diferente como? Vou ter que ficar no hospital? Eu não gosto...eu não quero...— e neste momento o aparelho começa com aquela "Bips" irritantes, e nem um minuto depois temos duas enfermeiras e o Jamie a entrar de rompante no quarto.
— A senhora não pode estar aí, por favor saia do quarto, temos que...— e assim que Rita ouve a enfermeira a dizer que eu tenho que sair fica ainda mais nervosa e não me solta nem por nada. Olho para Rita, olho para Jamie e depois para as enfermeiras que me olham com má cara.
— Rita, olha para mim...— o meu primeiro objectivo é acalmar a minha irmã...— Eu não vou a lado nenhum.— Viro-me para enfermeira que continua a tentar que eu saia do lado da minha irmã...— Ouça bem o que lhe vou dizer: eu não vou sair daqui. A única que vai sair deste quarto é a senhora.
— A senhora sabe que pode estar a colocar a doente em risco? Por favor queira levantar-se daí e deixar-nos trabalhar. O senhor por favor é capaz de retirar...
— NÃO. Coqui...não me deixes...eu não quero ficar sozinha outra vez...por favor...— e nisto entra o Poppi...
— O que se passa aqui? Pipoca, acordaste!?
— Poppi.— Nesta altura, já uma das enfermeiras tinha saído do quarto, enquanto a outra agora tentava que quer eu quer o Poppi saíssemos de perto de Rita.
— Eu posso saber o que se passa?— quando me viro vejo o Tio Al, e aí respiro de alívio. Sei que ele jamais nos vai fazer sair de perto de Rita, conhecendo todo o historial dela.— Ritinha. Finalmente voltaste para nós? Foi um susto e tanto...
— Dr. Smith, a paciente está muito agitada. Precisamos de a estabilizar, mas esta senhora...
— Pode sair. Eu trato disto.
— Mas Doutor...
— Não me ouviu. Eu trato da paciente agora.— e mesmo um pouco contrariada ela acabou por sair.
— Pronto Pipoca, agora podes acalmar-te porque ninguém vai sair daqui de perto de ti.
— Eu quero ir para casa. Eu não quero ficar aqui...
— Tita, ainda não podes. Tens que fazer mais alguns exames e...
— Exames? Para quê? Coqui eu estou com...com cancro de novo? É isso?
— Não, Rita. Não estás com leucemia de novo. Mas vais ter que fazer alguns exames...
— Coqui...tira-me daqui...por favor...— O Dr. Smith olha para Jamie, à procura de uma ajuda.
— Ritinha...— Jamie aproxima-se de Rita, e pedindo licença a Poppi senta-se ao lado dela...— Ei! Para conseguirmos falar preciso que te acalmes, porque caso contrário aquela enfermeira com cara de "Papagaio" vem aí de novo...e tu não a queres aqui outra vez com aquele nariz feio pois não.— Rita sorriu, e com isso Jamie conseguiu mudar o foco de Rita...— Então, não sei se a senhorita percebeu mas a crise que teve foi das grandes...
— Eu não me lembro de muita coisa. Só que estava a falar com a Coqui, e depois comecei a sentir que o ar não passava e o meu coração começou a doer e...
— Bem, então tu sabes que não é normal essas dores no coração, certo?— Rita assente...— Por isso os médicos têm que te fazer mais alguns exames, só para termos a certeza que está tudo bem contigo...
— E se não estiver!? E se...
— Se alguma estiver errada, vamos tratar de ti. E eu prometo que se quiseres eu e a Dak mudamo-nos para Belfast para estar perto de ti até tu estares bem e em casa.
— Prometes!? Prometes que deixas a Dak ficar comigo? Até eu ir para casa?
— Ate termos 100% certeza que estás bem, não vamos sair de Belfast. Prometo.
— Ouviste Dak. Vais ficar aqui...não me vais deixar...— ela abraça-me como o fazia quando era pequena. Olho para Jamie agradecendo-lhe, mesmo não sabendo como ele vai fazer com o trabalho dele.
— Nunca vais estar sozinha. Mesmo morando em Dublin, sabes que sempre que precisares eu vou estar ao teu lado. Mas agora que estás aqui com o Poppi e com Dr. Smith, eu vou lá fora falar a mamã.
— Não podes falar aqui...por favor...
— Tita, o Poppi está aqui. Não vais ficar sozinha...
— A tua irmã tem razão. Até parece que já não amas o teu velho Poppi.
— Sabes que sim. Tudo bem eu fico com o Poppi, mas não quero ir fazer os exames sem ti.
— A tua irmã não te pode acompanhar, mas que tal se eu for. Pode ser?— pergunta-lhe o Dr. Smith.
Rita apenas confirma, e logo está a conversar com Poppi. Depois das crises Rita sempre fica mais vulnerável, mas desta vez parece até que voltou a ser aquela menina de 2 anos com medo, assustada e afastada de nós. Enquanto eu fui ligar à minha mãe que logo me disse que em cinco minutos estava aqui, Jamie foi ver do meu pai, que segundo o que o Poppi lhe disse, tinha ido fazer exames.
O resultado desses exames assustam-me muito. Tudo aquilo que me descreveram que aconteceu não são de tudo atitudes do pai que conheço e amo. Algo se passa de muito grave, e sei que Jamie sabe o que é. Porém, neste momento a única coisa que posso fazer é esperar...
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