Capítulo 23
- Bom Dia, lindos...- Liesa olha para Dak...- Ou será que não é um Bom Dia?
- Bom Dia Liesa, desculpa. São apenas muitas coisas na cabeça, muitos problemas.- Liesa assentiu e sorrio...- Bom Dia Patrick.
- Bom Dia Tia, Bom Dia Tio. Então vou ter uma Tia emprestada na minha escola? Vai ser fixe. Vou poder andar com ela e com os seniores do Colégio, vou ser mais popular que os populares.
Dak olha para mim, e ambos olham para a cara de felicidade do nosso sobrinho e rimos, e assim seguimos caminho. Patrick vai contando algumas coisas sobre o Colégio, onde pelos vistos ele já aprontou muito. E desta forma o caminho torna-se curto e divertido, fazendo com que Dakota esqueça um pouco de todos os problemas.
Quando chegamos, Patrick pede a Dak que venha com ele, quer que ela conheça tudo no Colégio, ele conta que a mãe, a Tia Jess e eu também andamos naquele Colégio. E feliz contava que ele era já a segunda geração a andar naquele colégio. E enquanto o meu sobrinho mostrava tudo para a tia, eu ia um pouco mais atrás com Liesa.
- O que se passou no carro? Ela parecia tão em baixo.
- Não está a ser fácil. A Rita é...
- Rebelde!?
- Não. Ela é independente, sonhadora. Mas, nunca a ouvi queixar-se sobre nada sabes. Se tem um problema, ela própria o resolve. Nunca divide com ninguém o que sente. Acho que hoje depois do que Coqui me contou a percebo melhor.
- Como assim?- Liesa pergunta, e Jamie conta-lhe o que Dak lhe contou da doença, do isolamento e do porquê de toda esta confusão...- Uma palavra para tudo isso mano: Orgulho.
- Achas que eu não sei, por isso prometi à minha esposa que vou ajudar a Rita no que me for possível.
- Tu mudaste mesmo, e para melhor. Acho que foi isso que nos fez dar uma chance à Dak...
- Ela abriu-me os olhos, o coração. Ela é a alma gêmea que a avó nos falava lembras-te?- Lisea acena com a cabeça...- E eu não sei porquê, mas eu acho que há mais coisas nesta história toda. A Dak não me quis contar tudo, mas...
- Achas que é algo grave, tipo algum crime, ou assim?
- Não, mas já percebi que tem a ver com o advogado do Hospital.
- O Dr. Hermsworth?- eu aceno...- Eu nunca gostei muito dele, ainda bem que o pai desistiu da ideia de me casar com o filho dele. O Daniel nem pode ouvir o nome do homem...
- Tu ainda te dás com a filha deles? Como é que ela se chama?
- Siena. Sim, nós ainda nos falamos, ela é professora aqui no colégio. O Patrick adora-a, mas porquê a pergunta?
- Nada...talvez seja por ela que vou conseguir tirar a limpo esta história dos Hermsworth.
Finalmente chegaram à directoria, Patrick despede-se dos três e vai para as aulas. Liesa pede para falar com o Director e logo são entendidos. Samuel Collins, era o vice-director, já que o director efectivo era o pai. Porém cada vez menos o velho Mr. Collins vinha ao colégio. Sam tinha sido colega de Liesa, então conheciam-se bem. Depois de Jamie o apresentar a Dakota, eles contam que por motivos pessoais a irmã de Dak viria morar com eles e que por isso gostariam que ela fosse transferida para aquele colégio.
Sam, achou um pouco estranho, uma vez que estavam no meio do ano, contudo por ser o pedido feito por quem era, aceitou de imediato. Dak de repente lembra-se do sonho de Rita e fala se não teriam aulas de musica e explica que a irmã queria muito seguir uma carreira na musica, e estava inclusive inscrita numa audição para uma bolsa no seu colégio em Belfast.
Para alegria de Dak, não só a escola tinha aulas especificas de música e canto, como tinham também eles um acordo com o conservatório. Assim sendo bastava que a colégio em Belfast lhes enviasse a inscrição da mesma para a audição. Ela ficou radiante e mal podia esperar por contar a Rita, que pelo menos esse sonho ela não iria deixar de concretizar.
Depois de uma conversa rápida e alguma burocracia, Jamie conseguiu que Rita fosse admitida e esperariam por ela já na próxima semana. Liesa resolveu convidar Dak para um passeio e algumas compras, ao que esta aceitou e Jamie acabou por ir trabalhar ficando combinado um jantar em casa de Liesa.
Passaram o resto da manhã no Centro Comercial a fazer compras, ou melhor Liesa fez compras, porque Dak mesmo tentando distrair-se não conseguia tirar da cabeça toda aquela situação. De repente o seu telemóvel toca. Ela faz sinal para a cunhada que estava a ver roupa para os filhos e sai da loja, tira o telemóvel da carteira e vê que é a mãe...
Pego no telemóvel, Dak é a minha última hipótese para colocar algum juízo no Don. Sei que parece difícil acreditar, como é que uma filha pode ter tanta influência no pai? Mas a verdade é que Dak sempre conseguiu tudo do Pai, muito mais facilmente do que eu. Quando Don fica doente vira um autêntico bebé, aliás como todos os homens, e só ela conseguia que ele tomasse os remédios, ou até que ficasse de cama para recuperar.
Ouço o som de chamada, mas Dak não atende. Será que ainda está a dormir? Ela não é de dormir até tarde, mas pode estar ocupada...tento de novo...
- Estou mãe, aconteceu alguma coisa com a Rita?
- Bom Dia Dak, não...quer dizer...- e Mel não aguenta e começa a chorar...
- Mãe...mãe, acalma-te por favor. Como está a Tita?
- Eu não sei mais o que fazer Dak, a Rita mal dorme, só chora, não está a comer nada. Estou com medo, ela não está bem.
- Já tentaste falar com o pai?
- Tentar até tentei, mas ele não me ouve. Eu telefonei para te pedir para falares com ele...filha sei que não te devia meter nesta briga, que tu não devias levar com os nossos problemas, mas...
- Sabes que sempre vou estar ao vosso lado, mesmo que esteja longe. Mas eu não sei o que posso fazer desta vez.
- Fala com o teu pai Coqui, a ti eu sei que ele vai ouvir. tu conseguiste convencê-lo a deixar a Tita ir para o conservatório...
- Desta vez nem eu vou conseguir, ele não me ouve. Ele ligou-me para pedir que arranjasse um colégio aqui para a Tita.
- Não arranjes Coqui, diz que não conseguiste...
- Mãe ele diz que se eu não conseguir fala com a Tippi.
- A tua avó não irá aceitar...por favor Coqui...
- Mãe se eu não o fizer e a avó também não, o pai...ele...ele vai colocar a Rita num colégio interno. E sabes tão bem como eu que ela não iria aguentar...
- Não. Ele vai ter coragem de fechar a Rita num colégio!? Ele sabe o que ela passou, ele esteve comigo no hospital hora, dias, meses afim com a Rita fechada numa redoma a chorar por nós. Não acredito que ele vá ter coragem...
Eu não acredito que o Don vai ter coragem de fazer isto à nossa filha. Principalmente à Rita, depois de tudo o que passámos, de tudo o que ela sofreu. Rita passou quase dois anos afastada de nós, fechada num quarto. Apenas a víamos através das janelas, lá dentro com ela apenas enfermeiras eram permitidas.
A leucemia que Rita teve era talvez das menos letais, porém como prematura a sua imunidade nunca foi das melhores, o que fez com que esta maldita doença conseguisse ser pior do que era. Foram meses e meses de quimioterapia, de desespero por vê-la a chorar por um mimo nosso, e nós sem podermos entrar naquele maldito quarto.
- Mãe, eu acho que ele está tão concentrado no ódio, que nem vê o mal que vai fazer à Tita. Eu tentei falar com ele, mas sabes como é quando o assunto é o Tio Craig.
- Eu sei, mas...- paro um instante, para me recompor.
Se não me dói o que o Craig me fez? Claro que sim, todos os dias. Olho para as minhas meninas e pergunto-me como seria ter a minha pequena Ari comigo, como seria a relação dela com as irmãs. Nem o nome dela ele manteve, não sei como mas conseguiu mudar a certidão de nascimento, e para além de colocar a esposa Eleanor como mãe, conseguiu mudar o nome e hoje a minha menina chama-se Siena.
- Mãe...mãe...
- Desculpa, estava a pensar. Eu tenho tantas ou mais razões para ficar com ódio, raiva, rancor. O Craig tirou-me a tua irmã dos braços, e saiu do quarto do hospital sem nem me dar uma justificação.
- Eu sei mãe, mas por favor ...
- Eu não vou aguentar perder outra filha Dak. O que o teu pai está a fazer não é só cruel para a Rita, é cruel para mim...
- Mãe, eu não sei o que fazer. Eu não quero fazer isto, mas se não o fizer ela vai para um Colégio Interno. O pai estava a falar a sério, eu não posso fazer isso à Tita, não posso...
- Eu sei Coqui, mas eu só tenho medo que tudo isto leve a tua irmã a um estado perigoso para ela. Por que é que ela tinha que se apaixonar logo por ele? Por quê?
- Não sei, mãe...não sei. Destino talvez!?
- Destino cruel este Dakota. Arrependo-me todos os dias por ter dado corda ao Craig.
- Não digas isso, sem ele não terias tido a Ari. E mesmo ela não sabendo que tu és a mãe dela, ela é um pedaço teu.
- E eu amo-a como sempre a amei, desde o dia em que soube que ela estava dentro de mim. E mesmo que ela me tenha sido tirada dos braços, mesmo que hoje ela chame de mãe outra mulher que não eu amo-a como vos amo a cada uma de vocês.
- Mãe, por que nunca lutaste por ela?
- Porque nunca teria hipotese nenhuma. Eu era uma bolsista americana, sem emprego, sem condições financeiras. Estava sozinha na Irlanda, a tua avó não sabia da minha gravidez, eu nunca teria hipoteses.
- Mas e a avó? Ela iria ajudar-te eu tenho a certeza.
- Talvez, mas eu tive vergonha de lhe contar na altura. Só quando tive a Eloise é que eu lhe contei. Levei um sermão que nunca me vou esquecer, a tua avó só não me levantou a mão porque o teu pai a acalmou.
- E nessa altura, nao6podiam fazer mais nada?
- A tua avó ainda tentou reaver a tua irmã, contratou um advogado e tentámos de tudo mas para todos os efeitos ela já tinha sido registrada como filha da Lonnie. Já não havia nada a fazer.
- O Jamie conhece-a, o "Tio" é amigo do meu sogro. Ele disse-me que sempre a achou uma menina triste. Eu fiquei com a sensação que ela não é feliz. Não sei a forma como o Jamie falou...
- Eu não posso fazer nada. Dak tenho que ir, as tuas irmãs devem estar a sair. Beijos filha e obrigada por tudo.
- Dá um beijo nas meninas, e mãe diz à Rita que nem tudo está perdido, o Colégio que encontrei também tem acordo com o conservatório, basta a Professora Carla dar a indicação que a Rita mudou de colégio.
- Eu digo sim filha, agradece ao Jamie também...
E assim acabam a chamada, tentando as duas entender o que sentem o meio de toda aquela história. Porque uma família é como o mar, ora está manso, ora bravo. É como uma árvore com galhos, que crescem em diferentes direcções, mas ao terem a mesma raiz nunca se separam na realidade. Somos todos iguais no sangue mas tão diferentes por fora, são as pessoas com quem choramos, rimos...São essencialmente com quem podemos contar sempre.
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