Capítulo 13
E assim com um Don, talvez um pouco mais convencido voltaram para casa. A semana foi correndo e Dak percebeu que o pai estava um pouco mais aberto para a possibilidade de deixar Rita seguir o seu caminho.
Filhos são como águias, ensinas a voar mas não voarão o teu voo; ensinas a sonhar, mas não sonharão os teus sonhos; ensinas a viver, mas não viverão a tua vida. Contudo em cada voo, em cada sonho, em cada vida permanecerá para sempre a marca dos ensinamento que lhes demos. Eles são como navios. A maior segurança para os navios pode estar no porto, mas eles foram construídos para singrar os mares. Assim é com os filhos, o seu porto são os pais, mas eles foram educados para perseguirem os seus sonhos.
Após sair do conservatório, Don foi em silêncio no carro. Dakota e Jamie não sabiam bem o que dizer. Ambos sabiam que o mais velho ficara impressionado não só com o espaço como também com o que Rita poderia estudar. Eles tinham parceria com algumas universidades, e os alunos que quisessem podiam frequentar um segundo curso.
- Pai! Chegámos.- Don assente, sai do carro e caminha até ao jardim, Dakota olha para Jamie que apenas com o olhar a encoraja a ir ter com o pai...- O que se passa, meu Rei?
- Ainda sou o teu Rei? Pensei que tivesse perdido esse posto para o o teu marido...
- Nunca. Serás sempre o meu Rei, o meu herói. Então, o que é que essa cabeça pensa tanto?
- Sabes Dak, tudo o que mais quis foi ser diferente do teu avô. Ele era um homem simples, não tínhamos muitas posses. Eu e os teus tios fomos educados de uma forma meio ríspida, ele nunca foi alguém que se guiasse com a emoção. Para ele ou era preto ou branco, não havia o cinza, ou os seus 50 tons.
- Pai, mas tu nunca foste igual ao avô. Tu és o meu herói, o nosso herói.
- Eu quis ser diferente, ser o que eu gostaria que o teu avô tivesse sido: um amigo, um parceiro, alguém com quem vocês pudessem contar sempre.
- E és, sempre foste Pai.- Dak, aproxima-se de Don e abraça-o...- Tu sempre foste a minha rocha, o meu porto seguro.
- A vossa felicidade sempre foi o mais importante para mim e para a tua mãe. Porque se os nossos filhos são felizes, é sinal que os pais fizeram o seu papel bem feito.- ela tenta falar mas Don, não deixa e continua...- Eu errei, errei muito com vocês, com todas vocês.
- Pai, não sejas tão duro contigo. Sempre nos ensinastes que devemos aprender com os nossos erros, certo?- Don apenas sorri para a filha...- Então se tu sabes que erraste, porque não corriges o erro?
- Eu quero, só não sei se a tua irmã me vai perdoar. Tens a certeza que ela não será um incómodo aqui em casa?
- Claro que não, até me faz companhia. O Jamie por vezes tem plantões à noite e eu acabava por ficar neste casarão sozinha.
- Então, se a nossa Rita passar na audição, poderá vir. Só quero que ela seja feliz...
Dak abraça o pai, que corresponde ao abraço. E enquanto estão naquele abraço, Don pensa no que significa ser pai. É tão mais que apenas partilhar o mesmo DNA, não é só fazer e deixar no mundo. Pai é amar, cuidar, proteger, guardar, estar sempre presente, ajudar, e ensinar a andar no caminho certo. Ser pai é: sorrir, chorar, sofrer, cuidar.
O compromisso de ser pai envolve muito mais do que comprar presentes, ser um pai presente é muito mais do que levar os filhos para passear no fim de semana, ser um bom pai é muito mais do que abraçar um filho, ser um pai que ama é muito mais do que estar presente.
Como ficara combinado duas semanas depois a família Johnson partiu para Dublin, a viagem não era longa, cerca de duas horas de carro. Era certo que poderiam ir de avião e estariam em Dublin em muito pouco tempo, porém, já que as mais novas nunca tinham saído de Belfast decidiram por uma viagem de carro, que seria bem mais longa, contudo muito mais cultural.
O carro dos Johnson era daqueles monovolumes com 7 lugares, então iam: Luke a conduzir e ao seu lado Eloise, atrás iam Stella e Melanie, e nos bancos mais atrás as duas mais velhas. Stella estava maravilhada com a paisagem não deixando de apontar tudo o que via, Grace estava também entusiasmada, porém era menos expansiva que a mais nova. Rita era a única que ia mais calada, aliás ia no seu mundo mesmo.
Eloise e Luke trocavam olhares entre eles, o que era mais um motivo para Stella os atormentar durante a viagem. Ao chegaram a Dublin, Luke já conhecia bem o caminho, uma vez que ele tinha vindo com Jamie conhecer a casa antes do ultimo a ter comprado. A casa não ficava no centro da cidade, ficava nos arredores de Dublin e a vista era linda.
- Meu Deus, a Coqui virou princesa de verdade, esta casa é o máximo!- e nessa altura Luke dá uma buzinadela para avisar que estavam a chegar, e logo os veem sair de casa: Dak e Jamie. E logo atrás Don.- É a Coqui...- Stella abre a janela...- COQUI...
- Stella fecha a janela e para de gritar, a Dak já percebeu que nós chegámos. Aliás acho que Dublin inteiro já te ouviu...- diz Rita zangando-se a irmã.
- E depois...eu vou gritar mesmo...COQUI...- Stella continua a gritar...
- Stella, para de gritar, ou juro que te...- Rita começa a falar, mas Mel interrompe-a.
- Rita. - de seguida olha para Stella...- Stella, podes por favor gritar um pouco mais baixo...
- Ou não gritar de todo. Seria um bem que farias à humanidade...- diz Rita com um ar de quem não está nem um pouco contente por estar em Dublin, Stella vira-se para a irmã e apenas lhe deita a língua de fora, ao que Rita lhe responde dando um "leve" safanão à mesma.
- Meninas chega...-diz Elô...- Será que não conseguem estar sem se baterem durante um dia inteiro.
- Rita.- diz Mel...- Depois conversamos as duas.
- Mas eu não fiz nada mãe, eu estava quieta no meu canto. Essa aí é que começou a berrar que nem uma "cabra". Por que é que sou sempre eu a levar as broncas?
- Rita. Eu já disse que conversamos depois. Stella, por favor para de gritar.
- Mãe! Tu ouviste o que ela me chamou? Ela chamou-me de CA...
- Stella. Acabou, eu falo coma Rita depois. Não quero mais discussões, senão para a próxima vez só trago a Grace.
Enquanto a mais nova ficou com um bico do tamanho do mundo, Rita apenas voltou para o seu mundo. Logo estavam a parar o carro, e Stella nem esperou ninguém, saiu e correu em direcção à irmã, que por pouco não derrubou, valeu o facto de Jamie estar a segurar a esposa. Depois de Stella sair, os restantes foram saindo e caminharam até aos três que os esperavam.
- Ei pequena...- diz Dak agarrada a Stella...- Cresceste nestes meses, e não foi só de altura, estás mais pesada.
- Eu não sou pequena, estou quase da altura da Rita...- diz olhando para a irmã que continua de "fones" nos ouvidos e com cara amuada...- e não estou assim tão pesada.
- O que aconteceu com a Rita?- pergunta Dakota quando olha para a irmã e percebe a sua cara...- O que é que tu aprontaste pequena?
- EU!? Nada, não ligues, ela tem estado com aquela cara "de quem lhe deve e ninguém lhe paga" desde que saiu de Belfast, aliás ela tem andado emburrada há meses.
- Stlella!- Mel repreende a filha, mas pensando bem era a verdade, Rita andava estranha de uns meses para cá...- Coqui, como estás? O Jamie tem andado a tratar-te bem?
- Sim, ele tem sido um perfeito cavalheiro...- e olha para o esposo que se encontra ao seu lado.
- Acho bom, porque caso contrário eu tratava de ti.- diz Elô abraçando-se a Dak, já que Stella foi entretanto falar com o pai.
- Como é que ele está?- pergunta Elô olhando para o pai com Stella e Grace abraçadas a ele.
- Os primeiros dias foram difíceis, até porque eu contei-lhe que fui eu que incentivei a Rita a fazer a audição.
- Tu? Mas como? A Directora Ana disse que tinham sido as professoras a escolher.- diz Mel espantada.
- E foram. A Rita ligou-me a perguntar a minha opinião: se fazia ou dizia que não podia. E eu encorajei-a, é o sonho dela.
- Como ficou o teu pai com isso? Quer dizer...
- O pai ficou meio chateado comigo...
- Meio...- diz Jamie...- Ele levantou a mão, mas acho que percebeu o que estava a fazer e parou. eu entrei nesse momento bem e vamos dizer que o meu sogro viu o meu lado superprotector.
- O teu pai levantou-te a mão? Mas ele não aprendeu com a Rita? O que se está a passar com ele. Este não é o Don que amo.
- Tem calma mãe, nós falámos. Ele percebeu o que ia fazer, e entrou em pânico. Chorámos os dois, ele de ansiedade e eu por o ver tão frágil. Mas conseguimos explicar que era o sonho da Rita, e até o convencemos a ir ao conservatório ele foi.
- E ele foi? Quer dizer confesso que foi uma boa estratégia.
- Ele foi, até ficou espantado com o que viu. Porém, para ele continua a ser uma carreira algo incerta. E como é que "ela" está?
- Como vês. Arredia, no mundo dela, sempre com cinco pedras na mão. Eu já não sei o que fazer. Pensei que afastar o teu pai a fosse acalmar, mas a verdade é que ela está cada dia pior.
- Até para comer tem sido difícil. Grace diz que na escola ela está sempre sozinha quando a vê. Ela está a isolar-se e a afastar-se de todos.
Enquanto Dak fala com a irmã e a mãe, Jamie falava com Luke e Don, junto de Stella, que não larga o pai um segundo, e com Grace. Rita simplesmente não falou com ninguém, apenas se afastou e sentou-se por baixo de uma árvore que tinham ali perto da entrada de casa.
Dak enquanto fala, olha para a irmã, pensando no que fazer para a ajudar. Rita sempre foi a mais independente e relaxada de todas, mas aquela que estava ali, não era a sua irmã, algo mais se passava.
- Bom mas vamos entrar?- pergunta Jamie aos homens...- Mel, Elô, Dak vamos entrar?- e assim Dak é tirada dos seus pensamentos.
- Sim, claro. Vamos mãe, Elô...- lha de novo para Rita...- Ritinha, vamos para dentro.
Rita nem a ouve, e é Grace que vai até ela e a chama. Ela levanta-se, chega perto de Dak, dá-lhe um beijo e segue para dentro. E mais uma vez Dak tem a certeza que algo mais se passa com a irmã. Quando entram caminham para a grade sala da casa onde todos se sentam, excepto Rita que se isola num cantinho junto da lareira.
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