Prazer em conhecê-la (+12)
Sim, isto é uma referência ao livro I.
Antes de mais nada, quero pedir que me diga se está gostando do livro, qualquer dúvida eu respondo ❤️
Contém gatilhos ❤️
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𝐄𝐦𝐦𝐚.
Ver minha pequena e Ray foi a coisa mais incrível que me aconteceu desde que acordei, não consegui expressar o quão feliz me senti, a forma como isto me tranquilizou.
Logan contou a Ray tudo que aconteceu, o clima ficou estranho entre eles por alguns segundos, mas Ray deixou isto para outra hora —, tive que desligar o computador porque descarregou, porém assim que pudesse iria ligar novamente. Me comuniquei com ela por digitação, já que não conseguia ter firmeza no pulso suficiente para escrever no papel e mostrar diante da tela, abrimos o chat e digitei tudo que podia lá mesmo.
Pela manhã tomei meus remédios para ansiedade que Lívia diminuiu as doses, mesmo me dando bronca por ter arrancado pele dos lábios —, as crises amenizaram, não sumiram, amenizaram.
Logan não estava nada bem pelo que notei, a inquietação, o olhar que eu conhecia bem, havia alguma coisa errada, ou que ele deveria estar escondendo... motoqueiro sem vergonha! Me escondendo de novo as coisas... engoli aquilo por compreender o quanto o psicológico dele deveria estar afetado por tanta tragédia.
Ele me viu morrendo, teve que me ver toda ensanguentada em uma maca de hospital...meu estômago revirou somente de pensar no quão horrível deve ter sido.
Devia escutá-lo, devia oferecer o que foi me dado todo aquele tempo: paciência, compreensão.
Acabei sobrecarregando ele demais, era injusto o peso deste amor.
Eu havia tentado me suicidar —, e ele me salvou, impediu que eu desabasse por completo...agora ele quem desabava em ruínas — poderia fazer o sacrifício de puxá-lo de volta para superfície.
Abismo não seria nossa próxima estação.
Ele cuidou de mim todo este tempo...quem cuidava dele? Sempre tão protetor, carinhoso, forte...tudo fachada para que ninguém visse o quanto estava destruído.
Logan colocou os outros a frente dele mesmo, por amor.
Principalmente eu.
Não era assim que nosso amor deveria renascer —, talvez eu devesse tomar uma atitude dolorosa, porém necessária para o processo de cura, a adaptação dele.
Afastá-lo. Por alguns dias, ou meses... não sabia ao certo o tempo.
As cicatrizes do nosso amor eram grossas demais para carregar sozinho.
Se eu fechasse os olhos podia sentir cada vibração machucada do seu coração solitário.
Precisava ¹savoir-faire.
Por mais que fosse causar mais uma ferida afastá-lo, era necessário, Logan precisava caminhar seu próprio caminho.
Sentir que eu era um peso foi inevitável, tanto para Lo, tanto para Natasha e Ray.
Talvez Helena tivesse razão.
— Tenho uma pessoa para te apresentar. — Disse Logan sorrindo simpático, eu tão distraída mal lhe dirigi o olhar, a agressividade das memórias me violentando mentalmente.
O refeitório; Pietro.
A praia; Ricardo.
A banheira; eu mesma.
Todos viraram cenários traumatizantes que faziam sangue invisível preencher minha garganta dolorida.
Morte. Era tudo que me rondava.
Transmitia energia ruim para quem permanecia próximo... pessoas a minha volta morreram, e a culpa foi minha também —, todos aqueles que chegavam muito perto acabaram feridos de alguma forma... não queria que Logan tivesse o mesmo fim de Gisele ou Guzman ou do meu avô Joseph.
Cada minuto que passava eu me sentia pior, me sentia uma abelha sem colmeia, sem Raven, Natasha e Lilian... sem minha vida... ninguém poderia entender. Nunca fui de abandonar o barco fácil.
Estive dias e noites em claro, como uma máquina a vapor, lendo, revisando, procurando qualquer indício de que aquilo que eu suspeitava pudesse ser cada vez mais credibilizado; o suicídio de Joseph não foi suicídio, e sim homicídio.
Cada segundo que eu passei longe das minhas meninas só fez com que eu quisesse tê-las cada vez mais perto de mim, voltar para casa... quando tudo aquilo acabasse, estaria voltando para França, não era o veredito final, mas tinha muita esperança.
— Emma, este é o doutor Charles. — Logan disse ao entrar no quarto tranquilamente, desviei a atenção da televisão e parei os olhos naquele homem.
Uma sensação tão estranha me fez ficar paralisada —, parecia um dejavú...não soube explicar, apenas observei aqueles traços sob a pele pálida, eu sentia que o reconhecia de algum lugar, talvez já o tivesse visto antes...mandíbula levemente torta, lábios finos, olhos pretos, a cicatriz abaixo dos olhos, cada detalhe era familiar.
Charles parecia calmo, porém hesitou por alguns segundos antes de estender a mão para mim em cumprimento.
Com certeza não me analisou tanto quanto eu o analisei.
— Charles Deveraux, é um prazer conhecê-la senhorita Myers. — Se apresentou o homem educado com sotaque, abrindo um sorriso simpático.
Apertei sua mão, mesmo parecendo que havia alguém controlando meu mecanismo.
A gravidade me tirou do chão em minha imaginação.
— Trouxe novas atualizações sobre o caso, preciso que preencham estes papéis, e senhorita Emma, preciso que conte tudo com o máximo de detalhes que conseguir, pode ser pelo computador mesmo, envie para o meu e-mail e eu imprimo. — Charles abriu a maleta de couro preta que carregava após colocá-la em cima da cama.
Lancei um olhar para Logan que estava com olheiras bem mais profundas do que antes, ele não notou porque digitava algo no celular, provavelmente falando com Julian ou talvez Malcom.
Não iria pressionar sua cabeça com mais perguntas, mesmo que sentisse que ele ainda me devia algo.
Charles parecia amigável, apesar das roupas pretas e a cartola —, não tinha semblante de um vilão.
Ricardo também não... e não hesitou em tentar matar eu e Logan por pura obsessão doentia da mente dele.
O diabo nem sempre tem chifres e cheira a enxofre, ou tem pele vermelha e voz profana... ele pode ser bonito, perfumado.
— Amor? — A voz rouca de Logan me tirou atenção, percebi que estava resfriado.
Charles estendia a folha em minha direção aguardando pacientemente.
— Acabei me distraindo. — Consegui dizer uma frase completa, as íris castanhas de Lo brilharam vendo mais um progresso em minha recuperação.
Agarrei o papel e busquei pelo quarto a caneta, enquanto Logan falava iniciava uma conversa no telefone com Julian.
Charles aguardou em silêncio, parecia distante demais da nossa realidade, talvez refletindo sobre algo. Uma luz quente acendeu em meu coração, estranhamente senti que nós tínhamos algo em comum.
Liguei o notebook para passar as informações do papel para o Word.
Logo Liv viria para a sessão de fisioterapia, checagem de rotina e também traria consigo o psicólogo a qual citou dias antes.
Lembrei da noite anterior, tive um pesadelo horroroso sobre aquela tarde que tentei suicídio na linha casa alugada.
Logan não estava lá. Apenas a morte me puxando violentamente para si. Não havia escape, não havia anjos (Natasha e Logan), nem meio de comunicação. Apenas o beijo frio daquele espírito aterrorizante.
Pensei sobre isto e tomei outra decisão — não retornaria para aquele misto de lembranças ruins...arranjaria outro lugar para ficar até retornar para França.
— Logan me disse que você tem uma irmã e uma sobrinha, estou certo? — Charles puxou conversa comigo, Logan gesticulou indicando que iria sair, provavelmente para fumar e tentar afastar os problemas.
Movimentei a cabeça afirmando que sim.
— Eu também tenho uma filha, ela é adotada, mas é minha filha ainda sim. — Comentou Charles abrindo um sorriso orgulhoso.
Ele não parecia ter mais de cinquenta anos.
Muito menos tinha aspecto de um pai.
Nem sei se isto existia, mas enfim.
Decidi mergulhar naquela conversa, liguei meu celular e gesticulei para que ele viesse para mais perto, na intenção de mostrar minhas irmã e Naty.
A foto de fundo do meu visor era de mim e Natasha na minha formatura, eu vestia uma beca vermelha, com direito a chapéu e o que não podia faltar: O batom vermelho.
Natasha vestia uma camisa azul de mangas curtas básica, calça legging e tênis preto da vans, os olhos verdes pouco aparentes por causa do óculos redondo charmoso que usava —, os cachos do cabelo curto bem enroladinhos, uma verdadeira boneca.
Charles admirou a foto por segundos, pareceu gostar do que viu.
— Naty. — Dei o nome da minha amiga, sentindo a saudades esmagar meus ossos.
Charles não tirou as íris da foto, quase fiquei envergonhada por ter que deslizar o dedo para o lado e mostrar Ray.
A forma como ele observou Natasha, parecia que ela era uma pintura vitoriana belíssima da era antiga.
A expressão suave dele sumiu quando a foto da minha irmã estampou o visor.
Charles parecia tenso, assustado.
— Raven. — Disse baixinho, lembrando daquela foto com muita nostalgia calorosa, foi tirada quando Raven estava grávida da Lilian, a barriga já grande estava descoberta, Raven vestindo um cropeed de mangas longas —, belíssima como sempre.
— É sua irmã mais nova? Ela me lembra alguém. — Aquela voz grave e lírica soou carregada de um sentimento indecifrável, não parecia tristeza, mas também não era orgulho ou felicidade.
Não mostrei a foto da Lilian por segurança, minha paranoia não me deixava —, Ricardo podia ter contatos em qualquer canto, pronto para infernizar minha vida e ferir quem eu amava —, não me surpreenderia, o filho da puta era esperto.
Conseguiu ficar anos debaixo da moita após roubar a empresa, conseguiu esconder os rastros do seu crime (não que a polícia francesa tivesse se esforçado muito também), conseguiria facilmente atacar onde seria meu ponto mais fraco.
Não ia colocar a corda no pescoço novamente.
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