Me conte a verdade
𝙿𝚘𝚛𝚚𝚞𝚎 𝚊𝚚𝚞𝚒 𝚎𝚜𝚝𝚘𝚞 𝚎𝚞, 𝚍𝚊𝚗𝚍𝚘 𝚝𝚞𝚍𝚘 𝚚𝚞𝚎 𝚙𝚘𝚜𝚜𝚘, 𝚖𝚊𝚜 𝚝𝚞𝚍𝚘 𝚚𝚞𝚎 𝚟𝚘𝚌𝚎̂ 𝚏𝚊𝚣 𝚎́ 𝚎𝚜𝚝𝚛𝚊𝚐𝚊𝚛 𝚝𝚞𝚍𝚘.
James Arthur/ Naked.
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Horas depois.
𝙴𝚖𝚖𝚊.
Ainda não me encontrava 100% recuperada, porém já sem tubos e fios me incomodando.
Sentia que meu corpo era um peso morto irritante, minha mente caótica e ainda sem respostas esmagava cada osso meu.
Logan ofereceu seu peito para que eu deitasse nele, encontrando pouco conforto, mas ainda era suficiente naquele momento.
Me sentia aquecida e amada.
— Emma, sei que deve estar se perguntando quanto tempo esteve em coma. — Murmurou Lo acima de minha cabeça, acariciando minhas costas.
Sentia as palpitações dele aceleradas, parecia com medo.
— Foram quatro meses. — Mal digeri aquilo, foi tão violenta a informação que saiu da voz rouca e calma, que minha mente revirou como se fosse atingida por bolas de chumbo.
Se pudesse falar, não diria nada, não ia conseguir.
— Sei que nada será como antes, nem quero te sobrecarregar com...você deve imaginar... — Ele não terminou a frase, apenas suspirou dolorosamente.
Ergui o olhar e alcancei suas íris bonitas e tão quebradas.
Se pudesse transmitir por telepatia, diria a ele: Deixe o universo se alinhar aos poucos.
Minha preocupação com Raven e Lilian e Naty voltou a tornar tudo um borrão cinza, será que elas sabiam? Logan certamente contou a elas, era honesto e confiável, me amava muito.
Distancei lentamente dele e agarrei o caderno e caneta que estavam na cômoda hospitalar que tinha do lado esquerdo da cama.
Me sentia fraca e imponente, não era eu mesma.
Lutei contra a falta de firmeza nos dedos e pulsos mais finos que o normal.
Vendo Lo me observar bem sério ainda apoiado no cotovelo sob a cama, escrevi:
"Quero ir embora, quero ver minha irmã e minha sobrinha, a Naty também, elas devem estar preocupadas, você me entende não é amor? "
Logan era o único ali comigo naquele imenso cenário deprimente e sem vida.
Entreguei o caderno para que ele lê-se o que escrevi com muito sacrifício.
A tensão que estampava o rosto abatido dele, significava bem mais do que: Está tudo bem, fique tranquila.
A médica disse pouco antes em uma conversa particular com ele, que eu espiei: "Perda de parte da memória é comum, mas não significa que não se lembrará em algum momento".
Não sei se ficava aliviada ou mais carregada, de qualquer modo, eu não sabia de nada.
Escovei meus dentes e penteie o cabelo no banheiro que havia em meu quarto. Estava corada, porém não saudável, algo em minha foi ceifado com tanta força que não conseguia sequer explicar.
— Amor, está tudo bem com você? — Senti as mãos quentes dele envolverem meus braços por trás, dois reflexos diante daquele espelho.
O toque me causava formigamentos internos, todavia também vinha acompanhado de dúvidas e questionamentos e confusão interna.
Apenas abaixe a cabeça e encarei minhas próprias mãos, que continham um arranhão que havia virado cicatriz, era perceptível.
Fiquei gelada internamente, lembrei daquele rosto, daquela expressão maldita que amaldicoei diversas vezes, lembrei da medalhinha do meu avô.
Logan depositou um beijo em minha bochecha, não percebendo meu estado horrorizado que transparecia no espelho.
Um disparo ecoou violentamente em minha mente, trazendo a tona algo que eu ainda não recordava totalmente, em reação tive um espasmo muscular por todo corpo e derrubei a escova de cabelo no chão, Logan se assustou também.
— Emma, o que foi? Se lembrou do dispa... — Ele mesmo se silenciou quando eu o encarei, era como um crime hediondo falar sobre o que estava acontecendo, ele ergueu barreiras entre nós e não queria deixar escapar nada, me contar...mas por que?
Segurei sua mão e apertei firme, exigindo que fosse sincero comigo, depois de tudo que passamos.
Lo estava estático, parecia ter visto um fantasma horripilante. Queria a verdade, a versão real do que ele estava escondendo.
— Diga. — Consegui proferir baixinho, a voz quase virou um chiado.
Logan não moveu um músculo, desviando o olhar do meu, coisa típica de quanto estava mentindo ou se negava a enfrentar as coisas — o conhecia bem o bastante para sabe disto.
Diminui a distância entre nós e ergui a cabeça, o fazendo olhar diretamente para mim — envolvi os dedos em seu bíceps e pressione levemente.
— A verdade. — Exigi friamente, era justo, precisava voltar a minha realidade e ele era o único que teria tais respostas necessárias.
Logan balançou a cabeça negativamente dirigindo olhar ao chão.
— Não posso...é muito forte para despejar em cima de você agora Emma. — Negou minha exigência feito algo opressor.
Antes que eu insistisse novamente, Logan se colocou para fora do banheiro feito um vulto, fugindo de mim.
Segui para fora a passos lentos também, pois meu corpo permanecia fraco e trêmulo — procurei meu celular ansiosamente pelo quarto e não encontrei.
— Precisa dizer a verdade a ela, mais cedo ou mais tarde Emma descobrirá e ficará magoada com você. — Ouvi uma voz familiar do lado de fora, no corredor.
— Não posso, é muito coisa para ela absorver agora...não me pressiona mais Julian, não vou aguentar, estou a beira de um colapso. — Foi aí que descobri que Logan escondia algo, não apenas pelo nervosismo na voz, mas também pela expressão angustiada e ferida.
Antes que eu envolvesse a maçaneta com os dedos e me intrometesse na conversa, alguém a abriu e entrou me assustando.
Lívia.
— Emma, não pode ficar perambulando pelo quarto, tem que descansar, precisa se recuperar. — Lívia me deu bronca bem séria. Se soubesse o tanto que já havia descansado e o ódio que aquilo estava me causando —, me tratarem feito boneca de cristal, que raiva.
Revirei os olhos ignorando o restante da baboseira repetitiva.
Lívia suspirou preguiçosamente, aqueles olhos doces e chamativos me encaravam.
— Como se sente? Imagino que seja difícil demais não é? — Não respondi obviamente por não poder falar mais que chiados, apenas risquei no papel: Celular.
Queria falar com Naty e Raven, não suportava mais a ansiedade e angústia de não saber nada sobre meus anjos.
Lívia pareceu surpresa quando me viu escrevendo. Talvez não fosse comum uma paciente em comam ter tanto avanço em poucas horas.
— Quer fazer uma ligação? — Questionou chutando a resposta ao ler tais palavras.
Assenti que sim.
Lívia repuxou os lábios para o canto demonstrando que não iria ser possível.
— Seu celular está com Logan, ele o buscou na delegacia depois de terem o analisado. — Mal consegui emitir reação.
Delegacia, delegacia, analisado.
Crime=Provas.
Aquele novamente agrediu minha mente e dei um sobressalto apavorada, pois era tão real o som que o pesadelo engoliu a realidade. Comecei a tremer por inteira, calafrios percorreram minha coluna.
— É normal ter estes ataques de pânico, por tudo que passou...deite-se, irei prescrever uma medicação para que se tranquilize. — Permaneci paralisada, não conseguia mover uma sequer músculo do lugar.
Lívia soltou o caderno o deixando em cima do carrinho de medicação e me conduziu até a cama devagar, bem cuidadosa e compreensiva.
— Logo seu almoço virá e poderá conversar com Logan, qualquer coisa aperte o botão do lado inferior à esquerda da cama, estarei em minha sala. — Explicou Lívia com sua voz angelical e calma.
Entrei em choque, algo em mim arrastava correntes pesadas em minha mente machucada.
Mãos invisíveis me puxavam de diversas direções diferentes, dilacerando minha carne e espírito.
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