MELANCOLIA DE UM SER IMPERFEITO
Na infância, Eu sonhava com meu mundo perfeito,
O mundo que me permitiria cair, tropeçar e errar,
E levantar-me sem os olhares de reprovação,
Este aperto no peito não tirar-me-ia a motivação.
Infelizmente, a realidade nua, crua e violenta,
Arrancou-me, impiedosamente, o sonho.
Fui obrigado a ser sempre perfeito,
E, meu peito, - este infeliz - a conviver com o maldito aperto.
Quisera eu, prender-me às madrugadas nas quais sonhava,
Satisfeito, feliz e eufórico!
Quando saía da realidade perfeita que agoniava-me,
E, sobre as terras reluzentes daqueles sonhos, pousava.
Entretanto, para minha infindável melancolia,
Abriam-se as pálpebras , arrancavam-me do meu mundo,
Engasgavam-me com a perfeição que eu rejeitara desde o nascimento,
E eu padecia naquela imundície que me cobria.
Ah! Minha infância, meus sonhos, meu mundo,
Foram-se para longe, longe deste fraco imperfeito,
Restou-me sofrer com as assombrações
Daquele maldito aperto no peito!
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