ABRAÇO
Que posso dizer a ti quando a mim vieres
Falar de teus desamores e desprazeres?
Que posso dizer a ti quando a mim vieres
Solicitar conselhos sobre os teus afazeres?
Que posso dizer-te, eu - estranho e torpe?
Que posso dizer-te se de viver pouco sei?
Que dizer-te se sou ser humano mui mau?
Que posso dizer-te para cumprir o que jurei?
Sou ser humano falho, frio, feio, ferrenho!
A faca, o ferro, o ferrão e o veneno tenho!
Que hei, então, de dizer-te quando vieres?
Que questão hei de solucionar para ti?
Prometi ser o ferro que te afia e te molda,
Prometi ser a mão amiga a estender-se
Nas horas da aflição do teu viver aqui!
Quebrei a rima, o juramento e neguei-me a ti!
Da vida não levamos o que a nós ufana,
Da vida levamos apenas algumas coisas:
As cicatrizes, as lembranças, os amigos...
E, é claro, os inefáveis e (in)fieis amores!
Que posso dizer-te quando me faltarem
Na boca as palavras que te devo falar?
Que posso, então, dizer-te quando imperar
O silêncio que faz os tecidos arderem?
Te digo que, sem palavras, nada te direi!
Não te darei retalhos de vidas passadas,
Nem conselhos mal aplicados te falarei!
Te darei o mais importante em poucas passadas!
Estenderei os braços para teus passos!
Recolherei tuas lágrimas em meu ombro,
Guardarei teus gritos em absoluto silêncio!
Serei, pois, teu confidente; serei teu amigo!
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