🌟 Prólogo 🌟
Não entendo porque água de coco não é patrimônio da humanidade, viu? Ô coisinha mais maravilhosa desse nosso Brasil. Morando fora, se tem uma coisa que eu morro de saudades e é logo o que procuro assim que ponho os pés no país, é ir atrás de uma barraquinha. De preferência à beira-mar.
E é justamente o que estou fazendo agora. Aproveitando meu primeiro dia de férias, depois de ralar muito viajando de turnê em turnê, para matar as minhas saudades de água de coco, do mar quentinho e da minha mãe, que já não via há mais de um ano.
Foi dela que herdei os meus quase cachos, assim como meu irmão. Agora que tenho os cabelos mais logos, se me esforçar um pouquinho, até consigo criar uns cachinhos, mas sempre fui meio preguiçosa para isso. Ela é mais baixinha, me permitindo abraçá-la e carregá-la de vez em quando, o que ela odeia, mas como me vê pouco, deixa passar. Porém, isso não quer dizer que eu seja alta.
— Minha filha, quando você pretende voltar pra casa, hein? — Dona Antônia me pergunta acariciando a minha mão, enquanto enterramos os pés na areia lado a lado.
— Sei não, mãe. Por enquanto, minha vida tá por lá.
Eu conheço bem essa expressão preocupada. Minha mãe sempre viu com bons olhos eu trabalhar com o que gosto, alcançando espaço no exterior. Estufa o peito por eu falar diferentes línguas e se enche de orgulho por me ver ao lado de grandes nomes da música mundial. Mas desde que essa proximidade me rendeu ataques de fãs, uns bons dias de hospital, meses de fisioterapia e cicatrizes que me acompanharão para o resto da vida, a sua visão sobre a minha carreira mudou.
— Por que você não vem trabalhar com os artistas brasileiros? Aqui não tem esse negócio de cantor esconder a namorada, não! — ela põe as mãos nos quadris rechonchudos, que eu não canso de apertar.
— Pelo amor da Deusa, mãe, fala baixo! Essa história já morreu faz tempo. — a interrompo em voz alta, mas continuo o resto em um sussurro — Nem pense em dizer o nome dele, ok? Eu já lhe disse mil vezes que ninguém pode saber.
— Tá bem, mas me promete que não vai mais se meter com coreanos?
— Eu não trabalho mais com kpop, a senhora tá cansada de saber. — respondo revirando os olhos. — e não se esqueça que o Jonh Lennon foi assassinado por um fã em plena Nova York, hein?
— E você foi se meter justo com um dos rapazes que eles chamam de "novos Beatles". — ela rebate com o olhar franzido. — Eu sei que já faz um tempo, mas você nunca mais nos apresentou ninguém depois dele.
Tenho certeza que vou passar o resto da vida me arrependendo de ter deixado aquela criatura falar com a minha mãe por vídeo, mas o desgracento insistiu tanto que queria tranquilizá-la quando eu estava no hospital que não tive como dizer não. Foi fofo, na verdade. Fiquei feliz na época. Quase sem notar, me abraço, tocando de leve a cicatriz coberta por uma tatuagem que tenho por baixo da costela.
O movimento não passa despercebido por minha mãe e me levanto em direção ao mar. O mergulho salgado servindo de disfarce para as lágrimas que teimam em surgir. Que droga! Já passou da hora dessa história parar de mexer comigo. E não é por falta de tentativas. Encaro o horizonte, pensativa, não devia ter dado um fora no chefe de segurança da Rosalía, a gente se dá tão bem, mas não quis começar nada com ninguém, justo agora que vim passar umas semanas em casa com a família. Quando eu voltar de férias ele que me aguarde, ou não me chamo Babi!
Entre um mergulho e outro, vejo minha mãe acenando com força da areia. Ela fala no celular com alguém e parece preocupada. Volto correndo e a alcanço a tempo de segurá-la antes de cair de joelhos.
— O que aconteceu? — pergunto com uma aflição crescendo no peito.
— Sequestraram seu irmão, Bárbara! Eles estão com ele! Vão matá-lo se a gente não fizer alguma coisa. — ela explode em lágrimas.
— Calma, mãe. O Bernardo tava vindo pra cá encontrar a gente. Ligaram do número dele, foi? Falaram o nome dele?
Dona Antônia nega com um movimento de cabeça. Não demora para o choro de desespero se transformar em alívio, quando os inconfundíveis quase cachos arrepiados de Bernardo aparecem por trás da barraquinha de coco. Todo tranquilo, arrastando os chinelos até nós. Nunca fiquei tão feliz de ver a cara de bobo do meu irmão, sem entender nada do que acontecia ali. O abraçamos, felizes por tudo não passar de um alarme falso. Mas foi aí que notei o aplicativo do banco aberto no celular da minha mãe e a notificação de transferência bem sucedida.
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Oi gente!!
Prontos para esta aventura em solo nacional? A Babi bem queria só curtir uma sombrinha e água fresca, mas para variar um pouquinho a vida tem outros planos para ela. Melhor para a gente. 🙂
Cadê o Changbin??? Calma, calma, que ele vem aí no próximo capítulo daquele jeitão que a gente conhece.
Se está gostando, não se esqueça de deixar a sua estrelinha e comentar! Nós vamos adorar saber sua opinião, palpites e etc.
BIG HUG e até o próximo capítulo.
Annelizzy e Ana Laura Cruz
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