Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

7 - ENCHANTED

Essa seja a primeira página
Não onde a história termina
Meus pensamentos ecoarão o seu nome
Até eu te ver de novo
Essas são as palavras que não disse
Enquanto eu ia embora cedo demais
Eu fiquei encantada em te conhecer

— Enchanted, Taylor Swift

Quando chego ao hotel, minha primeira ação é pesquisar sobre a favela. Descubro que, embora considerada pacificada, houve um confronto recente entre a polícia e alguns bandidos, resultando na morte de um policial e três criminosos. O tráfico de drogas é o principal problema no morro. Apesar disso, a favela possui pontos turísticos, o que me faz questionar se Babi não está exagerando. Acredito que seja seguro andar pela região durante o dia.

Na manhã seguinte, decido me manter longe de Babi. Hoje é a minha última apresentação no Rio e, logo após o almoço, devo ir para o palco me preparar. Entretanto, vejo essa como minha última chance de descobrir a verdade, já que partirei para São Paulo muito em breve.

Começo a ponderar sobre minhas opções. Babi não vai cair no mesmo papo de estar com dores e querer ficar recluso no quarto. Na verdade, nem sei como consegui enganá-la da primeira vez. Talvez ela já soubesse que eu sairia e estava me vigiando. A única saída parece ser fugir e aparecer no ensaio depois. Ela ficará furiosa e deve ligar para Bang Chan, mas não vejo outra alternativa.

Arrumo-me apressadamente, usando uma calça que combina com a jaqueta jeans escolhida, uma camisa preta e tênis. Verifico meu visual mais uma vez pegando meus óculos e boné. Porém, assim que abro a porta do quarto, sou surpreendido por Babi, estendendo um papel e uma muda de roupas para mim, com um sorriso maquiavélico no rosto:

— Vai a algum lugar? — Ela diz sendo irônica e eu fico piscando algumas vezes até conseguir responder.

— Eu... Estava...

— Você não pretende entrar na favela desse jeito, né? — ela me olha de cima a baixo.

Sem me dar chance de resposta, ela joga as roupas em mim e as olho com curiosidade. É uma camisa da seleção brasileira e uma calça jeans clara, feia que dói. A encaro sem entender e então ela diz:

— Tava estampado na sua cara que você ia voltar lá atrás da sua paixonite e eu não tô aqui pra ter problemas, meu caro. Só trago soluções. — diz, me empurrando para dentro. — Agora, vai trocar de roupa.

Observo como Babi está vestida e a comparo com as roupas que tenho em mãos. Ela usa shorts jeans e uma camiseta cinza dos Beatles, assim como uma bandana vermelha com umas estampas de pássaros amarrada como uma faixa na cabeça. Ela não está nada diferente do habitual.

— Precisa mesmo disso? — pergunto apontando para o que tenho em mãos.

— Você quer entrar na favela com um letreiro que diz "olha como eu sou rico e famoso!"? — ela me olha com uma careta. — Anda logo, que só temos até o meio-dia e a excursão começa daqui a pouco.

— Excursão?

— Eu te explico no caminho.

— Ah... Sim, senhora. — assinto, ainda um pouco confuso.

Ela pisca para mim e fecha a porta do quarto. Vestindo as roupas que a staff me arrumou, coloco meus óculos e o boné. Olhando-me no espelho, confesso que agora pareço um cara normal. Encontro Babi no corredor e não demora muito para estarmos na rua. Vamos de ônibus até o local, parece idiotice levar um carro de luxo para ficar parado na porta da favela.

No ônibus, observo as pessoas perdidas em seus pensamentos. Algumas estão uniformizadas, devem estar indo trabalhar, enquanto outras conversam alto sobre algo que nunca vou conseguir entender. Há pessoas de todas as cores ali dentro. Realmente, o Brasil é uma mistura, cada pessoa é muito diferente da outra.

Babi foi o caminho todo ouvindo música e cantarolando. De vez em quando, me cutucando para mostrar algo pela janela. Curioso, ela que é a brasileira, mas parece mais animada do que eu.

— Você já incorporou o papel de turista. — afirmo, lhe dando um toque com o ombro.

— Era para eu estar de férias, não era? — ela sorri.

— Era? — pergunto, surpreso.

— O JK não contou, não? Eu estava no Brasil  de férias com a família, a seguir já tenho compromissos na Espanha.

Quero saber mais, mas quase no mesmo instante ela levanta, declarando que saimos na próxima parada. Quando chegamos, encontramos um grupo de turistas e o clima está bem quente por aqui. Agradeço em minha mente por Babi ter me impedido de usar a minha jaqueta jeans.

O guia logo começa a nos indicar por onde iremos e seguimos morro adentro. Aquilo parece uma enorme realidade paralela para mim. De um lado, vemos casas bonitas, edifícios exuberantes, pessoas muito bem vestidas. Do outro, casas pequenas e sem acabamento, coladas umas às outras, pessoas vestidas de forma simples e, em sua maioria, negras. O contraste da pobreza perante a riqueza é gritante. Não deveria ser assim... Sei que sou um cara rico e cheio de privilégios e nem todo mundo vai ter muito dinheiro na vida, mas não acho que essa desigualdade tão grande seja algo benéfico.

Será que essa é uma das grandes problemáticas do Brasil, fora a criminalidade ou, talvez, ela seja alta, justamente por causa dessa desigualdade? Bem, não é hora de pensar em questões sociais, afinal, minha linha de raciocínio é interrompida pelo guia que fala mais curiosidades sobre o local.

Observo ao redor e estamos numa espécie de praça. Fico olhando para todas as direções, à procura de Lua, mas não a vejo. Babi percebe e diz:

— Não acho que ela vá virar a esquina a qualquer momento. O morro é gigante e a gente está na parte em que é permitido visitantes. Depois que acabar o passeio, ainda vamos ter um tempo, aí a gente procura.

— Obrigado pela ajuda. — Digo, sendo sincero e ela sorri.

Passamos por um ginásio, onde o guia nos explica que funciona um projeto social que visa proporcionar novas perspectivas para as crianças da comunidade por meio da arte. Os turistas demonstram interesse em conhecer o projeto e decidimos entrar. Ao entrarmos, nos deparamos com um grupo de crianças vestidas de branco, algumas delas estão com cordas amarelas amarradas como cintos. Quatro adultos tocam instrumentos curiosos e duas crianças se posicionam no meio da roda, fazendo alguns movimentos como uma "dança", enquanto o restante bate palmas. Aos poucos, reconheço a prática que estão realizando e observo-os fascinado:

— Oh, estão fazendo capoeira. Podemos nos aproximar? — Digo empolgado.

Eu gosto muito do Brasil, várias coisas aqui me chamam a atenção e eu já havia afirmado até para as câmeras meu desejo de vir aqui turistar. É minha terceira vez no país e eu sempre fico animado ao ver uma coisa nova. Eu e Babi nos aproximamos da roda e aquelas pessoas perguntam se gostaríamos de tentar. Ela me empurra para o meio e ri baixo, tudo bem, eu já queria fazer isso mesmo.

O instrutor começa a me ensinar o que eles chamam de "ginga" e quem intermedia a conversa, obviamente, é Babi. Começo a tentar imitá-los mas não dá muito certo, acho que posso aceitar que a minha parada é o kpop. Agradeço pela aula e continuo observando todo o ambiente, notando que tem várias salas mais para a frente.

— O que mais tem por aqui? — Digo, querendo conhecer as salas, para ver as atividades.

— Pensei que você só queria saber da Lua. — Babi diz.

— Ah, mas não custa nada dar uma olhada.

Seguimos em direção à primeira sala, onde está ocorrendo uma aula de funk. No entanto, é uma versão mais melódica desse gênero musical, na qual as crianças utilizam mais os pés para executar os passos. Babi faz uma pergunta em português ao instrutor e, em seguida, se aproxima de mim com um sorriso no rosto:

— Vai, seja feliz.

— O quê? — Pergunto sem entender.

— Você tá há um tempo olhando as crianças, vai dançar também. O professor deixou. Digamos que "Seja feliz" é uma espécie de "fighting", aqui no Brasil.

Sorrio para ela e me junto às crianças que começam a me ensinar os passos. A dança é muito divertida e a música envolvente, embora eu não entenda a letra. Espero que não seja nada inapropriado para os pequeninos, pois sei que algumas músicas de funk têm letras pejorativas. Em um momento de empolgação durante a coreografia, acabo deixando meus óculos caírem.

As crianças me observam curiosas e, ao me abaixar para pegá-los, uma garota com tranças coloridas na cabeça se aproxima e me abraça. Sinto-me um pouco desconfortável, mas escuto a garota pronunciar meu nome. As outras crianças começam a falar ao mesmo tempo, e o professor se aproxima. Ele diz algo para a menina que me abraça, e ela me solta, mas seus olhos brilham de emoção. Babi se aproxima, com uma expressão séria, indicando que algo não está certo.

— A garota te reconheceu, então tive que contar ao professor que você é cantor, e isso significa que precisamos ir! — Babi diz, me empurrando para fora da sala.

— Mas já? Ainda nem fomos atrás da Lua... — Falo um tanto chateado de ter que ir embora.

— Já, Changbin. Desculpa.

Ela me empurra para fora da sala, onde a garotinha com trancinhas coloridas e um menino da mesma idade nos cercam. Começam a falar algo, e Babi permanece parada, escutando-os. Depois, ela fala em coreano para mim:

— Disseram que tem uma professora aqui que é muito fã de kpop e perguntaram se você pode ir lá conhecê-la. Parece que foi ela que apresentou o Stray Kids para eles.

— Bom... Já estou aqui mesmo.

Babi e eu seguimos as crianças, que continuam a falar, enquanto eu não entendo absolutamente nada. É frustrante não conseguir compreender o que dizem, pois se fossem mini stays, eu gostaria de ser mais sociável. Chegamos a uma sala cuja porta está repleta de notas musicais feitas de algum material semelhante ao EVA, as crianças a abrem, revelando o som de violões.

Adentro a sala um tanto tímido e quase solto um grito de surpresa: é ela, Lua está aqui. A mulher parece dar instruções às crianças, que tocam os instrumentos de forma desengonçada. Lua olha para os dois pequenos e depois para mim, seu rosto expressando uma enorme surpresa. Os dois conversam com ela, mas os seus olhos não se desviam dos meus. Ela diz algo para a turma, que solta os instrumentos, fazendo o som parar. Então, se aproxima de mim com certa hesitação.

— O que você está fazendo aqui?

— Te procurando. — Respondo, esboçando um sorriso.

A garota não está com aquelas roupas extravagantes que a vi na boate. Seu cabelo cacheado está preso num coque, usa uma blusa vermelha um tanto desgastada, short jeans e chinelos. Mesmo vestida de forma simples, ainda fico encantada em como sua beleza se destaca, talvez eu esteja um pouquinho encantado por ela.

— Como sabiam que iriam me encontrar no ginásio? — Ela arquea a sobrancelha, continuando a me encarar.

— Não sabíamos. Estávamos fazendo um tour pela favela e o guia turístico nos trouxe até aqui — Respondo, sendo sincero. Estaria o universo conspirando para que nos encontrássemos?

— Ah, eles sempre trazem os turistas para que façam doações e apoiem o projeto... Enfim, desculpe por ter sido grossa, oi Babi? — Ela se dirige à staff, que sorri de forma amigável.

— Oi Luana.

— Será que podemos conversar? — pergunto ansioso. Não estava gostando dessa ansiedade. Eu sei muito bem aonde esses sentimentos me levam...

— Ah... Claro, tudo bem. Ela deve ter tido todo um trabalho para trazer você até aqui. Seria injusto não ceder um pouco de tempo para falar com vocês — Luana diz, e Babi sorri para ela. Como brasileiras, as duas devem se entender bem.

Saímos da sala e, de repente, todos os olhares estão voltados para nós. Uma mulher de meia-idade, pele morena e roupas veraneias, se aproxima e pergunta algo a Luana, que estava ao lado de Babi. Percebo que Luana fica sem palavras, e Babi intermedia a conversa. Não sei qual rumo a interação está tomando, mas a mulher esboça um sorriso gigantesco, e Babi logo me situa:

— O nome dela é Vânia, a diretora do projeto. Começou o burburinho de que tinha um cantor famoso aqui, e ela veio confirmar com os próprios olhos. Eu disse que você veio conhecer o projeto e talvez fazer doações — ela me lança um olhar pedindo confirmação.

— Ah... Doações? Quanto vocês precisam? — digo, mostrando um sorriso gentil para a mulher.

— O que seu coração mandar. — Lua responde pela tal Vânia.

— Hum, deixe-me ver... Meu coração está me dizendo para doar cinquenta mil. — Babi e Lua me olham desacreditadas, e eu continuo. — Se sou capaz de gastar cinquenta mil em uma noite, sou capaz de gastar o mesmo em doações, não é? Anote os dados dessa instituição e faça a doação em nome da JYP Entertainment.

Assim que Babi dá a notícia à mulher, seus olhos cintilam e ela fica eufórica. Luana explica que o projeto depende de doações e passa por muitas dificuldades, mas eles se esforçam para continuar dando opções de atividades para as crianças, as afastando de situações de perigo. Vânia pede que tiremos fotos na instituição para recordação, mas eu nego. Na verdade, sempre dedico uma parte do meu dinheiro para doações, mas nunca as exponho. Não que meu gesto tenha mais valor do que aqueles que doam e fazem questão de mostrar, apenas acredito que boas ações não precisam ser divulgadas.

Então ela insiste que, pelo menos, conheçamos todo o espaço do projeto, e isso eu posso fazer. Ela nos guia, mostrando como o trabalho deles é importante na vida daquelas crianças. Lua nos acompanha em silêncio enquanto passamos pelas salas, onde a tal Vânia explica sobre cada atividade realizada ali.

Descubro que Luana é professora de música e ministra aulas de teoria musical, violão e teclado. Fico impressionado, pois já havia me encantado ao vê-la tocar. Agora, ao descobrir que ela possui tanto conhecimento musical, minha curiosidade em relação a ela aumenta ainda mais.

Chegamos a uma espécie de refeitório e Luana para de andar, fixando o olhar em algo ali. Sua postura intrigante me deixa confuso até que ela se afasta, se dirigindo a uma das mesas. Lá estava um sujeito peculiar, com cabelos descoloridos, camisa de time, bermuda verde e chinelos, fora as tatuagens estranhas que o fazem parecer alguém de caráter duvidoso. Esse indivíduo estava incomodando um garoto sozinho em um canto, em meio aos seus desenhos.

Luana se aproxima e começa a conversar com o homem, não demonstrando muita amizade. Antes mesmo que eu pense em me aproximar, Babi me segura e balança a cabeça negativamente. Os dois continuam em uma breve discussão até que o homem vai embora e Luana se aproxima do garoto, mantendo uma conversa com ele. Depois de ter certeza que o homem foi embora, decido me aproximar e, ao fazê-lo, percebo que a criança está desenhando pequenos soldadinhos no papel. Ela parece elogiar os desenhos.

— Está tudo bem por aqui? — Pergunto, demonstrando preocupação, e Luana me olha de soslaio.

— Sim, não é nada demais. — Ela responde e ajudando  o garoto a recolher os lápis de cor. A criança reclama, mas ela acaricia suas costas enquanto tenta persuadi-lo a guardar os lápis.

Após convencê-lo, o menino começa a juntar o que Luana ainda não havia guardado, e reparo nos traços do garoto. Sua pele tem o mesmo tom da morena e as suas feições faciais são iguaizinhas.

— É seu irmão? — Pergunto,  observando-os, e a criança também me encara com curiosidade.

O garoto faz uma pergunta para a mais velha, parecendo assustado com a minha presença. Ela responde acariciando sua bochecha e ele balança a cabeça assentindo, esboçando um pequeno sorriso, provavelmente me cumprimentando. Decido arriscar meu português:

— Oi, tudo bem? — ele apenas confirma com a cabeça, parecendo um pouco tímido.

Luana pega-o no colo e ele se aninha nela, apoiando a cabeça em seu ombro. Por fim, ela diz:

— Este é o Juca, meu filho. Vou levá-lo para a sala de desenhos e, se ainda quiser falar comigo, conheço um lugar onde podemos ir. Embora eu não tenha entendido bem o que você quer de mim. Com licença.

Ela se retira, e eu me esforço para não demonstrar meu choque ao ouvi-la dizer que tem um filho. Simplesmente não sei como reagir a isso, ela já é mãe... Uma parte de mim apenas sussurra que não devo me envolver, afinal, parece que a resposta está bem diante dos meus olhos. Sendo mãe e vivendo em uma favela, é fácil imaginar o que a levou a dizer "sim" ao DJ.

Mas a outra parte insiste em falar com ela, conhecê-la e compreender mais sobre o seu mundo. Assim, eu permaneço ali, aguardando até que ela retorne. Babi me informa que temos apenas mais uma hora antes de irmos para o ensaio de palco, e Luana sugere irmos a um lugar para almoçar.

Seguimos Luana morro acima, caminhando pela rua principal até chegarmos a um restaurante modesto, porém bem organizado. O destaque do lugar é a vista deslumbrante que se estende diante de nós: um panorama do mar azul do Rio de Janeiro. Ela consegue uma mesa na varanda, onde podemos saborear nossa refeição enquanto apreciamos aquela visão maravilhosa. Babi afasta-se um pouco e começa a tirar fotos da paisagem, enquanto deixo que Luana escolha o que vamos comer. Ela faz os pedidos e, em seguida, me encara:

— Bom... Você disse que queria falar comigo, estou ouvindo.

Observo seu rosto. A luz do sol reflete em sua pele morena, fazendo-a brilhar, e seus cachos parecem ganhar vida em meio a luz do dia. Mesmo sem maquiagem, Luana é o tipo de pessoa que possui uma beleza única e natural.

— Eu queria saber mais sobre você. Por isso vim até aqui, conversar e te entender.

— Mas por quê? O que há em mim que te desperta tanto interesse? — Ela fica desconfiada.

— Você saiu chorando do quarto, Lua, e isso me deixou mal, porque claramente era algo que você estava se forçando a fazer. Eu te toquei e... Isso tem me incomodado. — Respondo sendo sincero.

— Mas você já pediu desculpas.

— Eu sei, mas... Gostaria de entender o que a levou a se forçar daquela maneira.

Nesse momento, o garçom chega com dois copos e um refrigerante em um casco de vidro. Ele nos serve e fico observando curioso o líquido amarronzado no copo. Lua percebe que estou olhando intrigado e diz:

— É guaraná Antártica, pode beber.

— Ah, eu gosto desse. — Me lembro das vezes anteriores em que estive no Brasil, me apaixonei por essa bebida. Dou um gole, me deliciando com seu sabor doce e refrescante.

Lua também bebe um pouco do refrigerante e pensa por um momento antes de começar a falar:

— Você já conheceu a minha maior motivação.

— Seu filho? Quantos anos ele tem? — Esse é um assunto que me interessa bastante.

— Sete anos. — Ela deve ter percebido que estou calculando mentalmente, pois logo acrescenta: — Engravidei antes dos vinte.

— Ah... Então, você é casada?

— Não, o pai dele é um idiota. Tem sido só eu e o Juca desde então. E, como você pode ver, moramos numa favela. Não é nada fácil aqui.

Deve ser realmente difícil. A desigualdade que presenciei até agora já me deixa desconfortável, além do fato de que as favelas são conhecidas pela violência. É inevitável não sentir empatia pela sua situação. Na Coreia, também existem mães solteiras que enfrentam julgamentos e vivem em condições precárias. Não consigo sequer imaginar como será enfrentar cada dia nessa situação.

— Imagino que não seja nada fácil...

— Quando aceitei aquele dinheiro, eu apenas pensei no meu filho. Eu gostaria muito de sair daqui e dar uma vida melhor pra ele. Você não faz ideia de como o mundo aqui pode ser cruel. Mas não é como se pudéssemos fazer algo a respeito... Os poderosos não se importam conosco. Eles sobem o morro, iniciam um tiroteio, você não sabe se confia na polícia ou nos bandidos, pessoas inocentes morrem... Enfim, desde que me tornei mãe, tenho tentado sair daqui, ser o melhor para o meu menino, mas não consigo, e isso é frustrante.

Ao terminar de falar, ela volta a contemplar a vista, e algo dentro de mim se agita. Sinto uma necessidade de agir, mesmo sem ter nenhuma responsabilidade direta. Sempre que lembro do olhar de medo dela, me sinto afetado. Luana não merece passar por tudo isso. Tomo coragem e coloco minha mão sobre a dela, que está sobre a mesa. Ela me olha surpresa:

— Tenho certeza de que, mesmo com pouco, você é uma mãe maravilhosa para seu filho. — Digo, e isso a faz sorrir.

Nossa conversa é interrompida pelo garçom, que serve dois pratos com uma comida bastante diferente para mim. Reconheço o arroz, mas não faço ideia do que o acompanha.

— Isso é feijoada. É preparada com feijão preto e carne de porco. — Ela explica, e eu pego o talher para experimentar.

Até que é gostoso, apesar dos temperos serem mais intensos do que estou acostumado. Luana começa a me contar sobre si mesma, sobre seus sonhos e gostos, e fico cada vez mais encantado. Uma revelação chocante foi descobrir que, além de ser mãe, ela também adorava compor melodias em sua adolescência. Eu, como compositor, fico ainda mais fascinado por essa descoberta.

Acabo compartilhando algumas coisas mais superficiais sobre mim, e nossa conversa continua descontraída, fluindo naturalmente. Para ser honesto, fazia muito tempo desde a última vez que tive uma conversa tão "de boa" com uma garota. A partir daquele momento, percebo que não posso ficar parado diante da sua situação.

Babi se aproxima enquanto rimos de algo, cortando nosso barato:

— Odeio interromper, mas precisamos ir.

— Também preciso voltar ao ginásio. Agradeço muito pela conversa, você não era bem o que eu esperava. — Luana diz, levantando-se, e eu faço o mesmo.

Sou tomado pela ansiedade de fazer algo por ela, então digo antes mesmo de me mover em direção a saída:

— Luana, agora que conheço mais sobre você, ainda quero contratar seus serviços como minha acompanhante. — O sorriso desaparece de seus lábios, então digo antes que ela se ofenda e vá embora. — Quero que me acompanhe durante o restante da minha estadia aqui no Brasil. E sabe por que você será uma acompanhante de luxo? Porque ficará nos melhores hotéis, me acompanhará em todos os lugares. E a única coisa que quero em troca são mais momentos como este, em que possamos sentar e conversar, rir sobre coisas aleatórias. Quero sua companhia, Luana, e quero que use o dinheiro para tirar seu filho daqui.

Ela me olha atônita, sem acreditar que estou propondo pagar apenas por sua companhia, sem envolver qualquer interesse a mais.

— Você enlouqueceu de vez... Não posso deixar meu filho aqui. E muito menos levá-lo sem falar nada com o pai dele e o Enrico é... Enfim desculpa, não dá. — Ela nega de imediato, quando eu já estava considerando que ela levasse o Juca.

— Não há ninguém com quem você possa deixá-lo? Seria só por uns dias, e quando voltar, poderá tirá-lo da favela. Vamos, Luana, diga que sim. — Insisto.

A garota parece estar em conflito. Seus olhos demonstram incerteza, o que me deixa ainda mais ansioso por uma resposta. Então, ela se ajeita e diz:

— Quando você vai para São Paulo?

— Amanhã à noite.

— Hum... Uma vez você mencionou em um programa de variedades que queria muito visitar o Brasil por causa do futebol e do samba. Ainda gosta de samba?

— Sim. — Respondo, sem entender onde ela quer chegar com isso.

— Certo. Me encontrem amanhã no ginásio às duas da tarde. Vou te levar a um lugar e aí terá minha resposta. Está combinado? — Ela me observa.

Olho para Babi, que apenas assente, já que ela cuida dos meus horários, e então digo:

— Combinado, então.

Nos despedimos e eu pago a conta do restaurante. Caminho com Babi, descendo o morro. Pensei que ela fosse me repreender, mas a única coisa que menciona é que Bang Chan ligou. Já está em todas as mídias que visitei uma favela no Rio para fazer uma doação a um projeto. A encaro assustado, pois Bang Chan poderia surtar e cair em cima dela. Babi apenas diz:

— Relaxa. Falei que você soube do projeto pela televisão e quis ver de perto. Da minha parte, garanti sua segurança, já que a discrição foi por água abaixo, né?

— Só isso? — Olho surpreso para a staff que estava me dando cobertura em relação a Luana.

— E não foi só isso que aconteceu? — Ela diz com um sorrisinho nos lábios.

— Exatamente isso.

Agora entendo por que os BTS gostam tanto dela.

Algumas pessoas me questionaram o porque eu não coloco foto de rosto para Luana, assim como eu faço com o Changbin. A verdade é que na minha cabeça ela é uma mistura de três pessoas:

A Dina Denoire

Daniela Santos

E a Erika Januza

A estética dela me reflete muito essas três mulheres, então gosto de deixar em aberto, até mesmo porque o público pode e deve imagina-la como achar melhor.

Mas e aí, que proposta tentadora o Changbin fez pra Luana hein? Quem recusaria? Mas ela não tá muito a fim de aceitar não... nosso rapper vai conseguir convencê-la?

Se está gostando, vote, comente e interajam. Amamos ler os comentários de vocês, não sejam leitores fantasmas.

BIG HUG, beijo amores, bom domingo

Annelizzy e Ana Laura Cruz

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro