1 - ANTI-ROMANTIC
Eu não sei quem me ama
E eu não me importo, de qualquer maneira é um desperdício
Porque esse tipo de emoção
Me deixa um pouco assustado [...]
Desculpe, eu sou um anti-romântico
Eu não acredito mais em românticas
Estou com medo de ter todo o meu coração queimado
E apenas sobrarem cinzas pretas
— Anti-Romantic, TOMORROW X TOGHETER
Eu nunca me imaginei fazendo trabalhos solos, mas depois que o Bang Chan deu a infeliz notícia sobre mim e Minho nos alistarmos nos meados de agosto/setembro de 2026, eu não fiquei muito feliz. Na verdade, eu acho essa lei de obrigar todo homem a se alistar completamente idiota, deveria ser opcional, dá certo nos Estados Unidos. O coitado do Han, por exemplo, nem foi cotado o seu alistamento e ele já está entrando em pânico. Conheço vários idols que desenvolveram crises de ansiedade por causa disso. Mas esse é o tipo de opinião que se guarda a sete chaves se não quiser ser cancelado na Coreia inteira.
Por isso eu estive trabalhando em um full álbum solo, com o Bang Chan sempre ali em off sendo meu suporte e, quando o álbum foi lançado, o sucesso foi tremendo, principalmente no Brasil, Estados Unidos e Japão. Então, fiz mais um pedido ao meu querido líder e CEO sobre uma turnê nesses países.
A resposta foi um belo não.
E por quê, senhores? Porque desde que eu quase morri, não saí mais da proteção do Bang Chan. Só porque tenho uma convulsão ali e outra aqui, uma dor lá e outra cá, mas minha vida não parou e é exatamente isso que vou dizer a ele. Ele não pode me impedir de querer fazer isso, quer dizer, na verdade ele pode, mas eu sei ser persistente.
Estou no dormitório, o esperando chegar. Ele chega tarde da JYPE em dias de semana e tudo bem, eu posso esperar. Pedi carne de porco mais cedo, mas não consegui comer tudo e agora estou assistindo uma série na Netflix, quando ouço a chave girar na porta. Levanto rapidamente, mas é o Hyunjin que fala de forma descontraída no telefone. Não consigo esconder a cara de decepção por não ser quem esperava e ele me olha sem entender. Volto a prestar atenção na televisão, enquanto ele vai direto para a cozinha:
— Bin, foi você que comprou essa carne? — Ele diz mostrando a vasilha que continha a carne de porco, juntamente com arroz e outros vegetais. Faço que sim com a cabeça e ele continua. — Posso?
— À vontade.
Ele puxa a cadeira da mesa e, com os hashis em mãos, começa a comer. Quando ele termina sua conversa calorosa com alguém, me pergunta:
— Está esperando alguém?
— Bang Chan, vou falar com ele de novo.
— Ainda não desistiu? Essa turnê é tão importante assim pra você?
Não respondo, mas só de olhar para mim, ele já tem a resposta. Eu passarei um ano e meio longe de tudo, então quero trabalhar o máximo que consigo no que amo como uma forma de me preparar psicologicamente para essa pausa forçada. Será a segunda vez que terei uma pausa contra a minha vontade. Na primeira vez, o acidente me limitava e não havia muito o que fazer além de cooperar com a fisioterapia e repouso por meses até me recuperar. Além disso, só tivemos trabalhos em grupo até então, definitivamente quero a minha turnê.
Ouço a porta se abrindo novamente e, dessa vez, é ele. Chan está com olheiras profundas, deve estar exausto, mas eu preciso falar a respeito ainda hoje:
— Líder! Estava te esperando... — Começo a dizer.
— Não vai entrar em turnê, Changbin. Era só isso? Preciso de um banho e esticar as costas. — Ele diz, tirando os sapatos e colocando a chave na mesinha ao lado da porta.
— Chan, por favor. Eu quero muito fazer isso. Me deixe realizar a turnê, por favor. — Insisto. Ele apenas diz não, não e não. Só quero que me escute.
— Changbin, você sabe o por quê de não ser uma boa ideia. Para de insistir como uma criança, já disse não. — Ele fala, caminhando para o seu quarto, claramente irritado por eu continuar a insistir nisso.
— Você está sendo injusto. Eu preciso tentar, não me deu nem a opção de poucos shows e afins...
— Bin, você não suporta o ritmo de uma turnê, sabe disso. Todas as vezes que estivemos em turnê desde o acidente, ficou mal devido a carga de atividades e tinha a nós para ser o seu suporte. Mas uma turnê sem ninguém? Apenas com uma equipe de staffs que não saberá cuidar de você caso uma convulsão ocorra? Não quero correr esse risco. Sinto muito, mas pode fazer stages o quanto quiser aqui na Coreia, mas não posso permitir uma turnê pelo mundo.
Eu penso em xingá-lo de tudo que é nome, mas me contenho com um suspiro irritado. Ele não é meu appa, mas é dono do meu contrato. Chan é quem decide o que eu vou, ou não, fazer na minha carreira no final das contas. Mas porra, por que ele não me deixa fazer isso? Em todos esses anos, nunca pedi nada demais. É a primeira vez que estou sendo persistente com um assunto, e ele fica nessa negação.
Hyunjin deve ter notado que eu estava me segurando para não falar nada demais, porque ele diz em minha defesa:
— Chan, sinceramente, também acho que você está sendo injusto. Tudo bem que nosso Big Boy tenha algumas limitações, mas ele é adulto. Sugiro que ele faça alguns exames neurológicos. Se estiver tudo bem, vocês podem fazer o que ele disse. Menos shows, staffs competentes para acompanhá-lo. Sabemos que você se preocupa, mas deixa ele ser feliz, pow.
Bangchan ouve tudo o que Hyunjin diz, mas sua única reação é esticar as costas e caminhar para seu quarto. Me sento no sofá, lamentando mais uma vez a maldita hora em que saí do apartamento do Jungkook embriagado e entrei naquele carro. Minha vida se tornou outra desde então. Sinto dores no corpo, dores que me limitam na dança, na academia e afins. Além das convulsões. Elas se tornaram menos frequentes, mas ainda acontecem, passando a ficar raras depois dos tratamentos caríssimos aos quais tenho me submetido.
Hyunjin termina de comer, joga a vasilha de plástico fora e diz:
— Desculpa Bin, eu tentei.
— Tá tudo bem. Bang Chan se tornou um chato desde que virou CEO. Ninguém aguenta o Bang Chan empresário do Stray Kids. Ele acha que está cuidando de nós, quando está só nos fazendo criar antipatia.
— Complicado... Vai dormir e tenta amanhã de novo. O não você já tem. — Ele sorri, e acabo concordando. O não eu já recebi.
A manhã é como todas as outras, quando não tenho nenhum compromisso. Acordo, tomo café, vou para academia e depois para o estúdio do 3RACHA. Assim que chego no estúdio, cumprimento Han e Bang Chan, que como sempre já estão lá antes de mim. Estamos compondo uma música para um reality da MNET e estamos na fase de gravar a demo. Bang Chan, como sempre, divide as linhas, Han come um salgadinho de batata e me oferece, mas eu nego.
— Que bom que chegou, Changbin... Seu CEO insuportável tem algo a dizer. — Bang Chan diz, sendo ácido, e eu o encaro surpreso até me lembrar da minha conversa com Hyunjin na noite anterior.
— Ah... O quanto você ouviu? — Pergunto, sem graça.
— O suficiente. — Ele diz seco, pega um papel e joga em mim. Vejo que é um endereço e horário. — Marquei uns exames para você. Mediante os resultados, vou tomar uma decisão. Mas já vou te adiantando, no primeiro sinal de que você não vai conseguir prosseguir, a turnê é cancelada e você volta. Tá me ouvindo?
— Positivo... Me desculpa... — Falo sem graça, e ele não responde. Eu conjurei a raiva dele.
Fiz todos os exames pedidos e agora é só aguardar o resultado. Estou me sentindo estressado pela rotina e decido passar a noite no apartamento de meus pais, que posso considerar como meu. Até eles já falam em passar a escritura para meu nome. Eu realmente gosto dali, só trocaria toda aquela decoração brega que minha omma arrumou. Deixaria tudo o mais neutro e preto possível.
Ali é meu espaço, onde não tenho membros para ficar me dizendo o que eu preciso ou não fazer. Além disso, lá sempre foi meu ponto de encontro com as garotas com quem saía. Todas ficam impressionadas com o duplex gigantesco e com a enorme parede de vidro, que começa na sala e se estende para o quarto no segundo andar, proporcionando uma vista privilegiada para a metrópole de Seul. Meus pais nunca me contaram quanto desembolsaram por ele, mas tenho certeza de que foi algo em torno de alguns milhões.
Passo pelo porteiro, que me cumprimenta e vou até o elevador. Uma mulher chega depois e entra comigo na estrutura metálica, é inevitável não reparar nela quando ela seleciona o andar abaixo do meu. A mulher é ocidental, de pele acobreada, cabelos castanhos e bem compridos, corpo esbelto, parece até uma modelo. Eu pretendia apenas encher a cara hoje, longe de qualquer um que fosse me impedir, mas que mal faz uma companhia, não é?
— Olá. — A cumprimento e ela devolve com um sorriso. — É nova aqui no prédio?
— Sou sim, Misha. Prazer. — Para minha surpresa, ela responde em coreano. Sua voz simpática me faz sorrir. Ela é bem bonita.
— Oi, Misha. Eu me chamo Changbin.
— Você não é aquele rapper famoso do... Como chama mesmo? S...K...Z? — Ela chuta, me fazendo rir.
— O próprio.
— Hum... Legal.
Mantivemos uma troca discreta de olhares até o elevador parar no seu andar e ela sair desfilando. Travo a porta do elevador e coloco metade do meu corpo para fora. A garota usa um vestido laranja um tanto justo ao corpo, e seus cabelos são bem mais compridos do que imaginei.
— Misha, eu estou no apartamento de cima. Se precisar de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, é só bater na porta. — Digo com um sorriso ladino para ela.
A garota me observa e se aproxima novamente:
— Na verdade, eu estava querendo tomar alguma coisa bem gelada.
— Hum, whisky com água de coco serve?
A garota sorri e me empurra para dentro do elevador, já fazendo com que nossos lábios se encontrem. Puxo-a pelo quadril para mais perto de mim e o aperto, deixando óbvio quais são minhas intenções para esta noite. Chegamos no meu andar e, após desbloquear a fechadura digital, puxo a garota para a sala.
Nem a levo para ver a vista que tanto impressiona quem eu trago aqui. Subimos direto para meu quarto, onde, após tirar toda a sua roupa, só me preocupo em ouvi-la suspirar e chamar por meu nome. Depois do ato, bebemos um drink juntos, conversamos um pouco e reiniciamos, embora eu me sinta um tanto cansado.
Após o segundo ato, Misha apaga na minha cama e eu apenas jogo um roupão por cima do corpo, decidido a ir até o bar preparar mais um drink. Se eu estou bebendo, significa que não posso tomar meu remédio, então provavelmente sentirei muitas dores no dia seguinte, mas eu sou expert em ignorá-las. Os SKZ não me impedem de beber, mas não gostam que o faça quando estou sozinho. Porém, eu odeio essa sensação de precisar ser constantemente vigiado. Mas aqui, no meu castelo da solidão, ninguém precisa me dizer o que fazer.
Pego o drink e ando até a enorme janela, que proporciona uma vista panorâmica. Mesmo que eu já tenha vindo aqui incontáveis vezes, sempre me impressiono com a beleza da cidade. As luzes adiante criam todo um clima, minha omma teve muito bom gosto ao adquirir este apartamento. Acho que devo me mudar de vez para cá quando for dispensado do exército.
Viro o copo e noto um estranho tecido rosa jogado próximo a uma planta que tem ali no canto. Me aproximo e vejo que se trata de uma calcinha de renda. Automaticamente começo a rir, pois tenho certeza de que a de Misha era branca.
— Ah, Changbin, você é realmente um safado. — Falo para mim mesmo e vou até o lixo, jogando fora a peça.
No fundo, eu não me importo mais em ser visto como um mulherengo. Eu procurei pela minha solidão, não faço questão de sustentar sentimentos, porque esses mesmos sentimentos são sufocantes quando os sinto. Não vale a pena para mim me permitir me apaixonar de novo.
Amei a Sieun e ela foi desprezível comigo. Insistir nela só me deixou angustiado e maluco, o que nos leva a Chaewon. Amar Chae foi como nadar no oceano. Foi bonito, foi profundo, mas foi cansativo e eu me afoguei até perceber que precisava deixá-la ir. Toda vez que eu a vejo, vem aquele sentimento de "Eu fiz a coisa certa?" Mas as dúvidas cessam quando me lembro de tudo que passei. No final, seguir em frente foi a melhor opção. Então, sim, continuo sozinho e assim permanecerá.
Eu só quero estar sozinho.
Os resultados foram todos positivos. Tudo sob controle de acordo com os médicos e, diante disso, o Bang Chan não teve mais como negar e a turnê foi anunciada. Seria uma turnê de apenas três meses, faria um show na Coreia, dois no Japão, três nos Estados Unidos e seis no Brasil.
No momento, estamos considerando todos os detalhes da turnê. A maior preocupação é o Brasil, pois minha fluência em inglês é bem limitada e eu não falo português. Estamos montando uma equipe e procurando por um staff responsável geral que fosse fluente tanto em coreano quanto em português, a fim de garantir uma comunicação eficaz durante a estadia no Brasil, além de ser alguém que possa lidar com qualquer problema que surja e atender à minha agenda.
Bang Chan havia me dito que tinha alguém em mente para me acompanhar no Brasil, alguém que domina ambos os idiomas. No entanto, ele ainda não revelou o nome. Disse apenas que me diria pessoalmente, então eu estou aqui na sua sala à espera, quando ele entra junto com Haein:
— Oi — eu cumprimento os dois.
— Odeio preparativos de turnê, é tão cansativo. Está sendo um desafio encontrar dançarinos que se enquadrem nos seus critérios, Seo Changbin. — Haein implica comigo, e eu apenas sorrio em resposta.
— Meus princípios são inquebráveis, Haein. Continue com o seu excelente trabalho. — Respondo, e ela faz uma careta.
— Changbin, eu disse que tinha uma pessoa para você, e realmente tenho. Ainda não entrei em contato com ela, mas acredito que vá aceitar, ou vou ter que usar minha impressionante persuasão. — Bang Chan diz com seu sorriso convencido nos lábios e abre seu notebook. — Você se lembra da última turnê do BTS?
— Aquela que terminou no maior caos? Todo mundo se lembra disso.
Bang Chan se refere a turnê europeia do grupo, que acabou sendo a última, pois depois disso eles nunca mais subiram aos palcos todos juntos. Tem até quem diga que os shows deles estão amaldiçoados, o que é das maiores besteiras que já ouvi, mas também depois de ler as notícias sobre o que aconteceu, não culpo ninguém de pensar isso.
— Exatamente. Eu quero entrar em contato com a Babi para que ela faça parte da sua equipe no Brasil.
Eu o encaro com uma sobrancelha arqueada, quando ele cita o nome da polêmica staff do BTS. Mas pela sua expressão, ele fala sério, muito sério.
— Você está brincando comigo, não é? Essa garota foi a causa de um escândalo enorme no BTS. Você quer trazer polêmicas para a turnê, antes mesmo dela começar?
— Ah, Changbin, isso já foi há muito tempo. Eu conversei com o Jungkook, e ele acha que seria ótimo ter a Babi conosco. Afinal, ela não trabalha mais com o kpop. Além disso, ela é uma excelente profissional, já tendo trabalhado em várias turnês de sucesso com grandes nomes da música. Serão apenas trinta dias no Brasil, onde ela atenderá nossa agenda e também será capaz de lidar com qualquer problema que surgir. Eu preciso de alguém em quem eu confio para cuidar de você, e eu confio nela. Não sei se você sabe, mas ela foi responsável por acompanhar o Felix enquanto ele esteve hospitalizado na Alemanha.
— Eu nunca soube disso... Mas, Chan, eu não tenho certeza se vai dar certo. Você sabe que eu tenho fama de mulherengo...
— É porque você é! — Haein me corta, e eu a encaro com os olhos irritados.
Poderia responder de diversas maneiras a aquela afirmação, mas é melhor me abster, afinal eles nunca entenderiam. Eu me tornarei um velho milionário que gasta dinheiro com coisas supérfluas e, quando estiver para morrer, doar tudo para alguma ONG. Parece uma perspectiva de futuro triste, mas está tudo bem. Eu tentei ser "o cara legal", mas não encontrei o que eles chamavam de "a tampa da minha panela". Será que eu sou uma frigideira?
Já estive com mulheres de todas as cores, de várias idades e nacionalidades, e em nenhuma delas encontrei o que buscava. Isso gerou algumas polêmicas, como "Changbin é flagrado nos Estados Unidos com modelo" ou "Changbin é visto na Inglaterra com fulana". O preço de ter a vida exposta é um saco, então se eu acabar morrendo sozinho (o que provavelmente acontecerá), está tudo bem. Meus pais têm minha irmã para lhes dar netos.
A questão é que se não me falha a memória, os boatos contam que essa Babi se envolveu com um dos sete integrantes do BTS. Ninguém pode provar nada, mas foi o suficiente para fazer o ARMY odiá-la, criando várias acusações e narrativas que ninguém sabia dizer a veracidade, alimentando o hate em cima dela e, a minha preocupação agora, é o seu histórico prejudicar a minha turnê com algum boato tendencioso sobre nós dois.
— Chan, as pessoas podem simplesmente começar a fazer suposições e isso pode tirar o foco da turnê... — Não é possível que naquele país que têm mais do triplo do tamanho da Coreia, só tenha a Babi disponível para esse trabalho.
— Eu também pensei sobre isso tudo, mas eu confio no trabalho dela. Você estará longe da minha proteção, então preciso de pessoas em quem eu confie. Basta você se comportar, que tudo vai dar certo. E, quando digo se comportar, quero dizer não se envolver com ninguém e focar apenas na turnê.
— Mas isso é um voto de castidade para a turnê? — Brinco, mas nenhum dos dois ri, então continuo. — Bom... Se você confia nela, parece que não há outra opção. — Minha voz sai desanimada, já imaginando os burburinhos que vão surgir.
A última coisa que preciso é que comecem a falar que estou tendo caso com staff agora.
Oi gente!!
A turnê nem começou e já está enfrentando obstáculos, será que essa marra toda do Changbin vai se manter até o final? Além disso, o Bang Chan está bem confiante com o seu poder de persuasão, mas será que a Babi vai aceitar?
Se está gostando, não se esqueça de deixar a sua estrelinha e comentar! Nós vamos adorar saber sua opinião, palpites e etc.
BIG HUG e até o próximo capítulo.
Annelizzy e Ana Laura Cruz
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro