
Capítulo 4 • NAMJOON
Por inmoon36
Revisoras: _meninadojardim e Kesey_ecc
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- Não, não... Você quem pediu meu telefone. - Corrijo rindo enquanto Namjoon negava com a cabeça, tomando mais um gole da sua taça de vinho.
É difícil explicar com clareza como foi que eu fiquei tranquila o suficiente para deixar Namjoon colocar Leon na cama, depois de eles brincarem a noite toda com a caixa de brinquedos dele e nós três participarmos de uma agitada partida de Detetive onde, por fim, eu e Namjoon deixamos ele ganhar apenas para vê-lo contente.
- Appa, você vai vir me visitar mais vezes? - Lembro-me de ter ouvido Leon perguntar, sonolento em seu quarto ao passar casualmente pelo corredor. - Eu senti sua falta...
Eu não estava espionando Namjoon colocá-lo para dormir, isso era ridículo e eu era uma adulta madura de quase 30 anos. Não, eu estava apenas... Indo fechar a janela do banheiro. Isso, era isso mesmo.
- Sempre que puder, okay? Agora, durma. Vou ficar aqui até você dormir... Mas prometo te ligar para conversarmos assim que chegar em casa e...
Mas Namjoon não foi embora.
Depois do filhote dormir, ele saiu sorrateiramente do quarto, fechando a porta atrás de si, e caminhou em silêncio até a sala, onde eu me fazia de despreocupada lendo algo no computador em meu colo.
- Deu certo? - Perguntei inocentemente, vendo-o apoiar a mão envergonhado na mesinha onde ficava o abajur.
- Hm, sim... Deu, sim. - Encolhi mais as pernas ao passo em que ele se aproximava, fazendo uma sirene de "PERIGO/ALERTA" soar mentalmente. - Me passa depois quanto custava o abajur que eu deposito na sua conta.
- Ah, foi presente. - Respondi de forma simplista, deixando-o envergonhado, torcendo para que ele não se sentasse ao meu lado no sofá. - Você já vai embora?
- Na verdade... Eu meio que queria conversar com você. Sobre... Como vamos fazer com o Kwan daqui pra frente. Como vão ser as coisas...
- Ahn... Normais? - Olhei-o com confusão, tentando entender onde ele estava querendo chegar. - Ele passa o natal e as festas de fim de ano com você e mais uma semana durante as férias de verão, um final de semana para aniversário comigo e outro com você, assim como diz o contrato. Não estou entendendo onde você quer chegar com isso.
- Não é isso... Eu... Quero ser mais ativo na educação dele.
Aquilo foi um misto de balde de água fria + confusão + crise de ciúmes + medo de ele ferrar o emocional do meu filho e ainda ser o mesmo babaca idiota de sempre. Ninguém muda de um dia pro outro, sério.
Depois daquela declaração eu me vi obrigada a abrir um vinho para pensar com clareza e sem ódio no coração. Mas era difícil, uma vez que ele praticamente discordava de todos os meus métodos de criação.
- Ainda acho que... Bem, não é saudável deixar uma criança tomar café. - Ele tenta rebater pela milionésima vez.
- Eu sei, mas é café misturado com leite. Tenho certeza de que não faz tão mal assim.
- Certo... Então, neste caso, ele só pode tomar duas vezes na semana.
- Quatro.
- Três. Esta é a minha última oferta. - Ele ergue uma das sobrancelhas e eu me dou por vencida, acenando com a cabeça e tomando mais um gole de vinho. Namjoon era um bom negociador, e eu estava começando a me arrepender de ter aceitado a "ajuda" dele. - Bom fazer negócios com você, Sun-hee.
- Ugh, eu tenho pavor dessa frase. - Resmungo nos servindo mais vinho. - Foi o que você disse depois de eu concordar em te passar meu telefone naquela balada.
- Mas foi justo. - Ele comenta, dando de ombros. - Você derrubou a sua bebida em mim.
- Não foi intencional. E se eu soubesse que você iria grudar em mim feito um carrapato, eu teria preferido te comprar uma camiseta nova. - Cruzo as pernas, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha e me encostando na cadeira. - Tsc, ainda não acredito que você mentiu sua idade para entrar naquela boate.
- Ya, todo mundo fazia isso... - Namjoon ri culpado, apoiando os cotovelos sobre a mesa, brincando com a taça em suas mãos. - E eu achei que você tinha notado.
- "Tinha notado"? Namjoon! Você era enorme e tinha a voz grave. Que tipo de garoto de 16 anos tem 1,78 e voz de locutor?
- Okay, eu deveria ter dito que era menor de idade, mas, ei, você era uma universitária e jamais me daria bola se soubesse da verdade. Além do mais, se não tivéssemos nos conhecido naquela noite, não teríamos tido a coisinha preciosa que está dormindo no quarto ao lado. - Abri a boca para argumentar algo, mas perdi a voz e logo a fechei, percebendo que, de forma alguma, me arrependia de ter tido Leon.
Talvez ele tenha vindo em um momento complicado e nada propício, mas ainda assim, era a melhor coisa que já havia acontecido em minha vida.
- Tem razão... Obrigada. - Ele me olha como se perguntasse o que eu queria dizer com aquilo e eu apenas sorrio, balançando a cabeça. - Mesmo você sendo um babaca, fico feliz que tenha me dado ele. Não sei como teria sido a minha vida se eu não tivesse aprendido a me virar sozinha e... A conquistar uma vida melhor por ele.
- Acho que, de certa forma, nós dois passamos por isso. Você, em escalas catastroficamente maiores que as minhas, mas... Eu tinha medo do que podia acontecer caso o grupo não desse certo. Quer dizer, eu não tinha quase nenhum dinheiro, no começo, quem pagava a pensão era a empresa e... Eu não queria dificultar uma vida no mundo por causa de pura irresponsabilidade minha.
- De nós dois. A irresponsabilidade foi de nós dois. - Paro para me lembrar por alguns segundos de tudo o que se sucedeu depois de ter assinado aquele contrato. Ter mentido para os meus pais sobre eu não saber quem era o pai da criança e ter de fugir para tê-lo na Inglaterra foram, de longe, as partes mais difíceis. - Os seus pais... Ainda não sabem?
- Sim e não... Mais ou menos.
- Como pode ser "mais ou menos"? - Suspeito de que ele tenha quebrado o contrato e tenha dito a alguém sobre a existência da nossa criança, mas, logo em seguida, descarto a idéia. Não, ele não seria louco de fazer isso.
Namjoon suspira brevemente antes de abrir sua bolsa e tirar de lá uma pasta transparente, contendo um punhado de papéis que logo reconheci como sendo o nosso contrato assinado anos atrás quando tudo isso começou. Ele o coloca delicadamente na mesa entre nós dois e me olha receoso.
- O nosso primeiro acordo de confidencialidade estabelecia que nenhum de nós estava autorizado a falar sobre a paternidade do Leon e, consequentemente, eu não poderia estar registrado como pai na certidão de nascimento... A empresa, e posteriormente eu, tínhamos, em troca, a obrigação de lhe pagar uma quantia fixa de auxílio e a Big Hit providenciaria o necessário para sua instalação em outro país durante a gravidez e o primeiro ano da criança, já que você estava terminando a faculdade, dando suporte na sua mudança e transferência do curso de gastronomia para cá...
- Sim, e... - tento perguntar o motivo de ele estar me repassando tudo isso, mas sou interrompida por ele, que fazia um gesto de mão pedindo para que eu o deixasse falar, colocando um segundo contrato sobre a mesa, o qual eu me lembrava bem.
- Quando ele fez cinco anos, reformulamos o contrato e eu solicitei que ele passasse os feriados de final de ano comigo, bem como uma semana durante o período de férias no verão, sendo de minha responsabilidade arcar com a pensão e com os gastos para que ele passasse essas datas comigo. Estes foram os únicos acréscimos... E este contrato foi assinado por nós dois, os empresários de importância da BigHit e os demais membros do Bangtan Sonyeodan.
- Namjoon, eu não... O que você está fazendo...? - Me desespero ao vê-lo segurar os dois contratos em mãos e rasgá-los bem na minha frente, um por um. - Ficou maluco?! Você não pode fazer isso!
- O fato é que, eu não vim aqui apenas para passar o meu aniversário. Apesar de ter me divertido muito e estar realmente feliz por ter me recebido na sua casa, ao dizer que queria me tornar mais "ativo" na educação do nosso filho, eu não quis dizer só em ajudá-lo com as lições de casa uma vez por semana ou escolher quantas vezes ele pode comer doces na páscoa. - Namjoon tira da pasta um contrato novo, o deixando a minha frente com as mãos um pouco trêmulas. - Eu quis dizer que eu realmente quero ser o pai dele.
Pego o papel receosa, onde já podia ler "NDA – Non Disclosure Agreement" ao invés dos termos bizarros dados aos nossos contratos ilícitos anteriores, sustentados apenas pelo meu medo em ter de cuidar de um filho sozinha e em um solo estrangeiro. Aquele não era um contrato de sigilo qualquer, aquele significava praticamente uma divisão de guarda.
Algumas das coisas que mais me chamaram a atenção, foi o fato de que Namjoon se comprometia pessoalmente em dar cerca de 35% da sua renda mensal e de que ele queria reconhecer o Leon como seu filho. Oficialmente.
- Isso está fora de questão. - Coloco o papel na mesa e aponto para a cláusula referente ao reconhecimento da paternidade. - Isso não vai acontecer, eu não quero ele rodeado de... Câmeras, fotógrafos e essas coisas. Estamos bem assim, ele está crescendo como um garoto normal e eu não quero que...
- Aniyo, você não entendeu. - Ele balança a cabeça negativamente e vira a página, pegando o contrato para ler brevemente, me mostrando o restante de forma orgulhosa. - Isto ainda é um contrato de sigilo. Não vamos divulgar em lugar nenhum sobre ele e muito menos você, porém, quero que ele tenha o meu nome na certidão de nascimento e... Quero que ele possa conhecer os meus pais. Não quero mais viver sabendo que ele não é, por direito, meu.
- Nosso, você quis dizer. - Termino todo o meu vinho de uma só vez, pensando melhor sobre aquilo. - Namjoon, nem eu conheço seus pais... E aqui ainda diz que você quer vê-lo uma vez por mês? Ficou mesmo maluco? Como... Como vai conciliar isso com o seu "emprego"? E se alguém descobrir?
- Eu vou arcar com as consequências. - Me assegura, soando mais firme do que eu esperava. - Pelo menos uma vez na vida, eu quero fazer as coisas direito. E... Eu realmente não acho que seria tão ruim te ver mais algumas vezes por ano... Noona.
- Aish! Não me chama assim! Eu tenho 26, faz com que eu me sinta uma idosa de 80. - O empurro de leve com a mão em seu ombro e termino de ler o contrato que, na verdade, parecia ser pretensioso demais para ter sido realmente aprovado pela empresa dele. - A empresa sabe mesmo disso? De verdade?
- Foi elaborado pelos nossos advogados. - Ele explica, se apoiando mais na mesa da cozinha e aproximando seu rosto um pouco do meu, todo orgulhoso. - Sabe... Depois do que você disse no telefone aquele dia, eu realmente tive uma crise existencial. Eu não queria ser o babaca progenitor que mal sabia a cor favorita do filho. Você pegou no ponto fraco quando me chamou de hipócrita... Eu realmente não quero mais ser esse cara.
Olho bem para o seu rosto, procurando qualquer traço de falsidade, dúvida ou receio. Entretanto, tudo que encontro são dois olhos sinceros e aparentemente bem arrependidos.
- Eu não vou mudar em um piscar de olhos e virar o melhor pai do mundo...
- ... ou deixar de ser babaca.
- Certo... Ou deixar de ser menos babaca, você sabe disso. - Rimos baixinho um do outro depois de eu completar sua frase. - Mas eu espero que com essa aproximação eu possa aprender a ser o que deveria ter sido lá atrás. Que... Eu possa te ajudar, de certa forma, da maneira que deveria ter sido desde o começo.
- Eu, ahm... N-Não sei muito bem o que pensar sobre isso. - Gaguejo um pouco confusa, desviando meu olhar do dele. - Com isso aqui, você... Ele teria que ir muitas vezes para Seul e... Eu não sei se é uma boa idéia ele ficar viajando sozinho. Ele tem a escola e...
- Eu posso vir aqui vez ou outra. A Inglaterra é um país muito sigiloso, eu posso tomar cuidado e ficar com ele aqui, se não se importar, ou... Você pode vir me ver junto com ele. Não acho uma coisa ruim... Talvez seja até bom, assim você pode conhecer os meus pais e eu os seus...
- Uou, estamos indo um pouquinho rápido demais. - Rio me levantando com o contrato em mãos, caminhando até a sala para buscar uma caneta. - Isso é uma guarda compartilhada Namjoon, não um casamento.
- Eu sei. - Ouço-o rir atrás de mim, em um tom quase que decepcionado, e tenho medo das consequências que aquele contrato poderia gerar.
E se, por acaso, isso tudo viesse a tona em algum momento? E se... Eu tivesse que casar com ele simplesmente por pressão das fãs e mídia coreana? Não, isso jamais aconteceria. Eu me negava a isso.
- Você realmente quer arcar com as consequências disso? - Pergunto antes de assinar, olhando para ele enquanto apoiava o contrato em cima da mesinha de canto vazia, ex-suporte de abajur. - Tem certeza?
Namjoon se abaixa e se ajoelha ao meu lado, olhando pensativo para o papel e depois para mim, parecendo mais confiante.
- O que mais preciso fazer pra você acreditar em mim?
- Eu não quero me arrepender dessa assinatura depois. - Admito, temendo o pior, sentindo ele suspirar em concordância.
- Sabe, eu já me arrependi de muitas coisas na minha vida. Realmente estou apavorado em fazer isso que estamos prestes a fazer. Mas acho que, agora, as coisas vão acontecer como devem acontecer. Eu vou estar ao seu lado, igual estou agora, não importa o que aconteça.
Depois de tanto tempo sozinha, lutando por conta própria, sofrendo e chorando escondida apenas para aguentar o peso do mundo em minhas costas, foi quase que um segundo parto poder saber que não iria enfrentar mais tudo aquilo sem ninguém.
Mesmo que, futuramente, as coisas desandassem, eu não estaria sozinha. Eu teria Namjoon comigo e, mesmo que ainda estivesse preocupada com seus dotes de criação, ficava feliz que ele estivesse ao menos disposto a tentar.
Lhe entrego o documento assinado (que já continha as demais rúbricas além das nossas) e entramos, sem querer, em um silêncio confortável, em uma sensação de dever cumprido.
Sorrio orgulhosa de nós dois e faço um carinho gentil em seu braço, como se dissesse que era um bom momento de nos levantarmos dando a deixa para que ele fosse embora, mas, com certeza, ele encarou aquilo de maneira diferente, pois começou a se aproximar perigosamente de mim, me fazendo recuar em desespero.
Eu não devia beijar Kim Namjoon agora e, esta, com certeza, entraria na minha listinha de paranóias para ter antes de dormir. Mas, visando todo o clima e as taças de vinho tomadas, eu determinei que havia desculpas suficientes para beijá-lo, mesmo sabendo que seria como dar um tiro no pé.
(...)
Não vou dizer que foi ruim ter nossos lábios novamente em contato sem ser por telefone, discutindo um com o outro depois de tanto tempo, porém, posso (e devo) dizer que ele conseguia compensar sua inexperiência de flertes com ações.
- Isto... Definitivamente é algo que não deve se repetir. - Digo constrangida enquanto nos afastava, o empurrando com a mão delicadamente.
- Quer acrescentar isso no contrato? - Ele pergunta debochado.
- Sabe... Acho que vou rever meus conceitos. Você ainda é um babaca.
- O que faço pra te fazer mudar de ideia?
- Hm... Me mostre um lado seu que eu não conheço ainda, Kim Namjoon.
FIM (?)
◎◍◉
RM DAY
🍰🥂🎁🎈🎉
Nota: Helloooou
Não vamos chamar isto de "o fim" do nosso prolongado RM Day pois todo dia é dia de enaltecer e dar muito suporte e carinho para este xuxuzinho, não é mesmo?
Torcemos do fundo do nosso coração para que tenham se divertido lendo e, apesar do final aberto, que isso abra asas para a criatividade de vocês em rumo as 1001 teorias! E aí? Acham que vai dar certo? Apostem suas fichinhas e contem pra gente!
"O capítulo termina onde a imaginação começa." - mclarah
Desabafo da autora: esta foi uma shortfic que ficou guardada na minha gaveta por muuuuuito tempo. Eu tinha muito medo de publicá-la, medo de como as pessoas iam reagir a este combo de fatores (pai babaca + crianças na cozinha + idol perfeito) e mais medo ainda de ser mal compreendida. Então, obrigada de todo o meu coração pelo amor, carinho e suporte que deram até aqui! Vocês não fazem ideia do quanto foi especial para mim portanto, de verdade, obrigada!
💕🤗
Com amor e muito carinho,
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