• VINTE E SEIS - ARTHUR/ RAMON
Atenção: o capítulo contém gatilhos no decorrer dele. Fiquem a vontade de lê - lo ou não.
Arthur
Quando finalmente foram capazes de se separar, meu irmão a levou para seu quarto para lhe mostrar todo o seu mundo. E estranhamente, não sentia que o estava perdendo. Havia perguntas demais rondando minha mente naquele momento. Liguei para Sam, que estava de folga curtindo com o tio. Parecendo perceber que algo estava errado, perguntou logo por meu irmão e no impulso pedi que levasse ele para sua casa. Muito rapidamente aceitou, informando que amanhã iríamos conversar. E já me preparava para que não somente a, mas toda a comitiva viesse saber do ocorrido. Quando desliguei, um imenso sentimento de gratidão mais uma vez se apoderou do meu coração. Eu tinha amigos com quem contar.
Meia hora depois, me despedia de Davi. E com um misto de vergonha e hesitação, pedi que Viviane ficasse pois precisava conversar com ela. Era uma conversa necessária. Pela primeira vez na vida, estava disposto a saber da outra parte da história.
Lhe ofereci chá, o qual aceitou com um sorriso mínino no rosto tão parecido com o meu. Olhar para ela é como saber como serei daqui há alguns anos e é um pouco estranho.
Por muito tempo eu apenas tive contato somente com uma parte de minha história. E para mim, estava tudo bem. Estava conformado que não fui o suficiente para fazer minha mãe ficar. Em meu ser, o fato de pensar ser o detentor de toda uma verdade que me foi exposta por anos. Me fez achar que tinha o direito de julgar a mulher diante de mim, que está agora mais calma. Os cabelos estão presos em um coque bem feito e segura uma xícara de chá preto. Meu preferido.
- Na nossa última conversa...- a frase morre em meus lábios, como se tivesse comido pedra. - Não foi bem uma conversa, eu sei. Mas o que disse naquele dia, não condiz com o que relatou hoje.
Sorve bom um pouco do líquido escuro. Talvez ganhando tempo para falar ou coragem. Deposita a xícara sobre a mesa de centro e arruma sua postura, como se estivesse se preparando para uma batalha.
- Quer saber se estou mentindo para me aproximar de vocês. - murmura simplesmente. Não parece magoada. Aperto as mãos sobre minhas coxas. Elas estão frias e suadas.
- Eu não te conheço. - é uma verdade sólida e crua. Acena engolindo em seco.
Se ergue lentamente. Esfrega as mãos na calça e vai até a janela. Minha boca seca quando põe a mão na boca, tapando o rosto. Seu corpo estremece violentamente. Quase me ergo e encerro o assunto o deixando assim para outro dia.
- Desde pequena eu recebia elogios que não deveriam ser feitos a uma criança. - ri de forma ácida. - Nossa, o corpo dela é tão bonito para a idade dela! Olha esses cabelos cacheados! Os olhos! Tem seios de uma mulher! - esfrega os braços de forma bruta. Sinto a infelicidade em cada palavra entoada. E de repente não quero mais ouvir nada do que virá. Sei que vai mudar tudo o que pensava ter conhecimento até hoje. - Eu era uma criança! - grita. O som me atingindo em cheio. Me ergo totalmente e fico de frente para ela, que não ousa me olhar. Será que é tão difícil assim olhar em meus olhos? - Mas minha mãe nunca dizia nada! Só me olhava e concordava com o que os amigos do marido diziam. Fui crescendo e meu corpo foi ganhando mais curvas. Com quatorze anos eu tinha o corpo de uma mulher. E foi então que ele começou a me cercar dentro de casa. Um abraço demorado no início, um roçar de sua mão em minha coxa em seguida. Então ele me agarrou em um domingo, quando a esposa foi para a igreja. - vejo que suas pernas ficam fracas e ajudo a se sentar no sofá novamente. Lhe ofereço a xícara. - Eu gritei no início, mas o soco que ganhei no rosto me calou. Senti o gosto do sangue se misturando ao pânico de ser tocada por ele e não ter ninguém para me ajudar. Onde sua avó mora, não há uma casa por perto por muitos metros. Com meu mais velho ficando muito na casa de amigos ou parentes, quase não nos viamos. - aceno levemente em concordância. - Eu não tinha forças contra ele que era bem maior que eu. Só fechei meus olhos e tentei estar em outro lugar que não ali. Quando tudo terminou, o monstro olhou bem dentro dos meus olhos e disse: Não sei por que está chorando! Você queria! Eu via em seu rosto. Eu não contei para minha mãe no início mas não foi somente uma vez. Em determinado momento, ele ia no meu quarto, com a esposa em casa. Não aguentando mais, esperei ele sair para ir jogar com os amigos e me abri para sua avó. - meu coração para em meu peito. O gosto da verdade amargo como fel em minha boca.
- O que ela fez?
- Disse que já sabia! - lágrimas molham seu rosto. Essas são diferentes das de minutos horas atrás. Elas trazem uma dor que nunca vou ser capaz de compreender. - Que ele havia dito que eu o seduzi. Mas que foi somente uma vez e que a amava. Nesse dia eu apanhei muito e nunca mais tive uma conversa completa com minha mãe. Quando descobri estar grávida, eu pensei que iria morrer. Eu não sabia o que fazer, mesmo morando no interior desde que nasci, não tínhamos amizade com muitas pessoas. Então escondi a gravidez o quanto pude mas com os abusos ainda acontecendo, não consegui por muito tempo. - puxa um fôlego necessário para dentro de si. E percebo que também não estava respirando. Sentindo meus pulmões agradecerem pelo ar muito necessário. - Eu apanhei tanto quando sua avó descobriu que fui parar no hospital. Eu já estava de cinco meses. Mas minha barriga não aparecia como deveria. Nos três meses e meio depois disso, fiquei em casa. Com ninguém falando comigo, meu próprio irmão me virou as costas. Parei de estudar também. Coisa que amava na época. - tenta limpar o rosto. - Quando nasceu eu não sabia o que sentir por você. Eu me sentia anestesiada mas no fundo ainda queria uma vida melhor para você. Eu tinha muito medo, não tinha apoio de ninguém e me senti sozinha. De uma forma muito torta, sua avó era toda sorrisos com você. Parecia te amar mesmo. Conversei de maneira descente com sua avó depois de meses e fizemos um acordo. Eu iria ir embora deixando você com ela por um tempo até eu poder arrumar um bom emprego e te levaria para morar comigo.
- Mas você ainda era menor de idade. - tento encaixar as informações.
- Comecei trabalhando de babá. Não podiam assinar minha carteira naquele momento mas foi o que ajudou muito. Consegui entrar para a escola e também conciliar tudo. Eu ligava todos os dias para saber de você. Francisca sempre me dizia a mesma coisa. Que estava bem e desligava. Como fui te ver muitas vezes mas ela não deixou que eu chegasse perto. Ameacei envolver a polícia mas ela dizia que tinha testemunhas de que te abandonei e que não era uma boa mãe. E assim o tempo foi passando, fui tendo muitas conquistas mas também te perdendo. Nunca me recuperei de tudo que passei nas mãos daquele ser asqueroso. Mas tentava levar a vida. Me conformei que estava melhor sem mim.
Me afasto, de repente me sentindo fora de mim. Uma mistura de emoções que com a intensidade que estou sentindo - as, tem o poder de me derrubar. A vontade de arrancar o sangue do homem que me gerou era tremenda. A ânsia de vômito me acerta com força. Mas seguro. Eu queria ouvir a história toda. Bem, aqui estava ela desfilando na minha cara. Expondo como o ser humano pode ser um animal, sem empatia, sem nada. Apenas maldade. Que mãe é essa que não fica do lado da filha? Que separa um filho da mãe? Que como mulher não foi solidária com a dor de sua igual? Jesus Cristo, porra! Que mundo é esse?
- Por que não voltou antes? - essa é uma das perguntas que ronda meus pensamentos.
- Medo acima de tudo. Minha mãe me odiava. E sabia que mesmo te amando, ela faria com que você me odiasse também. Mesmo tendo tantas coisas, eu sentia falta de você. Mas a vergonha também era minha companheira. Demorou muito tempo para eu deixar de me sentir culpada. Que não era uma pequena prostituta como sempre ouvi.
- Eu....- me calo. Entendia seu lado.
- Se nem minha própria mãe não acreditou em mim. O filho que deixei para trás também não faria.
Permaneço em silêncio. Não tenho palavras para dizer o quanto sinto muito. Mas no fundo da minha mente, penso que no lugar dela faria o mesmo. Quem quer ter contato com o fruto do mal que lhe foi feito? Está tão difícil respirar. Esfrego meu peito com força, como se assim pudesse desfazer os nós que se formavam em meu estômago.
- E o pai de Davi?
Um sorriso sem humor é estampado em seu rosto. Pela primeira vez vejo linhas de idade marcando suas feições.
- Era casado. Só fui saber quando lhe contei sobre a gravidez e quando não fiz um aborto. Fui demitida e de repente não tinha ninguém. Fui um pouco imprudente na gravidez de David por beber além da conta. Quando ele nasceu, eu ainda não tinha arrumado um emprego e não teria um tão cedo. Fui demitida por justa causa e isso manchou minha carteira de trabalho.
- Jesus!
- Quando ele nasceu, não tinha emocional nenhum para cria - lo. O pai estava me ameaçando e não sabia o que fazer. Mas não podia deixa - lo com sua avó. Não se eu quisesse vê - lo novamente. Então por muito tempo te segui após descobrir seu endereço. Mesmo de longe via o quanto era um bom rapaz e mesmo se me odiasse, eu já tinha planos de deixa - lo com você. Foi o que fiz.
- Eu o encontrei na minha porta! - replico quase sem forças.
- Eu sabia estava que estava em casa. Esperei que o pegasse para entãoir embora.
- Viviane...
- Eu te peço perdão por ter sido fraca e não ter lutado por você! - suas palavras são sinceras.
- Nem eu lutaria pelo fruto do mal que me fizeram. - digo secamente.
- Arthur...eu...- seu rosto se molda em uma careta. Parece procurar as palavras certas.
Não suportando mais essa conversa, me afasto indo até a janela e ao olhar para o céu lá fora. Vejo que escureceu e que tanto a Lua quanto as estrelas já se fazem presentes.
- Obrigado por contar tudo o que... aconteceu com você. Peço desculpas por não ter sido justo! - Murmuro sinceramente. Sinto como se meu mundo tivesse virado do avesso.
- Quando posso voltar pare vê - los? - se atrapalha quando me viro. - Quero dizer, para ver David?
- No próximo fim de semana. Ele ficou bem a vontade com você. Só não quero que as coisas cheguem ao nível de irmos para a justiça.
- Nem eu, acredite!
Ficamos em silêncio. Quando se tornou pesado demais, ela se despediu silenciosamente e se foi. Não só levando o silêncio constrangedor com ela como também, as forças das minhas pernas. Em um piscar de olhos, me vi de joelhos no chão, mãos na cabeça e sentindo as lágrimas quentes e dolorosas marcando meu rosto.
Eu não percebi estar gritando até que a porta do apartamento se abriu e por ela, estava passando o amor da minha vida. O homem que com apenas seu sorriso que lhe alcança os olhos, me faz feliz de maneira única e libertadora. Tento me recompor para estar de pé. Mas não consigo. Não quando tudo o que pensava saber sobre mim, foi para a puta que pariu.
Seus braços me envolvem com força. Uma força que não sabia que ele tinha e não pensava precisar ter. Com o rosto em seu peito, ouço as batidas frenéticas de seu tão puro coração.
- Ei! Ei, o que aconteceu?
Me recuso a falar. Não posso. O que ele vai pensar de mim quando souber de minha origem?
- Não pense tanto amor. Estou aqui com você!
Tento limpar minhas lágrimas. Mas se torna um ato impossível, pois quanto mais tento menos consigo. Eu sou como uma represa que teve suas bases destruídas. Não há meios de voltar atrás.
- Pode chorar! Eu não ligo e prometo não contar para ninguém! - a última sentença é uma clara tentativa de trazer algum humor para a situação. Um riso estrangulado pelo choro é o único som que solto.
Ramon
Nunca pensaria que o dia de hoje terminaria assim. Comigo ajudando meu namorado a se despir, ouvindo - o fungar baixinho na vã tentativa de mostrar que está melhor do que minutos atrás. O que é uma mentira absoluta. Nada está bem. E meu coração sentia isso. E se confirmou quando Viviane tocou minha campainha e com olhos pequenos e vermelhos que evidenciava um choro intenso, me disse que o filho precisaria de mim.
Não perdi tempo em escrever um rápido bilhete para minha avó e com um chinelo no pé e o outro na mão ainda, entrei em seu apartamento ouvindo seus gritos e choro. Nunca vou esquecer de sua figura enorme que sempre evocava força e refúgio, no chão derramada em um misto de dor e fúria.
Espero que saia do chuveiro e separo uma cueca boxer preta para ele e uma camisa qualquer. Espero que se vista e o encaminho até a cama. As janelas estão abertas e a brisa de fim de tarde é quase como um sopro de alívio sobre nós.
- Não vai embora! - entoa com a mão estendida na minha direção, os olhos fixos em mim. E uma vulnerabilidade que nunca vi sobre ele.
- Não vou! - volto apenas para deixar um beijo em sua testa. - Vou fazer um lanche para você.
- Não quero!
- Minha avó terá de intervir? - ergo uma sobrancelha em sua direção.
Ele ri baixinho. Um som quase inexistente. Sem vida. Meu coração para em meu peito, vendo o sofrimento vivido em seu rosto. Nunca o vi os sentimentos tão expostos assim.
- Tudo menos a bengala de dona Elisa!
- Aquilo pode ser mortal! - deixo mais um beijo agora em seus lábios. Um rápido mas que diz muita coisa. Principalmente que, estou ao seu lado.
Preparo dois sanduíches para ele juntamente com um pouco de suco de goiaba. Limpo a sujeira que fiz na pia e armário e após colocar tudo sobre uma bandeja de plástico que achei no fundo do armário, vou a passos lentos em direção ao seu quarto.
- Agora sou eu quem estou levando um lanche na cama para você!
- Essa idéia é minha!
- Se você diz! - jogo no ar. Ele se senta, deixando bastante espaço para eu me fazer muito confortável ao seu lado. - Agora come um pouco por favor!
Sem discutir, acata meu pedido. Com a mão sob meu queixo, observo - o comer devagar e ostentando um olhar perdido em um ponto qualquer na parede de seu quarto. Não o forço a colocar em palavras o que realmente aconteceu. Só quero que esteja calmo o suficiente para pensar com clareza. Fico preocupado se é algo relacionado ao irmão.
Em silêncio, termina de comer. Colocando o copo de lado. Passa a mão pelo rosto. Pego a bandeja e a coloco sobre sua mesa de estudos.
Ainda sem emitir um som sequer, me puxa para perto dele. Me apertando em seus braços, como se não quisesse me deixar ir nunca mais. As batidas frenéticas de seu coração deixam em evidência seu estado caótico, uma contradição total com seu semblante calmo.
- Canta para mim? - seus dedos passeiam por meus cabelos. Quase suspiro de felicidade pelo carinho. Me afundo um pouco mais em seu peito.
- Tem uma música em mente? - digo baixinho.
- Deixo nas suas mãos, pode ser?
Aceno levemente. Fecho meus olhos e oro para que as canções que deixarem meus lábios, o toquem de uma forma que o acalme. Que tire o tormento que está imerso em seus olhos escuros. Olhos que me fitam com um carinho tocante. Um carinho que nunca pensei que receberia de alguém.
- A vida é um rio. Estamos no mesmo barco. Remaremos juntos. Para onde vai esse rio? Ainda não sabemos! - sinto seu peito estremecer. Ergo o rosto a procura do seu. Ele está rindo ou tentando inutilmente não fazer nenhum som. - O que é engraçado?
- Não tem outra música não? - faz beicinho.
- Quem está no controle aqui cara? - engrosso minha voz ao extremo.
- Você!
- Foi o que pensei! - lhe dou uma piscadela. Rimos juntos. Pigarreio e retorno no tom da música. Não importa se ele já a ouviu trezentas vezes. Eu gosto dela. - Mas remaremos juntos. Ainda temos estrelas para alcançar. Sonhos para sonhar. Flores para regar. Mas precisamos fazer isso juntos. E vamos fazer isso juntos. Ohhh, não seremos os mesmo jamais. Ohhhh, se e gente fala menos e age mais.
Essa foi a primeira de muitas canções que me permiti cantar para ele no decorrer das horas. Sem meu violão eu sentia que algo estava faltando mas segui em frente. Somente com minha voz cortando o silêncio entre nós e o som de nossas respirações juntamente com as batidas de nossos corações, que fizeram o lugar dos instrumentos.
Soube que dormiu quando seus braços se tornaram frouxos ao meu redor. Deixei um outro beijo em sua testa e me ergui, seguindo para a cozinha levando tudo o que usamos comigo. Uma batida na porta me faz pular no lugar. Quando abro a porta, me surpreendo ao ver vovó ali.
- Vó? Não estava em um encontro com Sérgio? - passa tranquilamente por mim, se firmando em sua bengala.
- Não conseguiria ter sexo selvagem com Sérgio, sentindo um aperto em meu peito! - joga na lata.
- Misericórdia vó! Não quero ouvir isso! - reviro meus olhos.
- Não ouve! - Dando de ombros, se senta no sofá. A acompanho. - Você me parece abatido. O que aconteceu? Quem te machucou? - sorrio com sua preocupação. Me deito de modo que parte do meu corpo fique sobre ela. Suas mãos castigadas pela idade se rendem a um carinho sutil em meus cabelos. Ficar em seus braços é tão bom. É como sempre ter um lugar para ficar.
As vezes parece que a missão da vida dela é me constranger. Não me importa se ela fala sobre minhas camisinhas preferidas com estranhos, me leve ao bingo no domingo onde sou apertado de todas as formas ou que as vezes tente me dar um toque ou outra de sedução para usar com meu namorado. Eu a amo com tudo de mim. E agradeço aos céus por te - la em minha vida.
- Algo aconteceu entre Arthur e a mãe!
- O que aquela mulher fez? Terei de persegui - la para lhe dar uma surra com minha bengala? - diz quase ensandecida. Para ela, David e Arthur são seus netos do coração e de acordo com ela. Ninguém mexe com seus netos.
- Calma vó! Eu ainda não sei. Não forcei para que ele me dissesse o que aconteceu. Apenas fiquei aqui por ele.
- E fez certo! No momento adequado ele vai se abrir.
- Espero. - me viro de modo que estou vendo - a de baixo. - Estava mesmo com Sérgio? Me disse que iria a delegacia hoje. Ainda anda entregando seus bolos lá?
- Eu amo meus novos amigos. - diz com um brilho no olhar. - Sérgio foi comigo, passeamos e ele queria ir em um motel.
- Meu Deus! Xo imagem ridícula! Xo! - tento espantar os pensamentos como se fossem formigas incovenientes.
Ela somente ri do meu desespero.
- Por que em um motel Jesus?
- Estava mais perto! - explica simplesmente.
- Não sei por que pergunto!
- Dona Elisa sabe viver a vida Ramon! Deveria aprender com ela. - me ponho de pé em um pulo. Ficando tonto no processo. Sua mão me segura e ao olha - lo, percebo que vestiu uma bermuda.
Lhe dou um soquinho no braço.
- Deveria estar na cama!
- Você não estava lá. Não fazia sentido ficar. - vovó suspira como uma jovem apaixonada e acho que eu também. Quase derreto ali mesmo. Sinto o elogio em meu rosto. Nem preciso me olhar no espelho. Estou vermelho.
- Não desvia o assunto homem! Está melhor? Está pronto para conversar?
Fica quieto, enquanto se perde em pensamentos. Ele me puxa e beija minha testa e depois meus lábios. Tentando colocar um sorriso em seu rosto barbado.
- As coisas vão se acertar. - diz por fim e com uma gravidade tão sólida na voz que estremeço.
E quero muito acreditar nele.
Cheguei!!! Gente estamos no final e já tô sentindo falta dessa cambada.
25/12/20
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