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• UM • RAMON

Pensando na vida que levei até meus dezessete anos de idade, nunca imaginaria que encontraria uma avó que nunca soube existir. Até o momento que descobrir gostar de meninos e não de meninas como era o desejo do meu pai, eu tinha a família dos sonhos. Uma mãe dedicada, que nunca trabalhou na vida. Ela foi praticamente criada para ser uma dona de casa. Não que eu julgue quem faça esse ofício em tempo integral. Ela levava tão a sério o compromisso de manter a família unida, que acabou que escapou por entre os dedos dela, que o filho sofria em silêncio.

Meu pai trabalhava fora e sempre que estava em casa, sua única conversa conosco era sobre a Bíblia e de como era nojento que nossa vizinha, que era mãe solteira permitia que a filha a envergonhasse diante da comunidade, ao beijar outra garota na frente de todos. Seus discursos sobre o pecado de Carina, também estudava comigo, eram tão intensos, que beirava a insanidade. Ele era tão religioso, que ao invés de amar o próximo. Só julgava sempre que podia. E aquilo me cansava tanto.

Mas nem tudo era escuridão na casa da família Vieira. No meio de tanta indiferença e religiosidade, havia minha irmã. Que era dois anos mais nova que eu mas que ainda assim era de uma maturidade sem igual. Ela me ouvia sempre que estava prestes a explodir após ouvir os discursos inflamados de nosso pai. Me confortava quando na escola eu era posto de lado e ria comigo quando eu contava das minhas tentativas fracassadas de chegar no garoto que fazia meu coração bater mais forte.

Aline foi meu ponto de equilíbrio, quando tudo o que eu queria era gritar um foda - se para o mundo cruel, disfarçado de boas intenções que eu vivia. Ela estava comigo também quando tudo foi para o inferno. Quando tudo o que eu queria era ser amado do jeitinho que eu era. Amando outro garoto. Ainda me lembro das suas lágrimas e gritos de desespero quando entre socos e xingamentos, eu era posto para fora de casa.  Ela queria ir comigo, eu sabia. Mas não podia quando nem eu tinha um lugar para ficar.

Se não fosse meu anjo da guarda, eu não sei o que seria da minha vida agora.

Secando meu rosto rapidamente, guardo a única foto que tenho dela em minha carteira. A única lembrança da minha vida antes de minha avó chegar nela e me amar como eu deveria ter sido amado. Do jeito que eu sou. Nunca menos.

Salto na cama quando seu grito perfura o ar.

- Ramonzito, se arrume pois hoje tem bingo.

- Ai não. Esqueci! - murmuro com o rosto enterrado em minhas mãos.

- Eu sei que esqueceu meu neto! Vou separar minha melhor roupa! - a voz parece cheia de felicidade.

- Como pode isso? - Murmuro me referindo a seus ouvidos afiados.

- Tenho idade mas não sou surda! - cantarola na certa andando pela cozinha. Guardando as sobras do almoço, que ela me informou ter dividido com nosso novo vizinho. Que ainda não conheci.

- Hum....

Meia hora depois, continuo sentado em minha cama. Vovó vem gingando sobre sua bengala e seus olhos verdes perspicazes pousam em mim ainda vestindo a mesma roupa que uso desde que cheguei. Meu conjunto de ficar em casa: calça de moletom, blusa de manga cinza e meias. Todas as peças com furos do tamanho dos meus olhos. Posso ver meu dedo mindinho daqui. Vovó tentou joga - las fora uma vez. Mas não deixei, fazendo até chantagem emocional.

- Por que não está arrumado?

- Vó! - gemi na minha melhor voz dramática. Que ela não comprou ao erguer uma sobrancelha cinzenta em desafio. - O que eu vou fazer no meio da sua galera? - brinco suavemente. Era assim que eu chamava seus companheiros de bingo, que também moravam no prédio.

- Amigos?

- Com mais de oitenta anos? - reviro meus olhos.

- Eles tem mais gás que você meu neto! Geraldo esse dias me chamou para ir a um motel com ele.

Quase caí da cama, olhando horrorizado para ela. Que ri, parecendo vaidosa, ao arrumar os cachos sobre os ombros.

- Não me olhe assim, sua avó pode transar sabia? - senti minhas bochechas ficarem vermelhas. Tentando por tudo que é sagrado nessa vida não imagina - la fazendo isso.

- Eu não quero ouvir! - tapo meus ouvidos.

- Então não ouça! - bate palmas animada. Sua animação me acerta em ondas. Está para nascer mulher mais animada que ela. - Vamos para o bingo!

- Vó!

- Estou te esperando!

Balanço negativamente minha cabeça, vovó continua com sua expressão superior no rosto, me informando claramente que nessa discussão ela ganhou. Como discutir com uma senhorinha de um metro e quarenta centímetros de altura mas que fala mais grosso que você em uma discussão? Impossível. Com um pouco mais de força do que é necessária, abro a porta do meu guarda - roupas, o gesto resultando em uma batida alta contra a parede. Reviro meus olhos, tentando ver minhas opções para hoje. Escuto - a bufar mas não me viro.

- O que tanto está procurando o que aí menino?

- Uma camisa

- Use aquela nova que vovó te deu. - já estou negando antes mesmo dela terminar de falar. Fico até tonto com o balançar brusco de minha cabeça. Não vou me sujeitar a isso.

- Nunca, aquilo é um ataque mortal a qualquer olho desavisado.

- É linda e fica maravilhosa em você meu neto.

- Deus! - bato com a testa contra a porta do guarda roupas. Ficando cansado. - Já viu a cor daquela camisa? É verde fluorescente.

- É linda! - seus olhos estão iluminados.

- Ela tem glitter. Ouviu bem? Glitter! - jogo as mãos para o ar.

- Claro que ouvi, sou meio cega e não surda.

- Não vou usa - la! - quase cruzo meus braços frito uma criança birrenta e faço beicinho. Mas me seguro.

- Vai fazer essa desfeita para sua avó preferida? - agora é ela que tem a audácia de fazer beicinho.

- Só tenho você de avó! - aperto meus olhos em sua direção. Seu beicinho fica maior. Bufo.- Sem chantagem emocional mocinha!

- É só hoje meu neto. E nem vamos para tão longe. - bate os cílios.

Olho para meus pés, observando meu dedão visível através do buraco que há na meia. Sim, ela tem razão. Não vamos para tão longe. O lugar para o qual ela me obrigou a ir, fica a dez minutos do prédio onde moramos. Fica no salão comunitário do condomínio, que tem em sua maioria, idosos residindo nele. Em um domingo, com um clima quente, no qual só quero tomar banho e deitar. Me vejo sendo obrigado a ir para um bingo.

Um bingo, que tenho certeza só terá eu de jovem. Não que a mulher de cabelos grisalhos enrolados nas pontas se importe com isso. A vida dela é me fazer sofrer. Sim, quando estou cansado, posso ficar um pouco mais dramático. Como agora, após um dia todo de atividades e de trabalhar no meu emprego fora de horário. Fui ajudar Nana em um evento para uma família muito conhecida no Rio de Janeiro. Era a festa de noivado de um dos herdeiros da família.

Como acontece quase sempre nas festas que Nana, toma a frente, eu quase me sinto ficar entediado. Esses ricos realmente não sabem festejar. Enquanto desfrutam de seus caros champanhe e ostentam uma expressão de tédio total, eu quase imploro por uma cerveja e aquele samba de roda. Mas nessa festa foi diferente. Não fui olhado como se fosse a mosca da merda do cavalo e ainda me juntei aos noivos no final para tomar aquela cerveja gelada.

Foi no mínimo interessante, ricos se comportando como pessoas comuns. 

- E também não é como se você fosse conhecer o homem da sua vida hoje. - balança a pequena mão em sinal de desdém. As unhas pintadas com um esmalte verde se destacando contra sua pele clara e suas pulseiras de plástico brilhantes tilintando.

- Não tem certeza disso vó!

- Eu tenho! - dá meia volta se apoiando em sua bengala. Me deixando sozinho para procurar no mundo de roupas, a maldita camisa. Por que sim, vou fazer sua vontade. A vontade da única pessoa da minha família que me amou desde sempre.

Meia hora depois, estou sentado entre dona Maria e dona Rosa. Ambas muito satisfeitas em apertar minhas bochechas e as vezes minha bunda. Quero gritar mas me seguro assim que o número oito é gritado ao microfone e minha avó quase salta de sua cadeira. Os olhos claros estão brilhantes de alegria. Chego a conclusão de que ser destaque em uma pequena roda de velhinhos e ser bolinado de cinco em cinco minutos vale a pena. Vale cada sorriso dela.

[.....]

Meu dia foi corrido. Passei a manhã ajudando Nana em um café da manhã oferecido por uma empresa, uma confraternização que de início seria somente para a sede. No entanto eles decidiram de última hora, incluir as filiais também. Quase fazendo minha amiga entrar em colapso mas com minha ajuda e de nossos outros amigos, conseguimos dar conta.

Na parte da tarde fui como sempre para o hospital e lá fiz o que amo. Cantar. Quando estou cantando para os pacientes, me sinto completo. Realizado. Traduzindo minha música em bem estar para aqueles que estão vivendo na dor por muito tempo. Tanto tempo que não sabem mais como é se permitir sentir a música tocar sua alma. A musicoterapia é minha vida e faço dela um instrumento para ajudar a quem precisa.

Cheguei em casa perto das cinco da tarde. Minha avó não estava em casa. Estava ficando preocupado, quando vi seu bilhete  avisando sobre ter ido no mercadinho da praça. Liguei para o celular dela mas ela não atendeu. Tomei um banho e após selecionar um filme qualquer, fiquei esperando a dona do meu coração. Sentindo um pouco de sede bebo um pouco de água e é quando estou voltando para o sofá, que ela chega. E não chega sozinha.

Vovó passa por mim gingando sobre sua bengala, parecendo muito satisfeita. O novo vizinho calmamente a segue carregando suas sacolas com mantimentos. São tantas que me pergunto se não estão muito pesadas. Mas o homem as leva como se fossem meros pedaços de papel. Suspiro profundamente.

- Por que não me ligou vó? Eu teria ido buscar as sacolas! - digo um pouco constrangido. O homem deve me achar um encostado e aproveitador de velhinhas indefesas.

- Eu encontrei esses braços musculosos lá embaixo. - aperta com um sorriso largo no rosto, meu rosto queima.- Aproveitei.

- Vó! - o estranho segura uma risada. Que não é completa e aberta.

- Ah, antes que eu me esqueça. Comprei mais camisinhas.

- Jesus Cristo vó! - deixo minha testa cair contra a parede. Virando - me de costas para eles, tentando achar um modo de me infiltrar  na parede e desaparecer para sempre, fugindo dessa vergonha alheia.

- O que? Essas são as que brilham no escuro. As que você gosta!

- Alguém me mate!

Nosso novo vizinho não se conteve. Sua grande estrutura se sacudiu por completo com a gargalhada que pareceu brotar do interior dele. Eu sentia meu rosto queimar completamente pelo constrangimento. Sei a importância de andar prevenido, afinal de contas, doença não escolhe rosto. Desde domingo enquanto arrumava minha gaveta de cuecas que notei a falta de preservativos e estava para consertar isso hoje ainda, fazendo uma visita na farmácia que fica perto do prédio. Mas vejo que minha avó, que é mestre em me fazer passar vergonha, resolveu esse meu problema. Expondo para um o cara que nem ao menos conheço.

Pigarreando e parecendo mais controlado do ataque de riso as minhas custas, ele se despede de nós educadamente. Após a porta da sala ser fechada, ainda ficamos em silêncio por cinco segundos ou mais. Me viro com minhas mãos em minha cintura, com minha melhor cara de bravo. Vovó manda um beijo no ar ainda sorrindo amplamente. Os óculos de grau fortíssimos para ela, pendendo na ponte de seu pequeno nariz.

- Precisava desse show todo todo dona Elisa?

- Sim, você é lento demais. Precisa de um namorado.

- E esse namorado precisa ser o vizinho? - gesticulo freneticamente. - Que não parece nada gay? - erguendo somente uma sobrancelha grisalha, ela me olha como se eu fosse um idiota.

- Gay tem cara? - franze os lábios. Bufo abrindo a geladeira e pegando minha garrafinha d'água. Bebo avidamente sentindo minha garganta de repente seca.

- Não foi isso que quis dizer.

- E o que seria?

- Hum...

- Bingo! Meu neto, meu sonho é ver você casado.

- Antes eu precisava de um namorado. Agora é um marido? E tinha que ser nosso novo vizinho?

- Ele olhou para sua bunda! - indica simplesmente.

- É claro que não! - digo mais alto do que deveria.

- Eu vi.

- Você tem miopia!

- Mas não sou cega garoto! - dá de ombros. - Agora venha me ajudar a cozinhar.

Dando - me suas costas, passa cantarolar um de seus louvores favoritos. Dando por encerrado o assunto "Vamos arrumar um boy para Ramon!" Suspiro profundamente, me juntando a ela na bancada extensa que praticamente divide a cozinha. Ela me passa as cenouras já levadas e enquanto as descasco, canto junto com ela o refrão da música muito bonita.

Meus pensamentos ainda fixos nas costas largas do vizinho que nem ao menos falou mais do que cinco palavras para mim. Mas que de alguma forma, se instalou na minha mente. Sem minha permissão é claro.


Cheguei gente. Espero que gostem do Ramon tanto quanto estou amando escreve - lo. Ele é um neném gente.

Agradeço desde já por estarem tirando um tempo para ler minhas histórias.

24/10/20

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