• ONZE • RAMON
Me aconchego um pouco mais em meio aos travesseiros macios. Me sinto mergulhado em meio as nuvens, mesmo com um gosto amargo da minha boca. Me viro de lado ainda de olhos fechados no entanto sinto - me ser observado. Seja quem for, não parece nenhum pouco inclinado a ir embora e me deixar dormir. Um dedo cutuca minha bochecha esquerda e devagar abro meus olhos.
Sinto - os inchados.
David me encara sorrindo, seus dentinhos a mostra. Está usando um pijama do homem aranha. Meu cérebro lentamente faz a varredura do local, constatando horrorizado que não estou na minha cama e muito menos no meu apartamento. Rapidamente faço uma verificação das roupas que estou usando e agradeço a Deus por não estar nu. Estou usando uma camisa e short largos. São duas vezes maiores que eu.
Sinto meu rosto ficar quente.
- Oi tio Ramon! Por que está vermelho?
Pigarreio constrangido. Minha mente passando como um filme em minha cabeça tudo o que fiz ontem. Sinto a textura dos lábios de Arthur nos meus. São macios mas também firmes, que possuem com autoridade e destreza. É como se sua boca dissesse a minha, que é minha dona.
- Nada! - tiro um tufo de cabelo do meu rosto. Tenho que refazer meu topete, meu cabelo está crescendo novamente. - Cadê meu abraço?
Sem hesitar e com um pouco de dificuldade para subir na cama alta, ele se joga sobre mim. Seus bracinhos envolvendo meu pescoço. O encho de beijos, fazendo - o rir alto.
- Que abraço gostoso!
- Eu sei que tenho o melhor abraço tio! - enche o pequeno peito para falar. Uma expressão de convencimento estampada em seu rosto.
- Nisso você tem razão garoto! - ergo o olhar encontrando Arthur encostado no batente da porta, de braços cruzados, sem camisa e vestindo somente uma calça de moletom cinza parecendo um pouco gasta. Mas não importa se o filho da puta gostoso estiver usando um saco de batatas, ele nunca ficará feio. Engulo em seco ao perceber que estou olhando - o muito e o sorriso se lado que me lança, indica que ele está ciente da minha avaliação descarada. - Dormiu bem? - o irmão desce da cama, corre até ele e agarra ele pela cintura.
- Hum...- pisco algumas vezes.
- Hum não é resposta. - reviro meus olhos.
- Eu dormi. Nem tive sonhos. - lhe dou um olhar atravessado ao me lembrar estando no ar e logo depois quase me afogando naquela fonte. - Só me tira uma dúvida: você realmente tentou me afogar?
- Não tentei afoga - lo!
- Não foi o que pareceu ontem! - suspirando, toca o ombro do irmão.
- O que acha de ajudar Fábio com a mesa para o café da manhã? - tentei disfarçar a careta que dominou meu rosto mas foi impossível ao ouvir o nome do cara.
- Ele não quer ajuda! - faz beicinho.
- Como sabe se não perguntou? - seguro uma risadinha. Ao que parece, o pequeno não é muito fã do primo.
- Ele é chato! - seus ombros caem.
- Não diga isso! Vai lá ajuda - lo, nós não vamos demorar!
Ainda com um beicinho teimoso em seus lábios finos, David nos deixa pisando duro. Meu vizinho enfim resolve se aproximar de mim a passos vagarosos porém firmes, fazendo com que meu corpo traidor se aqueça em antecipação. Ainda sinto a sensação de seus lábios e mãos por todo o meu corpo. Eu sentado em seu colo pouco me importando se seríamos vistos por alguém. Ontem foi a primeira vez que me permiti mergulhar nas sensações maravilhosas que resulta em estar com alguém. Em ser reverenciado através de um simples beijo. Em ser aceito do jeito que você é.
Sinto um toque em meu nariz e recuo. Percebendo que fechei os olhos. Os escuros estão fixos em mim.
- Você está vermelho! No que está pesando?
Aproxima o rosto do meu, tento não respirar tanto perto dele. Afinal de contas nem ao menos escovei os dentes.
- Na - nada!
- Gaguejou! Está pensando nos beijos que trocamos? - a temperatura parece que subiu drasticamente.
- Talvez! - recebo um elevar de sobrancelha.
- Me explique isso por favor!
Nego freneticamente. Nunca vou anunciar em voz alta que amei seus beijos e que muito menos quero uma terceira rodada.
- Preciso escovar meus dentes! - tapo minha boca. Ele ri alto se aproximando um pouco mais. - Por que tão perto? - digo em um fio de voz. Eu quero sentar nesse homem de braços fortes e grandes.
- Sabe, você é péssimo em esconder suas reações. - passeia com o dedo indicador de minha mão livre por todo o caminho do meu braço, parando em meu ombro. Me arrepio todinho.
- Sou?
- Sim. Sei que está pensando nos beijos que trocamos ontem naquela praça.
- Co - convencido! - lhe dou um olhar atravessado.
- Eu também quero muito voltar a beijar você!
- Hum...- engulo em seco quando acaricia minha bochecha tão suavemente, que é como se eu fosse uma peça frágil. Que temos que ter um cuidado excessivo ao maneja - la, pois se impor muito esforço, ela simplesmente virá a quebrar.
- Então, vou fazer o seguinte: tirar sua mão que é um impedimento para mim e beijar sua boca gostosa. - quase solto um gemido abafado, quando sua voz grossa viaja por mim. - Está de acordo com isso? - aceno sem hesitar.
E assim ele o faz. Retira delicadamente minha mão e primeiro apenas roça seus lábios nos meus. Depois seus dentes beliscam meu lábio inferior, me derreto completamente. Seu corpo está colado ao meu de uma forma que posso sentir todo o calor que seu corpo emana. Então, sua língua pede passagem e eu dou.
Nossas bocas se entendem em uma linguagem apenas delas. Com uma dose perfeita de força mas também leveza. O gemido que tanto segurei me escapou, dabdo início a uma canção de desejo e entrega. Paramos o beijo aos poucos, com ele dando - me mordidas gentis.
Suspiro.
- Temos esse nível de intimidade? - sinto a necessidade de falar alguma coisa. Meu coração bate a uma velocidade alarmante em meu peito.
- O que quer dizer?
- Mal acordei e já te fiz provar meu hálito sabor onça! - ele pisca uma vez e então ri tanto e tão alto que quase cai da cama no chão. - Não é para rir! - lhe dou um tapinha no prito. Ele ainda aos risos, pega minha mão e beija delicadamente o dorso dela.
- Desculpe, mas foi engraçado! E sobre a intimidade, teremos se quiser aos poucos. - diz muito sério.
Engulo em seco. Mas não dá tempo de pedir por mais explicações.
- Prontinho Arthur! - um pequeno corpo se enfia entre nós. Dou risada do bufo do grande homem ao meu lado, que mp desespero busca um travesseiro para cobrir seu colo. - Vamos tomar café? Estou com fome!
Lembrar de comida, me faz salivar e meu estômago grunhe como se de repente tivesse despertando para a vida. E de repente lembro também de minha avó, dormi fora e não sei se ela sabe! Me levanto rápido.
- Tenho que ir!
- O que? Por que? - se ergue com o irmão pendurado em seu ombro esquerdo e de cabeça para baixo.
- Minha avó deve estar preocupada! - dou voltas no mesmo lugar. Tirando mais uma vez o cabelo que me cai pela testa.
- Ela sabe que dormiu aqui! - paro. - Sua amiga já tinha avisado que estava comigo. E hoje pela manhã quando fui correr, passei no apartamento ao lado e confirmei com ela que estava comigo.
Não consigo não medi - lo de cima a baixo.
- Você corre?
- Só ouviu isso?
Dou de ombros.
- Pensei que frequentasse a academia diariamente. Seu corpo é muito bonito! - digo de repente, tapo minha boca pois falei demais. Um elevar de lábios é minha recompensa.
- Só vou a academia nos dias de semana. Nos fins de semana, eu corro. - balança David para lá e para cá. Causando uma onde de risos histéricos. - Vamos comer e depois pode ir embora. - diz simplesmente.
Aceno levemente.
O sigo quando deixa o quarto. Antes de chegarmos na cozinha/ sala de planta aberta, fico nervoso de repente. Não vou saber como me portar com o primo do meu vizinho estando no mesmo ambiente que ele. Ele nitidamente não é muito meu fã e eu muito menos dele. Dou um pulinho ao sentir sua grande mão na minha. Olho para o gesto por segundos a mais, no entanto lhe dou um aperto de volta. Gostando muito do seu toque.
- Ficou linda nossa mesa não é David? - o tal do Fábio diz com um sorriso forçado na minha direção.
- Eu que dei a ideia das flores Arthur! - é colocado de volta no chão, o seguro quando fica tonto rindo alto. Ele se agarra na minha cintura.
- Estão lindas! - me ajuda a me sentar na cadeira ao seu lado, sinto meu pescoço esquentar por causa do gesto e por sentir um olhar tenso sobre mim, mas não olho. O pequeno se senta ao meu lado. O último a se sentar é o primo que nem ao menos me cumprimenta mas não dou importância. Se ele acha que é maduro da parte dele nem ao menos buscar me conhecer e formando seus pré julgamentos sobre mim, não posso fazer nada. - Você toma café?
- Suco está bom para mim!
- Eu quero bolo Arthur! - se contorce em seu lugar. E pela primeira vez desde que o conheço, meu vizinho brinda o irmão e a mim por tabela com um sorriso largo e que é tão intenso que me acerta profundamente.
- E também leite? - faz careta. Rimos.
- Não!
- Sim! Toma um pouquinho e terá quanto bolo quiser!
- Tudo bem! - Murmura tentando contar sua alegria. Pelo pouco tempo que o conheço, o menino realmente é apaixonado por bolos de todos os tipos. E minha avó se aproveita disso para mima - lo. Tomo um pouco do meu suco.
Após servir ao irmão, pego um pratinho e encho de biscoitos amanteigados. Quase solto um gemido quando o sinto se desmanchar em minha boca. Não há diálogos, pois estamos muito ocupados em comer. Mas sinto um peso no ar.
- Algum problema Fábio? - observo de esguelha o dito cujo.
- Não primo! Não estou com fome!
- Acho que o problema é outro! - bufa. - E acredito que vovó tenha nos dado educação o suficiente para ao menos cumprimentar - mos as visitas.
Sento - me ereto.
- Não sou obrigado a...- o tom afiado de alguma forma me atinge em cheio, a mesa estremece quando a palma larga se choca contra ela. Pulamos todos, exceto Fábio que parece acostumado as explosões do primo.
- É sim! Fui atencioso em te receber na minha casa. E respeitei o fato de ainda não ter me contado o motivo de ter vindo para cá. E espero o mesmo respeito da sua parte em relação ao meu convidado e também o cara que eu gosto.
Quase cuspo meu pulmão, pois engasguei com minha saliva. Tomo um gole de suco para tentar aliviar as coisas.
Ele gosta de mim.
Essa sentença fica piscando na minha mente ansiosa.
Fábio amassa os guardanapos dispostos diante de si. Evitando olhar para qualquer um. Mas nada diz e não parece disposto a se retratar. Me dói saber que nem ao menos se dispôs a me conhecer.
- Vou para o quarto! - se ergue.
- Ótimo! Quando resolver tirar a cabeça da bunda, me procura. Estaremos no apartamento ao lado. - grunhe. E então não há mais clima. David volta a comer animadamente, pelo visto ele é daqueles que pode cair o mundo que nada o impedirá de comer.
- A cabeça dele...- o menino se intromete.
- Não é nada David! É modo de falar! Quero vê - lo comendo Ramon! - liga seu dedo indicador ao meu.
- Eu não quero causar brigas.
- Não vai! Fábio vai pensar e se tiver vergonha na cara virá pedir desculpas. Não aceito que desrespeitem as pessoas na minha frente gratuitamente.
- E que você gosta! - tento brincar com meu coração a mil. Como se fossemos algo mais a não dois caras que estão atraídos pelo outro e trocaram beijos algumas vezes.
- E que eu gosto! - me cutuca para eu voltar a comer. Eu faço sentindo minha fome retornar com força total.
A mesa antes silenciosa, se encheu de falas animadas e risos altos. Cheios de vida. Ao término do café, David se senta no sofá e começa a brincar com jogo de legos. Ajudo Arthur a retirar a mesa e a lavar a louça suja. Hora ou outra ele suja meu rosto com espuma de sabão e eu jogo água contra seu rosto. O primo não voltou, o que internamente agradeci. Não estava a fim de lidar com seu mau humor.
Fui acompanhado até a porta de minha casa, sendo agraciado por um selinho. E a promessa de que vamos nos ver na hora do almoço.
Nem bem fecho a porta, vejo vovó gingando sobre a bengala em minha direção. O rosto enrugado está tomando e iluminado por um sorriso gigante.
- Você se preveniu meu neto? - não há bom dia! Sua pergunta me deixa sem jeito.
- Eu não transei vó! - ela parece realmente decepcionada com minha confissão.
- Mas você dormiu na casa do menino Arthur!
- Disse muito certo vó! Dormi!
Me medindo de cima a baixo, se aproxima devagar mas com um propósito em mente. Seus braços me enlaçam. Sua cabeça pousando sobre meu peito. Me deixo envolver no carinho que sempre vou receber dela.
- Mas vocês se gostam não é?
- Ele disse que sim! - digo tentando conter a animação.
- E você não?
Puxo com força o ar para meus pulmões. Confessando em voz alta o que habita meu peito há muito tempo.
- Muito.
- Eu sempre soube! - dá pulinhos em seu lugar, parecendo uma criança que ganha seu doce favorito. Dou risada de sua animação e beijo seus cabelos.
- Agora eu vou tomar um banho, trocar de roupas e entregar essas para o vizinho.
- Tem certeza que não transaram? - reviro meus olhos, tentando não morrer de vergonha.
- Tenho vó!
- Nem um...- tapo sua boca.
- Vou tomar um banho!
A deixo após ajuda - la a se sentar no sofá. Passo no seu quarto, deixando um beijinho nos cabelos de meu afilhado que dorme agarrado a um ursinho. No meu, quase gargalho ao ver Nana que dorme de bruços e com o rosto oculto pelos fios escuros toda atravessada na cama, com o pé na cara da minha irmã que está dormindo com a boca aberta, maquiagem borrada no rosto e cabelos espalhados ao seu redor.
Luna descansa plena em seu cantinho. Me preparo para apanhar mas vai ser legal assusta - las. Tomo distância e sem hesitar pulo na cama, no meio delas. Que se assustam e caem no chão, cada uma de um lado da cama. A gargalhada que sai de meus lábios é alta. Tento abafar para não acordar Caio.
- Mas que caralho Ramon! Por que fez isso?
- O que aconteceu? Onde estou? - minha irmã está de quatro e tenta se orientar.
- Está na hora de acordar cambada! - pulo no colchão como uma criança. Nana após bocejar e estalar as articulações de suas costas, abre um sorriso.
- Isso tudo por que deu a noite toda! - lhe mostro o dedo do meio parando de pular. Sentindo minhas orelhas quentes.
- Nem é por isso!
- Então teve ao menos um boquete! Ninguém acorda assim animado pela manhã em pleno domingo!
Tento não pensar na cena que minha mente quer criar.
- Não seja ridícula Nana! Não rolou nada!
- E ontem depois que sairam? - se senta abraçando as pernas nuas. Ambas estão usando somente uma blusa fina e calcinhas.
Com um movimento, me deixo cair na cama olhando para o teto.
- Ele me jogou em uma fonte acredita?
Por um instante não escuto nada. Em seguida o som de engasgos misturados a risadas enchem o ar. Me sento, enviando um olhar mortal na direção delas. Minha irmã mais orientada, me olha com os olhos pequenos ao rir.
- Não é engraçado! A água estava gelada!
- Isso é algum truque de sedução? Pensei que aquele deus grego iria te dar um trato e não te jogar em uma fonte qualquer.
- Não sei! Mas depois nos beijamos!
- Nada de sexo?
- Não Nana! Ele soube me respeitar nesse aspecto. Eu senti o quão excitado estava mas mesmo assim quando disse que não estava pronto, deu um passo atrás e me deu suas roupas para me vestir após o banho.
- Ganhou meu respeito! - coça os olhos castanhos claros. - Que horas são?
- Dez e meia! - meu chinelo acerta meu abdômen, arrancando o ar dos meus pulmões.
- Não podia esperar até meio - dia para me acordar?
- Doeu! - esfrego o local.
- Essa era a intenção!
B domingo Frozen's!!!
01/11/20
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