17
LENORA TINHA PLENA CONSCIÊNCIA de que suas ações que deveriam salvar o Snoggletog, tinham o arruinado completamente. Ela esperava ansiosamente o ano todo somente para aquela festividade, mas esse ano a ruiva estava mais azarada do que nunca.
Nora perdeu seu dragão, os ovos de bebês dragões explodiram e agora ela estava presa no castigo, tendo que consertar todos os telhados com nada mais do que um martelo e uma caixa de pregos. Era certo que todos os cavaleiros de dragões lhe ajudassem, mas ela assumiu a responsabilidade diante de Stoico, pois a ideia de colocar os ovos nas casas tinha sido inteiramente dela. Lenora pensava seriamente em escrever em sua testa com carvão: EU ARRUINEI O SNOGGLETOG.
Lenora soltou um lamento e limpou o suor da testa, deixando o martelo de lado por um segundo longe de suas mãos calejadas. Ela olhou para o céu noturno incrustado de estrelas, o vento frio soprou e os pelos de seu corpo se arrepiaram. Lenora estava no telhado de Abigail, a padeira da vila, consertando o enorme buraco na madeira.
"Só sei de uma coisa, Loki deve estar dando altas risadas da minha desgraça."
━ Veja o que fez Lenora, garota estúpida ━ ela balbuciou para si, enquanto o martelo fazia o serviço de empurrar o prego ━ estragou o Snoggletog de todo mundo, idiota, idiota, idiota!
━ Que bom que finalmente admitiu ser idiota.
Lenora quase caiu do telhado quando viu Leo subindo a escada, logo atrás dele vinha Astrid e Perna de Peixe. Eles tinham martelos e pregos em um caixote, o que Nora desconfiou.
━ O que fazem aqui?
━ Ué? ━ Astrid se agachou ao lado dela ━ viemos ajudar nossa amiga.
Perna de Peixe assentiu fervorosamente, com as bochechas coradas.
━ Não podem ajudar, é o meu castigo.
━ Não é justo que só você pague o preço, Nora. ━ Perna de Peixe falou, segurando um martelo muito menor que sua mão.
━ Perna está certo, irmã. ━ Leo se aproximou ━ a ideia pode ter sido sua, mas todos nós ajudamos.
━ Ou seja, todos temos uma parcela de culpa. ━ Astrid completou.
━ Cometi um grande erro, tentei deixar todos felizes e acabei arruinando o melhor feriado do ano. ━ seus ombros caíram em miséria.
━ Somos vikings e cometemos erros, não se puna tão severamente, o que conta é a intenção. ━ Perna de Peixe deu um sorriso caloroso.
━ Obrigada, amigo. ━ Lenora forçou um sorriso.
━ Somos vikings, cometemos erros e devemos seguir em frente e nunca mais repetir o mesmo erro. ━ a loira falou, acariciando o ombro da amiga.
━ E somos uma família, e iremos te ajudar a superar esse erro. ━ Leo parou do outro lado da gêmea, os dois corações batiam em harmonia.
━ Chega de drama!
Lenora olhou para trás e viu Cabeça Quente chegando com algumas ferramentas, Melequento e Cabeça Dura vinha atrás de mal humor.
━ Não sei por que temos que estar aqui. Nora já assumiu a culpa, está resolvido. ━ Cabeça Dura reclamou.
Cabeça Quente lhe deu uma cotovelada e arregalou os olhos em aviso.
━ Ah, claro... sim, somos amigos e amigos devem se ajudar e Blá-blá-blá, pelo menos foi isso que a Cabeça Quente mandou eu dizer.
Lenora soltou uma risada suave.
━ Lenora, querida ━ Melequento se aproximou com um sorriso charmoso ━ saiba que sempre poderá contar com o seu cavaleiro de armadura brilhante... Melequento, Melequento, hey, hey, hey!
━ Obrigada, gente. ━ Lenora sentiu-se extremamente grata, talvez ela não fosse tão azarada... mas sim, uma pessoa sortuda por ter amigos como aqueles.
Era uma pena Soluço, Randi e Banguela não estarem lá para compartilharem daquele momento inesquecível. Mas ela iria comemorar por eles, tendo-os em seu coração, esperando ansiosamente pelo retorno deles.
━ Gente, olha! ━ Perna de Peixe exclamou apontando para o céu.
Nora largou o martelo e observou a escuridão da noite, entre as nuvens uma massa de asas batendo se aproximou da ilha. Seus olhos se arregalaram quando viu um barco sendo carregado por dragões... os dragões deles. Liderando o grupo estava Randi, sendo montado por Soluço, um sorriso cruzou o rosto de Lenora e finalmente ela estava feliz.
━ É o Soluço! ━ Stoico falou com empolgação.
━ E os nossos dragões. ━ Astrid sorriu.
Nora desceu do telhado como um raio e os gritos de alegria dos aldeões preencheram o silêncio da noite. Ela quase escorregou no gelo quando tentou ficar na frente, mas por sorte as grandes mãos de Stoico lhe salvaram de um tombo na frente da aldeia toda.
A carcaça do navio foi deixada no chão nevado enquanto os dragões pousavam. Todos olharam curiosamente para o navio, bolando mil teorias do que poderia ser.
Uma pequena cabeça azul com os olhos amarelos saiu pelo buraco no casco, era um Nadder Mortal bebê. Logo, mais e mais filhotes de diversas espécies começaram a sair, um empurrando o outro.
Soluço aterrissou e Lenora abriu um sorriso enorme correndo em sua direção. Soluço abriu os braços para recebê-la, mas Nora passou por ele e se pendurou no pescoço de Randi. Os reencontros começaram, vikings abraçavam seus dragões, ela escutou a voz animada de seus irmãozinhos enquanto pegavam seus Terrores Terríveis, Ragnar soltou uma risada retumbante enquanto acariciava o chifre de seu Pesadelo Monstruoso e Sigrid coçava a barriga de seu Nadder Mortal, que era tão vaidoso quanto ela.
Lenora acariciou o focinho de Randi e coçou sua orelha ━ Ah, seu monte de areia... eu senti tanta saudade.
Houve alguns guinchos e Lenora sentiu alguma coisa rastejando pelas suas botas. Quando olhou para baixo viu três Espectros de Areia bebês, eram malhados na cor amarelo terroso e magenta.
━ Ah, meu Deus, Randi ━ Lenora estava descrente ━ Você é papai!
Lenora se abaixou e começou a brincar com os dragões, eles tentavam mordiscar seu dedo e subiram em seu colo para se enfiarem em sua juba ruiva.
━ Vejam só, Lenora virou titia. ━ Leo se aproximou ━ São bebês fofos, Randi.
Ele se abaixou para acariciar a costa de um. Leo ainda não tinha um dragão, mas Lenora sentia que o dragão dele estava mais perto do que imaginava. Ela olhou além de Randi e viu mais atrás um dragão lindo na cor magenta.
Ela supôs que fosse a mãe dos bebês pela maneira protetora que os olhava. O dragão notou o olhar de Nora e tapou o rosto com uma asa, olhando por cima de sua envergadura de maneira tímida.
A ruiva reconheceu aquele dragão dos livros, era uma subespécie do Espectro de Areia... era um Espectro Doce. Diz a lenda que qualquer Viking que sobreviver a um ataque de um Espectro Doce se apaixonará pela próxima pessoa que encontrar. Tinha manchas mais escuras em suas asas e listras roxas em algumas partes de seu corpo, era de porte médio e menor do que Randi, indicando que era uma fêmea. Era muito raro se ver um dragão daquele por Berk, eram dragões muito especiais.
Lenora cutucou Leo e apontou para o dragão. Os olhos avelãs de seu irmão brilharam ao ver a beleza reptiliana do dragão magenta. Foi amor à primeira vista e Lenora entendeu... Leo finalmente havia encontrado o seu dragão.
Seu irmão levantou lentamente, sem desviar os olhos da criatura, que tirou a asa do rosto e observou Leo de cima abaixo.
━ Ouvi dizer que Espectros Doces cospem açúcar cristalizado e que se você for pego por um, nunca mais consegue sair daquele casulo doce. É mortal e ao mesmo tempo inofensivo. ━ ele explicou.
━ Devia ir lá se apresentar, quem sabe esse é o seu dragão perfeito. ━ Lenora encorajou e Leo ficou hesitante.
Depois de ponderar se precisaria usar a mão esquerda, caso o dragão viesse a devorá-la, ele se aproximou lentamente, lembrando do treinamento de dragões que ganhou de Soluço. Ele estendeu a mão perto do dragão e fechou os olhos. O Espectro farejou sua mão em busca de perigo e logo encostou o focinho, criando o vínculo de dragão e cavaleiro.
━ Olha, Nora... é o meu dragão! Eu tenho um dragão!
Lenora sorriu com a empolgação e pegou um dos filhotes no colo, observando seu irmão interagir com o dragão.
━ Acho que eu vou chamar você de Framboesa, sei que não é ameaçador, mas eu não quero ameaçar ninguém. ━ Leo falou enquanto abraçava Framboesa.
Ela seria o novo membro da família Bjornsen, namorada de Randi e mãe dos filhos dele.
AQUELE FOI O MELHOR SNOGGLETOG de todos.
O Grande Salão estava lotado de vikings, dragões e bebês dragões. As crianças brincavam com seus novos amigos e os adultos faziam brindes sobre o quão gratos eram por suas famílias e pelos novos amigos. Lenora estava tonta com Erick, Leif e Sten correndo atrás dos filhos de Randi, Framboesa os observava com curiosidade, ela ainda estava meio desconfiada, mas logo iria começar a se sentir à vontade. Randi estava devorando seu presente, um banquete de peixes pescados por Lenora, de vez em quando ele gorfava e vomitava o peixe para que seus filhos pudessem comer.
Lenora ajudou Astrid a nomear a ninhada de Nadders de Tempestade. Melequento tentava incentivar os filhos de Dente de Anzol a ficarem em chamas, e isso resultou em seu traseiro queimado. Perna de Peixe abraçava os filhotes de Batatão e os gêmeos ensinavam os Zíper Arrepiantes de Vômito e Arroto a chocarem seus crânios um no outro.
Todos estavam felizes, exceto um certo viking magricela que era o único sem seu dragão. Lenora levantou da mesa e se aproximou do garoto em solidariedade.
━ Soluço.
Ele virou e Lenora viu seus olhos brilhantes de lágrimas solidárias. Era muito injusto todos estarem felizes com seus dragões exceto ele, o garoto que teve o maior vínculo com um dragão.
━ Eu sei que deve ser muito ruim ver todo mundo com seus dragões... exceto você, que não tem nenhum.
Lenora se amaldiçoou. Já estava comprovado que ela era péssima em fazer as pessoas se sentirem melhor. Por Soluço ser mais baixo, ela teve que curvar o joelho, segurar sua bochecha e erguer seu olhar.
━ Mas você fez uma coisa incrível hoje! Obrigada.
Lenora pode ter perdido a chance de dançar com Soluço, mas agora, diante das luzes das velas do salão, diante das risadas fervorosas ela não iria perder aquela oportunidade. Lenora se inclinou e mais uma vez beijou os lábios de Soluço. Ela não sabia o que aquilo poderia resultar, se iriam ficar juntos ou não, mas ela queria transmitir sua gratidão de alguma forma e o beijo lhe pareceu uma ótima ideia.
Soluço ficou vermelho enquanto sentia a maciez dos lábios dela. Ele suspirou, a garota por quem ele estava apaixonado desde criança finalmente estava lhe dando uma chance. Não, ela não estava lhe dando uma chance, aquilo foi só um beijo de gratidão.
Lenora o abraçou bem apertado, sentindo o sangue subir pelo pescoço.
━ Nora, para onde o Banguela foi? ━ sua voz estava rouca e seu coração quebrado.
━ Eu não sei.
A porta rangeu, mas ninguém notou além de Nora. A menina se animou com quem viu. Um sorriso cresceu em seu rosto enquanto Banguela entrava na ponta dos pés e parecia ter algo dentro da boca. Lenora sorriu de maneira maliciosa para o dragão e agarrou os ombros de Soluço.
━ Nossa! Cara, não queria estar no seu lugar. Afinal você trouxe o dragão de todo mundo de volta menos o seu.
Soluço franziu o cenho ━ Olha só, você não está ajudando em nada.
Lenora estava quase para explodir de alegria e simplesmente empurrou Soluço. Ele tropeçou e seus olhos se arregalaram quando viu seu dragão.
━ Banguela! Oi, amigo!
Soluço correu e encontrou Banguela no meio do caminho, lhe dando um abraço apertado. Todos pararam para admirar a amizade que mudou Berk para melhor.
De repente Banguela colocou alguma coisa na cabeça de Soluço e Nora viu que era o Elmo Peitoral que Soluço havia perdido no mar.
━ Você achou meu elmo peitoral! ━ Soluço vibrou enquanto Banguela gorgolejava em concordância ━ Isso que foi fazer? Amigo, obrigado, você é incrível.
Lenora sentiu alguém cutucando seu braço e viu que era Randi todo carente. Ela coçou suas escamas com um sorriso ━ Você também é incrível, seu monte de areia preguiçoso.
Ele deu um sorriso com as presas à mostra. Lenora começou a bater palmas e a gritar FELIZ SNOGGLETOG!
As risadas preencheram o salão e aquele foi o melhor Snoggletog que Lenora podia ter tido.
Framboesa
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