Hey! O capítulo bônus de hoje foi um pedido especial da BolinhoDeMelancia , a quem este capítulo também é dedicado.

Espero que aproveite a leitura 🧡

Antes de começar a ler, não se esqueça de ser um bom gatinho e colocar essa pata na estrelinha aí embaixo, okay?

{...}

Ponto de Vista.
Point of View.

Ou, como é mais popularmente conhecido:

P.O.V

Respirem fundo. Essa palavrinha já me causou muita raiva.

1. Pra começar que eu morro de agonia quando o escritor do livro anuncia bem no início do capítulo:

"P.O.V Jubiscléia"

Não.
Só não, okay?

Você não PRECISA escrever com todas as letras "ponto de vista" ou "pov", muito menos "point os view" (considerando que todos aqui escrevemos em português, certo?)

No no no.

Só coloca o nome do personagem lá. A gente vai entender que é ele quem estará narrando aquele capítulo.
Não precisa ficar anunciando POV pra lá, POV pra cá...
Garanto: nós não somos tão burros assim.

...

Tem alguns casos que acontecem com frequência quando estamos falando de ponto de vista em um livro. Vou falar sobre alguns deles:

1. Só um personagem narra a história

No geral acontece em livros narrados em primeira pessoa e nós vemos a história toda pelos olhos do protagonista.

É o caso de "A seleção", "A Rebelde do Deserto", "Corte de Espinhos e Rosas", e uma penca de outros livros por aí.

Particularmente gosto desse tipo de POV "único". Ele mantém um mistério quanto ao que os outros personagens pensam e, não sei vocês, mas gosto da sensação de não saber  tudo sobre todo mundo.

Os olhos do protagonista são os nossos. Sentimos o que ele sente, somos influenciados pelo que ele fala e assim por diante.

Mas cuidado!
Nem tudo é um mar de rosas.

Porque, sinceramente, por mais que ame o "POV único", se o protagonista for chato... Não vai rolar.

2. POV do casal

Acho que todo mundo aqui já leu um livro em que o autor apresenta o ponto de vista dos dois protagonistas, sim?

Geralmente nos livros de romance pode acontecer de aparecer o ponto de vista do mocinho e da mocinha.

É uma opção que abre portas para aprofundar melhor os personagens, considerando que você pode mostrar os dilemas e os pensamentos de cada um com mais propriedade.

Nesse caso aquele "mistério" sobre os sentimentos e motivações do outro personagem já não pode acontecer (considerando que estamos na cabeça deles). Por exemplo, se antes, no POV único da protagonista, eu não sabia o momento em que o cara se apaixona por ela e tem aquela mudança de sentimentos (para perceber, o leitor tem que ser perspicaz), então agora eu sei de tudo o tempo todo.

Sei o que ele pensa quando olha pra ela.
Sei o que ele sente por ela.
Sei, basicamente, de tudo.

É um modo interessante de narrar a história?
Sim.

E, sendo sincera, gosto dele.
Dependendo do conteúdo do livro e do que o autor quer focar na história, esse tipo de POV encaixa muito bem por causa do aprofundamento de seus personagens.

Não quero dizer que o POV único não faça isso. Ele faz, mas vai exigir um pouco mais de trabalho, já que teremos que esperar que o personagem se abra para nós

Como eu já disse: sou fã daquele mistério de não saber de tudo o tempo todo. Maaaas! Admito que entrar na cabeça de outra pessoa também é bem interessante.

3. Múltiplos POVs

Isso pode acontecer por dois motivos:
1- Há mais de um protagonista na história
2- Há muitos personagens, não necessariamente protagonistas, que são importantes para o desenvolvimento da trama.

Múltiplos POVs é um negócio perigoso e sorrateiro. Pode dar muito certo ou muito errado.

O autor tem que ser muito cuidadoso para não tornar a história uma bagunça, com pontos de vista espalhados pelos sete cantos do mundo.

Sério, tem autor que só falta colocar POV do gato, da porta, da maçã verde!

É necessário que haja uma avaliação minuciosa daqueles personagens que farão a diferença na história.  Nós, como autores, não podemos bombardear o leitor com narrações de personagens diferentes porque corremos o grande risco de confundir a leitura e torná-la cansativa.

Sabe aquele ponto em que você faz tanta questão de que conheçam TODOS, que acabamos embaralhando tudo e tornando todos rasos!

"Ah, mas, Souph, tem tantos personagens bons que criei na história... Não queria deixá-los de lado"

É por isso que existe esse belezinha aqui, ó:

✨Adicionais✨

A trama principal vai continuar objetiva, mas você terá a chance de aprofundar o mundo e outros personagens que não necessariamente teriam espaço no curso original da história.

Usem os adicionais, de verdade (ou spin off, como quiserem chamar)

Eles são meus queridinhos.
E, se vocês forem doidos da cabeça que nem eu, e não conseguem controlar a cabecinha que fica criando história pra figurante da trama principal, então garanto que os adicionais serão seus queridinhos também.

E atenção para o perigo de múltiplos POVs:

Vocês precisam deixar CLARO quem está narrando naquele momento.

É simplesmente terrível quando o autor muda o ponto de vista para outro personagem de um parágrafo para o outro.

Só pra deixar claro: isso não é narração.

É bagunça.

Seguimos, agora, para um tópico importante:

Bora falar sobre a influência do POV na história.

Vejam só, autores, quando escolhemos QUEM vai narrar nossa trama, estamos escolhendo o personagem responsável por manipular o leitor.

Como assim?
Deixa eu dar um exemplo bem claro:

***

Vamos supor que estamos contando uma história sobre uma princesa que foi prometida ao rei de outro reino por questões políticas.

Quando ela se torna rainha, descobre que o rei é na verdade apaixonado por uma amiga de infância que acaba se tornando sua amante não declarada.

Visualizem isso: estamos na cabeça de uma rainha tentando solidificar seu poder numa corte estrangeira. Para isso, ela precisa que a sua posição não seja ameaçada e que as pessoas a respeitem. Se o rei tem uma amante, significa que a rainha é desprezada. Portanto, eis a solução: mandar a amante embora e exigir o comprometimento do rei apenas para com ela, desse modo sua autoridade não seria questionada.

(Porque cai entre nós, quem tem o coração do rei, independentemente do título que carrega, é aquela que possui o verdadeiro poder).

De que lado vocês acham que os leitores vão ficar?

Do lado da rainha, óbvio!
Eles estarão na cabeça dela, sofrerão com ela, enxergarão o mundo pelos olhos e sentimentos dela.

E assim teríamos raiva de um rei comprometido que é apaixonado por outra, e muito mais raiva ainda da mulher que ousa se intrometer no relacionamento da rainha.

Não vai interessar se a amante é um anjo de pessoa.

Aos olhos da rainha (e aos nossos), ela sempre será a vilã.

***

Agora, vamos contar a história de outro ponto de vista, sim?

Estamos na cabeça de uma jovem que cresceu ao lado do futuro rei. Os dois passavam horas e horas juntos como amigos e, eventualmente, sentimentos começaram a surgir.

Ele é coroado rei, mas isso não impede os dois de continuarem juntos.

Acontece que, um dia, surge uma questão política e ele precisa se casar com outra — o que põe em cacos todos os planos e promessas que eles haviam feito um ao outro.

A nova rainha chega e é implacável.
Sua hostilidade com nossa narradora dificilmente conhece a palavra "limite" e ela está fazendo de tudo, para mandá-la embora.

Para longe de casa, para longe do rei, para longe de seus sonhos. É uma mulher fria, pragmática e, até certo ponto, cruel.

Se ela NUNCA tivesse chegado, nossa jovem e o rei estariam em paz.

Agora, deixa eu perguntar:
De que lado o leitor vai ficar?

Do casal separado injustamente, ou da nova rainha sedenta por poder?

É tudo uma questão de QUEM está contando a história.

Autores, jamais subestimem o poder de um POV. É através dele que nós manipulamos o leitor a pensar o que nós queremos que eles pensem. É assim que escolhemos quais personagens serão amados e quais serão odiados.

É assim que fazemos as emoções deles fluírem segundo o nosso curso.

É assim que a história tem impacto, profundidade e veracidade.

Inclusive, a ferramenta que muitos escritores têm usado por aí, é justamente passar um bom tempo mostrando apenas um lado da moeda (que acreditamos ser o que está coberto de razão) e logo depois apresentar o outro lado, que quebra nossas expectativas!

Usem os POVs ao seu favor.

Eles são a chave para a história acontecer do jeito que queremos.

Esse aqui é o último tópico (e um curtinho).

Tem autores que gostam de fazer assim:

Eles narram um acontecimento ou capítulo pelo lado da protagonista e, depois, narram esse mesmo capítulo pelos olhos de outro personagem (o par romântico, pro exemplo).

Honestamente, acho que é uma perda de tempo. Parece que o autor estava sem criatividade e resolveu repetir a mesma narração, só que com algumas mínimas mudanças.

Literalmente lemos as mesmas ações e as mesmas falas duas vezes, e raramente esse outro ponto de vista é relevante.

Óbvio, não é que todos sejam assim.
Há aqueles que acrescentam, de fato, uma informação importante no meio.

Se forem fazer isso, façam bem feito.

Porque eu já vi muitos absurdos, mas gente plagiando os próprios capítulos porque estão sem criatividade é um cúmulo de todos eles.

É isso, gatinhos.
Espero ter ajudado.

Faltou comentar alguma coisa sobre o assunto?

Me avisem se for o caso. Posso responder nos comentários, ou, dependendo, posto mais um capítulo.

Não tenho previsão de outro bônus por enquanto, então não sei quando aparecerei por aqui de novo.

Cuidem-se, leiam e escrevam bastante.

Beijos de gato.
SouphCat 🐈