#30 Meu Clichê (3) 🍁
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Eu parei em 2016, certo?
Ok, detalhe importante: Nas férias de janeiro, antes de as aulas voltarem, eu praticamente ficava o dia todo (todos os dias) conversando com meu crush. Então nesse nível do campeonato eu já estava bem mais apaixonada que antes.
Muito bem, vamos para quem realmente importa aqui: passarinho.
Com o início do sexto ano do fundamental 2, fomos "transferidos" para a nova unidade do colégio. Então o antigo prédio, cheio de memórias minhas e de passarinho, ficou para trás. Mas eu estava bem feliz, já que o novo espaço era mil vezes maior!
De qualquer forma, lugar novo, sala nova, matérias novas, alunos e alunas novas.
Não coloquei em itálico por gracinha.
Uma das alunas novas ficou super popular. E quem melhor para shippar com ela do que o garoto mais popular, certo?
Não vou negar que eu me enchia de ciúmes (principalmente no começo do ano, quando eu e passarinho não estávamos nos falando). Mas também não podia culpar ele por dar em cima de outras garotas.
Até porquê eu tinha outro crush...
ENFIM!
Vou demandar um pouco mais de tempo nesse ano, porque aqui o negócio fica um pouco mais... Complicado.
Mesmo que aquelas coisas fofas tivessem acontecido nos anos anteriores, a relação entre mim e passarinho ainda estava meio fragilizada. Não era como antes, como em 2013.
Passarinho havia crescido e eu também.
Estávamos na tão chamada: pré-adolescência.
Então o que acontecia entre a gente começou a ficar mais sério.
Mesmo com uma penca de garotas atrás dele, ele ainda se lembrou de mim.
E, de alguma forma, começamos a tentar "voltar". Não conversamos sobre isso, nem sobre o que existia entre a gente no passado. Mas havia a vontade de querer estar junto de novo.
Então só deixamos a coisa acontecer.
Devo admitir que ele tomou a maioria das iniciativas, mas não é como se eu tivesse muito espaço para fazer alguma coisa, sabe?
Ele vivia rodeado de pessoas e garotas, e eu estava um pouco ocupada tentando manter minhas notas altas.
O máximo que eu podia fazer muitas vezes era olhar para ele de longe e sorrir.
Mas tem um detalhe importante:
A pessoa que ele era perto dos outros definitivamente não era a mesma pessoa que ele era quando estava comigo.
Existia uma mudança de comportamento até surreal. Com os outros ele fazia tudo o que populares fazem, sabe? Se amostram, falam com autoridade e essas coisas.
Mas quando ele falava comigo ele voltava a ser simplesmente "passarinho".
Ele tinha mais cuidado ao falar, as palavras eram doces e gentis. Ele tinha o cuidado maior em não soltar palavras de baixo escalão, e também sempre sorria. Não aquele sorriso exibido. Mas aquele sorriso feliz e genuíno.
Ele voltava a ser aquele garoto inocente. Aquele passarinho. Meu passarinho.
Para adiantar um pouco as coisas, começamos a nos aproximar depois de um ocorrido bem interessante...
Era uma segunda e, no dia anterior, tinha acontecido uma coisa com o outro lado romântico da moeda, que me deixou bem desapontada e triste. Eu realmente não lembro o que foi, prefiro não lembrar.
Eu realmente estava mal, muito mal.
Comecei a ter aquelas crises de "caramba, será que eu sou iludida?"
Enfim, antes de as aulas começarem, me sentei na última cadeira da fileira ao lado da parede. E fiquei lá filosofando e sofrendo que nem uma idiota.
Meu dia mal tinha começado e já estava horrível. Sem contar que a sala estava uma bagunça, com os meninos correndo entre as mesas e as meninas fofocando no canto.
Nem minhas duas amigas repararam no meu jeito meio pra baixo.
Meus pensamentos estavam longe da sala de aula, estavam vagando em memórias e no rosto de um certo alguém que tinha me magoado pra caramba na noite passada. Eu estava a um fio de chorar.
Mas então um movimento esquisito chamou minha atenção e arrancou meus pensamentos com uma facilidade incrível. Quando eu olhei para frente, me deparei com passarinho. Atrás dele os meninos continuavam correndo, na brincadeira tão sem sentido deles.
Ele começou a fazer graça, fingindo algumas quedas e fazendo caretas. Coisas bobas, porém adoráveis.
Percebi que ele havia interrompido sua diversão e desviado a atenção para mim, porque, de alguma forma, percebeu que eu não estava bem. E foi fazer alguma coisa para me ajudar.
Passarinho não disse, nem perguntou nada.
Mas foi a primeira pessoa que me fez rir e sorrir naquele dia.
Depois disso, com alguns intervalos de tempo (claro), outras coisas aconteceram que nos aproximaram.
1- Na educação física.
Bom, eu simplesmente odeio educação física. Então, sempre que posso, arrumo uma desculpa para não fazer.
Naquele dia o professor me deixou ficar nas arquibancadas da quadra e pediu para que eu marcasse as presenças e as faltas na ata. Claro que aceitei (como a boa aluna que sou) e comecei a fazer o que ele me pediu.
Passarinho também estava nas arquibancadas, já que estava usando calça jeans (e esse não era o uniforme da EDF). Ele estava um pouco longe, mas aí do nada, ele foi e se sentou do meu lado.
Mas ele não sentou do lado, tipo, com um palmo de distância pelo menos. Ele fez questão de ficar bem perto. Muito perto. Muito perto.
A perna dele estava colada na minha, e o rosto dele bem próximo do meu, embora ele olhasse para a ata e não pro meu rosto (naquele momento, rsrsrsrs) dava pra ouvir a respiração dele.
É claro que eu fiquei maluca né.
Ele fez aquilo de propósito e provavelmente sabendo que estava arrancando minha sanidade, principalmente quando ele terminou de me ajudar com a ata e a desculpa para ficar por perto acabou. Então ele começou a conversar sobre... Qualquer coisa que eu não conseguia prestar atenção porque ele estava simplesmente muito perto.
Aí eu tive a brilhante ideia de olhar pra ele.
Pra quê.
Ele tava olhando pra mim e estava MALDITAMENTE PERTO!
Então eu, como a boa menina que sou, desviei o olhar para a ata no meu colo e respirei beeeeem fundo.
A parte sensata do meu cérebro (a que eu escuto na maioria das vezes) me mandou uma luz.
— Você está muito perto.
Foi o que eu disse. Ou melhor...
O que eu deveria ter dito.
Hesitei muito, as palavras quase saíram da minha boca. Mas, no fim das contas, escolhi abandonar minha pose de boa menina e deixar o emocional tomar o controle por aquele momento.
2- Na portaria.
Era hora de voltar para casa. Eu estava na frente da portaria, sentada em um "banco" (não era um banco, mas vou deixar assim para ficar com a compreensão mais fácil), segurando uma coluna bem fina que sustentava a lona do lado de fora pra proteger do sol.
Era uma coluna bem fina mesmo, do tipo que minha mão podia até fechar com facilidade. De qualquer forma, passarinho saiu da parte de dentro da portaria e foi para onde eu estava.
Na minha frente, especificamente.
Ele estava com a cara e o cabelo um pouco sujos de glacê (eu acho que era isso).
Então passarinho também segurou a coluna. Só que, naquele momento, a mão dele quase ficou sobre a minha. Quero dizer, ele quase segurou a minha mão ao invés da coluna. Mas, no fim das contas apenas alguns dedos dele ficaram sobre os meus.
E se ele não quisesse que aquilo tivesse acontecido então ele certamente tiraria ou afastaria a mão. Mas nós dois reparamos e nenhum se afastou.
Eu subitamente tive o desejo de tirar minha mão para colocar sobre a dele. Mas não o fiz. (POR QUÊ?????)
E então resolvi falar alguma coisa...
— O que é isso no seu rosto? Comida?
— É...
— Vocês estavam numa guerra de comida? — Supus.
— Quase isso.
Então eu também tive muita vontade (vocês não têm ideia do quanto eu tive vontade) de limpar o rosto dele.
Também não fiz isso.
POR QUE EU ERA TÃO TÍMIDA COM ELE?!
3- Na aula de matemática.
Ok, essa é a última coisa, vocês já devem estar cansados desse capítulo então vou encerrar depois dessa.
Aula de matemática nunca foi meu forte no sexto ano, mas enfim!
Naquele dia o professor resolveu fazer duplas para resolver os exercícios que ele tinha passado. Como era de se esperar eu acabei ficando sentada no meio da formação das duplas, com a cadeira vazia do meu lado.
Bem triste, eu sei 😔
Mas já era comum e mesmo que eu estivesse acostumada, com dupla ou não, nada me impedia de fazer a atividade.
Então eu comecei a arrumar os materiais, até que uma garota pegou a mochila e foi na minha direção (provavelmente para perguntar se podia fazer a atividade comigo, já que eu era a única opção sobrando). Ela já estava bem perto, tirando a mochila para colocar na cadeira ao meu lado... Quando eu ouvi os passos de alguém correndo atrás de mim e, em seguida (mais rápido do que o Flash) uma bolsa preta foi colocada na cadeira.
A menina arregalou os olhos e deu meia volta, um pouco assustada.
Passarinho apareceu no meu campo de visão com um sorriso no rosto e a respiração ofegante.
— Posso sentar aqui? — Os olhos brilhavam de expectativa.
— Claro. — Foi o que eu respondi, já sorrindo que nem uma idiota porque esse é o efeito absurdo que ele tem sobre mim.
Então ele sentou do meu lado e abriu os materiais.
Conversamos, deixando a tarefa de lado por um primeiro momento. Foram uns quinze minutos de conversa fiada, até que eu chamei a atenção para a atividade de matemática que tínhamos que fazer.
Bom, passarinho literalmente confiscou meu caderno para ficar sentindo o perfume de uma das páginas (era muito bom mesmo), então eu usei o dele e juntos fizemos a tarefa.
Ou pelo menos tentamos fazer.
Se eu já não era boa em matemática naquela época, com ele do meu lado eu simplesmente fiquei burra.
Não dava pra me concentrar em números, caramba! Ele tinha ficado mais inteligente que eu de repente!
Recordo de que estávamos fazendo um cálculo e, acidentalmente, descobrimos uma dízima periódica. Não sabíamos o que era isso. Mas ficamos tentando chegar a uma conclusão exata, o que resultou em boas risadas.
Passarinho e eu a chamamos de "conta infinita".
Mesmo depois de chamarmos o professor e ele dizer o que era, e qual era o nome de verdade, continuamos chamando ela assim.
11 dividido por 3.
3,66666666...
Não importa o que as pessoas digam que é.
Sempre vai ser a nossa conta infinita.
Continuo a história?
Termino aqui?
Vocês decidem.
Obrigada pelo apoio de vocês!
Beijos de gato 😻😽
SouphCat 🐈
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