Capítulo 75 - Incompreendido
Oiêêêêêêê!!! Capítulo novo na área. Estão prontos pra ele?
Vocês estão achando a história muito longa? Esse capítulo ficou um pouco mais longo que o normal. Por favor, deixem suas opiniões!
Lembrando que as suposições médicas são ideias minhas, qualquer semelhança com a realidade é coincidência.
Percebam que agora o Nick está mais irritadiço que antes, mas é somente porque ele já está de saco mais que cheio.
Boa leitura!!!
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"Não é porque existe o antídoto que vamos tomar o veneno."
Yui-En
Nicholas
Há coisas que podemos ter, mas não podemos manter.
Experimentei isso ao pé da letra depois de ter conhecido a Lív. A noite quando os meus amigos, relutantemente, voltaram para casa recebi algumas mensagens, mas algo me dizia que eu me magoaria se as visse então ignorei completamente.
Eu ficava nesse meio termo: me magoar ou magoar a Lívia? A verdade é que não havia solução para esse problema. Como se ela lesse meus pensamentos, ouço a trilha sonora do Fantasma da ópera tocar no meu aparelho celular um bom tempo depois de receber as mensagens.
Guiei a cadeira de rodas até o criado mundo somente para ficar mais pesaroso que já estava. Eu sabia que era ela ao telefone, tinha personalizado esse toque exclusivo para a Lív. Ainda assim eu fui conferir o visor do aparelho. Afastei-me novamente ao som da bela música.
Voltei à varanda onde estava antes e fiquei observando o mesmo céu estrelado que ontem foi cenário do meu primeiro e último beijo com a Lívia. Suspiro alto imaginando como as coisas seriam daqui pra frente, não valia a pena fazê-la sofrer duas vezes, sabendo que ela sofreria após a minha eutanásia.
− Filho! Seu telefone tocando a algum tempo. Você ouviu? - Escuto meu pai falando atrás de mim enquanto giro a cadeira para respondê-lo de frente.
− Sim, eu ouvi. Não se preocupe, pode deixar tocar.
− Não vai ver quem é? E se for...
− Eu sei quem é papai, esquece o telefone. Coloca no silencioso pra mim, por favor? - Ele concorda balançando a cabeça. - Eu quero ir pra cama, vou tentar dormir.
− Vamos tomar seus remédios e escovar os dentes antes, não foi somente para desligar o telefone que vim.
Volto para dentro do quarto e ele faz o que o peço, após escovar meus dentes coloca-me na cama e entra novamente no meu banheiro. Fico olhando para a porta aguardando ele voltar com os detestáveis comprimidos; havia uma indústria farmacêutica inteira no armário da pia onde eles guardavam os meus medicamentos.
Ele me senta segurando minhas costas para que eu fique ereto e com a outra mão leva o copinho com os comprimidos virando na minha boca. O copo com água estava ao alcance de sua mão, no criado mudo.
− Obrigado pai, vou tentar tirar um cochilo.
− Você está bem estressado, por isso vou aplicar uma doze de Midazolam, precisa relaxar Nick.
− Pai, não quero tomar essa po**a pra dormir; o senhor sabe que eu acordo pior do que se eu tivesse passado a noite em claro. - Estou começando a ficar com raiva só de pensar, mas talvez eu escape já que estou me sentindo sonolento.
− Vou pegar a máscara de oxigênio, apesar de não ser seu médico sou seu pai e quero o seu melhor.
− Porque vai pegar a máscara, o senhor me sabotou novamente?
− Sinto muito, meu garoto, eu apliquei enquanto estava ajeitando os travesseiros sob suas pernas. Meu palpite médico é que você precisava e, conhecendo os últimos acontecimentos...
− O senhor não tinha o direito... - Apenas sinto o oxigênio a força por minhas narinas e entro no inconsciente.
Imagem: separador de texto.
Acordo meio grogue com um enorme vazio na cabeça. Vejo o Celso sentado na minha cadeira de rodas - ele tinha a mania terrível de fazer isso -, assim que percebe que acordei dá um salto e vem na minha direção retirando a máscara de oxigênio.
− Estou péssimo! - Fui logo despejando, me sentia muito cansado. A ironia é que parece que corri uma maratona.
− Bom dia pra você também, velho resmungão. - Ele brinca, só mesmo o bom humor do meu amigo cuidador pra quebrar o gelo, mas uma pequena queimação no que eu achava que eram minhas pernas era uma prévia do que viria ao longo do dia. - Pensei que dormiria pra sempre.
− Como é que você ofende seu chefe na minha própria cara? Eu não sou velho e muito menos resmungão. - Tentei entrar no clima, mas uma fisgada de dor me atingiu no momento que deveria sorrir então fiz uma careta deixado o Celso com feições preocupadas.
− O que aconteceu?
− Estou com dor em algum lugar do meu corpo. Tira-me logo dessa cama, parece que ficar deitado aumenta a dor e o desconforto.
− Seu desejo é uma ordem, alteza. - Ele retira o cateter e me leva para o banho a fim de me preparar para o dia. Eu estava exausto e apesar das poucas coisas que já aprontei para que meu pai esqueça a vontade dele e me dê um pouco de credibilidade ainda não foram suficiente.
Eu detestava hospital, mas dessa vez faria um pequeno sacrifício para que ele entenda o que isso me faz mais mal que bem. Quando meu corpo fez o contato com a cadeira de banho, meus braços e pernas começaram com espasmos quase incontroláveis. Celso fez menção de ir pegar o remédio, o que neguei veementemente.
− Vou tomar os remédios junto com o café da manhã. - Desconverso. - Agiliza esse banho que eu vou falar com a dona Tereza pra fazer algo especial.
O pobre cuidador gastou um tempo maior que o normal para me deixar pronto. Ele precisou interromper o procedimento várias vezes para acalmar meus membros desobedientes.
− Eu Estou me sentindo muito cansado, pode me dar uma doze do Midazolam pra que eu possa dormir um pouco?
− Você detesta tomar remédio pra dormir, o que mudou? - Questiona sempre prudente, eu não podia simplesmente dizer: quero apenas dar um susto no meu pai. Seria um golpe de sorte ludibriar o Celso.
− O final de semana não foi como eu esperava. Quando eu estiver tranquilo te conto tudo.
− Tudo bem, vamos descer pra tomar o café e os seus remédios. - Ele balança uma maldita caixinha contendo os comprimidos e abre um sorriso cínico apenas para me irritar. - Vou perguntar ao seu pai se eu posso preparar a doze e te dar.
− Perfeito! - O plano estava caminhando melhor que eu esperava. Vou em busca da segunda parte da ação. - Bom dia, Tetê!
− Bom dia meu querido! Como está se sentindo hoje? - Ela pergunta com sinceridade, era uma pena ter de mentir pra ela, mas infelizmente eu precisava chamar a atenção do meu pai como um menino mimado mais uma vez.
− Eu estava para começar um relacionamento com aquela ruiva que veio aqui, lembra-se dela?
− Sim, não tem como esquecê-la. - Ela fala com ânimo, mas logo desfaz quando não me viu fazer o mesmo. - O que houve?
− O pai dela não me aceitou por causa dessa minha companheira. - Bato no braço da cadeira. - Sabe o que me faria feliz? Um super café da manhã, na verdade quero que o café seja o mais especial. Pode preparar um café irlandês pra mim?
− Claro que sim, meu querido.
− Maravilha! Leva lá pra cima quando estiver pronto, vou comer no meu quarto. Capricha no uísque. - Pisco para ela. Eu havia feito a minha lição de casa, sabia que os benzodiazepínicos, meu detestável remédio pra dormir, não poderia ser ingerido com álcool, na verdade nenhum medicamento ou teria seu efeito potencializado. Eu pretendia dormir até praticamente entrar em coma.
− E aí, vamos tomar remédios? Posso pegar um copo de suco na cozinha. O seu pai concordou com o sedativo. Ele ligou pra o seu irmão vir te monitorar.
− Certo, vamos subir que eu pedi pra dona Tereza levar a comida lá pra cima. Eu tomo os remédios com água mesmo.
− Bom dia, meu filho, sente-se melhor?
− Não mãe, eu vou voltar a dormir mais um pouco. Por favor, eu não quero receber visitas.
− Pode deixar, bom descanso. - Ela encurta a distância entre nós e faz o que ela sempre fez desde que eu era uma criança, coloca o dedo indicador na ponta do meu nariz e me dá a ordem: - Vá comer alguma coisa e descansar, ok?
− A dona Tereza vai levar o café pra o meu quarto. - Informo para minha mãe. Eu quase desisto de executar o meu mini plano assustador somente em ouvir isso da minha mãe.
Tomei os remédios e aguardei meu tão esperado café. Meu pai apareceu no quarto dizer o que iria participar de uma reunião e que o Gabriel viria para checar meus sinais vitais; eu sabia que ele não me deixaria morrer tão fácil.
Vejo a bela xícara de café com o chantilly ornamentando a borda; sorrio de satisfação.
− Obrigado, Tetê, parece muito bom.
− Por nada menino.
− Ei, eu também quero café com chantilly! - Celso exige.
− Só se for em outro momento, não vou permitir que você me inveje. Essa xícara é só minha, e me dá logo um pouco. - Nunca que eu deixaria saber do conteúdo alcoólico dessa bebida inocente.
Celso
O Nick estava bem abatido, parecia um pouco desconfiado, mas isso era o normal dele. Pela falta de animação eu sabia que o final de semana não saíra como esperado. Eu já sabia como funcionava não adiantava pressionar.
Após o café da manhã o auxilio na escovação dos dentes encaixo a escova na sua órtese e fazendo a limpeza apenas segurando sua mão. Acomodo-o na cama e faço alguns exercícios, pois aparentemente ele não irá a fisioterapia.
Enquanto eu calçava meias nos pés dele a mãe e o irmão entram no quarto.
− E aí maninho!!! Como foi o final de semana? - Gabriel pergunta entusiasmado.
− Não quero falar sobre isso, apenas me dê a injeção, quero dormir logo. - O Nick fala com seu azedume habitual.
− Calma aí sr. Bravinho, vou preparar.
Dona Helene se aproxima com um pacote nas mãos.
− Nick, a moça acabou de sair daqui, queria te ver. - Ela fala meio sem jeito.
− O quê!? O que a senhora falou? - Ele arregala os olhos com a informação da mãe.
− Que não estava, que não virá para casa hoje. Falei que estava na clínica de fisioterapia e iria dormir fora. Ela trouxe as suas roupas. - Mal sabíamos que ele realmente não dormiria em casa.
− Mãe! A senhora é uma grande mentirosa, mas obrigado por isso. - Ela vai sem jeito até o armário de roupas e deixa o pacote lá. Retorna continuado seu discurso segurando a cabeça do Nick entre suas duas mãos e sorrindo para ele. Eu entendia o sofrimento dela com relação a eutanásia, ela estava sendo ameaçada de perder o filho pela segunda vez. − Vou para o hospital, seu pai quer que eu participe das reuniões administrativas e também tenho alguns pacientes agora à tarde. Você vai ficar bem?
− Sim, mamãe. Pode ir tranquila. - Agora fiquei na dúvida da veracidade dessa promessa, o Nick estava ou não aprontando alguma coisa?
− Não apronte nada meu amor. Eu e seu pai chagaremos a noite para o jantar.
− A senhora sabe que eu não posso fazer nada, porque diz isso? Eu vou dormir o dia todo.
− Espero que durma mesmo. Ti amo, bambino mio! - Dá um beijo na testa dele.
− Prontinho! - Gabriel sai do banheiro já com a doze do remédio pronta. O brilho nos olhos do Nick me fez ficar em alerta, eu iria monitorá-lo tanto quanto o irmão médico.
− Amo você também, filho. - Dona Helene dá um abraço no Gabriel. - Cuide do seu irmão. Tchau Celso.
− Até mais. - Cumprimento-a.
− Vamos lá com isso, vou passar o dia inteiro coladinho em você ao invés de ir pra droga da apresentação de balé da Anna. Já te falei o quanto eu te amo por ter essa ideia de tomar outra doze do Dormire® logo após se recuperar de uma dose?
− Vai lá então, idiota. Eu posso muito bem ser monitorado num hospital.
− "Tá" brincando? Você acabou de me livrar de uma enrascada. Eu fui assediado por uma coordenadora enquanto passava num corredor vazio a procura do banheiro. Eu não me sinto muito confortável pra pisar naquela escola e nem tenho argumentos pra falar com a Giulia para tirar a Anna de lá.
− Não sei o que ela viu numa coisa feia como você! - Nicholas resmunga e eu não consigo conter a risada. Esse jeito dos três irmãos se relacionarem era peculiar.
− Vamos logo com isso que eu quero começar a terceira temporada de Lost.
− Você e suas filosofias, hein? Não chega nem perto do meu computador.
− Nem se preocupe que vou olhar todos os seus segredos e ler suas cartas de amor. - Ele sorri da própria piada sem graça. Faz a medicação e o Nick adormece menos que dois minutos depois.
Poderia ser impressão minha, mas ele parecia mais ofegante que costumava ser. Eu detestava quando o Nicholas raramente queria tomar esse medicamento ou o pai insistia em administrá-lo sob o meu plantão com o Nick. O Dormire® é um sedativo forte e sua reação no corpo frágil do meu paciente sempre me deixava bem temeroso.
Eu tinha conhecimento de alguns casos dos efeitos colaterais de remédio e isso aumentava o meu nervosismo. O brilho no olho do Nick junto com a minha paranoia me fizeram ficaram de olhos grudados no rapaz da cama. O fato de o Gabriel ter aplicado diretamente na veia acelerou o efeito da injeção.
Vinte minutos de expectativa depois lá estavam os sinais. Seriam frutos da minha cabeça perturbada ou o meu pressentimento ruim se tornando realidade? O Nicholas estava piscando sem parar e isso não é normal para alguém que está 'dormindo', além de espasmos nas pernas, mas essa era uma condição de sua deficiência. Olhai de lado e o Gabriel parecia concentrado na série que assistia no computador do irmão.
Chega de colocar expressões que provocam rugas no meu rosto, pra mim já deu. Levanto e vou buscar o esfigmomanômetro, verifico a pressão arterial para constatar que a pressão estava perigosamente baixa. Conto os batimentos no meu relógio Tommy Hilfiger, presente do meu namorado, e estavam abaixo de cinquenta batimentos por minuto.
− Gabriel tem alguma coisa errada!!! - Praticamente grito. - A pressão e os batimentos cardíacos estão baixíssimos.
− O que foi? - Ele levanta vindo dar uma olhada no irmão. - Só faz cinquenta minutos que apliquei o Midazolam. Merda!!!
Ele praticamente pula em cima do irmão colocando a orelha perto do nariz.
− O que foi? Ele precisa de oxigênio?
− Tarde demais, está com depressão respiratória e precisa ser entubado. Chame a ambulância do hospital, AGORA!!!
E continuou a fazer uma massagem cardíaca alternando com a respiração boca a boca.
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Nota da autora: * Lost - é uma série de televisão norte-americana de drama e ficção científica que seguiu a vida dos sobreviventes de um acidente aéreo numa misteriosa ilha tropical, após o avião que viajava de Sydney, Austrália para Los Angeles, Estados Unidos cair em algum lugar do Oceano Pacífico.
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Se gostar do capítulo deixa sua estrelinha.
Até o próximo capítulo.
Abraços!!!
#gratidãosempre
Capítulo publicado e revisado dia: 25/08/2021
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