Capítulo 64 - Paradoxo
Oi gente!
Passando aqui pra deixar esse presentinho para minha querida leitora Vivi, que completa mais um ano de vida hoje. Parabéns minha amiga!!!
Todo mundo vai ganhar esse presente junto com ela, um capítulo inédito.
CAPÍTULO REVISADO.
Boa leitura!!!
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"Foi com os olhos pequenos que ela viu um mundo gigante. E deixou para trás todas as coisas menos importantes."
Daniele Cezar
Lívia
Um pequeno alvoroço se fez na sala de jantar com todos entrando ao mesmo tempo. Nick soltou o canudo e ficou quieto, parecia que a presença alheia o deixava desconfortável embora todos fossem conhecidos.
− Lívia, menina! Que lugar maravilhoso esse, obrigada por nos convidar também. – Victória vem em minha direção elogiando o lar dos meus avós, e em seguida se volta para Nick sentando na cadeira ao seu lado. – Nick, você vai adorar esse lugar!
− Creio que sim, Vick. – Ele responde sem entusiasmo algum.
− Vamos explorar tudo depois do café. – Ela tenta outra vez.
− Eu preciso descansar um pouco depois do café, você sabe como é difícil pra mim, a viagem foi longa. Mas você e o Rodrigo deveriam aproveitar; leva a Lívia também pra dar uma volta.
− Ah, tá! Até parece que ela vai largar seu pé. – Ela brinca. Eu gostava dela, Lú, Vick e eu acabamos virando um trio.
− Que tal a gente deixar de falatório e começar a comer? O Nicholas precisa descansar e a gente devia fazer o mesmo. – Falo tentando agilizar as coisas.
− Só se for você e o seu amado, lindeza Disney; eu vou colocar meu belíssimo biquíni preto e vou pra cachoeira aliviar todo o meu estresse de ver mínimas, semínimas, colcheias, fusas e companhia em pautas musicais constantemente. – Lúcia dramatiza. Precisávamos ser dedicadas à nossa arte se quiséssemos fazer o vestibular para música. – Por mais que ame meu violoncelo, eu preciso relaxar um pouco. Nem só de música viverá a mulher.
− Viu só o que eu tenho de aguentar, Nick? O Rodrigo não chega nem aos pés dessa chata. – Ele revira os olhos parecendo entediado e cansado, então mudo o assunto. – Vovó, o café está pronto? Vou pegar alguma coisa pra o Nick e eu comermos.
− Ajude-me juntamente com a Célia, pôr a mesa para o café da manhã. – Sigo-as até a cozinha e quando pego a bandejas com copos e xícaras a minha avó fala. – Ele parece cansado, minha querida, seja ágil para que ele relaxe um pouco e recarregue as energias ou não aproveitará a estadia e sei que essa foi sua intenção quando o trouxe.
− Sim, Vó. Vou preparar uma salada de frutas pra ele e também alguns daqueles seus bolinhos com queijo. Ele detesta açúcar.
− Bom saber! – Ela sorri da careta que fiz ao falar do gosto incomum do Nick. – Manterei o açúcar bem longe dele.
Minha avó sai sorrindo e enquanto corto algumas frutas em cubos imagino o que será que meus avós pensam do meu quase relacionamento com Nicholas, sei que eles podem até considerar um relacionamento com o Jefferson para mim. Todavia sou eu que decide com quem quero ficar.
E é com esse pensamento que entro na sala ouvindo o falatório animado dos demais. Assim que entro no recinto o olhar azul-acinzentado dele me prende fazendo meu coração disparar, não sei por que ele causava esse efeito em mim. Nick encerra a conversa com Samuel e me acompanha com os olhos. Aproximo-me e coloco a bandeja a sua frente.
− Precisa de ajuda pra segurar o garfo, Nick? Vi naquele dia que você utiliza algo para encaixar o garfo. – Explico.
− Oh, é verdade. Deve estar na mala que o Celso fez.
− Eu vou pegar. – Saio na direção do quarto que era dos meus pais, levando comigo a bendita caixinha dos seus remédios. Mexo nas coisas dele colocando tudo em cima da cômoda ao lado da foto da minha mãe. Falo com a fotografia por hábito. – Será que é o certo a se fazer, mãe, ficar com o Nicholas mesmo sabendo que ele vai partir sem sequer se dar uma chance de viver? Será que eu sobreviverei depois dele?
Uma pomada de embalagem redonda escorrega da minha mão caindo para debaixo da cômoda. Abaixo-me para pegar e vejo algo brilhante: a presilha de cabelo com clave de sol que minha mãe tentava colocar em meu cabelo cinco dias antes de falecer. Agarro o pequeno objeto levando-o ao meu coração e choro. Ela estava tão fraca e com a mão trêmula quando deixou cair a presilha que não conseguimos achar, até o presente momento.
− Hey, o que aconteceu, minha filha? O rapaz está preocupado, ele queria vir aqui. – Abro minha mão revelando o objeto. – Você encontrou! Onde estava?
− Embaixo da cômoda. – Aponto para o móvel.
− Vamos, pegue o que veio buscar e deixe o resto aí que eu te ajudo a organizar quando ele vier deitar-se. – Seguimos rapidamente para a sala de jantar. Onde eu estava com a cabeça que fui organizar as coisas agora? Ele me lança um olhar questionador enquanto encaixo a órtese em cima da outra que ele usa constantemente.
− O que aconteceu? Eu te faço chorar até pegando uma órtese na minha bagagem? – Não pude evitar sorrir de sua observação.
− Não foi nada, depois conversamos sobre isso. – Comemos em silencio a não ser pelos comentários da Lúcia sobre a chácara e o Rodrigo se metendo.
− Agora eu realmente preciso descansar, viu só? – Ele direcionou o olhar para as pernas que davam pequenos tremores. Concordo balançando a cabeça.
− Vamos! – Desencaixo o garfo e retiro a órtese de apoio para o mesmo, empurrando o Nick de volta para o quarto. Organizo o que eu havia espalhado em cima da cama e posiciono a cadeira ao lado da mesma.
− O que pretende fazer? – Ele questiona percebendo o que farei. – Você não vai fazer o que eu penso que vai, não é? Pra isso foi que o Samuel e o Rodrigo vieram.
− Eu consigo Nick.Não precisa se preocupar com nada. – Falo enquanto calculo uma forma de colocá-lona cama já que esta última é mais alta que o nível da cadeira de rodas. Eu iria precisar de bastante força para erguê-lo.
Eu o abraço, mesmo sob seus protestos, e levanto-o rapidamente quase não conseguindo chegar a beirada da cama. Deito-o lentamente na cama indo junto e, apenas fico ao lado dele exausta pelo esforço; nossas pernas para fora da cama, penduradas.
− Não acredito que fez isso, Lívia! Podia ter nos derrubado.
− Mas não aconteceu, senhor reclamão. Acho que vou ter que treinar muito essas transferências. Você é pesado! – Reclamo.
− E você é teimosa! Eu te alertei sobre isso. Não precisa treinar nada, não haverá necessidade para isso. – Ele rebate.
Lúcia entra no quarto e se joga ao meu lado na enorme cama de casal antes mesmo que eu tenha a chance de responder a reclamação do Nick, tão metida como somente minha amicíssima sabe ser. Rodrigo entra logo após e faz o mesmo ao lado do Nick, a Vick o acompanha e logo a cama está cheia de adolescentes bobos e preguiçosos. O único que não entrou "na onda" foi o Samuel que apenas nos olhava com os braços cruzados junto ao corpo.
− Por que estão aqui? – Pergunto duvidosa.
− Será que eu não vou conseguir descansar mesmo? – Nick reclama com uma falsa expressão de aborrecimento, eu sabia que no fundo ele gostava de toda essa atenção.
− Qual é, Nick? Estamos tão cansados quanto você. – Rodrigo argumenta. Ele levanta em seguida e fala nos expulsando da cama. – Caiam fora daí, cambada de mulheres lindas. O nosso príncipe aqui está adorando o harém, mas realmente precisa descansar.
Rodrigo pega o tronco do Nick e Samuel suas pernas; eles o acomodam confortavelmente sobre a cama, tirando os sapatos e colocando seus tornozelos sobre almofadas bem como os braços. Eles saem com aglomeração, assim como chegaram.
− Você deveria ir com eles para a tal cachoeira. Saia um pouco, o dia hoje está bonito. – Ele fala com uma sutileza que eu nunca vira antes.
− Eu conheço esse sítio como a palma da minha mão. Não há nenhum lugar que eu queira estar senão aqui com você. – Falo largando suas coisas na mala e deixando pra organizar outra hora. Deito-me ao lado dele na cama. – Esse é o seu presente de aniversário, não vou simplesmente largar você aqui e ir pular na cachoeira com aquele bando de manés.
Ele sorri e me encara.
− Você é muito especial, Liv! Diga-me, por que quer tanto ficar comigo? O que eu tenho que chama tanto sua atenção? – Sorri de sua pergunta, eu tinha tantos motivos para amá-lo e muitas respostas diferentes para dar. Perco-me em seus olhos e mergulho em um mar de pensamentos. Acaricio seu rosto enquanto as engrenagens do meu cérebro rodam pensando na melhor resposta.
Ele adormece cedendo ao cansaço, antes de ouvir a resposta. Passo um tempo apreciando seu rosto e levanto para terminar de organizar seus pertences nas gavetas da cômoda o mais silenciosa que pude ser. Seguindo os conselhos do meu amado resolvi que sairia para dar uma volta na propriedade. Antes ajudei minha avó e a mãe do Ronaldo nos preparativos do almoço. Cerca de uma hora depois eu peço à minha avó que ela fique atenta para o caso de Nick acordar.
Caminho até minha árvore favorita e subo nela com um pouco de dificuldade já que minha calça jeans não facilitava na mobilidade para a subida. Abro meu exemplar de Libras básico que imprimi da internet e estava um pouco esquecido,eu não tinha visto ou "falado" com Rafael desde o aniversário do Nick, talvez isso tenha me feito esquecer um pouco dos meus estudos.
Após bastante tempo de leitura e treino eu percebi que o sol estava alto e já deveria ser quase hora do almoço, precisava descer. Pulei como um felino no chão já que o galho não era tão alto. Tomo um susto ao ver o Jefferson saindo de trás da árvore.
− Oi, sumida!
− Oi Jefferson, tudo bem? – Tento ser simpática.
− Agora que eu te vi tudo parece bem melhor. – Ele sorri faceiro.
− Eu preciso ir, já está quase na hora do almoço e eu tenho algumas coisas pra fazer. – Tento me sair da conversa indesejada sendo cortês andando na direção da entrada da casa. Paramos quase em frente a porta principal a uma distância considerável, mas que podíamos ser vistos.
− O Ronaldo me falou que você trouxe um rapaz. Ele é seu namorado? – Será que eu conseguiria fazer o Nick se comportar como tal caso eu mentisse dizendo que sim?
O Jefferson era um pretendente de muito interesse para meus avós, eles não pensavam em se beneficiar, mas em ME beneficiar já que o Jefferson era o filho do vereador mais famoso da cidade, proprietário de muitas cabeças de gado e muitas terras nas redondezas. Eu tinha a sensação que ele me devorava com os olhos quando os colocava sobre mim. Era muito desconfortável conversar com ele.
− Sim, ele é. – Falo desafiando-o a questionar e ele não tarda a fazê-lo.
− Um cadeirante? É sério, Lívia? Faz mais de um ano que não te vejo, quando você veio no natal eu estava viajando, agora me aparece com essa surpresa. Como vai ser esse relacionamento de vocês?
− Eu o amo, não que isso seja da sua conta. – Eu estava possessa, como ele ousa a me questionar isso? – E, esse relacionamento não será, ele é, no PRESENTE. É maravilhoso, apesar dos altos e baixos.
− Amor não enche barriga, minha querida. Eu posso te dar o que quiser, sabe muito bem disso! Vocês pretendem levar o relacionamento adiante e viver da pensão por invalidez dele?
− MAS DO QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FALANDO, JEFFERSON? – Eu deixei a simpatia de lado perdendo a paciência completamente, viro o rosto para a varanda da casa e dou de cara com ele e seus olhos encontram os meus. Como se tivesse um enorme controle sobre mim, seu olhar me acalma e meu autocontrole retorna. – Olha a camisa dele!
− Uma camisa polo, o que tem demais nisso? – Ele pergunta sem compreender. Olho novamente para Nick com a camisa polo slim Ralph Lauren que custava mais da metade de um salário mínimo sem entender o desdém do Jefferson; aprendi a distinguir as roupas do Nick e seus amigos com a Lúcia. – Você foi pra capital arranjar um namorado inválido? Já entendi por que o escolheu, tem a ver com o físico. Você quer se imaginar próximo a sua mãe de alguma forma, não é? Mas beijar ele seria como beijar sua mãe...
Eu senti minha mão arder como nunca antes. A tensão cresceu ainda mais entre nós quando ele levou a mão ao rosto estapeado. Soltou um sorriso sarcástico e eu deixei as lágrimas rolarem. Ele não tinha o direito de falar dela!
− Lívia, o que houve? – Escuto a voz grave e preocupada do Nicholas atrás de mim.
− Nada demais. – Fungo o nariz e limpo meu rosto na barra da minha blusa, ele deve ter achado isso nojento.
Minha avó aparece retirando suas luvas sujas de terra e pergunta a Jefferson:
− Quer almoçar conosco?
− NÃO! – Respondo rapidamente e todos me olham. – Ele tem uma reunião daqui a pouco, não é Jefferson?
− Sim, é verdade dona Fátima. Não poderei ficar mais, agradeço seu convite. – Tenho certeza que minha avó percebeu as marcas vermelhas em forma de dedo no rosto dele, mas não comentou. Ele sai indo na direção de seu carro; o descarado vira mais uma vez e dá o ultimato: − Se você quiser eu posso conversar com seu namorado, Lívia, é só me ligar.
Viro-me para o Nick e encaro seus olhos enigmáticos sem saber o que dizer.
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Não esqueçam de deixar sua estrelinha.
Até o próximo capítulo.
Abraços!!!
#gratidãosempre
Capítulo publicado dia: 12/05/2021
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