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Capítulo 46 - Nem tudo é o que parece ser

Na sequência dos capítulos de carnaval.

PRECISAMOS FALAR SOBRE SEXO: Como sabem esta história trata-se de um romance romântico, portanto fica quase que impossível não ter esse assunto tabú no livro. Eu nunca tive e continuo não tendo, a intensão de abordar o tema explicitamente, tenho leitoras aqui que são menor de idade. O tema será apresentado da maneira mais sucinta e amena possível. 

Espero que gostem da história do casal. 

Boa leitura!!!

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Meu amor, essa é a última oração, pra salvar seu coração.

Coração não é tão simples quanto pensa nele cabe o que não cabe na despensa; cabe o meu amor, cabem três vidas inteiras, cabe uma penteadeira, cabe nós dois, cabe até o meu amor. Essa é a última oração, pra salvar seu coração.

Oração – A banda mais bonita da cidade

Sandra

     Líli me olha mais confusa que nunca.

     − Eu não entendo. – Fala analítica. – Como pode amar o Henry para sempre? E como fica o meu pai?

     − Seu pai fica perfeitamente bem; eu também o amarei para sempre. – Continuo a afagar seus cabelos. – Eles são pessoas completamente diferentes e eu os amo de maneiras deferentes, porém na mesma proporção. Meu coração é enorme e demorou muito tempo para abrigar um amor verdadeiro. Acho que tive sorte de encontrar outra pessoa assim como aconteceu ao seu pai. Ele nunca deixou e nem deixará de amar a Stella e eu compreendo, já o peguei chorando por lembrar algo dela, mas eu não o julgo, pelo contrário compartilho sua dor.

     − Acho que entendi. Mas me fala, você estudou o caso e ligou para ele?

     − Eita, como ela está curiosa! – Rimos juntas. – Nada disso.

~ ~ ~ ~ ~

     Eu sabia que o caso era fraco. Ele gostaria que o estado se responsabilizasse por uma reforma estrutural no centro cirúrgico para que fosse adaptado as suas necessidades físicas. Eles não iriam interditar uma unidade hospitalar de grande porte para modifica-lo em favor de um único médico – de fato, Henry era único. Aquela situação estava me cheirando a raiva, mágoa, impulsividade, vingança. Havia mais nesse relacionamento com o irmão do que ele queria me contar.

     Eu marquei a audiência, intimei o governador, Calum, e o Henry também recebeu uma notificação. Estava totalmente concentrada no frágil caso para tentar pelo menos um acordo.

     Duas semanas se passaram e não recebi sequer um sinal de fumaça do meu ilustre cliente, todavia o dinheiro dos honorários entrava regularmente em minha conta bancária.

     Era final de tarde, já estava escurecendo quando decidi passar no supermercado para abastecer minha geladeira e armário,precisava mesmo de um tempo para mim e o fato de eu morar sozinha não contribuía para que eu fosse mais organizada e regrada.

     Entro no supermercado e começo a escolher os produtos que acho que irei usar em algum momento do mês. Entre ingredientes para massas italianas e sobremesas de mesma origem estava um bom vinho tinto que eu apreciaria assistindo a novela no conforto do sofá de meu solitário apartamento.

     Estava totalmente concentrada nas informações nutricionais de um pote de azeitona quando escuto uma voz que me faz sobressaltar e quase derrubar o recipiente de vidro no chão do mercado.

     − Estou convidado para o jantar? – Foi o que ele disse e eu me assustei.

     − Merda! Que susto! – Ponho a mão livre no coração e dramatizo ainda sem lhe dirigir o olhar. – Ai meu coração.

     − Que bom que cheguei na hora em que necessita de um cardiologista, não acha? – Ele me fala com um ar divertido.

     − Não quando é o próprio médico que me provoca o susto. – Sorrio contagiada por seu bom humor. – Você sumiu e reapareceu de repente.

     − Eu estive ocupado. Mas vamos logo com isso, encerre essas compras de uma vez. Preciso ter você logo na cama, estou com saudades!

     O que!?

     Somente quando escuto uns cochichos é que percebo que algumas pessoas observavam nossa singela interação.

     − Não acha que está sendo muito invasivo, doutor? – Eu pouco me importava com isso, também ansiava conhece-lo mais a fundo.

     − Curiosidade alheia. – Ele fala apontando o queixo para o corredor vazio onde outrora estavam algumas pessoas. – Está de carro?

     − Sim. Quer uma carona? – Falo animada.

     − Eu já ia te oferecer uma. – Ele arqueia uma das sobrancelhas.

     − Você dirige? – Formulo a pergunta idiota antes que eu pudesse me impedir.

     − De que outra maneira eu poderia ter vindo? Minha habilitação é apenas para carro. – Ele sorri da piada evitando que um clima tenso paire sobre nós. É claro que ele não poderia subir numa moto já que as pernas não funcionam. Ele interrompe meus pensamentos com a próxima pergunta. – Vamos?

     − Claro! – Falo empurrando o carrinho e ele toca a cadeira na direção do caixa preferencial.

     – Você pode me seguir. – Ele praticamente ordena.

     − Ou posso ir para casa, não sei. Vou pensar no seu caso! – Finjo desinteresse. 

     − Você é uma péssima mentirosa. Não se faça de difícil! – Ele fala pegando as mercadorias do carrinho e praticamente jogando na esteira do caixa, se errasse o cálculo os produtos certamente acertaria a moça do caixa.

     − Eu não estou mentindo! – Minto.

     − Eu não já havia te dito que sou médico e aprendi a ler a expressão corporal das pessoas? – Ele vence a nossa primeira discussão como casal. O que? Não acredito que pensei nisso. – Vamos?

     Ele me encara, esperando que eu o acompanhe.

     − Preciso pagar pelas compras. – Quando percebo tudo está empacotado e ele me estendendo um cupom fiscal. Rolo os olhos em incredulidade.

     − Vamos logo, Sandra. Eu preciso ir pra casa. – Decido obedecê-lo, não sei por quê. – É melhor trazer o carrinho, minhas pernas não comportam todas essas sacolas. Você me segue com seu carro, certo?

     Fico tentada a largar meu carro no estacionamento e ir com ele, mas não o farei. É melhor ir com calma. Apenas concordo balançando a cabeça. E o vejo entrar no carro com habilidade e colocar a cadeira no banco do carona. Saio disfarçadamente para o meu próprio carro e coloco as sacolas de qualquer jeito no porta-malas.

     Fiquei olhando para a bela fachada do prédio dele enquanto esperávamos o portão eletrônico abrir completamente. Eu mal sabia que moraria aqui pelo resto da minha vida. Eu o sigo pela garagem e o vejo parando em uma vaga larga.

     Fico parada no meio do pátio sem saber onde estacionar; acredito que ele percebe minha confusão, pois coloca o braço para fora erguendo como se me pedisse para aguardar com aquele gesto.

     Eu estava parada com carro em ponto morto e também estava imóvel, pois minha curiosidade sobre a vida do Henry quando o vejo retirar a cadeira de rodas do carro, encaixar as rodas fixamente ao acento da cadeira e se transferir para a cadeira de rodas que estava posicionada ao lado do carro.

     Ele fez tudo sozinho e com muita naturalidade como se fosse a coisa mais "normal" do mundo. Ele se ajeita na cadeira depois da transferência, bate a porta do carro importado e liga o alarme. Fico extasiada com tanta independência e me repreendo na mesma hora por ter esse pensamento preconceituoso.

     Vejo-o se aproximando e tento me recompor da aparência embasbacada para uma mais suave. Ele bate no vidro da janela com o nó do dedo indicador e eu desligo o ar condicionado abrindo a janela em seguida.

     − Estacione ali. – Ele aponta e sigo na direçãodo seu dedo. Ele se aproxima devagar quase arrastando a cadeira. – Deixe ascoisas aí que eu peço a alguém pra vir pegar, precisamos subir para oapartamento. 

     Sigo- o para o elevador. Ele não olha para mim, parece impaciente e até ansioso, eu diria.

     − Está tudo bem? – Resolvo questioná-lo.

     − Sim, claro que sim. Vamos? – Ele sai e me oferece a mão para que eu saia do elevador também. O corredor é largo o suficiente para a cadeira dar um giro de trezentos e sessenta graus. Entramos no apartamento e ele permanece segurando minha mão. Uma senhora vem de outro cômodo para recebê-lo.

     − Dr. Não sabia que teríamos visitas! – A senhora não parece muito feliz.

     − Ela não é uma visita, Eva, é a minha namorada, Sandra. E você sabe que o Henrique com a Marcela vem jantar aqui, não é?

     O que? Namorada?

     − Oi, desculpa. Eu não sabia que ele estava namorando. – Nem eu! Penso em dizer, mas me contenho. Como não respondo nada ela continua. – Quer vir para a cozinha enquanto ele toma banho? Estou preparando o jantar.

     − Claro. – Sigo ela pela casa. Alguns minutos se passam até que o escuto entrando na cozinha. – É um prazer conhecê-la, Eva.

     − Desculpe a demora, precisava de um banho. Você quer um banho também, Sandra?

     − É uma ótima ideia. – Por sorte sempre andava com uma muda de roupas no meu carro. Fico o máximo apresentável que consigo. O jantar o filho e a namorada foi fantástico, ela era tão pra cima quanto ele. Fizeram-me rir quase a noite toda.

     Quando se despediram o Henrique ficou de levar a Eva em casa e eu tratei de me retirar também.

     − Bem, obrigada pela noite. Tenho que ir. – Despeço-me.

     − Não vai ficar?

     − Deveria? Você precisa descansar ou se preparar para o caso eu já intimei...

     − Recebi seu comunicado. Pelo amor de deus, eu e você somos adultos, não precisa sair como uma menina amedrontada. Estamos nos conhecendo e aquela garrafa de vinho que você comprou ainda está fechada. Se não quiser ficar comigo pode dormir no quarto de hospedes, só não vá hoje. – Concordo sentando no sofá, um fogo me consumia e eu percebi que eu me sentia atraída por ele. Talvez eu me arrependesse talvez fosse cedo demais, porém tudo que eu queria era me dar por inteiro para ele.

     − Vou pegar o vinho. – Eu não deveria meenvolver com ele, era meu cliente e a audiência de conciliação seria dali a umasemana. Alcanço a garrafa na bancada, que por incrível que pareça já estava lá,ele deve ter pedido pra alguém pegar as compras; procuro por taças no armário.Levo a garrafa com as taças e encontro a cadeira de rodas vazia: ele havia setransferido para o sofá. 

     − Sandra, eu não farei nada que não queira, só não sei mais como esconder que estou interessado em você. – Ele acaricia minha bochecha com as costas da mão e passa o polegar por meus lábios. – Se você quiser ir embora, achar que isso é um erro, eu vou entender.

     − Só se vive uma vez, não é mesmo? – Falo sorrindo e ele também abre um sorriso com minhas palavras. – Eu quero tudo que puder me oferecer.

     − Uau! – Ele ironiza e sela nossos lábios. Escorrega a mão para trás da minha nuca e aprofunda nosso beijo. Ele estava quase se debruçando em cima de mim. Minha pele reage a cada sensação que sua mão provoca ao encostar na minha: beijando meu pescoço, acariciando minha pele, me levando a loucura. Embora eu soubesse que talvez fosse mais difícil fazer sexo com alguém sem mobilidade eu estava disposta a ir até o fim. – Vamos pra cama de vez, esqueça esse vinho.

     Eu balanço a cabeça positivamente, tão ofegante quanto ele e levanto do sofá. Ele puxa a cadeira e se transfere novamente para ela com uma velocidade incrível. Em um momento de distração minha ele pega-me no colo me dando um susto e me senta em seu colo com seus braços assustadoramente fortes.

     Levanto-me quando chegamos ao seu quarto, sento na cama. Ele quase se joga em cima dela tal a urgência de seu desejo.

     − Eu quero fazer sexo com você desde o dia que te vi naquele escritório. Hoje você não me escapa. – Sentencia e puxa as duas partes do meu vestido simples fazendo todos os seus botões frontais saírem voando.

     Esse vestido já era!!!

     Ele explora todo o meu corpo beijando cada parte que podia com uma adoração que eu nunca recebi de alguém antes.

     − Eu estava apressado para voltar porque estava ha muito tempo sem me trocar. Eu vim direto de uma palestra em outra cidade e quando te vi entrado no supermercado não resisti em ir atrás. – Ele fala sentando-se na cama, interrompendo as carícias. – Quero que preste atenção ao que eu vou falar, minha linda. Eu não sinto absolutamente nada da cintura para baixo e por isso pode ser um pouco mais difícil de concretizamos o ato. Eu utilizo fraldas e sei que pode ser constrangedor, mas prefiro ser sincero.

     − Tudo bem, eu não me importo. – Estava ansiosa para tê-lo dentro de mim.

     − Ouça: eu estou correndo um grande risco de te perder indo tão depressa, preciso que tenha paciência. Talvez você se frustre, percebi que você está totalmente pronta. – Balanço a cabeça impaciente, mas não digo nada. – Isso pode ser um pouco difícil, mas não impossível.

     Ele volta a me beijar e novamente me vejo envolvida pela loucura que suas carícias me causavam.

     Não importa o quão rápido estamos indo, o meu coração já estava decidido: a cada batida acelerada que meu coração dava era apenas e exclusivamente por esse cardiologista. 

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Gente, o que estão achando? Deixem seus comentários que tentarei responder a todos. 

Muitas surpresas virão!!! Não esqueçam de deixar sua estrelinha.

Até o próximo capítulo.

Abraços!!!

#gratidãosempre

Capítulo publicado e revisado dia: 15/02/2021

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