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Capítulo 35 - Voz que encanta

https://youtu.be/kJl2uPNsJEk

https://youtu.be/_lBIbVICSYg

Oi xuxuzinhos, hoje tem capítulo mais cedo para comemorar as mais de 3.000 leituras e eu só tenho a agradecer a todos vocês. Que tal transformar esse número em votos também?Como presente de agradecimento um capítulo recheado das aventuras de Lívia e Nicholas pra vocês.

Vamos para um capítulo importante, hoje (pelo menos eu considero importante). Neste capítulo vocês entenderão sobre a capa que ilustra o livro. 

Os vídeos acima são pra mostrar o estilo de música que a Lívia está cantando. Recomendo que leiam o capítulo ouvindo as canções. 

Boa leitura!!!

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"Chique é quem se veste de si mesmo independente da moda, estação ou tendência."

Edna Frigato

Lívia

     Eu estava envergonhada por ser atendida pela mãe do Nicholas, e mais ainda quando ela disse que entendeu o motivo de ter sangue no colo dele. Fiquei sem jeito de dizer que ele só estava tentando ajudar e isso era uma bela desculpa, pois não combinava com ele, de qualquer jeito ela iria pensar que eu me atirei no colo dele o que não foi de todo mentira.

     Ela ouviu todo meu relato e insistiu na ideia de comunicar a policia, porém a Sandra seguiu firme na decisão de não fazê-lo. A mãe do Nick pediu alguns exames para verificar a profundidade da lesão e também se o hímem havia sido rompido. 

     A Dr. Helene constatou que o sangue não estava estancando – um dos motivos de nossa ida ao hospital, eu não parava de sangrar –,pois o objeto cortante atingiu uma artéria, por sorte não tão importante. Os medicamentos e tratamentos iriam reparar os danos causados ao meu corpo, mas não ao meu coração. Eu fui humilhada. 

     Barganhei com ela para que mantivesse minha situação em sigilo para seu filho. A única coisa boa de tudo isso é que, aparentemente, eu e o Nick somos amigos novamente. Cerca de uma hora depois ela estava em posse dos exames e me falou que estava tudo bem e que me receitaria alguns medicamentos.

     Eu apenas deveria trocar o curativo diariamente até que o corte sarasse por completo. Quando cheguei em casa só queria cair na cama e dormir. Meu pai ficou no meu pé durante toda a semana e ainda tinha a dificuldade de sentar sem que o corte doesse. Sandra saiu em minha defesa alegando que era um "problema de mulher".

     Eu não cruzei com o Fábio esses dias na escola, não sei dizer se ele estava ou não indo para as aulas, porém o melhor e mais seguro pra mim era ficar longe dele.

     Um dia voltei da escola e havia um botão de rosa vermelho com um bilhete escrito a mão – em uma letra meio rabiscada, meio trêmula –, em cima da minha cama, que continha a seguinte frase:

Espero que esteja bem!

N. 

     O perfume no papel – que constatei por levar ao nariz por extinto –, não me deixava dúvidas a quem pertencia aquele "N", o mesmo perfume que senti quando me sentei em seu colo abraçando-o como uma 'tábua de salvação'. Eu reli aquele simples bilhete pelo menos umas cinquenta vezes e coloquei a rosa em um vaso com água, precisava embalsamar aquela rosa para que ela durasse o resto da vida. Esse presente foi muito significativo para mim. Melhorou meu dia em setenta por cento, ele se preocupava comigo. 

     Eu anelava por ver o Nick e sentir esse perfume direto da fonte, sentar naquele colo macio e ser envolvida pelo calor do seu corpo. Parecia que Nick estava sempre febril, era muito aconchegante. Gostaria de ouvi-lo falando comigo na sua voz sensual. Eu estava me comportando como uma adolescente louca e sonhado acordada. 

     Comemorei meu aniversário de maneira simples com um jantar em um restaurante com apenas minha família, meus avós e minha amiga com seu pai. Senti vontade de chamar o Nick, porém o medo de ter o convite rejeitado prevaleceu. Agora tenho oficialmente dezesseis!

     Tenho muitos pesadelos sobre aquela fatídica noite no carro do Fábio, não é algo que esquecerei, mas tento seguir em frente. Não encontrei o Nick sequer no elevador e minha ansiedade por vê-lo só crescia. Talvez ele aceite um convite pra sair e é isso que farei após essa correria com o concerto.

     Hoje, sábado dia do concerto, estou uma pilha de nervos, pois não é fácil ser vocalista oficial. Não sei que desculpas tio Reynaldo inventou, mas o meu pai não questionou minha saída de casa.

     Estava andando de um lado para outro no camarim, fazendo os exercícios vocais constantemente, tudo teria que sair perfeito. Inclusive a Marcela se faria presente e tínhamos que impressioná-la. Eu deveria apenas deixar fluir, como minha mãe fazia. A música me invadiria e faria seu papel em mim.

     Eu amava cantar, não sabia se minha voz era agradável aos outros, mas gostava de cantar para eu mesma. Trazia-me uma grande alegria, paz e eu podia jurar que sentia até a presença da minha mãe.

     Estava desde bem cedo no teatro e Marcela me enviou uma maquiadora e uma cabelereira. Consegui um vestido que eu julgava ser o perfeito e me pus a preparar-me para o espetáculo. Saí do camarim devidamente pronta, vi alguns amigos da escola de música aguardando para entrar e também alguns músicos que me fizeram recordar a infância.

     A hora chegou e um a um os músicos entraram, a Lúcia me deu um abraço desajeitado com seu violoncelo de lado e ela junto com os outros estudantes entraram em seguida, pois sentariam na frente dos músicos principais.

     O coral entrou logo após e esperei o maestro assumir seu lugar e receber a salva de palmas para poder entrar em seguida. Assim como ele recebi uma salva de palmas e sorri, o teatro estava lotado, mas não pude distinguir a feição de nenhum dos desconhecidos já que a única luz presente vinha do palco.

     O repertório era puramente clássico, porém arrojado, com um toque moderno de pop então também teríamos bateria, guitarra e outros instrumentos elétricos. Teria de dividir o palco com alguns colegas em determinadas músicas.

     Meu coração estava um pouco apertado por não poder compartilhar esse momento com nenhum conhecido, no entanto era melhor assim. A única pessoa que ainda pensei foi a Sandra por causa de nossa repentina aproximação depois do que me aconteceu, até passei a chamá-la de mãe e ela pareceu feliz, mas sei que meu pai faria perguntas. 

     Entrego-me totalmente a música e ela faz seu trabalho em mim.

     No final do evento o enorme pátio que dava acesso para a entrada dos camarins estava lotado. Parentes e amigos dos músicos assim como desconhecidos endinheirados vinham cumprimentar-nos o evento finalizou com uma apresentação impecável da Marcela ao piano marcando seu retorno definitivo para o planeta musical. 

     Todos notaram o quanto ela parecia deferente, revigorada contrastando com a última vez que a vimos quando ela parecia mais um cadáver ambulante do que a bela mulher que é. Sua melhora era um mistério e ainda não tínhamos visto ela no pátio, pois a ideia dos alunos era recebê-la com uma salva de palmas ela era importante para muitos desses alunos.

     Alguns cavalheiros que vieram assistir as apresentações vieram cumprimentar-me galantes com um beijo no dorso da minha mão. Lembrei-me das palavras da professora Marcela que dizia em tempos passados quando ainda estava com o noivo: minha mão pode estar repleta de saliva mais o importante são as doações.

     Fiquei alguns minutos sorrindo para o nada observando as pessoas, até o tio Reynaldo vir me dar um abraço.

     − Hey, estou orgulhoso de você. Cantou muito bem esta noite. – Ele sorriu e me abraçou. – Sua mãe teria muito orgulho! Eu vou procurar a minha filha desnaturada que deixou a amiga aqui sozinha.

     Quando ele se afasta refaço meu trabalho de olhar o aglomerado de pessoas. Até ouvir uma voz que faz meu coração acelerar e minha pele arrepiar. O pânico se instala no meu ser e eu mal consigo formular uma frase.

     − Está linda esta noite. Não sabia que você gostava de cantar. – Fábio sorri malicioso.

     − O que está fazendo aqui? – Pergunto ficando desesperada, pois a cada passo que eu dou para trás ele dá um a frente.

     − Isso é modo de tratar seu anfitrião? Vim fazer minha doação como os demais nesse evento. – Ele ergue a mão para me tocar no rosto e eu começo a tremer.

     − Por favor, não faça isso, o Nick não vai gostar. – Falo a primeira coisa que penso, eu estava encurralada.

     − Nick? O que o Nicholas tem haver se eu te tocar ou não?

     − Ele é meu namorado! – Eu teria de conversar com meu vizinho depois e explicar-lhe porque eu o usei como uma medida desesperada antes que essa história chegue aos ouvidos dele.

     − Namorado, aquele inútil? – Ele gargalha e avança ainda mais. – Se é seu namorado por que ele não está aqui te prestigiando ou te vigiando? Afinal se relacionar com um cara como ele é motivo para muitas escapadas, não acha querida? 

     − E-le não pôde vir! – Eu não sabia mais o que argumentar e já estava entrando em pânico. O corte parcialmente sarado latejava me fazendo recordar o monstro que o Fábio era.

     − Ela tem toda razão! Não gosto que toquem no que me pertence ainda por cima sem autorização. – Ouvi a voz grave que faz o meu coração acelerar de maneira boa e ambos olhamos para Nick como se para conferir que era ele mesmo. E sim, era o meu herói barra príncipe.

     Ele estava entrando no jogo que eu o envolvi. Resisti a vontade de buscar a proteção no seu colo que eu almejava naquele momento.

     − É sério? – O Fábio tocou minha testa com a ponta do indicador como para desafiar o Nick e eu quase desfaleci com o toque.

     − Vá embora! – Nick rosnou e eu nunca o tinha visto tão transtornado, sua respiração estava alterada e era audível. O pai dele, que soube que se recuperava de uma recente cirurgia no coração estava atrás da cadeira, pois o havia empurrado até ali e dava pequenas pancadas no ombro do filho para contê-lo.

     − Bom, isso fica ao meu critério. Diz-me aí, o que você vai fazer? Levantar dessa cadeira e me dar um soco? – Fábio ri novamente e aproveito sua distração para me afastar um pouco. Nick permanece calado, acho que era exatamente isso que ele tinha vontade de fazer, bater no Fábio. – Foi o que eu pensei. Mas vou logo te dar a dica, essa cadela aí não vale a pena. Usei e joguei fora. Agora eu deveria te fazer algo pra te mostrar como um homem de verdade briga. Eu poderia te esmagar como uma barata.

     − O que vai fazer? Bater num cadeirante? Eu sei que você não pode com alguém do seu tamanho então ameaça quem lhe é inferior em força. – Fico tão desesperada com a possibilidade de ele machucar o Nick que nem prestei atenção às duras palavras sobre mim, pois Nicholas não queria ficar por baixo e o atingia com palavras.. Eu me jogaria na frente dele se preciso fosse.

     Ele mal dá um passo na direção do meu vizinho e é derrubado com um baita soco que fez seu nariz sangrar, sinto um par de braços magros me envolver e me afastar um pouco da confusão. Sandra me abraça com um pouco mais de força.

     Uma pequena aglomeração se forma ao nosso redor e vejo a rainha da noite furar o bloqueio para acabar com a confusão. Acompanho a Marcela com o olhar, ela está em um vestido sereia longo e uma maquiagem impecável. Ela para ao lado dos dois homens no chão e percebo que o que está abaixado na frente do Fábio é o meu pai enquanto o pai da Lúcia tenta convencê-lo puxando seu braço, ajudando-o a levantar e sair dali.

     − Nunca mais fale qualquer coisa da minha filha, entendeu? – Ele berrava apontando o indicador para o Fábio.

     − Já chega Theo, levanta daí. E você vai embora Lince, já chamei o seu pai e ele concordou em se retirar mais cedo esse ano. Acho que você tomou muito champanhe, hein? Vem, eu te ajudo a levantar. – Ela estendeu a mão para o Fábio e se equilibrou em seu salto de quinze centímetros que era possível ver graças a fenda na lateral do seu vestido. Enquanto ele saia humilhado pelo soco do meu pai ela falou um pouco alto. – Peço desculpas pelo ocorrido, senhoras e senhores, tudo já foi resolvido. Theodoro, não era pra tanto. – Ela ralha com meu pai.

     − Desculpa por isso, Marcela. – Não ouço mais da conversa, saio em direção ao Nicholas que ainda parece nervoso.

     − Oi Nick, obrigada por me defender. – Abaixo-me da melhor maneira que o vestido permite ficando da sua altura para conversar olhando em seus olhos.

     − Não tem o que agradecer senhorita. Por que eu não defenderia a minha namorada?

     − Ah, isso...

     − Depois conversamos sobre isso, precisa me explicar porque você estava tão nervosa a ponto de quase sofrer um colapso na frente do Fábio. Essa rosa no meu colo é para você. – Sorrio pegando o botão de rosa vermelha em seu colo e levando ao meu nariz. – Você estava perfeita.

     Eu começo a arfar e encaro seus lábios rosados contornados por uma barba perfeitamente aparada. Tenho muita vontade de beijá-lo. Me perco em seus olhos azul profundo.

     − Obrigada, alteza!

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Até o próximo capítulo.

Abraços!!!

#gratidãosempre

Capítulo publicado e revisado dia: 09/01/2021

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