Capítulo 33 - Lanterna dos afogados
Feliz 2021!!!
Como estão? Estou publicando um dia mais cedo pra não correr o risco de não sair o capítulo amanhã. 🤭
CAPÍTULO REVISADO.
Boa leitura!!!
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"Uma noite longa pra uma vida curta, mas já não me importa basta poder te ajudar. E são tantas marcas que já fazem parte do que eu sou agora, mas ainda sei me virar."
Herbert Vianna
Narrador
Gabriel sai do quarto de Nick na companhia do pai e percebe que este está um pouco calado, mas não questiona já que o pai é costumeiramente reservado. Ele vai em direção à cozinha para pegar água para Nick tomar os medicamentos.
William senta no seu lugar de antes sentindo as fisgadas no peito provocadas pelas palavras do filho. Vê o gêmeo mais velho subir e só então se pronuncia por socorro.
– Rafael! – Ele chama sentindo a dor agonizante na região do coração. – Rafael!
Na cozinha Rafael observa a sobrinha se fartando com um pedaço de bolo até que Tereza chama sua atenção.
– Seu pai está te chamando na sala. – Ela gesticula e ele a olha confuso.
– Ele esqueceu que o filho não escuta? – Ele faz chacota, mas ela não ri.
– É melhor você ir, parece sério. – Ele larga a Anna e corre até a sala onde encontra o pai encolhido no sofá com uma careta de dor. Pega o rosto do pai para que este o olhe.
– Pai o que houve? – Ele gesticula preocupado.
– Preciso ir para o hospital agora ou não irei resistir.
– Eu levo o senhor, então.
Rafael dirige até o hospital pertencente aos pais e chagando lá após certificar-se que seu pai já estava em atendimento envia uma mensagem para o irmão estar ciente dos últimos acontecimentos:
"Preciso que venha para o hospital, o papai foi internado e eu tenho que viajar daqui a duas horas."
Ele recebe uma resposta alguns minutos depois.
"Acho que ele ouviu minha conversa com o Nick sobre o que você me contou e acho que não digeriu muito bem a notícia. O que ele tem?"
"Eu ainda não sei, ninguém falou nada ainda Gabriel."
– Dr. Gabriel, dr. Gabriel! – Uma enfermeira chama sem obter resposta até que ela decide tocar seu ombro, fazendo o Rafael virar num movimento rápido. – O seu pai foi levado para a observação, o senhor pode atender a algum paciente hoje, estamos lotados?
Por sorte a moça tinha a fala meio arrastada e ele foi capaz de compreendê-la.
– Sou Rafael! – Ele se explica com sua voz rouca anasalada. Ela apenas concorda com a cabeça envergonhada pela confusão. – Chame Dr. Félix.
Rafael ignora o que parece ser a sexta chamada de vídeo feita pela Marcela. E vai sentar na recepção. Apesar de ser um dos herdeiros da empresa em questão ele nunca se sente a vontade nesse ambiente. Ele passa um momento em contato com a Andréa – apenar de não ter mais um relacionamento amoroso eles continuam o relacionamento profissional – para saber como andam as coisas no escritório e confere novamente o horário do seu embarque no aeroporto.
Ele sente uma mão suave no seu ombro. Félix era o amigo mais próximo ao seu pai e também seu padrinho de batismo, tinha tanta consideração por ele que até mesmo aprendeu Libras.
– O que aconteceu com seu pai? Ele não está muito bem! Teve um mal súbito que se agravou por causa de algumas artérias obstruídas ao redor do coração. – O Dr. Félix questiona o afilhado.
– Ele recebeu uma notícia nada agradável. Foi isso.
– Entendo. Essa notícia somada com a falta de noites adequadas de sono desencadeou um princípio de infarto no seu pai.
– Ele vai ficar bem?
– Ele teve sorte que você o trouxe rápido. – Rafael suspira aliviado com as palavras do padrinho. – Mas não significa que está fora de perigo.
Ele se entristece e se acomoda na cadeira, inclinando a cabeça para trás.
Alguns minutos antes...
O telefone do Gabriel vibra e ele encara a tela com surpresa ao saber que o pai estava hospitalizado como dito na mensagem do irmão. Os cuidados com o Nick eram minuciosos e isso exigia longos minutos de quem o fazia. Ele jamais vira o irmão tão fragilizado desde o dia em que teve alta do hospital a mais de três anos como o vira hoje.
Levou os medicamentos que o Nicholas precisava tomar diariamente e algo comestível mesmo sabendo que o irmão não comeria. Uma vez dentro do quarto arrumou um tempo para responder a mensagem de seu gêmeo. E tomou a difícil decisão de contar a notícia ruim para o frágil irmão, era certo que ele surtaria, mas com sorte o remédio logo faria efeito e assim o foi.
Sai apressado ao constatar que o outro dorme profundamente e encontra a mãe também descendo as escadas – outra personagem que surtaria ao saber do estado do marido.
− Mamãe, eu preciso sair, vou atender a uma chamada de emergência no hospital, o papai já está lá. – Omitiu. – O Nick adormeceu e precisa ser trocado de posição daqui a algumas horas. Vou ligar para a Giulia vir buscar a Anna amanhã pela manhã.
Dona Helene concorda com um sinal de cabeça e ele se surpreende por ela não ter feito nenhuma pergunta. Ele sai pegando o casaco do terno deixado no braço do sofá e se despediu da mãe com um beijo na testa. Colocou o blazer que o deixava com sua bela aparência realçada já dentro do elevador e seguiu para seu carro.
Gabriel segurava o volante tão forte que os nós dos dedos estavam brancos, tamanha era sua aflição, enquanto o velocímetro marcava cento e dez quilômetros por hora nas ruas quase tranquilas da cidade.
Se o William não resistisse seria um grande motivo para o irmão mais novo acelerar a viagem para a clínica Dignitas e consequentemente para sua morte. Essa família não suportaria tais eventos e os parentes mais próximos da família D'amico pouco se importariam, pois não eram nada próximos. O próprio Nicholas mal recebia uma visita a não ser dos pais da Helene, os irmãos desta sentiam inveja pelo sucesso do cunhado nos negócios e os sobrinhos iam pelo mesmo caminho.
Parou o carro desleixadamente no estacionamento do hospital ocupando duas vagas e adentrou com pressa no luxuoso prédio. Estava tão tenso que podia jurar que suor escorria pelo rosto. Avistou o irmão conversando com o padrinho dos dois e capitou todo o assunto pelos sinais de Libras que o médico fazia para Rafael.
− Oi, como o papai está agora nesse momento? – Gabriel continua a conversa silenciosa em que os dois estavam envolvidos, agradecia mentalmente pelo Dr. Félix saber a língua de sinais, pois não queria especulações pelo hospital de que o proprietário estava a beira da morte.
− Ele está na cirurgia. Terá de fazer uma angioplastia coronariana com balão para regularizar a circulação sanguínea causada pela notícia forte. Vocês sabem que seu pai já tem mais de 60 e os últimos anos não tem sido fáceis para nenhum de nós.
− Vai dar tudo certo! – Gabriel fala olhando para sua cópia temerosa. Mas no fundo ele não sabia se suas palavras eram verídicas. – Ele vai sair dessa, eu vou te deixar no aeroporto, você precisa se recompor e fechar seu novo contrato com os espanhóis. O manterei atualizado sobre o estado dele.
O outro apenas concorda e ambos saem para seus respectivos carros para pegar as malas do Rafael e ir posteriormente para o aeroporto internacional. Gabriel manda uma mensagem sobre o pedido de Nicholas para seu cuidador, Celso, providenciar no dia seguinte e sai com o carro. Tais adversidades na vida de ambos aproximaram ainda mais os gêmeos outrora afastados.
Em casa dona Helena suspeita da atitude dos filhos e marido decidindo ligar para seu hospital.
− Alô? Oi Karen, boa noite. Eu gostaria de saber onde está o Dr. William, ele deixou o telefone em casa.
− Boa noite Dr. Helene. Que eu o saiba ainda está na cirurgia!
− Houve uma emergência cirúrgica na neurologia?
− Bom... – A recepcionista parece surpresa pelo questionamento. - ... o Dr. William deu entrada na emergência da cardiologia. Ele está no centro cirúrgico da cardiologia.
Dona Helene cai sentada no sofá ao lado do celular do marido.
− Tudo bem, obrigada. – Desliga. Vai para a cozinha e olha ternamente para a neta. – Tereza, infelizmente não poderei te liberar para ir pra casa esta noite. Preciso que fique com meu filho e com a Anna. Vou para o hospital.
Ela dá as costas antes que dona Tereza possa dizer algo e segue para o andar de cima. Entra no quarto do filho e deposita um beijo casto em sua testa.
− Te amo, meu filho! – O tórax do Nicholas sabe e desce numa respiração forçada pelo marca-passo, porém tranquila e compassada. Ela se encaminha à saída do apartamento. Uma vez que estaciona o carro ainda trêmula pela noticia delicada que recebeu e entra no hospital, ela logo é abordada por uma enfermeira chefe.
− Eu sei que a senhora deve estar triste pelo seu esposo, mas temos um caso muito delicado na ginecologia que eu gostaria que a senhora desse uma olhada, eu não sei o que fazer. Eu já estava pensando entrar em contato para a senhora vir.
Ao ouvir a menção do nome "esposo" seus olhos ameaçam lacrimejar em abundância e em sua garganta surge um nó, talvez por isso os filhos a pouparam. Ela afasta os sentimentos negativos para longe, precisa se apegar ao fato de que o marido de longa data é um homem forte.
Dra. Helene encara a mulher sem entender a aflição de uma profissional tão experiente como aquela. Por certo seria melhor ocupar a mente com algo que não fosse a situação delicada do homem da sua vida. Então ela se deixa ser guiada para o consultório onde o assunto tão delicado dessa paciente que a enfermeira não foi capaz de resolver a esperava.
− Dra. Helene, esta é a Lívia! – Helene fica a olhar, perplexa, para a face vermelha e banhada de lágrimas da moça.
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Obrigada por estarem comigo até aqui. Espero estar com vocês durante todo o ano (a série tem mais dois livros) e compartilhar mais emoções desse quase casal.
Estou lançando mais um desafio: se este capítulo obter pelo menos 15 votos eu publicarei DOIS CAPÍTULOS antes do final da semana ou assim que completar os 15 votos. Este será o último desafio da trama caso este não seja cumprido (nenhum desafio foi cumprido apesar do número de leituras). Já estamos na metade da história.
Por favor me digam de qual personagem vocês mais gostam e se gostaria de ver um capítulo bônus com algum deles.
Como diz o meu amigo @eduarthmaul , "A gente se lê por aqui".
Abraços!!!
#gratidãosempre
Capítulo publicado dia: 01/01/2021 e revisado dia: 08/01/2021.
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