Capítulo 121 - Depois de você
Oi, xuxus!
Preparem os lencinhos para dar adeus aos nossos personagens. ÚLTIMO CAPÍTULO!
Capítulo não revisado!
Boa leitura!!!
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"Palavras não bastam, não dá pra entender. E esse medo que cresce não para, é uma história que se complicou eu sei bem o porquê.
Qual é o peso da culpa que eu carrego nos braços? [...] A maldade do tempo fez eu me afastar de você.
E quando chega a noite e eu não consigo dormir, meu coração acelera e eu sozinha aqui. Eu mudo o lado da cama, eu ligo a televisão, olhos nos olhos no espelho e o telefone na mão.
Pro tanto que eu te queria o perto nunca bastava e essa proximidade não dava. [...] Nem a maldade do tempo consegue me afastar de você. Te contei tantos segredo que já não eram só meus. [...] Entre palavras não ditas tantas palavras de amor, essa paixão é antiga e o tempo nunca passou."
A Noite – Tiê
Nicholas
Recebi a visita do meu melhor amigo no dia seguinte, felizmente ele tinha ligado pra Daniela pedindo que cancelasse nossos compromissos menos urgentes e que transferisse nossos casos mais urgentes para outros advogados associados.
Eu estava péssimo, não era fácil esconder isso, portanto decidi contar de uma vez que a Lívia foi embora de vez. Para minha surpresa a pessoa que mais me apoiou além do meu amigo foi a mais inesperada. A Lúcia se mostrou muito madura mesmo que estivesse magoada.
Eu não consegui falar cinco palavras sem derramar algumas lágrimas. Ela começou a enxugá-las e falou suavemente:
− Nick, eu sei que embora você aparente ser durão, não passa de uma criança assustada. Não vai ser fácil, mas você vai conseguir superá-la. Eu também partilho da sua tristeza, ser madrinha do meu bebê por vídeo conferência não é a mesma coisa.
− Eu sei, Lú, sinto muito por ela ter ido embora, certamente a culpa foi minha. – Não consigo parar de pensar no que eu poderia ter dito de diferente. Resolvo confessar o que eu estava sentindo nas últimas semanas. – Eu só quero que a Lív fosse mais aberta comigo, eu queria protegê-la da maneira que eu pudesse e ela nunca me pediu desculpas pelo flagra com o cara dando em cima dela sem que ela fizesse nada.
− Calma Nick! – Sam fala. – Você vai dar a volta por cima, como sempre fez.
Nesse tempo ouvimos um pequeno movimento na sala, estávamos no meu quarto. Por sorte a Estela estava na escola, mas eu não sei como explicaria a ela que a mamãe foi embora.
− Filho, o pai da Lívia quer falar com você. – Minha mãe fala entrando no quarto.
− Pode pedir pra ele subir, por favor? – Aí vem bronca! Ela concorda e sai. – Quero que os dois fiquem aqui, não quero perder a paciência. Se por acaso eu perde me avisem.
− Olá, Nicholas! Bom dia! – Ele me cumprimenta parecendo aquele homem simpático que conheci no elevador tantos anos antes. – Eu gostaria de saber se você sabe algo a respeito da minha filha ter tomado uma decisão radical de se mudar para os Estados Unidos do dia para noite. Ela te falou quando voltaria?
− Bom dia, Théo! Eu só fiquei sabendo disso ontem a noite e infelizmente nós terminamos então não sei quando ela volta e se volta. Mas sinceramente eu acho que ela vem planejando isso há semanas, não foi do dia para a noite. – Falei tudo que suspeitava, eu já não tinha um bom relacionamento com a Lívia fazia tempo.
− A Lívia não é a mesma desde que acordou, ela costumava me contar tudo, tínhamos um excelente relacionamento. Não sei o que deu na minha filha, e o pior é que não posso impedir, ela já tem mais de vinte anos. – Eu o compreendia e até via um pouco do pai desesperado que o meu pai foi um dia quando eu estava prestes a ir para a Suíça.
− Ela vai ficar bem, foi apenas estudar. – Era o que eu queria acreditar. – Não temos mais nenhuma ligação a não ser a nossa filha que ela queria levar.
− Levar a Estela com ela? – Ele pergunta surpreso.
− Sim, mas não permiti.
− Fez bem, não seria saudável deixa-la com a Lívia que parece estar fora de si nesse momento. – Ele foi super sensato, acho que só queria saber se teria a filha de volta, mas isso só poderia ser respondido pela Lívia.
Levei semanas para voltar à minha rotina. Não nego que sinto muita falta da Lívia e receber uma mensagem dela deixou minha cura interior ainda mais difícil. Na verdade ela entrou em contato com a minha mãe para saber como a Estela estava e para avisar que mandaria dinheiro assim que possível.
Naturalmente, pedi a minha mãe que lhe oferecesse dinheiro, eu estava preocupado com a Lívia, por isso tive a brilhante ideia de contratar um detetive para me fornecer informações sobre ela.
Levou ainda dois meses para que ele a encontrasse, pois ela não falou para qual estado ou escola iria. Um ano se passou e eu recebia atualizações sobre a princesa Disney semanalmente.
Meu amigo estava sentindo o prazer da paternidade, ele estava radiante, a Lú deu à luz a um menino. Fomos até o cemitério contar a novidade para o Rodrigo, apesar da perda a vida mostrava que a esperança nunca morre nos presenteando com essa dádiva inestimável. A Lúcia era uma mãe incrível, mas nunca mais falou sobre a amiga. Ela me ajudou com a Estela por diversas vezes, quando a presença da Lívia se fazia necessária.
Eu nunca soube enfrentar muito bem essa situação. A Lívia sempre sabia o que dizer. Se ela visse o semblante da Estela triste logo soprava algumas palavras no ouvido da filha e esta voltava a sorrir largamente. Depois da "mágica" da Lívia a minha pequena novamente envolvia-me em suas brincadeiras me delegando uma tarefa que fosse dentro das possibilidades.
Não sei porque nunca perguntei o que a mãe dela dizia, mas acredito que não há magia alguma, a Liv é a própria magia. Ela tinha um brilho próprio que foi apagado pela perda da memória. Eu a vi tantas vezes juntando seus cacos sentimentais, lembro-me de mim mesmo quando entendi que não andaria mais, eu quebrei; atribuo à minha falta de paciência com ela o motivo do nosso relacionamento ter fracassado.
Tinha de lidar com seus planos cancelados, sonhos interrompidos e os sentimentos que foram arrancados de seu coração. Ela parecia constantemente perdida. Lívia tem uma aparência comum que nunca me chamou a atenção até que eu a conheci por inteiro. Já me relacionei com mulheres mais bonitas, fisicamente falando, embora nenhuma tenha mexido comigo como ela fez; isto que eu sinto com certeza é amor. O caráter de Lívia era sem igual, ela me fazia muito bem.
Ela me amou e me aceitou com toda a bagagem que trouxe para nosso relacionamento, suportou muita coisa e eu não fui capaz de fazer o mesmo. Agora que não a tenho mais é que repasso cada atitude que tomei, cada palavra dita. Eu não pude ser um porto seguro para ela como ela foi para mim.
Preciso tomar o controle da minha vida, afinal agora cuido integralmente da educação de nossa filha, apesar de elas se falarem todos os dias por videoconferência. Eu quero estimular a aproximação das duas porque Lívia se mostrou a melhor mãe que alguém poderia ter, apesar de estar distante.
Sempre que ouço a voz da dona do meu coração tenho vontade de vê-la, falar com ela, saber se tem alguém em sua vida – apesar de que ninguém a amará mais do que eu amo –, mas a realidade bate em minha porta: Lívia é livre e pode namorar quem quiser porque isso não é da minha conta.
Como se eu adivinhasse a atualização que recebi essa semana incluía uma foto dela beijando apaixonadamente um desconhecido, o ciúme me corroeu, mas ela não faz mais parte da minha vida. Tomei a decisão que deveria ter tomado a muito tempo, segui em frente.
Preciso aceitar que acabou!
A minha primeira atitude para eliminar a Lívia da minha vida foi encerrar o contrato com o detetive, eu não precisava mais espionar a mãe da minha filha.
Não invado a privacidade da minha filha; esse momento com a mãe é apenas delas duas. Tudo que diz respeito à criação da Estela eu trato com a Lívia por mensagem, ou melhor, minha mãe o faz. Ela pediu que o nosso contato fosse assim, o mínimo possível, e respeitei seu desejo.
Minha mente criativa não impede que eu pense em coisas que não deveria e sinta um ciúme avassalador, embora esteja me livrando disso aos poucos. Sei que ela deve estar recebendo abraços de outros braços e beijos de outros lábios; mais uma vez me forço a lembrar de que isso não é da minha conta, não temos nada que nos ligue a não ser uma menina preciosa. Meu peito se enche de consolo por pensar que o sangue de Lívia e o meu correm juntos nas veias da nossa estrela.
Lívia, mais do que qualquer outra pessoa que eu conheça, merece ser feliz. E apesar de disso, eu não era diferente, também mereço ser feliz. Assim sendo comecei a me focar no que realmente importa além da minha filha: meu crescimento profissional e pessoal.
Eu estava tão focado na minha pessoa que não percebi que precisava conhecer outras pessoas. Eu viajei para a Europa com a Estela e meus pais, fomos para Évora. Intensifiquei ainda mais meus exercícios e fisioterapia. Comecei a praticar esportes adaptados e até ganhei um campeonato.
Todo esse preparo físico me rendeu outras conquistas; apesar de eu não conseguir utilizar as mãos para nada eu consegui fazer uso da tecnologia e de treino para sair da cama. Quando fiz o pequeno avanço de me transferir sozinho da maca para a cadeira de rodas passei a fazê-lo constantemente, desde o sofá da sala – minha mãe trocou pelo menos umas sete vezes o sofá ridículo do qual a Lívia caiu – até da minha cama para a cadeira.
O problema era que eu não conseguia erguer o tronco sozinho e sentar na cama, apesar de já conseguir me sentar sem apoio de nada, utilizando apenas meus próprios braços como apoio. Para que eu conseguisse fazer toda a transferência sozinho a cama foi substituída por uma cama hospitalar eletrônica que me erguia ao ponto de eu ficar sentado e assim me arrastava para fora da mesma e passar para a cadeira.
Minha filha estava cada dia mais linda e maior, completava seus seis anos de idade, era uma garota muito esperta e já conseguia compreender que sou diferente dos demais pais. Estela herdou meus olhos claros e provavelmente a elegância, modesta parte, mas todo o resto era da Lívia. O que mais me doía era a falta que sentia da mãe. A Estela era tão doce quanto a mãe foi um dia, e sua criatividade para resolver problemas não conhecia limites. Uma pena ela não herdar o talento para a música, mas não se pode ter tudo.
A grande conquista ainda estava por vir. Por insistência do Celso e do meu irmão Rafael procurei saber no departamento de transito se, na minha condição, eu poderia recuperar minha permissão para dirigir. Pela primeira vez fui visto como um ser humano qualquer, o homem me deu todas as instruções que precisava e fui providenciar. Como não havia uma autoescola para me receber acordei com o estabelecimento que as aulas seriam feitas em meu próprio carro. Eu até sabia dirigir, mas nunca tinha feito sem o auxilio dos pés e sem o funcionamento adequado das mãos, felizmente o carro foi feito para mim, literalmente.
Foi uma grande emoção dirigir depois de uma década sem estar atrás do volante. Era uma sensação maravilhosa essa capacidade de exercer algo tão simples depois de ser taxado tantas vezes como inútil e incapaz. No intimo eu ainda me sentia inseguro, mas não compartilhei isso com ninguém, sabia que com o tempo ganharia confiança.
Fui a uma audiência de um cliente bastante importante – tinha feito algumas especializações, mestrado e agora era doutor e advogado empresarial –, fui alvo de preconceito, coisa com o qual estava acostumado, mas não disposto a aceitar. Como eu era o motorista do carro precisava estacionar na vaga destina a deficientes físicos ou não conseguiria desembarcar.
− O que você vai fazer? – O Celso questionou sentado ao meu lado no banco do carona.
− Tentar uma conversa amigável. Fale com ele ou chame-o aqui. – Meu assistente saiu do carro para atender o meu pedido. E voltou alguns segundos depois com o homem.
− Bom dia! – Cumprimentei o homem que estava escorado na janela do meu carro. – Acontece que o senhor não tem sinalização no carro e eu preciso da vaga, as demais são muito apertadas para que eu saia com a cadeira de rodas.
− Sinto muito rapaz a minha mulher está grávida e por isso parei aí, é um direito dela também. – Era só o que me faltava! – Coloca em duas vagas então que dá tudo certo. Está bem?
Nesse minuto o meu celular de trabalho toca e vejo o número do cliente, ele provavelmente já estava a minha espera.
− Atender. – Dou o comando. – Nicholas!
− Doutor o senhor está perto? Faltam apenas quinze minutos.
− Estou no fórum, chego aí em instantes. – Ele desliga e antes que eu erga a cabeça alguém bate em minha janela que eu tinha fechado novamente por causa do ar. Olhei de lado e, nossa! Que visão!
− Já pode estacionar seu carro! – Ela abriu um sorriso tão verdadeiro que eu não via desde meu relacionamento com a Lívia. – Se precisar de ajuda é só pedir.
− O meu assistente está aqui, obrigado! – Apontei para o Celso que já tirava a cadeira de trás do carro. Procurei o homem encrenqueiro e não vi nenhum sinal dele. – Sabe dizer onde estava o homem que estacionou aqui?
− Eu falei com ele, não vai te incomodar. – Falou a bela mulher.
− Muito obrigado! Posso te dar uma recompensa pela ajuda? – Falei enquanto o Celso montava rapidamente a cadeira motorizada. – Celso precisa me colocar na cadeira, estamos parcialmente atrasados.
− Se quiser me pagar um café eu aceito, mas não quero seu dinheiro. – Ela fala com charme.
− Um café?
− Não sei se é comprometido, mas não estou te pedindo em casamento é apenas um café. Eu te aguardo no hall de entrada. – Ela saiu sem esperar minha resposta. A linda mulher negra de cabelos cacheados estava vestida com requinte, provavelmente deve ser advogada também.
De uma coisa eu sabia: ela era uma encantadora de homens porque eu estava fisgado.
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Abraços!!!
Até breve!
#gratidãosempre
Capítulo publicado dia: 03/10/2022
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