Capítulo 119 - Nada dura para sempre
Olá, Xuxus!
NÃO REVISADO.
Boa leitura!!!
ȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹ
"Se você, se você pudesse voltar, não deixe queimar, não deixe desaparecer. Tenho certeza de que não estou sendo rude, mas é apenas sua atitude que está acabando comigo, está arruinando tudo. Eu jurei, eu jurei que seria verdadeira e, querido, você também jurou."
Linger – The Cranberries
Lívia
No dia seguinte ele me levou à casa dos meus avós. Estávamos recomeçando, não do ponto em que paramos, mas uma vida totalmente nova, pois eu era uma nova pessoa, pelo menos até conseguir lembrar o passado.
Tudo no sítio estava exatamente como eu lembrava, como exceção da minha mãe, pois a impressão que tinha era de que ela se foi há pouco tempo. Passei bastante tempo com o Nick, como nunca tinha passado antes. Traçamos planos para o futuro e eu finalmente me senti em casa.
Ele foi muito cuidadoso em me trazer para um local familiar cercado das pessoas que eu conhecia e que estava conhecendo. Era o aniversário dele e a festa surpresa que estava planejando com sua mãe foi transferida para uma grande reunião em família.
Eu passei a amá-lo mais ainda se isso era possível. Sua ação inesperada foi a resposta de que eu precisava para não ter dúvidas de sua fidelidade. Ele me pediu em casamento, e mesmo sem estar preparada ou certa disso eu falei: "sim". Nenhum desafio parecia grande demais ao lado do Nick. Fiquei surpreendida com a atitude, ele parecia querer demonstrar sua fidelidade e eu não duvidava dela.
Fiquei ainda mais próximo de sua família, sua festa de aniversário foi uma espécie de festa de noivado também. Voltei a cozinhar, coisa que não fazia há bastante tempo, e o responsável por me ensinar e supervisionar a receita foi o meu cunhado surdo, Rafael, com a interpretação da Giulia e seu barrigão. Ambos cozinhavam extremamente bem.
Fiquei mais próxima dos meus sogros e compreendi o quão importante eles foram à minha vida e recuperação. Parece que cada vez que eu me aproximava do Nicholas eu descobria um pedacinho da minha vida perdida.
Estávamos embaixo de uma árvore, ele estava deitado com a cabeça em meu colo e narrava alguns acontecimentos e também disse que já estivemos neste mesmo local. Contou-me bastante coisa sobre seu amigo/irmão, Rodrigo, e chorou muito. Nicholas tem uma personalidade forte, mas me trás uma calma que não sei explicar e isso ficou mais evidente no dia em dormimos juntos pela primeira vez, ele até cantou para mim.
Havia mais de seis meses que o príncipe, como a Lú disse que eu o chamava, e eu estávamos juntos e ele só percebeu que precisávamos estar mais próximos graças a advogada platinada.
Uma vez que estávamos bem íntimos, ele voltou a tomar as decisões por mim e isso foi ficando cada vez mais difícil de suportar. Apesar disso passei o melhor natal ao lado dele de nossa pequena filha.
Quase um ano tinha se passado desde que acordei e eu ainda não lembrava. Consegui passar no vestibular de música e foi após o meu ingresso na faculdade que as coisas desandaram de vez.
Apesar de não definirmos datas em nossos planos ou mesmo algo que acelerasse o processo de nosso casamento eu ostentava um belo rubi no dedo anelar direito, prova de que um dia me tornaria a senhora Nicholas.
Nossos conflitos eram sempre os mesmos: falta de tempo, coisas que eu deixei de fazer, coisas que ele deixou de fazer, coisas que ele fez e coisas que eu fiz. Mas no dia que ele foi me buscar na faculdade sem que eu esperasse as coisas não saíram tão bem quanto deveriam.
Os professores determinaram que deveríamos fazer dupla com um colega para um projeto musical em uma comunidade que ainda seria escolhida. Acontece que o gatinho da turma sobrou assim como eu e, propositalmente ou não, faríamos dupla para o projeto.
No dia em questão estávamos adiantando parte de uma ideia que tivemos para nosso trabalho e este "ensaio" aconteceu em uma das salas para aulas individuais onde possuía um piano. O rapaz se debruçou sobre mim para apontar uma nota na partitura e esse foi o questionamento do meu advogato que assistiu a cena de camarote, não sei o que ele viu para ficar tão furioso.
Nicholas
Lívia estava mais que atarefada com suas atividades do curso de música, até mesmo a Estela está sendo cuidada pelas avós e a babá que eu contratei, mas fico feliz que o potencial da minha ruiva esteja sendo explorado.
Dado a nossa falta de tempo resolvi que a pegaria na faculdade e a levaria para jantar em um local agradável, mesmo que ela não estivesse tão apresentável como eu sempre estava; a aparência da Lívia nunca foi um problema para mim.
Eu sabia que ela estava no campus, pois o GPS do telefone acusava isso, mas ela não estava na sala que eu a tinha pego outra vez. Quando duas jovens estudantes se aproximam eu pergunto se elas conhecem a Lívia dando-lhes características da minha namorada.
− Eu a vi entrando na sala de estudos cinco com o bonitão.
− Bonitão? – Questiono incrédulo.
− Sim, assim como você só não tão chique e não usa cadeira de rodas. Eles são parceiros no projeto musical. – Ela solta mais informações que o necessário e fico feliz por ela ser falante, mas nada vem de graça. – E o que você é dela?
− Adoraria conversar mais, mas estou atrasado para um compromisso. Obrigado pelas informações, senhoritas, tenham uma boa noite! – Dou as costas voltando por onde tinha vindo, o Celso não estava me acompanhando, pois o trajeto era acessível. Eu só tinha de virar a maçaneta que, para minha sorte, era comprida e de fácil acesso, colocando um pouco de força eu abriria a porta se não estivesse trancada.
Meu sangue ferveu quando vi a cena que me surpreendeu: um homem alto, provavelmente a minha altura se eu pudesse ficar de pé, se aproxima da Lívia chega bem perto de seus cachos aspirou o perfume e debruça-se mais que o necessário sobre ela para apontar algo na partitura, como ele tem coragem de se aproveitar da inocência de uma mulher? As imagens do Fábio em poder da Lívia, tanto na garagem do prédio como no teatro me vem a mente e me embrulha o estômago.
− Com licença! – Falo depois de respirar profunda e sutilmente.
− Hey cara, tem gente estudando aqui, sabia? – O idiota ainda tem coragem de falar.
− Eu acho que não! – Falo tranquilamente e com a voz tão grave quanto me é possível. Minhas suspeitas se confirmaram, ele tem problemas de vista, não viu a cólera em meus olhos.
− Quem é você afinal? – A Lívia parece paralisada, o que será que ela está pensando?
− Sou seu benfeitor. Estou disposto a pagar-lhe uma consulta com o melhor oftalmologista do país, e também um par de óculos visto que o seu está com defeito. – Pronuncio cada palavra com clareza e frieza. – A aula acabou!
− O que? Oftalmologista, mas do você está falando, cara?
− Não viu a anel de noivado nada discreto no dedo anelar direito da moça? – Não é possível que a Lívia tivesse escondido o anel para ocultar o compromisso. – Lívia! Mostre sua mão direita para que ele veja.
Ela estende a mão e para meu alívio lá está o anel.
− Eu achei que fosse um anel de enfeite, mas a gente só está estudando, nada demais.
− Amanhã arranje outra parceira de estudos; vocês não são mais parceiros, fui claro? – Mesmo que ele fosse mais alto e eu estivesse reduzido a uma cadeira de rodas não me senti intimidado. – Espero que tenha entendido para o seu próprio bem. Vamos Lívia!
− Desculpa por isso, eu vou conversar com ele. – Ela ainda estava se desculpando com o cretino por ele ser cretino?
Eu gostaria de gritar com ela e lembrá-la do que o Fábio a fez passar, mas não era viável; ela sequer sabia quem era o Fábio! Como ela pode ser tão inocente? Ele começou levando-a para um local reservado, depois cheirou seu cabelo e se debruçou sobre ela; eu vi o quanto ele estava excitado.
− Ah, só mais uma coisa, é melhor o senhor não dirigir a palavra para a Lívia. Eu garanto que você não vai querer me desafiar!
− Nick, já chega! – Eu estava decepcionado com ela, todo o clima romântico se foi. Será que eu teria de ficar de olho na Lívia o tempo todo para ela não cair em enrascada? O que teria acontecido se eu não tivesse interrompido?
Eu acelero o máximo que consigo e vejo ela dá uma corridinha para me alcançar.
− Oi, Lívia! – Celso cumprimenta, mas não recebe resposta e também não insiste vendo o nosso semblante nada agradável. Pela primeira vez sou grato por ser tetraplégico ou eu socaria a cara desse idiota sem limites. – Então nós vamos...
− Para casa! – Determino. – Quero que lave seu cabelo assim que chegarmos, Lív!
− Porque eu deveria te obedecer, você é meu pai agora? Sempre me determinando o que fazer! – Eu gostaria de ver sua expressão, mas estava no banco da frente enquanto ela estava no de trás. Eu a amava e só queria protegê-la da forma que eu pudesse.
Celso dirigiu em silêncio pelas ruas movimentadas, era inicio da noite e muita gente estava voltando para casa ou indo para o trabalho. Quando chegamos à garagem do prédio ela sai do carro indo na direção dos elevadores sem esperar por mim. Meu cuidador me acomoda na cadeira e nos aproximamos do elevador no momento em que as portas duplas se abrem.
− Lívia, tente entender que eu fiz isso para o seu bem.
− Nicholas, você me ridicularizou porque causa do seu ciúme besta, sabe muito bem que eu não iria te trair e mesmo assim discutiu com meu colega de projeto. Com que cara eu vou chegar à universidade e pedir desculpas a ele?
− O que? Eu não quero que volte a falar com ele, acho que deixei bem claro isso!
− Não podemos ter tudo na vida, Nicholas, há coisas que queremos, mas é impossível e você é um exemplo disso... – Eu estava calado esperando ela dar o xeque-mate, só não sabia que doeria tanto. –... por mais que você queira sabe que nunca mais vai voltar a andar.
− Lívia... – Celso tenta. Como por providência divina o cubículo para no décimo andar e ela desce sem se despedir ou dizer nada. Suspirei profundamente e soltei o ar devagar fechando os olhos, eu não saberia como encará-la se ela estivesse aqui. Por mais que eu a amasse não gostaria de ter ouvido isso, era algo muito complicado de ouvir, já me custava muito aceitar essa verdade. – Eu sinto muito, Nick, você não deveria ter ouvido isso.
Quando o Celso abre a porta do hall para a sala de estar minha filha corre para mostrar seu desenho. Trata-se de uma boneca com cabelos cacheados, outra boneca pequena e um boneco com rodas enormes de lado. Não era difícil adivinhar.
Minha filha tinha se acostumado a desenhar minha imagem com círculos na lateral e nunca seria diferente. Eu tentava estabelecer uma boa relação com ela e talvez contar minha história quando ela crescesse. Sem pedir permissão ela simplesmente sobe em meu colo deixando manchas de seus pequenos sapatos no tecido caro da minha calça, mas isso nunca me importou. Ela só queria atenção.
− Papai, hoje era pra desenhar o papai e a mamãe. Que bom que a mamãe acordou, não é? – Ela me pergunta em sua inocência de três anos.
− É, filha, que bom que a mamãe acordou!
− Hey, princesa! – Celso a pega de meu colo rodopiando no ar. – Hoje o papai está super cansado, mas o tio Celso pode ficar para brincar se você quiser.
− Tudo bem, Celso, essa não é a primeira vez que eu sofro uma decepção. Pode ir tranquilo quando me der o banho!
− Você está dodói, papai? – A Estela já estava acostumada a ver o "papai dodói", não é porque fui pai que deixei de ter crises de infecção urinária ou de dor neuropática.
− Eu estou com dor, mas vou tomar um banho e vamos comer juntos. Depois eu te conto uma história, está bem?
− Tudo bem! – Uma vez que ela concordou fui para a plataforma a fim de subir e tomar um banho. − Papai?
− Sim? – Viro-me para encarar minha filha.
− Onde dói?
− No coração!
Lívia
Perguntava-me o que deu em mim para magoar o Nick desse jeito. Ele foi e está sendo um idiota, mas nada justifica. Talvez não tenhamos nascido um para o outro. Por algum motivo eu entrei no banheiro e fui lavar o cabelo, fiquei arrependida do que disse. Liguei várias vezes para ele, mas não me atendeu.
No dia seguinte eu não falei com o Rick apesar de suas insistências, não porque eu era uma tola obediente ao namorado, mas porque estava com raiva de ter permitido que ele se aproximasse de mim e me fizesse discutir com o Nick. Eu estava terceirizando a culpa que era minha, mas de certa forma isso me dava um consolo.
A vida seguiu!
Voltamos a nos falar e a tentar agir naturalmente, mas nada parecia se encaixar de novo. Eu já estava de "saco cheio" de ouvir alguém perguntar algo e o Nick responder por mim dizendo que eu não lembrava. Ele até poderia ter boas intenções, mas estava sendo bastante desagradável. Eu ficava na torcida que ninguém dissesse nada e despertasse nele o desejo de me diminuir.
Estávamos uma pilha de palavras não ditas. Eu não era capaz de me defender ou dar uma informação por "não lembrar", nada do que eu fizesse era aceitável porque não lembrava. Seria o amor que sentíamos um pelo outro o suficiente para resolver nossas diferenças? Eu deixaria de amá-lo um dia?
Fui para um evento importante para o escritório e ele se dirigiu a mim como "minha esquecida". Isso mexeu com o meu psicológico já que lembrar traria minha vida de volta e resolveria esse impasse entre nós. A Lívia de antes saberia como lidar com o Nicholas.
O Nicholas quebrou sua promessa, me magoou profundamente!
ȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹȹ
Se gostar do capítulo deixa sua estrelinha.
Abraços!!!
Até breve!
#gratidãosempre
Capítulo publicado dia: 25/09/2022
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro