Capítulo 112 - Lembre-se de mim
Olá, xuxus!
Vocês estão bem?
Sobre o capítulo de hoje já vou dizendo pra vocês que eu não trabalho na área da saúde, portanto parte das informação são apenas fruto da minha imaginação, mas essa doença que acometeu a Lívia existe sim. Espero que gostem do capítulo.
NÃO REVISADO!
Boa leitura!!!
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"Lembre de mim, hoje eu tenho que partir, lembre de mim, se esforce pra sorrir. Não importa a distância nunca vou te esquecer, cantando a nossa música o amor só vai crescer. Lembre de mim não sei quando vou voltar. [...]"
Lembre de Mim – Filme: Viva - A Vida É Uma Festa
Lívia
Acordei quando estava sendo movida para algum lugar. Onde cargas d'água eu estou? Puxei o lençol do meu rosto a fim de ver para onde estava indo, meu braço estava pesando toneladas, tive muita dificuldade para puxar o bendito lençol.
Um homem me encarou com olhos arregalados e depois gritou. Várias pessoas vieram em seu socorro e também ficaram me olhando com espanto. Eu estava cansada e minha cabeça doída pra ficar nessa brincadeira, então falei:
− Alguém me pode dizer onde estou?
− Está no hospital! – Um homem de jaleco branco que surgiu depois me disse.
− Doutor, ela simplesmente puxou o pano e ressuscitou! – O homem falou de maneira assustada, mas o "enjalecado" parecia imperturbável com a situação.
− Tire-a do elevador e a ponha em outro quarto que não seja o que estava antes. Preciso examiná-la e fazer alguns exames. – O homem começou a me empurrar a cama de volta. O homem de jaleco nos acompanha até o determinado quarto. – Hey Lívia, como está se sentindo?
− Como sabe o meu nome?
− Tenho sido seu médico nos últimos dois anos, decorar seu nome era o mínimo que eu poderia fazer. – Ele fala com indiferença jogando luz de uma lanterna nos meus olhos. – Meu nome é Augusto, não lembra disso?
− Não. Estou aqui há dois anos?
− Sim, somente porque seu namorado é cabeça dura!
− Namorado?
− Você vai ficar repetindo de forma interrogativa tudo o que eu falo?
− Não, é que...
− Vamos fazer uns exames, preciso saber como você está.
Eles me submeteram a vários tipos de exames, e em certo momento eu estava exausta. Por sorte alguém teve presença de espírito e trouxe alguma coisa para que eu pudesse comer.
Colocaram uma espécie de sonda em mim e passei vários dias fazendo exercícios parecidos com os que a minha mãe fazia, fisioterapia. O médico me contou que eu tomei um tiro e toda a história do ocorrido, era difícil de acreditar!
Duas semanas depois o homem que não sei o nome e que é meu médico disse que eu estava totalmente fora de perigo e em condições de ter visitas, isso me animou muito, provavelmente eu veria meu pai, não é possível que alguém não tivesse avisado a ele.
A primeira pessoa que vi foi a Lúcia que correu para a minha cama chorando, acabei chorando junto, quase não conseguimos desfazer o abraço, tinha a sensação de que não nos víamos há bastante tempo. Ela disse que meu pai viria em breve. Conversamos pouco, pois tinha muitos profissionais cuidando de mim.
Quando o médico chega junto com outro que parece ter a mesma idade os profissionais se aglomeram no quarto bloqueando a entrada, provavelmente curiosos com o que ele vai dizer. O outro médico me olhava espantado como a maioria das pessoas fizeram nesses últimos dias, isso já estava me enchendo. Aparentemente eu morri e ressuscitei, virei a sensação do momento.
Eu só queria sair desse hospital, queria ver meus avós e voltar para casa com eles. Tinha saudades de casa e de tudo que a envolvia. Pensei até em considerar o namoro com o Jefferson que tanto meus avós insistiam; nossa, eu sentia falta até mesmo dele!
− Você está liberada para visitas e acho que hoje vai receber muitas. – O médico que me acompanha desde o início falou.
Fique meditando no que ele me falou e pensei em todas as pessoas que poderiam vir seriam no máximo oito, será que essa quantidade era qualificada como "muito" para ele? Ajeitei-me na cama, minhas pernas pesavam toneladas e não respondiam ao meu comando.
Lúcia estava eufórica e bem diferente do que eu costumava ver, parece que minha estadia no hospital mudou muita coisa. O médico que entrou acompanhado do meu aproximou-se e beijou minha testa ternamente, ele não disse nada, apenas sorriu comedido. Fiquei sem entender nada, mas sorri de volta. O velho médico limpou as lágrimas e ficou próximo ao aglomerado de profissionais.
Tudo parecia acontecer em uma fração de segundos. E foi nesse mesmo momento que tive a visão de um homem primoroso passando pelas pessoas de pé que lhe abriam caminho com profundo respeito. Com certeza era o diretor do hospital ou desse nível. Assim como todo o resto não dava pra confiar na minha visão, eu estava um caos.
Encarei o cadeirante em choque, pois ainda não tinha visto um conjunto de obra tão belo em forma de homem de perto. A influência urbana que recebi de minha amiga falou por mim e não pude deixar de ter muitos pensamentos inadequados com o rapaz, afinal eu estava na puberdade e seria alguém perfeito para um primeiro beijo.
O homem com cabelo castanho escuro, rosto anguloso e barba perfeita estava com os olhos claros arregalados e conduzia a cadeira com maestria para próximo da minha cama. As roupas e sapatos formais e impecáveis conferiam-lhe um pouco de arrogância e superioridade. Ele era o exemplo perfeito de uma boa imagem pessoal e me deixou uma ótima primeira impressão.
− Lívia! – Ele pronunciou meu nome com sua voz baixa e profunda cheia de magnetismo, absurdamente compatível com a figura. Para minha vergonha o monitor cardíaco disparou revelando a instabilidade de meu coração ao ouvir meu nome nos lábios dele.
− Olha aí, o seu advogato chegou! – Lúcia não perdeu a oportunidade de dizer o que pensa e sorriu enquanto me passava essa valiosa informação: ele é advogado. Sorri de nervosa e também pelo trocadilho, ambas olhamos para o "gato".
− Quem é você, advogato? – Não pude mais conter minha curiosidade em saber quem era tão ilustre pessoa, talvez fosse meu advogado ou da minha família.
− Mas do que é que está falando, amiga? "Tá" doida?! – Lúcia torna a falar com seu exagero característico. – Vai ficar aí parada? Depois de tanto tempo sem ver seu namorado o mínimo que você tem que fazer é se jogar nos braços dele, graças a ele você está aqui.
− Mas eu não consigo levantar... – Respondi mesmo sem fazer a mínima ideia de quem era aquele homem que estava com o semblante cada vez mais triste. Ele olhou para o médico visivelmente aborrecido, o médico estremeceu um pouco, mas logo respondeu.
− Não há nada de errado com a Lívia, ela só está fraca e vai recuperar os movimentos com um tempo e bastante fisioterapia.
− Lívia!!! – Meu pai invade o quarto deixando-me bem mais relaxada. Ele me abraça forte e soluça. – Eu não acredito que está aqui, vim assim que soube.
− Eu senti sua falta, pai. – Admiti.
− Eu também, minha filha. Você não imagina o quanto eu estou feliz de te ver viva! – Ele pôs a mão em meu rosto acariciando minha bochecha. – A Sandra está a caminho, foi buscar sua filha para trazê-la.
− Minha filha? – Algo não estava certo.
− Sim, ela está bem e enorme. Ah! – Ele bateu a mão na testa como se acabasse de lembrar algo. – Tem razão, você não sabia que era uma menina.
− Será que minha plateia pode sair? Eu quero ficar sozinha. Preciso de respostas, quero saber o que está acontecendo. – Quase supliquei ao Dr. Augusto. As pessoas foram saindo aos pouco, o gato suspirou resignado e manobrou a cadeira para também deixar o local. – Não, você não. Quero falar contigo. Quero saber se é verdade, se realmente é meu namorado porque é difícil de acreditar que alguém como você se interesse por mim.
− Eu a amo, Lívia! – Seu tom era calmo e baixo; ele sorriu fazendo a droga do monitor disparar novamente, meu coração acelerou. Devia ser um crime alguém sorrir desse jeito para outra pessoa, fiquei alguns segundos paralisada com a visão de seu belo sorriso. Mas rapidamente ele tornou a ficar sério e olhou para o médico. – Dr. Augusto, quero saber o que está acontecendo. Vai ter de me contar e se não falou ainda à Lívia sugiro que o faça agora mesmo. Como você me explica que a Lívia morreu e de repente está aqui na minha frente falando como se não me conhecesse?
Meu médico o encarou de volta e parecia entender a fúria do jovem advogado, pois coçou a cabeça e começou a narrativa:
− Fiquei tão surpreso quanto vocês estão, não é todo dia que a gente vê alguém sem resposta de atividade cerebral voltar como se nada tivesse acontecido. – Ele fala para seu pequeno público que consistia na Lúcia, o meu pai, o médico mais velho que me beijou, um rapaz de óculos e cara de nerd que veio com o cadeirante e não parava de encarar a Lúcia e o homem mais lindo que já vi e que aparentemente é meu namorado. – Quando ela despertou fizemos uma bateria de exames que constatou que ela está bem, mas a amnésia é a novidade ruim.
"Averiguei todas as sequelas, e fiz a entrevista padrão para detectar que a ferida no sistema nervoso central causada pela bala foi o agravante responsável pela perda de memória. Os exames revelaram também que a Lívia desenvolveu uma doença chamada catalepsia patológica."
− O que? Então quer dizer que todo esse tempo... – O outro médico interrompe.
− Ela estava viva, mas não consciente. O cérebro dela sofreu um grande trauma e se protegeu dessa forma. A maneira como a catalepsia reagiu foi extremamente rara, pois a doença causa um distúrbio neurológico em que a pessoa permanece com os músculos enrijecidos como uma estátua, lembrando o rigor mortis.
"Pessoas com essa condição podem, ao mesmo tempo, ser menos sensíveis ao toque e ter uma sensibilidade diminuída à dor. Além disso, durante uma crise, a pessoa não responde à fala e não consegue se movimentar. Apesar disso, todas as suas funções vitais permanecerem funcionando embora estejam reduzidas. Por isso achávamos que o fato de ela tremer o olho ou a boca eram espasmos, na verdade a Lívia estava consciente."
− Porque eu não me lembro de nada disso? – Perguntei querendo entender a situação, ele não tinha sido tão detalhista quando me contou o que aconteceu.
− Porque seu cérebro já estava com dificuldades a armazenar novas informações. Em crise, os músculos do cataléptico podem ser movidos para qualquer direção que continuam assim até que o surto passe o mantém os membros em qualquer posição em que são colocados. Isso quer dizer que o corpo tem aspecto de boneco de cera, se o braço da pessoa for direcionado para cima ela permanecerá assim até que o doente se recupere do distúrbio. Uma crise não tem hora para terminar, pode durar alguns minutos, vários dias ou até semanas e suas causas são as mais variadas possíveis.
"No caso da Lívia durou o tempo em que estava sob o auxilio dos aparelhos. O mais intrigante é que, apesar da pessoa em surto estar totalmente vulnerável, ela consegue perceber, ouvir, raciocinar e entender tudo que se passa a sua volta. Contudo, é impossível para o cataléptico reagir fisicamente, apesar dos estímulos. Então, Lívia... – Ele fala, desta vez, olhando para mim. – ...você foi capaz de perceber tudo que se passava ao seu redor, mas não conseguirá lembrar porque seu cérebro bloqueou essas informações. Não sabemos como isso aconteceu e por tanto tempo, mas acredito que pode ser predisposição genética ou até mesmo o trauma pelo impacto da bala. O principal sintoma é nenhuma resposta a estímulos, por isso os resultados da sua atividade cerebral deram alterados nos fazendo acreditar que estava morta."
− Nossa, que história! E pensar que por pouco minha filha não foi enterrada viva!!! – Meu pai fala com alarde. Vi que o rapaz não estava muito feliz com a explicação.
− Gostaria de saber sobre a perda de memória. – O advogado insiste. – Quero todos os detalhes, o porquê de ter acontecido, quando ela vai recuperar a memória... Eu não posso simplesmente aceitar que depois de tudo o que eu passei terei a Lívia apenas pela metade.
O quê? Sou alguma propriedade agora? Não gostei muito da sua abordagem.
− Nicholas, não tenho como te dar uma resposta exata. Ela pode recuperar a memória em meses, em anos ou amanhã. Não há como saber. Ela pode também nunca recuperar, é algo muito relativo. Tudo depende do cérebro e não dos médicos. Falando nisso preciso saber quantos anos você tem e a última coisa que se lembra, Lívia. – Fui pega de surpresa, estava na cara que minhas respostas não vai agradar nem um pouco.
− Lembro-me de ter voltado da África com a Marcela, o Henrique e a Lúcia. Tenho quinze anos, eu acho. – A comoção foi geral. Resolvi me dirigir ao meu "namorado" agora que sabia seu nome. – Nicholas, eu não sei se posso ser a mesma pessoa, tenho medo de te decepcionar.
− Veremos isso em outro momento, agora descanse. – Ele fala, em seguida uma mulher entra com uma criança ruiva nos braços. Era uma linda garotinha e parecia com o Nicholas.
− Olá minha filha, essa é a Estela sua bebê. Olha a mamãe, Estela! – Olhei para a mulher em estranhamento. Porque essa mulher estava me chamando de filha?
− Mamãe, mamãe! – A garotinha me estende os braços e é colocada em meu colo, eu não fazia ideia de como agir, ainda estava fraca e apesar de gostar de crianças eu não estava preparada para ser mãe. Num dia eu vou dormir e tenho quinze anos e no outro acordo e já sou mãe, tenho um namorado lindo de viver com quem não faço a mínima ideia de como me relacionar... o que eu faço?
− Pai, vocês ainda namoram? Eu tinha te dito que não queria que ela tomasse o lugar da mamãe! – Sandra me olhou com tristeza.
− O que está acontecendo? – Ela pergunta depois que rejeitei seu abraço.
− A Lívia perdeu a memória, mas está tudo bem. O importante é que está viva e iremos cuidar para que você tenha o melhor tratamento possível, princesa Disney. Só peço que se esforce. – O Nicholas fala com sua voz grave que obviamente ficaria martelando na minha cabeça.
− Vou tentar, eu prometo! – Disse hipnotizada pelo seu olhar glauco idêntico ao da garotinha que eu tinha esquecido em meu colo. Ele ergueu o braço com dificuldade e estendeu a mão fechada para mim. Fiquei sem entender, mas segurei-a, ele beijou o dorso como um cavalheiro e disse:
− Por favor, lembre-se me mim! – Largou minha mão e conduziu a cadeira para fora, saindo sem dizer nada.
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Se gostar do capítulo deixa sua estrelinha.
Abraços!!!
Até breve!
#gratidãosempre
Capítulo publicado dia: 10/07/2022
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