Capítulo 1 - O que aconteceu?
Olá, meus queridos leitores o que estão achando do livro? A opinião de vocês é muito importante para que eu saiba se estou indo na direção certa. Hoje é sábado, dia de capítulo novo. Se gostar do capítulo dá aquela estrelinha! ;)
Boa leitura!!!
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"Se um homem não descobriu nada pelo qual morreria, não está pronto para viver."
Martin Luther King
Narrador
Naquela mesma noite...
− E aí, vamos começar? – Samuel pergunta sério e compenetrado, como sempre, olhando para o amigo do outro lado da tela do computador.
− Vamos sim. – Rodrigo responde com um sorriso largo. – Cadê nosso príncipe encantado, aquele idiota?
Samuel já havia percebido a ausência dele e imediatamente pegou o telefone com a intenção de ligar para o faltoso.
Várias tentativas depois ele desiste.
− Só chama. – Responde desanimado.
− Vou ligar pra casa dele. – Falou Rodrigo já com o aparelho no ouvido.
− Alô? – Uma voz feminina arrastada e sonolenta atende.
− Tia Helene? Desculpe te acordar. − Faz uma cara de espanto para Samuel que observa atentamente do outro lado. – O Nick 'tá' em casa? É que marcamos de estudar por videoconferência e ele não deu as caras e não atende o celular.
− Ah! Oi, Rodrigo. Ele saiu para pegar Camile e levá-la em casa. Deve estar com ela, mas vou verificar no quarto dele. – Diz levantando-se da cama. – Se ele já estiver dormindo eu te ligo de volta.
− Tudo bem, obrigado. – Se despede desligando.
− Ele tá com a megera, Samuca. – Rodrigo diz encarando a tela do computador contorcendo o rosto em uma carranca. Seu telefone toca novamente e ele olha para o painel luminoso do aparelho. – Falando no diabo... – Diz com desdém direcionando a tela para que Samuel possa ver.
Samuel explode em gargalhadas ao ver o nome do contato "Gazela sanguessuga" chamando.
− Atende logo isso, cara. – Samuel fala revirando os olhos.
− Camile? – Atende curioso, olhando a decoração de seu quarto e ignorando totalmente a presença do amigo que o observa. – 'Tá' tudo bem? Cadê o Nick?
− Rodrigo! – Ela chama com a voz embargada. – Nicholas foi assaltado, estou na recepção do Hospital Center, o que fica no centro. Pode vir pra cá ou avisar aos pais dele?
− O que? – Ele pergunta assustado levantando a voz em alguns tons e saltando da cadeira. − O que aconteceu? – Pergunta exasperado passando as mãos no cabelo com força, visivelmente nervoso. Começa a andar de um lado para outro na frente da escrivaninha.
Samuel encara o amigo ficando pálido do outro lado e suspeita que não seja uma notícia agradável considerando o comportamento de Rodrigo.
− Ele levou um tiro. – Ela confirma.
− Estou indo pra aí. – Finaliza a chamada e olha o computador.
− Nick está no Hospital Center do centro. Foi assaltado e levou um tiro. Vou ligar pra mãe dele. – Diz dando as costas para computador.
Samuel nem se dá o trabalho de falar algo, apenas se levanta pegando seu celular, carteira e vai para o carro.
Não se importou com mais nada, sua obsessão por organização foi esquecida; trabalhos, seminários, estudos e até mesmo o computador ligado em sua escrivaninha ficaram em segundo plano para ele.
O coração estava apertado e enquanto dirigia pelas ruas silenciosas durante a madrugada chuvosa, sua mente estava vazia com exceção de uma prece silenciosa.
Deus, por favor, que o Nick fique bem.
Todos esses anos de amizade fez de Nicholas, Samuel e Rodrigo como verdadeiros irmãos de outras mães.
O trio era inseparável e bastante diferente, com as idades bem próximas: Nicholas e Samuel com 20 anos e Rodrigo com 21 anos, sendo Nicholas alguns meses mais velho que Samuel −, compartilhavam de alguns gostos parecidos, como a escolha da profissão; só não concordavam muito com o relacionamento entre Nicholas e Camile.
Rodrigo tentava passar para a mãe de Nicholas as poucas informações que obteve acerca do paradeiro e do estado de saúde do amigo – as mesmas que transmitira para Samuel.
− Tia Helene? - Doutora Helene chorava copiosamente ao ouvir cada palavra do amigo de seu filho. Nunca pensou que algo assim pudesse acontecer ao seu caçula.
− Meu filho! Como uma coisa dessas foi acontecer com meu filho? – Disse entre soluços.
− Eu sei que é difícil aceitar, eu só queria que a senhora soubesse... – Deixou as palavras morrerem.
− Ele... ele está vivo? – Quis saber.
− Eu não sei. – Falou com um fio de voz, as lágrimas acumulando nos olhos. Não se lembrava de ter chorado muitas vezes em sua vida.
− Vou avisar a William. – Ela falou tirando-o de seu transe momentâneo. – Vou para o hospital.
− A senhora não está em condições de dirigir. Por favor, não se arrisque, eu estou indo pra lá agora. – Disse virando-se para encarar a tela do notebook e franziu o cenho quando viu apenas o quarto vazio de Samuel. – Eu aviso quando houver novidades.
− Não se preocupe Rodrigo, Rafael está em casa vou acordá-lo para irmos. – Disse ela tentando controlar a voz.
− Tudo bem, te vejo lá então. Tchau!
Helene desliga o telefone e com coração angustiado segue para o quarto do gêmeo mais novo. Abre a porta destrancada, já que os três filhos nunca foram de trancar as portas provocando inclusive alguns episódios embaraçosos.
Ao ver Rafael dormindo tranquilamente durante àquela madrugada ela considera se deve ou não despertar o filho de seu sono, sabe que por ter sono leve ele não voltará a dormir tão cedo, aliás, nenhum dos dois dormirá se levar em conta os últimos acontecimentos.
Por fim toma a decisão e se senta calmamente na cama dele mergulhando os dedos entre os fios dos cabelos castanhos escuro do seu bebê que agora tem 27 anos. Rafael abre os olhos encarando-a confuso.
− Mãe, o que houve? – Sentando-se na cama ele gesticula rápido para a mãe ao perceber seu rosto lavado pelas lágrimas que tornaram a cair com a lembrança de Nicholas baleado.
Ela começa a se sacudir com a mão tapando a boca contraindo o rosto, e quando aperta os olhos, mais e mais lágrimas descem. Apesar de não ouvir ele sabia que todos aqueles sinais eram características de quem soluçava de chorar.
Consternado segurou o rosto da mãe entre suas mãos e tentou em vão limpar suas lágrimas com o dedo polegar. Tornou a perguntar:
− O que aconteceu?
− Seu irmão foi assaltado e baleado. Não sei os detalhes mas ele está no hospital. – Gesticula tentando se acalmar. – Pode ir ao hospital comigo?
Ele balança a cabeça positivamente.
− Só vou trocar a roupa e te encontro lá embaixo. – Fala beijando a testa da mãe. E esperando que ela saísse do quarto.
Um nó se formava em sua garganta pela vontade de chorar. Era ainda mais próximo ao Nick do que ao seu irmão gêmeo e a perda do caçula certamente seria devastadora.
Pega seus pertences e vai ao encontro da mãe. Eles vão para a garagem sem trocar nenhuma palavra. Sabe o quanto a mãe está sofrendo, ela sempre foi desse jeito, "controladora", sempre quis saber cada passo que seus filhos dão.
Entram no carro e ele gira a chave na ignição sentindo a vibração característica de quando o carro liga. O veículo ganha as ruas com o asfalto molhado pela recente chuva e cruza com alguns outros carros; o trânsito tranquilo os permite chegar mais rápido que o normal, afinal doutora Helene conhece muito bem aquele trajeto, pois trabalha no hospital em questão.
Ao se aproximar do estacionamento Rafael pega a mão da mãe e aperta olhando de soslaio para ela, a mesma parece distante. Ela volta a si quando sente o aperto dele, mal percebeu que ele já estacionou.
Devolve o gesto beijando a mão do filho. Ele dá um sorriso triste e sai do carro, dando a volta para abrir a porta dela. Eles vão abraçados até a entrada da emergência.
− Eu preciso ligar para William. – Ela lembra tentando secar as lágrimas. Senta-se no banco mais próximo e procura seu celular na bolsa.
Ela já ameaça jogar a bolsa no chão irritada por não encontrar o aparelho quando Rafael aperta levemente seu ombro mostrando-lhe uma chamada de vídeo no celular com o pai do outro lado da tela.
Ele havia lido seus lábios e tratou de tomar as rédeas da situação lingando para o pai. Ele se afasta para conversar com Samuel e Rodrigo que acaba de chegar.
− Helene! – William parecia nervoso. – Que história é essa que o Rafa contou? Eu entendi direito esses sinais?
− Estamos no hospital aguardando notícias.
− A julgar pelos seus olhos vermelhos acho que entendi. Qual é o hospital?
− Hospital Center, no centro.
− Já são 01h:25min da manhã. – Ele comprova ao olhar no relógio. – Chego aí em no máximo 20 minutos.
Ela encerra a ligação e Rafael se aproxima.
− Ele está vindo? – Ela apenas confirma balançando a cabeça. – Quer que eu traga alguma coisa, um café? – Ela balança a cabeça novamente, negando.
Ele se dá por vencido e senta ao lado dela no banco acolchoado da sala de espera. A mãe deita a cabeça em seu ombro visivelmente cansada, e entrega-lhe o aparelho.
Helene pensa em fechar os olhos e descansar um pouco no ombro largo do filho para afastar a dor de cabeça que já começa a latejar.
Acomodou para a posição mais confortável que lhe era possível e passou os olhos pela recepção despretensiosamente quando percebeu Camile encolhida num canto da sala. Endireitou-se na cadeira repentinamente, encarando o filho.
− Você falou com Camile? – Lembrou-se de quando ele lhe deu espaço para falar com o marido.
− Ela não fala Libras, mãe. – Falou indiferente, ela apenas levantou e se aproximou da nora.
− Camile! – Chamou a atenção da moça. – O que aconteceu?
− Eu não tive culpa de nada. – A jovem fala na defensiva.
− Camile. – Ela estende as mãos na frente do corpo em sinal de paz. – Eu não me importo se o meu filho te protegeu ou se você vai casar com ele. Eu quero saber o que aconteceu a ele, quero os detalhes. Eu quero saber se eles machucaram o meu filho, se o Nick reagiu, eu quero entender porque ele está nessa emergência, mais especificamente na sala de cirurgia que mesmo que seja médica neste hospital não tenho informações dele. Quero apenas isso.
− Eu não sei, senhora, me desculpe. – Falou começando a ficar impaciente. Camile sabe que sua sogra não morria de amores por ela, mas também nunca fez questão de tentar cativá-la.
− Como assim, você não sabe? Seja mais especifica.
− Eu não estava com ele no momento do assalto. Nós discutimos e eu já estava no meu prédio quando ouvi o burburinho dos vizinhos dizendo que um rapaz havia levado um tiro e estava caído na rua, e que já haviam ligado pra ambulância. Voltei correndo pra rua. Vi o Nicholas lá no chão em frente ao meu condomínio e fiquei com ele até a ambulância chegar e nos trazer pra cá.
− Como ele estava? Ele pelo menos estava respirando?
− Ele estava desmaiado, com a camisa suja de sangue e molhado pela chuva, eu não quis mexer nele e acontecer sei lá o que, só esperei a ambulância. – Ela conclui sua narração então dona Helene percebe que os cabelos da jovem estão úmidos.
− Certo. – Ela encerra a conversa e volta para perto do filho. Ele a observa cautelosamente como se ela fosse explodir.
− Não sei como ela pode ser tão insensível. Achei que ela gostava de Nick, mas o que eu vi no olhar dela foi...remorso. – Iniciou a conversa com Rafael e reproduziu para ele tudo que ouviu dela.
− Oi. – Helene sentiu uma mão grande no seu rosto e um beijo na testa.
− Oi, William. – Levantou-se para abraça-lo e lágrimas caíram novamente pelo rosto dela.
− Vou tentar entrar lá no centro cirúrgico, afinal também sou cirurgião. – Ele considera e ela apenas confirma.
William passa pelos amigos do filho e por Camile para adentrar no hospital e seguir para a sala de cirurgia.
Rafael envia uma mensagem para Andréa.
"Por favor, assuma a direção do escritório amanhã, não poderei ir trabalhar." – Rafa.
Resolve levantar, está impaciente. Considera inúmeras vezes avisar ao irmão gêmeo, mas resolve deixar a tarefa para seus pais. Rodrigo aproxima-se:
− Vamos tomar um café, Rafa? – Rodrigo lança o convite. Rafael olha para a mãe encolhida na cadeira, um pouco hesitante a deixá-la sozinha. – Tia Helene, vou com o Rafa e o Samuca pra o refeitório, tomar um café. Quer algo? – Como tem feito nas ultimas horas ela nega com um movimento de cabeça.
Camile que parece meio triste meio aborrecida com os braços cruzados, a cara fechada e a cabeça encostando na parede.
Ocasionalmente ela encara a sogra com curiosidade sentada em sua frente do outro lado da sala quando vez ou outra, algum funcionário conhecido da doutora se aproxima para prestar solidariedade pelo filho.
Helene também a espia e uma tensão paira sobre a recepção. Obviamente ela culpa a nora indesejada pelo atual estado do filho.
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E então, o que acharam? Me conta nos comentários!
Abraços!!!
#gratidãosempre
Capítulo postado dia: 25/07/2020
Revisado dia: 25/08/2020
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