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Lembre-se de Mim

Gostava de entreter Gabriela com meu conhecimento inútil sobre São Paulo. Havia acumulado certas curiosidades sobre os marcos culturais da cidade e sempre que possível palestrava a ela sobre um lugar específico.

- Sabia que o Bairro da Liberdade era, durante o império, o lugar aonde castigavam os escravos e sentenciavam as pessoas à morte por forca? – disse.

- Que coisa horrível... E porque dar o nome de "Liberdade" então?

- Foi justamente para tentar apagar esse passado triste. O incentivo a migração japonesa para o bairro também colaborou para enterrar esse passado.

Sabia que cada parte da cidade há uma história escondida. Conhecia a estrutura das principais igrejas do centro de São Paulo. A ela encantava especialmente a arquitetura da Igreja da Sé. "Tão grande e poderosa", dizia ela. "É um dos poucos registros da arquitetura neogótica em São Paulo" eu respondi.

Assim eram os nossos dias de lazer, visitando monumentos históricos da cidade, com seu século de aventura. Sentíamos como turistas em nossa própria cidade, a admirar com carinho o que facilmente se mistura ao clima urbano e a correria do dia a dia.

- Nos tempos da fundação de São Paulo, o vale do Anhangabaú abrigava um rio de mesmo nome, os indígenas diziam que esse rio abrigava um espírito de nome "Anhangá", um ser de luz que protegia as florestas de caçadores e exploradores.

- Um curupira paulistano? Não seria um jeito dos indígenas botarem medo nos portugueses para que saíssem de perto deles? - Talvez... Para os indígenas o espirito era apenas um ser protetor, para os jesuítas era uma manifestação demoníaca... Bem, religiosidade é em si, relativo para qualquer cultura.

- Imagine só... Um demônio habitando o vale do Anhangabaú, isso explicaria muita coisa na verdade...

Essa ideia a divertia em particular. Ironicamente o rio é agora canalizado e hoje é o concreto a que cobre a maior parte do vale.

Essas memórias me alegram especialmente quando mais sinto saudades dela. Logo que descobrimos sua doença, decidimos que ficaríamos junto até o fim inevitável. Foram poucos meses, mas que foram mais valiosos de todos os anos que vivi até então. Combinamos que nossos passeios iriam continuar a acontecer sempre que possível.

- Qual o nome daquela igreja escondida de canto?

- Ora, aquela... bem... na verdade não a conheço, nunca a reparei ali.

- Finalmente achei algo que você não conhece em?

- Bem, se quiser podemos ir lá visitar.

- Não! Gosto desse mistério. Deixemos assim, sem saber.

Não havia compreendido o que a motivou a esse tipo de brincadeira, ela sempre foi bastante curiosa. Hoje sei, ao passar às vezes por aquela igreja, pequena, vazia e misteriosa. Lembro-me dela e das conversas que tivemos mais do que observar os lugares que na verdade visitamos.

É estranho, passaram-se meses, até anos. Mas ainda hoje, às vezes em noites frias e silenciosas... Sinto seu calor num cômodo vazio, sua presença a me acompanhar numa caminhada, um sopro em meio à brisa no parque levando suas folhas ao vento...

Essa mesmíssima dúvida que trago comigo é seu passaporte para alongar sua ida para o mundo etéreo e permanecer um tempo a mais nesse mundo mortal e decadente, me observando envelhecer, modificar e viver. Levando apenas memórias e afetos comigo.

Certamente não sei qual igreja é aquela, e não sei se um dia saberei.

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