Eu sempre estarei aqui com você.
"Sentados na sala, um ao lado do outro, ambos presos no próprio mundo. É assim que nossa relação foi reduzida, à diálogos limitados, ambos dormindo com cobertas diferentes e um de costas pro outros. Sem mais beijos, abraços ou sorrisos, e eu não posso me dar ao luxo de dizer que a culpa é minha, pois não é interina. Em cinco anos de relacionamento, só resumimos àquele sentimento à diálogos monossilábicos. Talvez não haja mais sentimentos da parte dele, talvez tenha se desgastado ou... conhecido outra pessoa boa o suficiente pra ele se sentir amado.
Essa é uma verdade que muitos não entendem e não querem enxergar, as pessoas não te amam por ser um sentimento puro e agradável, elas te amam pela forma com te fazem sentir bem consigo mesmo. É uma troca egoísta do ser humano. Alguém te faz bem pelo simples fato de você se sentir nas nuvens, não por como a pessoa é.
"O coração está acelerado, é maravilhoso me sentir assim, tão capaz, mas isso se dá ao fato de Jooheon estar comigo. Não é como se eu fosse interpretar um papel patético pra agir de forma diferente com o cara que eu amo. Posso ser eu mesmo com ele.
- Pra onde quer ir?
- Não quero. - respondo com um sorriso aberto. Ele vira o rosto para mim, posso ver os olhos curiosos com o que eu esteja pensando e isso me faz rir.
- O que quer fazer, então?
- Ficar com você. Honey, acha que um dia a gente pode viver uma vida normal? Quero dizer, sem precisar esconder nada de ninguém? Eu não quero passar por aquilo de novo...
- Kkukkungie, aquilo não vai acontecer, nunca mais. Ninguém mais vai tocar em você.
- Papai reconheceu um deles....
- Eu sei.
- Você sabe? - minha vez de ficar curioso.
- O velho Simon, ele fazia parte da Igreja que eu frequentava. Quando o pastor tocava em assuntos sobre homossexualidade, ele era um dos primeiros a demonstrar seu ódio à todos, algumas pessoas até mesmo estranharam esse tipo de atitude, já que sempre pregamos o amor e abominamos a violência.
- Por que as igrejas são tão contra o amor entre duas pessoas do mesmo sexo? Tampouco sem importam com os dados que vão causar, e...
- Hey, - Jooheon segura meu rosto, me fazendo olhar para si - não importa quais sejam os motivos, nada justifica a agressão que você sofreu. Nada. Eles não são ninguém para serem contra os sentimentos das pessoas, muito menos para julgá-los. E você não tem que se preocupar com nenhum deles, ou qualquer outro que te faça sentir mal por você ser desse jeito...
- De que jeito?
- Maravilhoso! Lindo! Especial, fofo, carismático, apaixonante, o amor da minha vida, meu menino, meu cristal lapidado... - ele sorri, diminuindo os olhinhos e amostrando as covinhas. E eu? Bem, só consigo rir do "cristal lapidado". - Eu te amo, Changkyun, é só com isso que você precisar ocupar sua cabeça.
- Não posso evitar pensar no que meus pais vão fazer...
- Estaremos partindo no início da semana, eles não vão fazer muita coisa. Agora, fecha os olhos e se concentre nos sons que você ouve...
Faço o que ele manda, podendo ouvir os grilos cantarem e a serenidade da noite embalar à nois dois. "
A verdade é que, passamos por muita coisa até chegar aqui, foi uma longa estrada de dor, fome, lágrimas... brigas, mas nunca deixamos faltar nenhum sorriso. Por mais que estivéssemos morando em uma caminhonete logo depois que fugi de casa. Jooheon sempre cumpriu sua promessa de me proteger e sempre estar comigo para tudo e qualquer coisa. Eu não sei onde foi que a gente se perdeu, ou onde deixamos que as coisas ficassem como estavam, restando apenas dois estranhos que ao menos se conhecem mais.
Olhei para o lado, observando o homem de cabelos pretos, sentado no sofá ao lado, assistindo ao noticiário, apenas porque o celular está carregando, mas sei que logo vai estar no quarto, enquanto vou passar a noite na sala assistindo filmes, até a hora em que ele sair para trabalhar e eu finalmente me sentir como se morasse sozinho, até que tudo se repita. Estou tão cansado dessa rotina, estou cansado de estar sozinho e fingir que não me importo. Mas, independente do que sinto, eu sei que nada vai mudar.
É como se ele sentisse que tivesse uma obrigação comigo, já que nós estamos juntos desde um pouco antes que eu fugisse de casa. Jooheon foi o único que esteve comigo quando fui abordado por alguns homens daquela maldita igreja. Ele não olhou para trás, apenas seguiu comigo, onde quer que fôssemos, sabíamos que nunca iríamos soltar as mãos, até que... Aconteceu.
"Já é noite quando me levanto, passamos o dia na cama, de todos os jeitos possíveis e, meu corpo reclama por estar tanto tempo deitado, e Jooheon não está comigo. Levanto e caminho a passos rápidos até a porta, pelo chão de madeira, tento abri-la, mas está trancada.
- Honey? - minha voz sai rouca. No mesmo momento, posso ouvir algo caindo lá fora.
- Oi? Já estou indo, só um momento!
- O que está fazendo? Por quê trancou a porta? Onde você está?
- Uma pergunta de cada vez, Baby - posso sentir que ele sorri, pelo tom da voz.
- Mô, abre a porta pra mim, eu quero você! - eu uso a manha pra tentar convencê-lo a abrir a porta. - Não estava no contrato ser seu escravo sexual.
- Muito menos ser a sétima maravilha do mundo, mesmo assim, você conseguiu se superar!
Jooheon me faz rir com a escolha de palavras. Sendo obrigado a me confirmar, visto uma blusa e vou pra perto da janela, ouvindo barulhos contínuos vindo de fora. Até o momento em que o Lee abre a porta, a surpresa é tanta que eu não consigo dizer nada, apenas o observo entrar segurando um bolo, com três velinhas acesas.
- Parabéns pro meu amor, nesse dia incrível, eu tentei ajudar e saiu como um míssil. - Jooheon se refere ao bolo na canção improvisada.
- Meu Deus...
- Não foi fácil te deixar cansado pra eu fazer essa surpresa, mas a missão foi concluída com sucesso. Esse rostinho surpreso já valeu muito a pena. "
Desperto da lembrança graças à lágrima teimosa que acaba descendo sem que eu perceba. Talvez seja por saudade, mas também porque, talvez, ainda tenha sentimentos guardados aqui dentro. E, é tão difícil entender que não há nada a se fazer, sem que a outra parte também queira...
Me levanto do sofá e vou pro carro. Parece que a vida era mais feliz quando a gente morava em uma casa pequena, que mal tinha luz, mas que a gente trabalhava juntos pra não deixar faltar nada. Éramos um time, que foi vencido pelo tempo e conquistas materiais. Entro no carro, é um ótimo lugar pra chorar e ter as lembranças para destruir um coração dolorido de dor.
A quem eu quero enganar? Eu ainda o amo, porque mentir agora? Porque dizer que não e rejeitar esses sentimentos, sabendo que eles estão aqui e que existem? Só vai doer cada vez mais, até acabar se tornando um fardo insuportável demais para continuar vivendo com ele.
O ambiente muda completamente com a presença dele, é como se meu coração soubesse que há apenas duas saídas, e uma delas vai acabar com ele de uma única vez.
- Por que? - pergunto deixando que os sentimentos saiam aos poucos.
- Porque não aguento mais esse silêncio entre nós. Isso está acabando comigo.
- Por quê?
- Eu não sei, aconteceu e eu não consegui evitar. Foi como se as coisas do dia-a-dia sempre estivessem entre nós e... nos afastou. A culpa foi minha por ter te afastado, achei que poderia voltar a te aproximar, mas você estava cada vez mais longe.
- Você prometeu...
- E estou cumprindo. Eu não vou a lugar algum.
- Você já foi, Jooheon, só não conseguiu encontrar uma maneira de voltar, enquanto sempre estive aqui. Cheguei a pensar que eu fosse o problema...
- Changkyun, você nunca foi o problema. Em nenhum momento você exigiu coisas que sempre teve direito de saber, nem mesmo brigou comigo, sempre respeitou meu tempo e espaço. Como poderia cogitar a mera ideia de que você fosse o problema?
- Quando você se afasta muito de uma pessoa e segue sua vida, o problema não está em você, e sim, em quem te prendia.
- Não foi possível viver uma vida de sofrimento, Changkyun, eu sinto a sua falta, mas do que pensei que sentiria... Eu só me perdi em mim mesmo.
Isso diz muito sobre nós e o resultado dessa conversa. A parte difícil não é ter que lidar com a verdade, mas sim, com as lembranças que o sentimento trás, mas de que alguma forma, eu consigo sentir que há esperança.
- O que vamos fazer, Honey?
- Você ainda lembra... - ele sorri. - Meu Kkukkungie.
O sorriso surge em mim, e outra lágrima acaba espacando também, mas não é de tristeza, é pela saudade e o misto de sensações que esse apelido trás em nós dois.
- Podemos tentar, me puxa de volta, Chang, eu não consigo achar o caminho de volta.
Até então, nenhum de nós fez contato visual, eu entendo a parte dele, a vergonha e timidez o impede de fazer o que quer, restando a mim fazê-lo. Eu apenas o abraço, Jooheon me abraça apertado, como se necessitasse desse contato, como se dependesse dele pra viver e eu não estou muito diferente. Eu o amo, não é tarde demais pra resgatar os sentimentos, ainda há tempo de refazer tudo e construirmos uma relação, talvez um pouco próxima daquela que tivemos. Mas antes de chegar lá, vamos ter que aprender a caminhar.
- Feliz aniversário, Kkukkungie. - murmura no meu ouvido. - Me perdoa por tudo, amor, eu nunca quis te fazer sofrer. Eu te amo tanto...! "
Eu me lembro de cada detalhe, cada briga, cada beijo, abraços e toques... Eu me lembro do único que amei. Também me lembro do dia em que fomos abordados por dois caras, logo depois do cinema, era meu aniversário e estávamos de mãos dadas. Aqueles dois estranhos entenderam que éramos um casal e, na covardia de separar nós dois, o atacou com duas facadas na barriga. Jooheon apenas tentou me proteger, se jogando pra cima de mim, eles acharam que o Lee iria revidar e o atingiram com dois tiros de pistola.
Hoje completam exatos três anos desde que meu noivo partiu. Nem tivemos tempo de planejar nosso futuro, apenas vivemos como dois apaixonados depois daquele dia, foi o dia mais certo e feliz da minha vida, havíamos feito as pazes e tudo ia tão bem, que nos mudamos para outro lugar vezes melhor... E que foi o culpado de tirar a vida do homem que eu amo.
- Amor...
- *Shhhh, eu estou aqui, Kkukkungie, sempre estarei aqui. Não deu para fazer seu bolo novamente... *
Precisamos me esforçar para não chorar.
- Não me importo com bolo, desde que você esteja comigo, Honey.
- *Meu menino. Feliz aniversário, meu amor. *
- Eu te amo, Honey...
Aquele dia, foi o único em que eu não pude ouvi-lo retribuir minha palavras.
N/A: OS de presente mega atrasado para uma princesinha linda jooheonsfw me perdoa a demora, anjo, eu espero que você goste e que não sofra tanto quanto eu. É de coração ❤
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