Prólogo
Aquela seria a última vez que a teria em meus braços...
Te amo Suzanna...
São palavras que me vem na cabeça. Não sei como me despedir de você, amor. Não sei como partir, e te deixar. Sei que vai sofrer, sei que vai chorar. E só de pensar nisso, meu peito já se enche de dor. Queria poder durar para sempre para poder estar sempre contigo. Mas infelizmente isso não é possível, e minha vez de partir está chegando. Essa é a última carta que irei lhe deixar. A última de várias cartas de amor.
Te amo, pequena! Nunca se esqueça disso
Eu queria muito poder não estar doente, muito doente. Mas deus não quis assim... Quero que você não fique com raiva, quando eu partir, quero que siga sua vida. Que encontro um novo alguém.
Se eu não vou morrer de ciúmes? Claro que vou! Queria que você fosse pra sempre minha. Mas quando eu partir, isso será bom pra você ter um novo amor, um alguém com que compartilhar as emoções. Por falar nisso, não reprima suas emoções, coloque pra fora. Isso faz um bem danado de bom.
Desculpe-me se te impedi de me ver, não queria que você me visse mal, queria que tivesse boas lembranças de mim. Queria que se recordasse da gente se amando, de mim sorrindo, ou então de tantas outras pequenas bobagens felizes que cometemos. Quero que você se recorde desse Alexandre. Pois é, é o Alexandre que você ama, e não eu, um moribundo qualquer num hospital.
Eu estarei com Deus, lembre-se disso, e lá de cima, sempre irei te proteger e cuidarei bem do nosso menino.
Você deve estar se perguntando, como agora, nessa época eu sabia que nós teríamos um menino. Eu não sei, é apenas um pressentimento. Eu sei que você não está grávida ainda, mas vai ficar da nossa última vez. Mandei lhe chamar agora, e você virá. Será minha despedida. Não sei porque, mas sinto que dessa despedida, nascerá uma semente e essa semente se transformará no nosso menino. E ele será o motivo pra você continuar. Devo estar parecendo um bruxo né, mas juro que não. É apenas um pressentimento. Chego até a ouvir a voz de nosso menino chorando de fome. Acho que os anjos gostaram de mim, e decidiram me dar essa alegria antes de eu partir. Cuide bem do meu filho. Ele será nosso tesouro. Faça com que seja feliz. E que pelo menos se lembre um pouquinho de mim. Ou que saiba de mim. Não poderei lhe ensinar nada, mas sei que você será a melhor mãe do mundo. E sei que fará o saber de mim. E terei muito orgulho dele, de onde eu estiver.
Acho que é você batendo na porta, vou guardar essa carta, você não pode ver.
Vou aproveitar e colocar meu filho dentro de você.
Te amo eternamente, nunca se esqueça disso.
Do sempre seu,
Alexandre McCay.
PS: Lembre-se de mim, para sempre.
Eu abri a porta do quarto dele, finalmente, após meses, ele me deixara entrar. Eu estava tão ansiosa e ao mesmo tempo tão nervosa.
Só me deixavam entrar quando ele estava sedado e dormindo. Eu tentava de todos as formas possíveis, mas ele não deixava. Não me queria por lá. E isso me machucava profundamente, pois eu queria estar ali para ele, queria ser seu apoio.
Eu quase já não tinha força para ir para o hospital. Ele estava com câncer e nos seus dias finais, segundo o médico. Eu queria ficar com ele, por todos os momentos, mas ele não deixava. Eu não sabia nem o que pensar, sobre o convite inesperado dele.
Bati de leve na porta. Demorou alguns minutos para ela ser aberta, e minha angústia só aumentava. Quando abriram porta, eu entrei vagarosamente e fiquei olhando o estado deplorável em que ele se encontrava. Eu amava o tanto, que meus olhos se encheram d'água imediatamente, ele estava muito mal. Podre do meu Alexandre, morrendo aos poucos naquela cama, e eu sem poder fazer nada.
A enfermeira que estava no quarto saiu para deixar-nos mais confortáveis. Como se houvesse conforto em vê-lo daquele jeito.
Eu me aproximei da cama, e sentei ao seu lado. Ele abriu seu lindo sorriso torto para mim, e eu sorri de volta. Como eu o amava. Amava ele, e aquele sorriso lindo dele. Ele se levantou,e ficou sentado na cama, e abriu seus braços. Ele queria me abraçar. E eu queria abraça-lo. Por mais que tentasse, não conseguia falar nada. E acho que ele também não. Eu só queria ficar com ele, o máximo que eu pudesse. Me esquecer por um momento de todos os nossos dramas.
-Minha Suzanna, você não sabe o quanto eu te amo! Não há palavras no mundo para descrever meu amor por você! Desculpe-me se te fiz sofrer e se ainda derramas lágrimas por mim! Não queria estar passando por essa situação. Queria poder estar ao seu lado sempre, mas não posso! Eu te amo tanto, que dói ver você assim, sofrendo por mim! Eu sei que vou te deixar, e não quero isso! Se te impedi de entrar aqui, é porque não queria ver seu desespero ao me ver assim. Não queria que sofresse ao me ver Mal. Não sei se fiz bem, ou se fiz mal, só sei que fiz o que meu coração mandou! E se te magoei muito, me desculpe! Espero que um dia, possa perdoar, esse podre coração, que só insiste em te amar!
-Alexandre, quando a gente ama, não tem que perdoar, tem que apenas amar. Quem ama perdoa! Por mais que tenha me doído muito! Posso te entender! Mas por favor, me deixe ficar com você, pelo menos um pouco! Deixe-me aproveitar os últimos momentos com você! Eu te amo tanto, meu Alexandre!
Eu não conseguia controlar minhas lágrimas, elas insistiam em cair. As de Alexandre também.
-meu amor! - falou ele – eu vou lhe deixar um presente, você não vai saber o que é agora, mas na hora certa irá saber. Agora, por favor, deixe eu te amar pela última vez. Preciso me sentir dentro de você. Me dê esse ultimo presente.
-Mas Alexandre, você não pode fazer isso!
-Suzanna, eu estou morrendo igual! De hoje, não passo, eu sinto isso! Por isso insisti tanto em falar com você! Eu te amo tanto! E eu quero morrer em seus braços! Quero morrer agarrado a você! Vendo seus olhos, que sempre me dizem que me amam. Fica comigo, pela última vez! Eu lhe imploro! Eu não tenho mais tempo, e quero tanto você.
Eu não podia acreditar que ele estivesse falando sério, ele estava fraco, mal, quase morrendo, e mesmo assim, queria me amar. Como eu o amava. Meu coração estava dividido. Mas quando dei por mim, nós dois estávamos nus, deitados naquela cama. Ele estava com sua boca em meu seio, e minhas mãos estavam grudadas em seus cabelos.
Ele me acariciou com carinho, me amou vagarosamente. Quando vi, ele já estava dentro de mim, me fazendo gemer seu nome, implorando por mais. Ele sempre sabia como me agradar. Sempre. Quando ele liberou sua semente dentro de mim, e eu senti meu orgasmo chegando, percebi que ele estava se indo.
-eu te amo, Suzanna – murmurou ele – lembre-se de mim pra sempre! E não se sinta culpada, a culpa não foi sua, eu que quis! E você realizou meu ultimo desejo! Eu queria morrer assim, vendo você satisfeita por me amar, e deitada em meus braços! Eu te amo – sussurrou ele pela última vez, antes de fechar seus olhos para sempre.
Eu apenas me agarrei a ele e chorei e chorei. Aliviei a dor da minha alma atrás do choro. Apenas deixeis as lágrimas rolarem enquanto minha mente a aceitava a realidade. A realidade de que ele não estaria mais aqui para mim.
Quando consegui pensar apenas um pouquinho, vesti minha roupa e fui chamar o médico. Não havia mais nada que ele poderia fazer. E eu só queria morrer e ficar grudada e ele.
Eu ainda não estava conseguindo digerir tudo que estava acontecendo. Então gritei, chorei e coloquei novamente tudo para fora. E no momento que estava mais fora de mim vi um anjo descendo, e levando Alexandre para junto de Deus. O anjo sorria para mim, e naquele momento senti minha dor ir embora. Sabia que ele ficaria bem, por mais que sentisse saudade. Naquele momento entendi que a dor que o Alexandre sentia era terrível, e que por mim, ele a estava suportando, pois não queria me deixar só. Eu o amei ainda mais por isso.
O anjo subiu e levou o Alexandre com ele. Mas deixou uma paz no meu coração.
Não vou dizer que não chorei, e que a dor foi embora, pois não foi até hoje. Mas pelo menos a culpa foi embora.
Lembro-me de o ter enterrado e o quão difícil foi despedir-me dele pela última vez. Todos meus amigos e entes mais queridos estavam lá, mas nada era igual. Tudo era vazio sem ele. Eu sabia que teria que ter forças por ele, era o que ele queria, e o que o anjo veio me dizer. Mas era tão difícil. Tão insuportável. Eu amava aquele homem, mais que minha própria vida. E agora ele se fora para sempre. Nunca mais o veria, nunca mais o tocaria, nunca mais ouviria sua voz. Era tudo tão cruel.
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