Tudo estava girando, meu peito ardia de dor. Merda, eu acabara de ler a carta, porque justo agora eu tinha que passar mal. Liguei para os meus pais, pedindo para eles virem aqui, pois sabia que quando começava a passar mal, eram várias dias deitada, e ficava impossibilitada de fazer qualquer coisa. Minha mãe atendeu ao telefone e prometeu que estaria aqui em seguida. Mas mal desliguei o telefone e senti meu corpo desfalecer.

Foi tão horrível chegar ao apartamento e ver minha filha naquele estado. Nós batemos na porta e como ninguém respondia, chegamos à conclusão que o pior tinha acontecido. E o pior é que não estávamos enganados.

Chamamos a policia, pois eu não tinha a chave do apartamento, e estava muito apavorada pensando em muitas coisas. Quando a polícia abriu o apartamento e vimos nossa Suzie, jogada no chão, escorrendo sangue de sua cabeça, tememos pelo pior. A ambulância foi rapidamente chamada. Mas isso não acalmava nosso nervosismo.

Tudo foi feito como deveria ser feito, nem me lembro exatamente como aconteceu. Só sei que nossa filha, estava no hospital, precisando de doação de sangue, porque senão ela perderia o bebê. E se ela perdesse o bebê, eu não sei o que seria dela

Meu desespero era enorme, afinal era minha filha que estava desacordada, com um corte em sua cabeça, precisando de sangue e o mais grave, entre e a vida e a morte. Foram horas de agonia ligando para todos os amigos e conhecidos pedindo para doarem sangue. Minha filha era O -, o tipo mais difícil para receber doação. Graças a Deus as pessoas nos ajudarem e conseguimos juntar a quantidade necessária de sangue e salvamos o bebê. Porém Suzanna continuava desacordada.

Os médicos disseram que ela não estava em coma, mas que faltou pouco para ser. Aquilo tinha sido um susto e tanto.Eu não sabia se ficava contente por meu neto(a) estar vivo, ou triste, por minha filha ainda estar desacordada, sem eu poder fazer nada.

Naquele momento eu percebi como eu amava minha filha, e como eu fora tonta, por uma época tê-la abandonado apenas porque se juntara com quem eu achava que não era digno nela. Que grande tola eu fui, sim, fui tola mesmo, primeiro por ter julgado Alexandre tão mal, porque ele era um homem de honra, e segundo por ter ficado longe de minha filha. Não sei porque essas lembranças me vieram a cabeça naquele momento, mas elas simplesmente vieram. Talvez, a vida tivesse querendo me ensinar de novo, fazendo-me dar valor, ao que eu tinha de mais precioso, minha filha. Somente após três dias Suzie abriu seus olhos e recuperou sua consciência. Foi um alívio ver ela acordada e falando, mesmo que pouco. Suas primeiras preocupações foram com a criança, claro, e depois de saber que ela estava bem, ela finalmente se preocupou consigo mesma. A partir dali, ela foi melhorando aos pouquinhos, até que finalmente pode sair do hospital. Nem me lembro quantas pessoas foram visitá-las, mas sei que no dia que ela saiu, o hospital estava cheio de pessoas lhe desejando melhoras e boas vibras.

Quase perder meu filho foi um baque horrível, me fez perceber que eu não estava cuidando direito de mim mesma, e que por isso ele estava sofrendo junto. Eu prometi para mim mesma que iria me cuidar e foi o que fiz. Não queria ter que passar por todo aquele sofrimento de novo. E graças a Deus, não passei. Eu apenas me dediquei aos meus "queridos" (os da obra beneficente), e aos meus livros, mas sem me descuidar. Acho que o Alex sabia o que fazia, porque se não fosse por minha gravidez, creio que não teria aguentado e já teria ido dessa pra uma melhor. É cruel admitir isso, mas é verdade. Acho que cada vez que penso nele, eu o amo mais e mais. Não tem como não amar. Porque não tem como não se apaixonar por ele, depois de tudo o que ele fez por mim. É duro não ter ele ao meu lado todos os dias, mas sei que ele fez o possível e até o impossível por mim. E hoje posso dizer sem sombras de dúvidas que ele é o amor da minha vida. É e sempre será, porque no meu coração, não haverá espaço para outro.