Capítulo 9
Antes de ir embora, eu fui até a sala da Brunna. -Ei, já to indo
-Ok -ela diz toda ocupada, ajeitando algumas pastas.
-O jantar tá de pé? -me aproximo, ganhando a atenção dela. -Tá cheia de trabalho
-Não, isso daqui eu termino amanhã..E claro, tá de pé -Brunna se levanta.
-Quer que eu te leve pra sua casa? Te busco depois, já que tá sem carro
-O pior erro da minha vida, foi ter vindo sem carro. Só esqueci do detalhe que o Carlos sai mais cedo, mas ele ainda se ofereceu pra buscar pra mim
-Ei, calma -eu dou risada, segurando em sua mão. -Respira pra falar, mulher
-Eu sou assim, foi mal
-Tá acontecendo alguma coisa?
-Não
-Tá nervosa com algo?
-Não
-Então pega as suas coisas, te deixo no seu apartamento, depois volto pra te buscar
-Eu vou pro restaurante sozinha
-É caminho, Bru..
-Assim eles ficam mais a vontade antes de me conhecer
-Teimosa.
-Relaxa
-Mas vai sem carro, depois te levo
-Tá bom
(...)
Estacionei o carro em frente ao prédio da Brunna, ela se despediu com alguns selinhos e nós seguimos os nossos caminhos, já que não dá tempo de fazer quase nada
Fui direto pra minha casa, tomar um banho e me ajeitar.
-Oooi..Cadê vocês?
~Aqui na cozinha~
Eu ando até lá, encontrando os dois tentando cozinhar. -O que estão fazendo? Destruindo o nosso apartamento?
-Não, idiota! Renato, presta atenção, o macarrão só entra quando a água ferver -Daiane bate na cabeça dele, fazendo eu rir
-Deixa de ser ogra, Daiane!
-Eu tô tentando cozinhar, mas com esse incompetente do lado, não dá. Definitivamente não dá!
-Calma, amiga..Mas vem cá, por que vocês só não pedem algo?
-Porque a Fê vai vir aqui e a Daiane quer impressionar ela, com macarrão.
-Macarrão é gostoso -eu pego um isqueiro de cima da bancada, fingindo acender o Renato.
A Daiane ri alto, e o nosso amigo revira os olhos. -A vela tá pronta, Dai
-Obrigada, amiga
-Como assim?? Você não vai ficar?
-Não, Renatinho..Vou levar a minha mãe pra jantar fora
-Aaaah que legal! Vou ligar pro Matheus
-É melhor mesmo, aí ficam os dois de vela
-Pelo menos não fico sozinho!
-Vou tomar um banho -Saio da cozinha, seguindo até o meu quarto
(...)
Depois de tomar um banho, eu troquei de roupa
Peguei os meus pertences e me apressei pra sair do AP.
(...)
Na porta da casa da minha mãe, eu buzinei, mandando uma mensagem pra Brunna
Lud: Tô buscando a minha mãe
Lud: Você já pode ir
Bru: Oi neném, tá bom
Lud: E o Calleb? Melhorzinho?
Bru: Tá comendo de novo
Lud: Que bom
Lud: Vou dirigir aqui, te aviso quando chegar
Bru: Tá, beijo
Lud: Beijo
Bloqueio o celular, vendo os meus irmãos se aproximarem
-Oi Lud -Yuri entra no carro primeiro
-E aí
-Minha roupa ta boa?
-Tá ótima, Lulu -dou risada
Minha mãe entra no carro, sentando ao meu lado. -Anda logo antes que a sua avó apareça
-Oloko, mãe -Yuri a encara. -Tadinha da vovó
-Só porque ela te deu um iPhone, garoto! Ela deixaria a Brunna louca
-Realmente -Começo a dirigir
(...)
Chegamos no restaurante e eu estacionei o carro, descendo com eles. Andamos pra dentro do restaurante e eu só conseguia ouvir a minha mãe dizendo pros meus irmãos se comportarem
Enquanto o recepcionista ia confirmar a reserva, eu mandei uma mensagem pra Brunna
Lud: Você já chegou?
Bru: Sim
Bru: Uma das últimas mesas
Lud: Tá bom
Bloqueio o celular e assim que o moço volta, nos leva até a mesa.
Chegando perto da mesma, observo a da Brunna, ela sorri sem graça
-Caralho, ela é uma gata
-Yuri, eu mandei se comportar!
-Ela nem tá ouvindo, mãe
-Garoto, quer um soco agora ou depois? -eu pergunto
-Olha ela, mãe
-Olho, e vou deixar.
Finalmente chegamos na mesa e a Bru se levantou, me cumprimentando. E essa mulher pode se tampar dos pés à cabeça que continua linda
(Look da Bru)
-Bru..esses são meus irmãos, Yuri e Luane
-Oi -eles falam juntos, arrancando um sorriso dela
-Olá
-É tudo mentira, eles não são comportados assim -
-Ludmilla, deixa de ser mentirosa! Pode incluir o Yuri nisso, eu não
-Ela pode te incluir sim!
-Ou! Nem começa -Minha mãe entra no meio, ela fica séria, mas quando eu a apresento pra Brunna, o sorriso volta
-Essa é a minha mãe
-Silvana, muito prazer -elas se cumprimentam. -Pode me chamar de você, de Sil, tudo menos senhora, já aviso
-O prazer é todo meu, e agradeço pessoalmente pelo prato que me mandou
-Ah é? Tava bom?
-Ela nem quis dividir! -
-Mentira -Brunna ri, fazendo a minha mãe rir também
-Mentira nada, vai
-Tava muito bom
-E fez bem de não dividir, a Ludmilla vai nessa de divisão, mas ela come sozinha
-Verdade -
Eu encaro a minha irmã. -Vamos fazer o favor de sentar antes que eu cancele os meus irmãos -eu puxo uma cadeira pra Brunna
Ela se sentou, agradecendo.
Puxei outra pra minha mãe e ela fez o mesmo, em seguida ia me sentar, mas a Luane fingiu tossir
Yuri riu, se jogando em uma cadeira qualquer
-O que é, garota?
-Minha cadeira?? -Ela me olha com o cenho franzido, falando em um tom debochado
Revirei os olhos e me aproximei da minha irmã, puxando a cadeira e empurrando ela pra sentar
-Ai Ludmilla! Idiota
-Sentou??
-Grosseira
-Quanto amor com a sua irmã -Brunna me olha
-Você viu? Ela é assim comigo
-Quieta, Luane -eu sento ao lado da Bru, pegando o cardápio pra dar uma olhada
-Então, Brunna..Minha filha anda dando muito trabalho?
-De verdade, Sil? Muito.
A encaro, indignada.
-O que? -a mesma me encara sorrindo
-O que ela anda aprontando?
-É muito boca dura, não escuta os mais velhos, sabe?
-Ah sim! Disso eu sei bem
-Ai pronto, eu não fiz vocês se conhecerem pra falarem mal de mim, tá?
-Mas é uma boa menina..Nossa amizade parece de anos, e eu gosto de ter essa relação com o pessoal da minha equipe
-Que bom -Minha mãe sorri. -Mas quando ela der trabalho, coloque essa garota no lugar dela, se não ela não se toca
-Mãe!
-Menti?
-Não! -Luane concorda
-Fica na sua!
-Fica na sua você.
-Eeeei! Por favor as duas, em -
-Eu tô quieto
-Ela tá vendo que você tá quieto, idiota
-Luane! Desculpa, Brunna.. é assim o tempo todo
-Tá tudo bem, eu sei disso, eu e o meu irmão somos assim até hoje
-Não fala uma coisa dessas que eu choro! -
Nós demos risada com o desespero da minha mãe.
-Quantos anos você tem, Brunna? -Yuri pergunta
-Ai que moleque besta
-Lulu..
-O que, Lud? Qualquer um sabe que não deve perguntar a idade de uma mulher, por isso você não namora! Você espanta elas
-Eu não namoro porque não quero, tá legal?
-Relaxem -Brunna dá risada. -Eu tenho 27, mas a sua irmã tem razão, isso espanta muitas mulheres
-Ah! Por que você não me contou isso, mãe?
-Pra você aprender sozinho
-Você é muito linda
-Yuri!
-Eu só tô elogiando, não posso?
-Obrigada, você também é
-Eu mereço esse moleque! Pega esse cardápio e escolhe algo calado -eu falto jogar em cima dele
-Mas..
-Anda!
-Tá bom!
-Seu irmão é mais velho que você?
-Sim, Sil..Ele tem 30
-Mora por aqui?
-Agora sim, antes eu morava sozinha, mas ele se casou, teve minha sobrinha e veio com a família morar aqui, afinal..Esse daí não desgruda de mim
-Aaah, que amor.. Você é tia? Quantos aninhos?
-Tem três
-Que coisa boa né, eu sou tia também, Michell é o nome dele..E a sua?
-Bella
-Nome de princesa, tem foto?
-Iiih, minha mãe ama criança -eu retruco
-Eu mostro, só um minuto -Brunna começa a mexer no celular
-Já sei o que quero
-Chama o garçom -encaro o meu irmão, enquanto a minha mãe vê a Bella
-Que coisa mais linda, uma gracinha, tem cara de ser calminha
-Só a cara -Brunna ri.
-A Ludmilla quando era criança.. -Eu atrapalho a fala, choramingando
-Ah não, mãe!
-Calma, garota
-Já vai me explanar
-Eu só ia dizer que você quando era criança, tinha cara de deboche, as crianças te odiavam
-É, não era só por isso que me odiavam!
-Ah, meu bebê, isso já passou
-É, talvez
-Enfim, a cara dela era exatamente o que ela era, não escondia nada, sabe? Você via quando ela chegava na escola, a infelicidade dos professores
Todo mundo ri, eu apenas sorrio, eu gosto dessas partes da minha infância. Mas quando lembro que sofri por ser intersexual, eu fico cabisbaixa
E a Brunna percebeu isso, por baixo da mesa acariciou a minha mão, me confortando
(...)
O jantar foi rolando, todos se deram muito bem, mas a Bru e a minha mãe não calavam mais a boca.
Até quando deixei a Silvana em casa, ela se despediu mais da Brunna do que de mim
Depois parti pra deixa-la em casa.
-Pronto, meu amor..
Brunna me encara, tirando o cinto. -Tá tudo bem?
-Tá sim
-Você não quer entrar?
-Tá tarde, não?
-Não pra mim, mas se quiser ir..tudo bem
Voltei a dirigir, levando o carro até o portão da garagem do prédio.
(...)
Entrei no apartamento com a Brunna, sendo recebidas pelo Calleb.
Sorrio
-Oi meu amor
Fechei a porta, esperando ela pegar o mesmo no colo
Andamos até a sala, sentando no sofá
-Gostei da sua família, são legais, agora entendo seu senso de humor
-Não ficou assustada não?
Brunna ri. -Claro que não, é porque você não viu a minha ainda
-Espero ver
-E falando nisso..Ia te chamar pra conhecer a Bella amanhã, mas você vai sair com o pessoal né
-É, eles estão insistindo..Mas que dia ela vai embora?
-No domingo à noite
-Se quiser, posso vir no sábado
-Mas você quer vir?
-Claro, eu já disse que amo criança, e quero conhecer essa coisinha
-Ela é terrível...
-Se for igual a tia, então é mesmo -puxo ela pra perto, sendo agarrada
-Meu castigo foi pouco hoje né, vão começar a estranhar -sussurro em seu ouvido
Ela ri
-Que isso? Entrou em desespero quando o Xamã apareceu?
-Para
-Parar com o que? De falar no seu ouvido
-Paraaaa
-Ta agoniada?
-Você não presta, Ludmilla
-Eu gosto de ser seu mascote
Brunna volta a rir, tentando se afastar. Mas eu faço graça, assoprando no pé de seu ouvido
Ela continua rindo, mandando eu parar
Dei risada junto, a encarando. -Calma, mulher
-NÃO FAZ ISSO
Eu ameacei a voltar pra perto, mas ela me agarrou, prendendo a minha cabeça
-BRUUUU
-PARA
Puxo ela pro chão, tentando me soltar quando caímos
-Ai minha cabeça!
-Desculpa -eu digo entre risos
Ela me soltou e eu a encarei, nós rimos juntas. -Foi culpa sua!
-Você que puxou nós duas
-Mas se tivesse me soltado, não tinhamos caído
-Tudo é culpa minha né, agora minha cabeça tá doendo -ela choraminga
Dou um beijo na sua testa. -Você perdeu
-Perdi o que??
-A lutinha
Brunna ri, me empurrando pro chão. -NÃO, PARA
Ela vem por cima, se ajeitando pra tentar pegar o meu braço. Eu dou risada e tento fugir, mas é inevitável. -BRUNNAAAA
-FALA DE NOVO -
-PARA
-FALA -ela passa o meu braço no meio das pernas, ameaçando puxar
-VOCÊ NÃO É DOIDA
-Bora, detetive, você desafiou sua tenente
Eu dou risada
-BORA
-DESCULPA, EU ERREI, FUI MENINA
Ela me solta e eu dou graças à Deus, sentando no chão enquanto acaricio o meu braço. -Sua ogra
-Você me provocou
Sorrio, puxando a mesma pra perto. Dei um selinho em seus lábios, ganhando outro. -Hmmm, gatinha -acariciei o seu rosto
-Quer fazer o que depois de perder pra mim?
-Não vale, você me pegou no ódio
-Não peguei nada
Eu sorrio, encostando a boca na dela. -Pegou sim
Brunna sorri também, encaixando os nossos lábios em um beijo lento, correspondido por mim
Puxei ela pro meu colo, e a mesma veio, sem parar o beijo
Minhas mãos desceram pelo seu quadril, parando em suas nádegas, onde aperto lentamente
Infelizmente, nosso beijo foi cortado quando a campainha tocou sem parar
Paramos o beijo, nos encarando
Brunna franziu o cenho
-Tá esperando alguém?
-Não -
Eu dou de ombros, puxando o beijo de volta, e ela aceita
Mas não durou nem 1 minuto, a campainha voltou a tocar
-Mas que saco -
-Quer atender?
-Não queria..
Sorrio. -Vai
Ela se levantou e eu fiquei alí no chão, observando a Brunna andar até a porta
Ela olhou no olho mágico e me encarou, revirando os olhos
Respirei fundo, já sei quem é.
Brunna abriu a porta e o Felipe entrou desesperado. -Bru, será que podemos conversar?
-Ai meu Deus, Felipe..O que aconteceu com você?
-Não! Não aconteceu nada
O encarei, vendo metade do seu rosto cheio de sangue, e ele estava cambaleando um pouco
-Claro que aconteceu! Por que você tá sangrando?
-Me escuta, eu nunca..-ele respira fundo. -Nunca quis te enganar ou te magoar
Eu me levantei, andando pra perto deles. -Cara, onde você se meteu?
-De novo você aqui?! -Ele cambaleia pra frente, fazendo eu ter que segurar o mesmo
-Por que você tá sangrando??? -Brunna insiste em perguntar
-Um filho da puta..me socou, cortou aqui em cima -ele aponta pra sobrancelha
-Felipe, vai pra sua casa
-Não! Eu não posso, a minha irmã tá lá
Puxei ele até o sofá, já irritada
-Lud, calma!
Eu o joguei pra sentar, e assim ele fez. -Qual é o seu problema, caralho??? -o encaro. -Você arranja briguinha em bar e sobe pra encher o saco dela??
-ELE QUE ARRANJOU COMIGO
-NÃO GRITA, SEU FILHO DA PUTA -deixo um tapa em sua cabeça
Felipe tenta se levantar e eu o empurro de volta. -VOCÊ NÃO É HOMEM, É UM MOLEQUE AINDA
-VOCÊ NÃO SABE SOBRE A MINHA VIDA, NÃO SABE SOBRE EU E A BRUNNA, NÃO SABE DE NADA
-CALA A SUA BOCA
Brunna entra no meio, me colocando pra trás. -Ei, calma! Por favor
A encaro. -Deixa eu levar esse cara pro apartamento dele e jogar direto pra dentro
-Não, não dá
-É sério, Brunna??
-A irmã dele tem 15 anos, ela vai ficar assustada
-Você não pensa na sua irmã antes de ser babaca???
-Vai se foder!
-Cadê os seus pais? Por que a Eloísa tá com você?
Felipe respira fundo
-EM, FELIPE?
-Eles foram jantar, ter uma noite só pra eles, Bru..
-Eu já volto, não briguem!
Ela se afasta e eu o encaro, e vice e versa. -Você não cansa de chamar atenção, seu verme?
-Você mal me conhece, cala a sua boca
-Isso foi uma ameaça? Acha que tenho medo de você? -me aproximo dele. -Quer que eu deixe o seu outro lado igual??
-Quem é você, afinal? -Felipe debocha, fazendo eu rir
Bru voltou a se aproximar, colocando uma toalha na testa do idiota. -Saiba que eu tô fazendo isso pela sua irmã.
-Eu sei..sei disso
-Segura, Felipe
Ele a obedece, segurando a toalha. Brunna me puxa pra um canto. -Eu vou conversar com a Eloísa, pode ficar de olho nele?
-Sério? Tem certeza que quer isso?
-Lud, por favor... Preciso falar com ela antes de levar esse idiota desse jeito
-Tá, mas não me responsabilizo
-Neném..
Respirei fundo. -Ok, pode ir
-Já volto
-Tá
Ela beija a minha bochecha, se afastando
[...]
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro